11 abril 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 3: JESUS, O DISCÍPULO E A LEI



REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR

Na lição passada, falamos sobre duas metáforas usadas por Jesus no Sermão do Monte, para ensinar sobre a influência que os seus discípulos deveriam exercer no mundo: o Sal e a luz. Vimos que o sal nos tempos bíblicos era um ingrediente indispensável não apenas para o tempero, mas também para a preservação dos alimentos. A luz, por sua vez, era fundamental para iluminar as trevas. 


No primeiro tópico, falamos sobre as funções do sal nos tempos bíblicos. Vimos a definição da palavra sal no grego bíblico. Destacamos a importância do sal como tempero e na preservação dos alimentos e, nesta perspectiva, falamos a respeito da influência do cristão com o sal da terra.


No segundo tópico, estudamos sobre a luz que ilumina os ambientes que estão em trevas. Trouxemos o conceito físico e metafórico da luz. Por último, falamos sobre os discípulos de Jesus como a luz do mundo, que deve refletir nas trevas que é o mundo de pecado.


No terceiro tópico, vimos a influência dos cristãos no mundo como sal e como luz. Esta influência que Jesus ensina não significa ostentação e egocentrismo, como alguns imaginam, pregando o triunfalismo e a teologia da prosperidade. A influência cristã deve ser exercida através das boas obras, principalmente as virtudes do fruto do Espírito Santo.


LIÇÃO 3: JESUS, O DISCÍPULO E A LEI    


Na lição desta semana falaremos sobre a terceira parte do Sermão do Monte, que se encontra em Mateus 5.17-20. Nesta parte do seu discurso no Monte, o Senhor Jesus explica que Ele não veio abolir a Lei e sim cumpri-la. O Mestre aponta para as interpretações equivocadas da lei, por parte dos escribas e fariseus, que valorizavam apenas o legalismo e o exterior. Jesus faz também alguns adendos aos seguintes temas da Lei, que eram distorcidos pelos mestres da lei em sua época: homicídio, adultério, divórcio, juramentos, retaliação e amor ao próximo. Ele usa a expressão: "Ouvistes que foi dito aos antigos…” e em seguida diz: “Eu porém vos digo…”.


Os fariseus acusavam Jesus de violar a Lei, porque curava no sábado, comia em casa de gentios e publicanos, conversava com samaritanos e não seguia as suas tradições. Após a ascensão de Jesus, os apóstolos também enfrentaram o mesmo problema, pois muitos judeus convertidos ao Cristianismo, insistiam que os cristãos tinham que guardar a lei para ser salvos. 


No primeiro tópico, veremos que Jesus nunca foi um revolucionário, como ensinam os socialistas. Os revolucionários querem destruir e modificar tudo o que os antepassados construíram e reconstruir uma nova sociedade a seu modo. cumpriu toda a lei e não veio destruir os princípios da Lei, que fora dada pelo próprio Deus, mas veio cumpri-los. Jesus apresentou o seu compromisso com o legado dos antigos. Além de cumprir a Lei, Jesus veio aperfeiçoá-la. 


No segundo tópico, faremos uma comparação entre a letra da lei mosaica e a verdade do Espírito. Abordaremos neste tópico a definição da expressão ‘letra da lei”, que aliás é mal compreendida por muitos evangélicos, que pensam que a expressão “a letra mata”, usada por Paulo em 2 Co 3.6 significa o estudo teológico, mas não tem nada a ver. Falaremos também sobre a divisão tríplice da Lei:  moral, cerimonial e judicial. Falaremos sobre a diferença entre a lei, que trazia letras gravadas em pedras e a verdade do Espírito, gravada nos corações. Por último, falaremos sobre o propósito da lei para o cristão. 


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a Justiça do Reino de Deus. Jesus mostra que o padrão de Justiça do Reino de Deus é diferente daquele ensinado pelos rabinos judaicos, que se baseava no binômio lei-obra. A justiça ensinada por Jesus não é exterior ou legalista e só pode pode ser obtida através da ação do Espírito Santo no interior do ser humano, que promove o novo nascimento. 


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Pb. Weliano Pires


07 abril 2022

DISCÍPULOS QUE INFLUENCIAM


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 2: Sal da terra, luz do mundo).

