A morte é dolorosa para qualquer pessoa que perde um ente querido. É assustadora, mas precisamos passar pelo momento de luto, nos recompor e continuar a vida.
por WELIANO PIRES
A morte é uma realidade terrível, inevitável e irremediável para todos os seres humanos. Ricos, pobres, cultos, iletrados, poderosos e pessoas de todas as tribos e nações estão condenados à morte. Não há, no mundo, ninguém que possa impedir a própria morte ou a morte de outrem, por mais dinheiro que tenha.
Deus havia falado ao primeiro casal que, se eles pecassem, morreriam. A partir do pecado do primeiro casal, a morte passou a ser uma realidade inevitável para todos. A morte entrou no mundo, portanto, como consequência do pecado, e não como um plano de Deus.
Para qualquer pessoa que perde um ente querido, a morte é dolorosa e assustadora, pois não fomos criados para morrer. Existem situações nas quais a morte já é esperada e, nesses casos, embora sofrendo com a partida do nosso ente querido, nos conformamos com mais facilidade. Quando se trata de um idoso com mais de 90 anos, ou de alguém acometido de uma doença incurável, cujo diagnóstico médico atesta que não há mais jeito, já esperamos, a qualquer momento, receber a notícia do falecimento.
Entretanto, quando se trata de mortes por acidente, assassinato ou morte súbita — por infarto, AVC e coisas do tipo —, especialmente em pessoas jovens e aparentemente saudáveis, o choque é terrível. Muitas pessoas não conseguem se recuperar e praticamente morrem juntas, pois não encontram mais motivação para viver. Caem em tristeza profunda, depressão e desistem da vida. Para os pais que perdem um filho, contudo, essa dor é ainda maior.
Jó e sua família eram prósperos, felizes e respeitados na comunidade em que viviam. De repente, foram surpreendidos com uma série de notícias trágicas, principalmente a morte de todos os seus filhos. Eles tinham razões para estarem tristes e viverem o seu período de luto. Mesmo diante de tamanha dor e tristeza, Jó manteve sua fidelidade ao Senhor e o adorou.
Deixo abaixo quatro recomendações importantes para enfrentar e superar a triste realidade do luto na família:
1. Jamais culpe a Deus ou blasfeme contra Ele
Uma das razões que mais costuma levar pessoas ao ateísmo é a revolta diante de um sofrimento extremo, como a perda de um ente querido muito próximo — um filho, o cônjuge ou os pais. Nessas circunstâncias, muitas pessoas costumam culpar a Deus pela tragédia que lhes sobreveio, ou passam a duvidar da existência de Deus, pois, segundo imaginam, se Ele existisse, teria evitado que a tragédia acontecesse.
Outros, quando perdem os seus entes queridos, não chegam a duvidar da existência de Deus, mas duvidam do seu amor, revoltam-se contra Ele e blasfemam. Há mistérios nesta vida que jamais entenderemos, somente na eternidade. A vida e tudo o que há no Universo pertencem a Deus (Sl 24.1). Portanto, precisamos ter cuidado com a nossa fragilidade no luto, para não culpar ou blasfemar contra Deus por causa da morte do nosso ente querido.
2. Viva o momento de luto
Infelizmente, muitos cristãos, querendo dar a impressão de que são seres extraterrestres, tentam desencorajar o choro ou o luto, interpretando erroneamente o texto de 1 Tessalonicenses 4.13, que diz:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais que não têm esperança.”
Dizem, portanto, que o crente não deve chorar ou se entristecer por causa dos seus entes queridos que partiram. Ora, o que Paulo está dizendo é para não se desesperar, como aqueles que não têm a esperança da ressurreição.
Como vamos dizer a uma mãe que acabou de perder um filho, de forma trágica, para não chorar ou não ficar triste? O próprio Jesus, diante do túmulo do seu amigo Lázaro — que havia falecido havia quatro dias —, comoveu-se com o choro das irmãs dele e também chorou (Jo 11.35).
3. Mantenha viva a esperança na ressurreição
É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto pela perda de alguém que ama. Reprimir o choro e a tristeza para parecer forte pode trazer sérios problemas emocionais e até à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista sua esperança na vida eterna.
Precisamos sempre lembrar que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus, antes de subir ao Céu, prometeu aos seus discípulos que “viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que, onde Ele estiver, eles também estejam” (Jo 14.1-3).
4. Não morra junto com o seu ente querido
Por mais dolorosa que seja a partida de alguém que amamos, precisamos nos recompor e continuar a vida até o dia em que Deus nos chamar também. Não devemos jamais dizer que a vida acabou ou perdeu o sentido porque alguém que amamos se foi. Todos nós somos mortais e, cedo ou tarde, passaremos por esse momento.
Se você está passando por um momento de luto em sua família, acalme-se e busque a Deus em oração, para que Ele conforte o seu coração e lhe dê forças para continuar a vida. Um dia ressuscitaremos para nunca mais morrer. Teremos um corpo glorificado, não mais sujeito a doenças e à morte, e viveremos eternamente com o Senhor, se vivermos com Ele neste mundo.
Se, por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas nem dores (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará sentido se levarmos em consideração a vida eterna.
Weliano Pires é evangelista da Assembleia de Deus — Ministério do Belém, em São Carlos-SP; bacharel em Teologia, articulista, blogueiro evangélico e professor da Escola Bíblica Dominical.
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