12 junho 2025

A ORAÇÃO DE JESUS E SUA GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Intercessão de Jesus pelos seus discípulos) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da primeira parte da oração de Jesus, quando Ele orou por Si mesmo, pedindo a Sua glorificação. Inicialmente, faremos uma introdução à oração de Jesus. Na sequência, falaremos do significado do pedido de Jesus pela Sua glorificação. Por último, falaremos do pedido de Jesus para ter de volta a mesma glória que tinha com o Pai, antes que o mundo existisse. 

1. A oração de Jesus. O Senhor Jesus em seu ministério terreno teve uma vida de oração. Em várias ocasiões, lemos nos Evangelhos que o Mestre buscava um lugar isolado para orar. Mesmo sendo Deus, na condição humana, Ele buscou ao Pai em diversas ocasiões. O Mestre orava sem cessar e falava constantemente com o Pai, em público e em particular.

Em algumas situações, Ele orava ao amanhecer, ainda escuro: “Levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Antes de escolher os seus apóstolos, Ele passou a noite em oração: "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus." (Lc 6.12). Que exemplo a liderança da Igreja atual! Se todos os pastores passassem a noite em oração, antes de ordenar alguém ao ministério, certamente a qualidade dos nossos obreiros seria muito mais elevada!

Os discípulos de Jesus tiveram dúvidas sobre como deveriam orar e  pediram para Jesus lhes ensinar: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). Jesus, então, ensinou-lhes o modelo de oração que é conhecido no mundo inteiro, o chamado “Pai nosso”. Os evangelistas Mateus e Lucas registraram esta oração (Mt 6,9-13; Lc 11,2-4). Marcos e João não registraram esta oração. 

João, no entanto, registrou no capítulo 17 do seu livro, a oração de Jesus pelos seus discípulos, que ficou conhecida como "Oração Intercessória”, “Oração Sacerdotal de Jesus” ou “Oração da Consagração”. Alguns estudiosos preferem chamá-la de “Oração Sumo Sacerdotal”, pois Jesus é o Sumo Sacerdote perfeito, conforme a Epístolas aos Hebreus, nos capítulos 7 a 9. “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, 12 nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” (Hb 9.11).

Conforme colocou o comentarista, esta é a oração mais elevada do Senhor Jesus, pois vemos nela o Mestre abrindo o seu coração para o Pai e intercedendo por Si mesmo, por seus discípulos e por aqueles que através deles creriam nele. Nos demais tópicos desta lição, estudaremos cada uma das petições feitas por Jesus ao Pai, como autêntico Sumo Sacerdote, que se colocou na brecha e intercedeu ao Pai pelos seus. Jesus nos deixa aqui mais um exemplo, a ser seguido, principalmente pelos pastores e líderes da Igreja. Em vez de reclamar das pessoas que lideramos na Igreja, ou maltratá-los com palavras, devemos apresentá-los a Deus em oração.

2. A oração de Jesus pela sua glorificação. Na primeira parte da sua oração intercessória, Jesus fez o seguinte pedido ao Pai: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti”. Os críticos do Cristianismo, que desconhecem a Bíblia, podem imaginar que seria um pedido egoísta, pedir para ser glorificado pelo Pai. Entretanto, esta crítica é descabida e demonstra que aqueles que a fazem desconhecem o contexto de glorificação ao qual Jesus se referiu.

É importante destacar que o verbo glorificar e outras variações é o verbo grego doxadzo e aparece oito vezes no capítulo 17 de João, com significados diferentes. Na primeira ocorrência, antes de falar da sua glorificação, Jesus disse que era chegada a hora. A que hora, Ele se referia? À hora do seu sacrifício na Cruz do Calvário. Logo, a glorificação que Jesus pediu aqui era uma referência ao Calvário, onde Ele se ofereceria em sacrifício a Deus pelos nossos pecados, possibilitando a nossa salvação. Esta glorificação seria, portanto, a concretização da sua vitória contra o pecado e a morte. A morte de Cristo por nós, glorifica também ao Pai, pois para isso, Ele enviou o Seu Filho a este mundo.

Falando sobre isso, assim se expressou o ilustre pregador Charles Haddon Spurgeon: 

“[...] Glorioso és tu, de fato, ó Cristo, sobre a tua cruz; mais glorioso do que naquele momento em que com uma palavra abalarás não só a terra, mas também o céu, pois agora o peso do céu irado repousa sobre ti, e tu permaneces firme sob ele. Glorifica-o, amado, tu por quem ele suportou esse peso, glorifica-o por ter sido capaz de suportá-lo […]”.

3. A mesma glória com o Pai. Nesta segunda ocorrência do verbo glorificar, o sentido é outro. Aqui, Jesus se refere à glória pré-encarnada que Ele tinha com o Pai, antes da criação de todas as coisas. Jesus, sendo Deus, nunca teve princípio e sempre existiu junto do Pai e do Espírito Santo. Este pedido de Jesus ao Pai, demonstra claramente a sua divindade, pois nenhum ser criado poderia jamais fazer um pedido desta natureza, pois ninguém jamais teve a mesma glória do Pai. O próprio Deus declarou: “A minha glória não darei a outrem”. (Is 42.8). 

Antes da encarnação, Jesus sempre existiu como Deus, em perfeita comunhão e igualdade com o Pai e o Espírito Santo. Na encarnação, Jesus tomou a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. Na condição humana, aniquilou-se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. (Fp 2.7,8). O verbo grego kenoō, traduzido na versão Almeida Revista e Corrigida por “aniquilou-se” significa “esvaziar, tornar vazio”. 

Neste texto de Filipenses, é uma referência ao esvaziamento da glória que Jesus tinha como Deus e não à Sua divindade, pois Ele nunca deixou de ser Deus, nem perdeu os seus atributos divinos, como diz a heresia do Kenoticismo. Jesus sendo Deus, humilhou-se, tomando a forma de servo, submetendo-se aos limites do tempo, espaço e sofrimentos inerentes à condição humana, por um período de trinta e três anos. Jesus tornou-se semelhante aos homens em todas as coisas, com exceção do pecado (Hb 4.15). Mas, jamais deixou de ser Deus. Agora, em sua oração, sabendo que era chegado o momento de se entregar pelos nossos pecados, Jesus reivindica ao Pai a restituição da Glória eterna e pré-encarnada que lhe pertence. 


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