Jesus nos chamou do mundo [Vinde a mim… Mt 11.28] nos enviou ao mundo [Ide por todo o mundo…Mc 16.15], mas quer que sejamos diferentes do mundo [A amizade do mundo é inimizade contra Deus.Tg 4.4]. Precisamos, antes de prosseguirmos, esclarecer que na Bíblia há pelo três significados para a palavra mundo: 

  • Planeta terra: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. (João 17.15); 

  • Humanidade / Pessoas: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)

  • Sistema maligno. “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”. (1 João 2.15).


1- Sendo “sal”. Vimos no primeiro tópico as características e funções do sal. O sal é uma substância branca; formado por vários grãos pequenos; mistura-se aos alimentos dando-lhes sabor e preservando-os, sem aparecer. Estas características nos ensinam que:

a. O cristão deve ser puro, pois, o branco representa pureza;

b. O cristão não deve agir no individualismo. Um grão de sal sozinho não salga nada. Mas, vários grãos unidos, ao serem dissolvidos salgam;

c. O cristão não deve se isolar. O sal não salga à distância, precisa ser misturado ao alimento. O cristão não pode se unir ao sistema do mundo, mas deve se aproximar das pessoas e fazer a diferença.

d. O Cristão faz a diferença no mundo, mas sem aparecer. Quem aparece é o seu sabor e Jesus.  


2 - Sendo “luz”. Para sermos a luz do mundo precisamos estar conectados com Deus, pois não temos luz própria e repetimos a luz de Deus como já falamos. As luzes de uma casa podem estar em perfeito estado, mas se faltar energia elas se apagam. Mesmo estando conectados com Deus, não podemos nos esconder, pois a luz escondida não serve para nada, mesmo estando ligada. Se estivermos em um padrão acima dos padrões do mundo, que jaz no maligno, será impossível ofuscar a nossa luz, como uma cidade edificada em lugares altos. Cumpre esclarecer, no entanto, que "brilhar" segundo o ensino de Jesus não tem nada a ver com ideia mundana de brilhar, como no caso de celebridades, socialites, popstars, astros de Hollywood, etc. Brilhar, segundo Jesus, é refletir o caráter de Deus no meio de um mundo apodrecido moral e espiritualmente. 

Em seu livro  "Mateus: Jesus, O Rei dos reis", o pastor Hernandes Dias Lopes traz alguns símbolos da luz que nos ajudarão a entender melhor o que Jesus quis ensinar:

a) A luz é símbolo da verdade. O crente prega e vive a verdade, onde há mentira e falsidade. 

b) A luz é símbolo da pureza. O crente vive uma vida de santidade no meio da imundícia deste mundo. 

c) A luz é símbolo de vida. Não há vida sem luz. Por isso a Igreja propaga a vida onde há morte. 

d) A luz é símbolo de direção. Nos aeroportos do mundo inteiro, as pistas são iluminadas e circunscritas pela luz, a fim de que o piloto possa pousar com segurança. Assim também, o cristão neste mundo sem rumo e perdido, mostra-lhe o Único Caminho para o Céu que é Jesus. (Jo 14.6).

e) A luz é símbolo de alerta. A luz é colocada nas estradas sempre que um perigo jaz à frente. A luz alerta sobre o perigo e avisa aos viajantes sobre a necessidade de cautela. Da mesma forma no cristão é uma voz profética neste mundo, alertando-o para o grave perigo de perder sem Cristo. 

f) A luz é símbolo de calor. A luz é fonte de aquecimento e sem luz não suportaríamos o frio glacial das baixas temperaturas. Igualmente, a presença da Igreja neste mundo impede que ele se torne totalmente insuportável, pelo avanço indiscriminado do pecado. 


3 - A influência cristã. A influência dos cristãos no mundo como sal e como luz, conforme ensinada por Jesus, não significa ostentação e egocentrismo, como alguns imaginam, pregando o triunfalismo e a teologia da prosperidade. A influência cristã deve ser exercida através das virtudes do fruto do Espírito Santo, que são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,  domínio próprio. As pessoas, no ambiente em que estamos inseridos, devem ver as nossas boas obras e não apenas ouvir os nossos discursos sobre elas. Este era um dos maiores problemas dos fariseus. Eles faziam belos discursos e longas orações nas praças, mas as suas práticas destoavam dos discursos. Jesus condenou duramente isso, no capítulo 23 de Mateus. 


