(Comentário do 2º tópico da Lição 6- A Consciência — O Tribunal Interior
No segundo tópico,
falaremos sobre o funcionamento da consciência. Inicialmente, veremos que a
nossa consciência possui uma tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Em
seguida, constataremos que a consciência é implacável e não cede a vãs
justificativas humanas para os próprios pecados. Por fim, veremos que a nossa
consciência atua como um tribunal, debatendo com os nossos pensamentos e
tomando como base a lei moral escrita em nosso coração.
1. Acusação, defesa e
julgamento.
A nossa consciência tem uma
tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Quando pecamos, mesmo
sem que ninguém veja, a consciência nos acusa e nos julga. Muitos perdem até o
sono e têm pesadelos por causa das acusações de sua própria consciência.
Entretanto, se somos acusados injustamente, a consciência nos defende e nos tranquiliza.
Adão e Eva, depois de
terem pecado contra Deus, sentiram a reprovação da própria consciência e
tiveram vergonha de sua nudez:
“Então foram abertos os
olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e
fizeram para si aventais” (Gn 3:7).
Quando ouviram a voz de
Deus, sentiram-se incomodados e tentaram se esconder (Gn 3:10). Antes do
pecado, eles ouviam a voz de Deus todos os dias e não se sentiam perturbados.
Davi, depois de ser
repreendido pelo profeta Natã por causa do adultério e do homicídio que
cometeu, escreveu o Salmo 51, no qual confessa seu pecado e pede perdão e
restauração. No início da oração, ele declara:
“Porque eu conheço as
minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:3).
Em outra ocasião, no
Salmo 32, o mesmo Davi afirmou:
“Quando eu guardei
silêncio [em relação ao pecado], envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em
todo o dia” (Sl 32:3).
Isso mostra que a
consciência o acusava e condenava pelos pecados que cometera, a ponto de
causar-lhe sofrimento na alma e no corpo. Uma consciência pesada traz sérios
problemas espirituais, emocionais e até físicos ao ser humano, a não ser
quando já se encontra insensível ou “cauterizada” — como veremos no próximo
tópico.
2. Vãs justificativas.
Depois de pecar e ouvir a voz de
Deus, Adão tentou se esconder, mas é impossível ocultar algo de Deus, pois Ele
é onisciente e onipresente. Confrontado pela voz divina,
apresentou uma desculpa:
“Me escondi porque estava
nu.”
Ora, ele nunca havia
usado roupas antes e nunca se preocupara em se esconder; logo, o problema não
era a falta de vestes.
Em seguida, Deus foi
direto ao ponto, buscando a confissão do pecado:
“Quem te mostrou que
estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn
3:11).
Adão não tinha como negar
seu pecado, pois sua consciência o acusava, e ele percebeu que Deus já sabia de
tudo. Sem conseguir se justificar, comportou-se como muitos seres humanos fazem
ainda hoje: tentou transferir a culpa.
“A mulher que me deste
por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3:12).
Eva seguiu na mesma
direção, acusando a serpente. Nenhum dos dois reconheceu sua culpa nem pediu
perdão a Deus.
Aqui observamos uma
grande diferença entre Adão e Davi. Adão, quando confrontado, não reconheceu
seu pecado e atribuiu a culpa à mulher, como se ela o tivesse forçado a pecar.
Davi, ao ser confrontado por Natã, arrependeu-se e confessou:
“Pequei contra o Senhor”
(2Sm 12:13).
Imediatamente, foi
perdoado por Deus.
Infelizmente, muitas
pessoas hoje buscam justificativas para os próprios pecados, chegando a usar textos
bíblicos isolados e distorcidos. Outras culpam líderes espirituais ou a
Igreja por seus erros. No entanto, não podem enganar a própria consciência e,
um dia, estarão diante do Justo Juiz, que não aceita vãs
justificativas.
3. O debate no tribunal
Em um tribunal, acontecem
debates entre acusação e defesa. Cada parte tem seu tempo para inquirir
o réu e as testemunhas e apresentar sua tese. Em seguida, os jurados votam, e o
juiz profere a sentença — absolvendo ou condenando o réu.
Em nossa mente ocorre
algo semelhante: a consciência atua como um tribunal, debatendo com os
nossos pensamentos e tomando como base a lei moral escrita em nosso coração,
seja para nos acusar, seja para nos defender. Se somos culpados, a consciência
nos acusará; se somos acusados injustamente, ela nos absolverá e tranquilizará o
coração.
O apóstolo Paulo escreveu
aos Romanos:
“[Os gentios] mostram a
obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua
consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm
2:15).
Isso vale para aqueles
que não conhecem a Palavra de Deus. Já os que conhecem a verdade serão julgados
pela própria Palavra, e não apenas pela consciência:
“Quem me rejeita e não
recebe as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que tenho pregado, essa
o há de julgar no último dia” (Jo 12:48).
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