02 abril 2022

SOMOS BEM-AVENTURADOS


(Comentário do 2⁰ tópico da  LIÇÃO 01: O Sermão do Monte: o caráter do Reino de Deus)

Neste terceiro tópico veremos que nós somos bem-aventurados. O salvo em Cristo vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo.


1- A beatitude na vida dos salvos. A palavra "beatitude" origina-se do latim "beatitudo", que por sua vez, é substantivo derivado de "beatus" (feliz). "Beatitudo", portanto, é o correspondente latino do grego "makarios" e significa bem-aventurança, estado de plenitude e de felicidade profunda, resultante da presença de Deus e da certeza da vida eterna. 


Com o passar dos anos, as palavras vão se esvaziando do seu sentido original ou ganhando novos significados. Os conceitos hebraicos, latino e grego de felicidade, eram diferentes dos que temos atualmente. Hoje as pessoas definem felicidade como “ter uma boa condição financeira; viver ao lado da pessoa de quem se gosta; ter êxito em tudo que faz; estar sempre alegre; etc. Ou seja, felicidade para o mundo atual é viver em circunstâncias favoráveis. Há pessoas que dizem que não existe felicidade, existem apenas momentos felizes. Do ponto de vista moderno, se felicidade é viver acontecimentos e circunstâncias positivas, realmente não existe, pois o mundo não é feito somente de momentos bons. 


O conceito hebraico de felicidade não está relacionado às circunstâncias e sim a alguém que teme ao Senhor, anda em seus caminhos e alcançou o favor de Deus. Os Salmos começam com a palavra “Asher”, traduzida em nossa Bíblia por “bem-aventurado” ou “feliz”, nas versões mais atualizadas. Segundo o Salmo 1, feliz é quem não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, não se assenta na roda dos escarnecedores e tem o seu prazer na Lei do Senhor. (Sl 1.1-3). O Salmo 32 diz que feliz é aquele que é perdoado por Deus (Sl 32.1,2). No Salmo 33, lemos que a nação que tem Deus como Senhor é bem-aventurada (Sl 33.6). O Salmo 41 diz que é bem-aventurado aquele que socorre ao necessitado (Sl 41.1). Já o Salmo 119, que é o Salmo que exalta a Palavra de Deus em todos os seus versos, começa dizendo que são bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na Lei do Senhor. O Salmo 128 também atribui a felicidade (bem-aventurança) aos que “temem ao Senhor e andam em seus caminhos”. Portanto, no conceito do Antigo Testamento, a felicidade está relacionada ao temor a Deus e não às circunstâncias favoráveis e prosperidade material. 


Na filosofia grega, a felicidade também não estava relacionada ao ter e sim às virtudes da própria pessoa, ao contentamento e domínio próprio. Segundo o filósofo grego, Epicuro, a felicidade é encontrada na tranquilidade, tendo a lucidez e a ausência de preocupações como a chave para a busca da felicidade. No conceito da escola dos epicureus, através do domínio próprio, o homem seria capaz de não depender de circunstâncias adversas, que o levariam à infelicidade. 

Sócrates, considerado “o pai da filosofia” atribuía a felicidade ao autoconhecimento e à busca pelo conhecimento, decorrente da ideia de que o homem nada sabe de si mesmo. Platão, discípulo de Sócrates, relacionava a felicidade à prática do bem ético. Aristóteles, por sua vez, entendia que feliz é aquele que promove ações éticas, em todas as suas escolhas e que consegue agir da melhor forma possível, em todas as situações do cotidiano, não cedendo aos vícios. 


No Cristianismo, a felicidade não está em si mesmo e não depende dos próprios esforços ou circunstâncias em que vive. A felicidade na vida do cristão é resultado da sua comunhão com Deus e fidelidade à Sua Palavra. Quando o homem dá ouvidos à Palavra de Deus, o Espírito Santo produz nele uma profunda transformação em seu interior, que o torna feliz em quaisquer circunstâncias, seja favorável ou adversa. Foi isso que Paulo expressou aos Filipenses: Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.12,13). Infelizmente, as pessoas lêem apenas o versículo 13 e deturpam o seu significado, achando que Paulo estaria dizendo que pode tudo, no sentido de conquistar tudo. O contexto mostra que o apóstolo estava dizendo que ele sabia se contentar em qualquer circunstância, pois Cristo o fortalecia. 


2- A prova de que o cristão é bem-aventurado. A prova de que o cristão é, de fato, bem-aventurado é a prática das bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão do Monte. O próprio Jesus disse que “pelo fruto se conhece a árvore”. (Mt 7.16). Ou seja, a humildade, o quebrantamento, os atos de misericórdia, o desejo ardente de fazer o que é correto, a pureza de coração, o empenho pela paz e a resiliência ante a perseguição, provam que a pessoa foi transformada pelo poder do Espírito Santo. Estas bem-aventuranças são as características inerentes a um autêntico cristão. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 32-33.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998.

ROBERTSON, T. Comentário Mateus & Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pág. 66-67.

SPROULL, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017 Editora Cultura Cristã. pág. 58-60.

TOLER, Stan. Repense a Vida: Uma Dieta Incomparável para Renovar a Mente. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.26).


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