Os primeiros cristãos impactaram profundamente a sociedade da sua época, não apenas com as suas pregações eloquentes e milagres realizados (At 2.42-47).A união deles, a vida piedosa, socorro aos necessitados e a pacificidade diante dos sofrimentos e perseguições atraíram muitas pessoas ao Evangelho. 


Os chamados pais da Igreja, que são a geração imediatamente posterior aos apóstolos, também seguiram na mesma direção. Foram cristãos piedosos que influenciaram o Império romano com a sua fidelidade incondicional a Cristo. O compromisso deles com Cristo envolvia o sacrifício da própria vida. Eles estavam dispostos a morrer pelo Evangelho, alegremente, na certeza da Vida Eterna. Justino Mártir, que nasceu no ano 100 d.C., escrevendo a respeito do impacto do Reino de Deus no compromisso cristão, declarou: 


“...Se procurarmos um reino humano, também deveríamos negar o nosso Cristo, para que não fôssemos mortos; e tentaremos escapar à detenção, para obtermos aquilo que esperamos. Mas como os nossos pensamentos não estão fixados no presente, não nos preocupamos quando os homens nos matam, uma vez que a morte também é uma dívida que precisa, de qualquer modo, ser paga.”


REFERÊNCIAS:


HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. p. 48-49.

SPROUL, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. p. 78.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. p. 181-182.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. p. 368.

MOUNCE,. Robert H. Comentário Bíblico Contemporâneo. Mateus. Editora Vida. p. 53.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.24).


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Pb. Weliano Pires



A LUZ ILUMINA LUGARES EM TREVAS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 2: Sal da terra, luz do mundo)


Neste segundo tópico falaremos sobre a segunda metáfora usada por Jesus, no texto de Mt 5.13-16, que a luz. Jesus falou que os seus seguidores são a luz do mundo. Discorremos neste tópico sobre físico e metafórico da luz. Falaremos também sobre o cristão como luz do mundo e que a luz deve brilhar no meio das trevas.


1- Conceito físico e metafórico. A luz e os fenômenos luminosos são estudados pela Óptica, que é uma parte da física. A luz é uma necessidade vital dos seres vivos. No início da criação, antes da criação da luz, o Universo era um caos. “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.” (Gn 1.2).  Diante deste cenário de trevas e caos, Deus falou: Haja luz! E houve luz.  

a. Luz em sentido literal. Segundo a física, a luz é uma forma de radiação eletromagnética cuja frequência é visível ao olho humano. Há duas fontes de luz no universo: a luz primária, ou própria e a luz secundária ou refletida. A primeira pertence às estrelas e a segunda, aos planetas e satélites. As principais fontes naturais de luz usadas pelo homem eram o sol, o fogo e os relâmpagos. Com o avanço do conhecimento foi-se desenvolvendo a luz artificial até através de velas, lamparinas a gás e lâmpadas elétricas. 

Os cientistas ainda não sabem tudo sobre a luz. Mas hoje já se sabe que a luz é constituída de partículas que a ciência chama de fótons e se propaga pelo vácuo a velocidades altíssimas, chegando a 300.000 km/s. Para calcular uma distância muito grande, que os números não poderiam conter, os matemáticos usam a expressão ano-luz, que seria a distância percorrida por um corpo durante um ano, na velocidade da luz. Cada ano-luz corresponde a cerca de 9,5 trilhões de quilômetros. A luz pode se propagar também de outras formas, que não sejam o vácuo. Entretanto, são alteradas a velocidade, transmissão, refração, absorção, reflexão etc. 

b. Luz em sentido figurado. A luz é uma metáfora muito usada na Bíblia. Em Provérbios 4.18 o caminho dos justos é descrito como a "luz da aurora". No Salmo 119.105, o salmista diz que a Palavra de Deus “é luz para o seu caminho”. No Novo Testamento, Jesus usou a luz como uma imagem de boas obras brilhe a vossa luz diante dos homens”. (Mt 5.16). João descreveu Jesus como “a luz verdadeira que alumia a todo homem que vem ao mundo”. (Jo 1.9). Em um discurso, Jesus diz que “Ele é a luz do mundo e os que lhe seguem não andarão em trevas…” (Jo 8.12). Em Filipenses 2.15,  Paulo compara os filhos de Deus que são "irrepreensíveis e sinceros" com os “astros resplandecentes do universo''.  O apóstolo João também diz que  “Deus é luz” (1 Jo 1.5). Há também uma constante oposição entre luz e trevas, representando, respetivamente, o bem e o mal:E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19; “.... E que comunhão tem a luz com as trevas?” (Co 6.14). 


