Neste primeiro tópico, veremos por que este discurso de Jesus é chamado de Sermão do Monte e trataremos dos aspectos geográficos deste monte. Falaremos resumidamente sobre os tópicos deste sermão, pois o estudaremos mais detalhadamente, nas lições seguintes. Falaremos também a respeito dos destinatários do Sermão do Monte.
1- Por que Sermão do Monte? A designação "Sermão do Monte" foi aplicada primeiro por Agostinho de Hipona, por volta de 400 d.C., em seu comentário em latim, sobre os capítulos 5 a 7 de Mateus. Mateus declara que "Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos". (Mt 5.1).
Não se sabe ao certo, onde está situado este monte, se seria o mesmo monte que se visita atualmente e é chamado de "o Monte das Bem aventuranças", que é a escarpa do Mar da Galiléia, a sudoeste de Cafarnaum, onde há uma igreja católica atualmente. Deduz-se, no entanto, que este monte fica na Galiléia, nas proximidades de Nazaré, Cafarnaum e Caná da Galiléia, pois foi ali que o Senhor Jesus iniciou o seu ministério.
Enquanto Mateus diz que Jesus "subiu a um monte", Lucas diz: "E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus discípulos…" (Lc 6.17a). Os céticos apontam contradição no texto bíblico. Segundo o comentário bíblico de William Hendriksen, Jesus teria proferido o seu discurso em um planalto, numa superfície plana e, posteriormente, desceu e curou vários enfermos na parte de baixo.
Outros teólogos, no entanto, dizem que trata-se de dois discursos, sendo um no monte, relatado por Mateus e outro na planície, relatado por Lucas, onde Jesus repetiu algumas partes do primeiro. O Pr. Osiel Gomes, no Livro de apoio ao trimestre, argumenta que "boa parte do que consta em Mateus não aparece em Lucas. Enquanto em Mateus encontram-se 107 versículos, Lucas menciona somente 30 destes, além do fato de que há 47 versos de Mateus que não tem qualquer ligação com Lucas."
2- A estrutura do Sermão do Monte. Alguns estudiosos entendem que a designação "sermão" é descabida para estes discursos de Jesus. Estes discursos de Jesus no monte, cobrem um grande número de temas e num único sermão, proferido de uma só vez, dificilmente aconteceria isto. Por esta razão, alguns sugerem que Jesus fez vários discursos sobre vários temas e não um único sermão.
A estrutura destes discursos de Jesus se divide em cinco temas principais:
a) As Bem-Aventuranças (5.3-12). São oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que são mansas, misericordiosas, humildes de espírito, limpas de coração, choram, têm fome e sede de justiça, são pacificadoras e perseguidas. Observando estas virtudes podemos notar que elas são idênticas ao Futuro do Espírito Santo. Logo, só podem esboçá-las, aqueles que nasceram de novo. Falaremos mais sobre as bem-aventuranças no próximo tópico.
b) Sal e luz (5.13-16). As figuras do sal e da luz, usadas por Jesus neste texto, mostram que o cristão é diferente do mundo, assim como a luz é oposta às trevas. Entretanto, está intimamente relacionado com as pessoas, assim como o sal se mistura aos alimentos, dando-lhes sabor e preservando-os. Este será o assunto da nossa próxima lição.
c) Jesus é o cumprimento da Lei (5.17-48). Nesta seção do Sermão do Monte, o Senhor Jesus explica que Ele não veio abolir a Lei, mas sim cumpri-la. A palavra grega "plerosai", traduzida por "cumprir" neste texto, significa "encher" ou completar. Isso indica que Jesus veio completar a lei, não abolir. O Mestre aponta para as interpretações equivocadas da lei, por parte dos escribas e fariseus, que valorizavam apenas o legalismo e o exterior. Os temas abordados são: homicídio, adultério, divórcio, juramentos, retaliação e amor ao próximo. Estudaremos este assunto em detalhes na lição 3.
d) Os atos de justiça (6.1-18). Nesta seção o Senhor fala sobre as esmolas, a oração e o jejum. O Mestre contrasta a prática judaica destes atos, que faziam isso publicamente, com o objetivo de serem vistos e se auto justificarem. Jesus explica que a esmolas devem ser feitas discretamente; a oração deve ser também deve ser um diálogo entre o crente e Deus, sem a necessidade de se mostrar e tendo o perdão aos ofensores como condição para se obter o perdão de Deus; o jejum, por sua vez, deve feito secretamente, sem mostrar-se contristado para as pessoas não perceberem.
e) Declarações de sabedoria (6.19-7.27). Nesta seção final do Sermão do Monte, o Senhor apresenta temas variados, mostrando um modo de vida sábio: a prioridade do ajuntamento de tesouros no Céu, em contraste aos tesouros passageiros deste mundo; a candeia do corpo que são os olhos; ninguém pode servir a dois senhores; a inútil ansiedade sobre o que comer, beber e vestir; o pré julgamento sobre os pecados alheios; a recomendação para não entregar as coisas de Deus aos zombadores e profanos; a recomendação para insistir na oração, pois Deus é bom e sabe dar coisas boas aos seus filhos; a regra áurea: trate os outros da forma que gostaria de ser tratado; as figuras que ilustram o bem e o mal: os dois caminhos, duas portas, os dois frutos e os dois fundamentos.
3- A quem se destina o Sermão do Monte? Há muitas discussões e controvérsias sobre a destinação e aplicação dos princípios ensinados por Jesus nestes discursos. Muitos dizem que este padrão é muito elevado e serviria apenas para mostrar a insuficiência humana em cumpri-los. Outros dizem que estes ensinos, por sua elevação, estão restritos a pessoas especiais que vivem isoladas e buscam a perfeição. Há ainda os que dizem que estes ensinos estão relacionados ao futuro e são destinados aos súditos do Reino milenial de Cristo. Uma das piores distorções deste sermão é aplicação dele ao chamado "evangelho social". Segundo os adeptos desta teoria, o Sermão do Monte não se refere a um padrão de santidade, mas apenas a uma questão humanitária de assistencialismo aos necessitados.
Inicialmente, o sermão foi direcionado aos discípulos de Jesus que estavam com Ele naquele momento (Lc 6.20). Depois, Jesus o direcionou à multidão (Mt 7.27). Entretanto, o sermão é um padrão de santidade que se destina a todos os que nasceram de novo. Pelos esforços humanos, ele é inatingível. Somente mediante a ação do Espírito Santo é que o ser humano se torna nova criatura e produz estes frutos (Gl 5.16,22).
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 15-21.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. pág. 342.
ROBERT H. MOUNCE. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Baseado na Edição Contemporânea de Almeida. Editora Vida Nova. pág. 48-49.
SPROUL, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pág. 57-58.
STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 9-10.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pág. 368-369.
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Pb. Weliano Pires
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