04 novembro 2025

O Funcionamento da Consciência

(Comentário do 2º tópico da Lição 6- A Consciência — O Tribunal Interior

No segundo tópico, falaremos sobre o funcionamento da consciência. Inicialmente, veremos que a nossa consciência possui uma tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Em seguida, constataremos que a consciência é implacável e não cede a vãs justificativas humanas para os próprios pecados. Por fim, veremos que a nossa consciência atua como um tribunal, debatendo com os nossos pensamentos e tomando como base a lei moral escrita em nosso coração.

1. Acusação, defesa e julgamento.

A nossa consciência tem uma tríplice função: acusação, defesa e julgamento. Quando pecamos, mesmo sem que ninguém veja, a consciência nos acusa e nos julga. Muitos perdem até o sono e têm pesadelos por causa das acusações de sua própria consciência. Entretanto, se somos acusados injustamente, a consciência nos defende e nos tranquiliza.

Adão e Eva, depois de terem pecado contra Deus, sentiram a reprovação da própria consciência e tiveram vergonha de sua nudez:

“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3:7).

Quando ouviram a voz de Deus, sentiram-se incomodados e tentaram se esconder (Gn 3:10). Antes do pecado, eles ouviam a voz de Deus todos os dias e não se sentiam perturbados.

Davi, depois de ser repreendido pelo profeta Natã por causa do adultério e do homicídio que cometeu, escreveu o Salmo 51, no qual confessa seu pecado e pede perdão e restauração. No início da oração, ele declara:

“Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:3).

Em outra ocasião, no Salmo 32, o mesmo Davi afirmou:

“Quando eu guardei silêncio [em relação ao pecado], envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia” (Sl 32:3).

Isso mostra que a consciência o acusava e condenava pelos pecados que cometera, a ponto de causar-lhe sofrimento na alma e no corpo. Uma consciência pesada traz sérios problemas espirituais, emocionais e até físicos ao ser humano, a não ser quando já se encontra insensível ou “cauterizada” — como veremos no próximo tópico.

2. Vãs justificativas.

Depois de pecar e ouvir a voz de Deus, Adão tentou se esconder, mas é impossível ocultar algo de Deus, pois Ele é onisciente e onipresente. Confrontado pela voz divina, apresentou uma desculpa:

“Me escondi porque estava nu.”

Ora, ele nunca havia usado roupas antes e nunca se preocupara em se esconder; logo, o problema não era a falta de vestes.

Em seguida, Deus foi direto ao ponto, buscando a confissão do pecado:

“Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3:11).

Adão não tinha como negar seu pecado, pois sua consciência o acusava, e ele percebeu que Deus já sabia de tudo. Sem conseguir se justificar, comportou-se como muitos seres humanos fazem ainda hoje: tentou transferir a culpa.

“A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3:12).

Eva seguiu na mesma direção, acusando a serpente. Nenhum dos dois reconheceu sua culpa nem pediu perdão a Deus.

Aqui observamos uma grande diferença entre Adão e Davi. Adão, quando confrontado, não reconheceu seu pecado e atribuiu a culpa à mulher, como se ela o tivesse forçado a pecar. Davi, ao ser confrontado por Natã, arrependeu-se e confessou:

“Pequei contra o Senhor” (2Sm 12:13).

Imediatamente, foi perdoado por Deus.

Infelizmente, muitas pessoas hoje buscam justificativas para os próprios pecados, chegando a usar textos bíblicos isolados e distorcidos. Outras culpam líderes espirituais ou a Igreja por seus erros. No entanto, não podem enganar a própria consciência e, um dia, estarão diante do Justo Juiz, que não aceita vãs justificativas.

3. O debate no tribunal

Em um tribunal, acontecem debates entre acusação e defesa. Cada parte tem seu tempo para inquirir o réu e as testemunhas e apresentar sua tese. Em seguida, os jurados votam, e o juiz profere a sentença — absolvendo ou condenando o réu.

Em nossa mente ocorre algo semelhante: a consciência atua como um tribunal, debatendo com os nossos pensamentos e tomando como base a lei moral escrita em nosso coração, seja para nos acusar, seja para nos defender. Se somos culpados, a consciência nos acusará; se somos acusados injustamente, ela nos absolverá e tranquilizará o coração.

O apóstolo Paulo escreveu aos Romanos:

“[Os gentios] mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2:15).

Isso vale para aqueles que não conhecem a Palavra de Deus. Já os que conhecem a verdade serão julgados pela própria Palavra, e não apenas pela consciência:

“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo 12:48).

Ev. WELIANO PIRES

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Funcionamento da Consciência

(Comentário do 2º tópico da Lição 6- A Consciência — O Tribunal Interior No segundo tópico, falaremos sobre o funcionamento da consciência. ...