2 - O cristão como luz. O cristão não possui luz própria, mas reflete a luz de Deus, que é luz, por sua própria natureza (1 Jo 1.5). Deus é luz porque Ele se revela, assim como a luz clareia a escuridão e mostra o que lá está. Deus não se esconde e não faz as coisas às escondidas ou com truques. Ele se revelou e quer que todos os seres humanos cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm  2.4). Conforme vimos no trimestre passado, Deus se revelou através da criação, através da Sua Palavra e através de Jesus Cristo, que se fez homem. Deus é luz também no sentido de que Ele é perfeito e puro. Não há nenhuma espécie de mancha em seu caráter. Ele também é luz porque é onisciente e nada fica encoberto dele. 

Tendo nascido de novo, o cristão reflete os atributos comunicáveis de Deus, como justiça, santidade, amor, misericórdia, bondade, benignidade, verdade. Evidentemente, o cristão não atinge estas virtudes na mesma intensidade de Deus, mas reflete-as até ao ponto que Deus as compartilha com aqueles que andam com Ele. O saudoso evangelista americano, Billy Graham dizia: “Nós somos as Bíblias que o mundo está lendo. Nós somos os sermões que o mundo está prestando atenção”. Portanto, as nossas práticas no mundo em que vivemos são a nossa maior pregação. Como o mundo nos vê? Como luz, ou como trevas? 


3 - A luz em lugares de trevas. Não basta ser luz. É preciso estar em lugares onde a claridade possa resplandecer e afastar as trevas. Ao contrário do sal, que que mistura aos alimentos, para dar sabor e preservá-los, a luz não se mistura às trevas. 

Onde a luz chega, a escuridão desaparece. Segundo a física, a escuridão seria simplesmente a ausência das partículas propagantes da luz. Sendo assim, se uma fonte de luz se apaga, percebe-se a escuridão logo após o último fóton vindo dessa fonte sensibilizar os nervos ópticos de quem está vendo a luz. Isso  levaria o tempo que esse fóton viaja. Portanto, a velocidade do desaparecimento das trevas é igual à do aparecimento da luz e vice-versa. 

A luz, para que possa afastar a escuridão, precisa estar em um lugar onde não haja barreiras que interrompam a transmissão parcial ou total das suas partículas. Para explicar a função dos seus discípulos como a luz do mundo, Jesus usou duas ideias lógicas sobre a luz: 

a) A luz perde a sua função se estiver escondida. "Ninguém acende uma candeia [lamparina movida a azeite] e a coloca embaixo do alqueire [caixa de madeira usada para medir grãos]. Mas coloca-se no velador [lugar alto onde se colocavam o candeeiro ou a lamparina] e assim ilumina a todos os que estão na casa. (Mt 5.15). 

b) Uma cidade em um alto pode ser vista de longe. As serras, picos e montanhas podem ser vistas a vários quilômetros de distância, mesmo que sejam vistos apenas como um local alto azul. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 42-45.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. pág. 371-372.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 189.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pág. 1185-1186.


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Pb. Weliano Pires


06 abril 2022

O SAL TEMPERA E CONSERVA


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 2: Sal da terra, luz do mundo).

Nesta seção do Sermão do Monte, em Mateus 5.13-16, Jesus usa uma figura de linguagem chamada metáfora. Esta figura de linguagem consiste na substituição de uma palavra por outra, com o objetivo de compará-las, pela semelhança que há entre elas. O Mestre usou as figuras do sal e da luz, para compará-las com a influência que os seus seguidores, devem exercer no ambiente, onde estão inseridos. Neste primeiro tópico falaremos sobre a definição de sal nos idiomas bíblicos, sobre as funções do sal naqueles tempos e porque o crente é comparado ao sal. 


1– Definição. No hebraico a palavra sal é melach, que significa rasgar, dissipar, ser dispersado, ser dissipado, salgar, temperar. Esta aparece cerca de 30 vezes no Antigo Testamento. 

No grego bíblico é usada a palavra halas, um substantivo neutro para sal, que tem cinco significados:

a) Tempero natural de alimentos e sacrifícios, como o sal que temos atualmente;

b) Adubo ou substância fertilizante para a terra arável;

c) Símbolo de algo duradouro. Por isso, era usado nos acordos, como sinal de que aquilo deveria durar. 

d) Substância que conserva os alimentos da deterioração;

e) Em sentido figurado, como símbolo da sabedoria e graça no discurso (Cl 4.6).


2- O uso do sal ao longo da história. Nas praias do Mar Morto havia uma fonte inesgotável de sal. Havia ali uma montanha de sal, com cerca de oito quilômetros de comprimento. Em 2 Sm 8.13 e em Sf 2.9, a Bíblia faz referência ao Vale do Sal, uma provável referência a esse região, que era abundante nesse produto. 

Os fenícios conseguiam sal através do processo de evaporação do Mar Mediterrâneo. O sal extraído pelos povos antigos não era puro e continha mistura de outros minerais, o que tornava uma parte dele insípida. Estas partes eram jogadas fora e consideradas imprestáveis. Foi a isso que Jesus se referiu, quando falou que "...se o sal se tornar insípido, para nada mais presta, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens." (Mt 5.13). 

No Antigo Testamento há também a menção à "aliança de sal" (Lv 2.13). As ofertas de manjares tinham que ser salgadas, representando a aliança perpétua entre Deus e seu povo (Nm 18.19; Lv 2.13; 2 Cr 13,5). O sal também era usado para atacar os inimigos, como forma de tornar as suas terras improdutivas. Abimeleque, filho de Gideão, matou os seus próprios irmãos e se declarou rei. Depois de três anos, o povo de Siquém se rebelou contra ele e fez isso: "Todo aquele dia pelejou Abimeleque contra a cidade e a tomou. Matou o povo que nela havia, assolou-a e a semeou de sal” (Jz 9.45). 

Havia também no antigo Oriente a prática de esfregar sal nas crianças recém nascidas, após o primeiro banho (Ez 16.4). Provavelmente atribuíam ao sal poderes medicinais ou religiosos. Entre os pagãos, usava-se o sal com a finalidade de evitar ataques demoníacos. Deve ser daí que vem a crendice de usar sal grosso para para espantar "mau olhado".

Nos tempos do império romano, o sal era usado como forma de pagamento aos soldados. Em latim, a palavra "salarium" significava "pagamento com sal". É daí que vem a palavra portuguesa "salário". 

3. A importância do sal. A principal função do sal, evidentemente sempre foi dar sabor aos alimentos. Qualquer alimento, exceto os que são adocicados, não tem graça nenhuma se não tiver sal. Os que são hipertensos e necessitam comer com pouco ou nenhum sal que o digam. 

Outra função muito importante do sal era a preservação da carne. Nos tempos bíblicos não havia refrigeração como hoje. Sendo assim, além da sua função principal que usamos atualmente como item de tempero para dar sabor, uma das principais funções do sal era preservar a carne da putrefação. Na minha infância, eu morei na Zona rural, onde não havia energia elétrica e refrigeradores. Para se preservar as carnes, elas eram retalhadas em camadas finas, salgadas com bastante sal e colocadas ao sol para secar.


3- O cristão como sal. Estas duas funções principais do sal, o sabor e a preservação dos alimentos, ilustram a diferença que o cristão deve fazer neste mundo, exercendo uma boa influência, através da moderação, amabilidade, paz, justiça, etc. É importante destacar que o cristão não é um sal no saleiro. Jesus falou que somos o sal na terra, para dar sabor. Neste sentido, o sal precisa se misturar aos alimentos e não ficar isolado. Durante muito tempo, alguns cristãos tinham uma postura antissocial de isolacionista. Mas Jesus nunca agiu assim. Aliás, esta era uma das razões das críticas que ele recebia dos escribas e fariseus, pelo fato de ir às casas de publicanos e pecadores. 

Por outro lado, o cristão representa um empecilho ao apodrecimento moral deste mundo que jaz no maligno. As virtudes cristãs impedem que o mundo seja totalmente destruído. A Igreja é uma voz profética neste mundo, que funciona como um freio à deterioração geral do ser humano sem Deus. Não é a educação e a cultura que vai preservar o mundo da apodrecimento moral e espiritual. A segunda guerra mundial  e as celebridades estão aí para provar isso. 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 37-40.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1729-110.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 33

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 182-186.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 43.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. pag. 368-369.


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Pb. Weliano Pires


04 abril 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO.

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada tivemos uma lição introdutória sobre o assunto do trimestre, com o tema O Sermão do Monte: O caráter do Reino de Deus. Iniciamos a lição falando sobre a designação de Sermão do Monte e os aspectos geográficos deste monte Jesus proferiu este discurso. 


No primeiro tópico, falamos de forma resumida sobre a estrutura do sermão do monte, que está dividido em cinco partes: 1) As Bem-Aventuranças (5.3-12); 2) Sal e luz (5.13-16); 3) Jesus é o cumprimento da Lei (Mt 5.17-48); 4) Os atos de justiça (Mt 6.1-18); 5) Declarações de sabedoria (Mt 6.19 — 7.27). Falamos também sobre os destinatários do Sermão do monte, que inicialmente eram os discípulos, mas, ele se aplica a todos os que nasceram de novo. 


No segundo tópico, falamos sobre as bem-aventuranças e o caráter do Reino de Deus. Vimos as definições das palavras “Asher” e “Makarios”, respectivamente hebraico e grego, que foram traduzidas por “bem-aventurados”. Falamos também sobre a definição e o caráter do Reino de Deus. Por último vims quem são os súditos do Reino de Deus, com base nas qualidades descritas por Jesus no Sermão do Monte. 


No terceiro e último tópico, vimos que somos bem-aventurados. Vimos que o salvo em Cristo vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo.


LIÇÃO 2: SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO.


Na lição desta semana, dando continuidade ao estudo do Sermão do Monte, falaremos sobre as metáforas do Sal da Terra e Luz do mundo, usadas por Jesus. O sal nos tempos bíblicos era um ingrediente indispensável para o tempero e preservação dos alimentos. A luz, por sua vez, era fundamental para iluminar as trevas. Da mesma forma, os discípulos de Jesus devem exercer influência e fazer a diferença no meio em que vivem.


No primeiro tópico, falaremos sobre as funções do sal nos tempos bíblicos. Falaremos sobre a definição da palavra sal no grego bíblico. Depois falaremos sobre a importância do sal como tempero e na preservação dos alimentos. Por último falaremos da influência do cristão com o sal da terra.


No segundo tópico, falaremos sobre a luz que ilumina os ambientes que estão em trevas. Falaremos sobre o conceito físico e metafórico da luz. Há duas fontes de luz no universo: a luz primária, ou própria e a luz secundária ou refletida. A primeira pertence às estrelas e a segunda, aos planetas e satélites. Falaremos ainda neste tópico, sobre os discípulos de Jesus como a luz do mundo, que deve refletir nas trevas que é o mundo de pecado.


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a influência dos cristãos no mundo como sal e como luz. Esta influência que Jesus ensina não significa ostentação e egocentrismo, como alguns imaginam, pregando o triunfalismo e a teologia da prosperidade. A influência cristã deve ser exercida através das virtudes do fruto do Espírito Santo, que são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,  domínio próprio.


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Pb. Weliano Pires


02 abril 2022

SOMOS BEM-AVENTURADOS


(Comentário do 2⁰ tópico da  LIÇÃO 01: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus)

Neste terceiro tópico veremos que nós somos bem-aventurados. O salvo em Cristo vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo.


1- A beatitude na vida dos salvos. A palavra "beatitude" origina-se do latim "beatitudo", que por sua vez, é substantivo derivado de "beatus" (feliz). "Beatitudo", portanto, é o correspondente latino do grego "makarios" e significa bem-aventurança, estado de plenitude e de felicidade profunda, resultante da presença de Deus e da certeza da vida eterna. 


Com o passar dos anos, as palavras vão se esvaziando do seu sentido original ou ganhando novos significados. Os conceitos hebraicos, latino e grego de felicidade, eram diferentes dos que temos atualmente. Hoje as pessoas definem felicidade como “ter uma boa condição financeira; viver ao lado da pessoa de quem se gosta; ter êxito em tudo que faz; estar sempre alegre; etc. Ou seja, felicidade para o mundo atual é viver em circunstâncias favoráveis. Há pessoas que dizem que não existe felicidade, existem apenas momentos felizes. Do ponto de vista moderno, se felicidade é viver acontecimentos e circunstâncias positivas, realmente não existe, pois o mundo não é feito somente de momentos bons. 


O conceito hebraico de felicidade não está relacionado às circunstâncias e sim a alguém que teme ao Senhor, anda em seus caminhos e alcançou o favor de Deus. Os Salmos começam com a palavra “Asher”, traduzida em nossa Bíblia por “bem-aventurado” ou “feliz”, nas versões mais atualizadas. Segundo o Salmo 1, feliz é quem não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, não se assenta na roda dos escarnecedores e tem o seu prazer na Lei do Senhor. (Sl 1.1-3). O Salmo 32 diz que feliz é aquele que é perdoado por Deus (Sl 32.1,2). No Salmo 33, lemos que a nação que tem Deus como Senhor é bem-aventurada (Sl 33.6). O Salmo 41 diz que é bem-aventurado aquele que socorre ao necessitado (Sl 41.1). Já o Salmo 119, que é o Salmo que exalta a Palavra de Deus em todos os seus versos, começa dizendo que são bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na Lei do Senhor. O Salmo 128 também atribui a felicidade (bem-aventurança) aos que “temem ao Senhor e andam em seus caminhos”. Portanto, no conceito do Antigo Testamento, a felicidade está relacionada ao temor a Deus e não às circunstâncias favoráveis e prosperidade material. 


Na filosofia grega, a felicidade também não estava relacionada ao ter e sim às virtudes da própria pessoa, ao contentamento e domínio próprio. Segundo o filósofo grego, Epicuro, a felicidade é encontrada na tranquilidade, tendo a lucidez e a ausência de preocupações como a chave para a busca da felicidade. No conceito da escola dos epicureus, através do domínio próprio, o homem seria capaz de não depender de circunstâncias adversas, que o levariam à infelicidade. 

Sócrates, considerado “o pai da filosofia” atribuía a felicidade ao autoconhecimento e à busca pelo conhecimento, decorrente da ideia de que o homem nada sabe de si mesmo. Platão, discípulo de Sócrates, relacionava a felicidade à prática do bem ético. Aristóteles, por sua vez, entendia que feliz é aquele que promove ações éticas, em todas as suas escolhas e que consegue agir da melhor forma possível, em todas as situações do cotidiano, não cedendo aos vícios. 


No Cristianismo, a felicidade não está em si mesmo e não depende dos próprios esforços ou circunstâncias em que vive. A felicidade na vida do cristão é resultado da sua comunhão com Deus e fidelidade à Sua Palavra. Quando o homem dá ouvidos à Palavra de Deus, o Espírito Santo produz nele uma profunda transformação em seu interior, que o torna feliz em quaisquer circunstâncias, seja favorável ou adversa. Foi isso que Paulo expressou aos Filipenses: Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.12,13). Infelizmente, as pessoas lêem apenas o versículo 13 e deturpam o seu significado, achando que Paulo estaria dizendo que pode tudo, no sentido de conquistar tudo. O contexto mostra que o apóstolo estava dizendo que ele sabia se contentar em qualquer circunstância, pois Cristo o fortalecia. 


2- A prova de que o cristão é bem-aventurado. A prova de que o cristão é, de fato, bem-aventurado é a prática das bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão do Monte. O próprio Jesus disse que “pelo fruto se conhece a árvore”. (Mt 7.16). Ou seja, a humildade, o quebrantamento, os atos de misericórdia, o desejo ardente de fazer o que é correto, a pureza de coração, o empenho pela paz e a resiliência ante a perseguição, provam que a pessoa foi transformada pelo poder do Espírito Santo. Estas bem-aventuranças são as características inerentes a um autêntico cristão. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 32-33.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

ROBERTSON, T. Comentário Mateus & Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pág. 66-67.

SPROULL, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pág. 58-60.

TOLER, Stan. Repense a Vida: Uma Dieta Incomparável para Renovar a Mente. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.26).


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