26 novembro 2025

VONTADE: MOTIVAÇÃO E AÇÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 9: Vontade - o que move o ser humano)

No primeiro tópico, trataremos da vontade como força motivadora que nos conduz às ações. Iniciaremos pelo conceito de vontade nas Escrituras. Em seguida, abordaremos o processo de evolução do pensamento humano até a ação, o qual passa pelos sentimentos e pela vontade. Por fim, analisaremos o caso de Adão, que apresentou fraqueza de vontade e pecou, mesmo sem ter sido enganado.

1. Conceito de vontade. 

No comentário sobre a palavra-chave desta lição, apresentamos um amplo conceito de “vontade”, tanto no sentido etimológico quanto no sentido bíblico. Aqui, o comentarista nos traz uma definição mais resumida: “É a capacidade humana de desejar, querer, almejar, escolher e agir.” Em seguida, ele acrescenta que a vontade também pode ser entendida como motivação.

De fato, a nossa vontade é uma força motivadora que nos impulsiona a realizar alguma coisa. Tanto que, quando alguém perde o interesse por algo que antes apreciava, dizemos que está desmotivado ou que perdeu a motivação. Na Psicologia, a desmotivação ou perda de vontade pode ser sintoma de vários problemas emocionais:

a) Apatia: Perda do interesse por coisas que antes eram importantes. A pessoa passa a não ver diferença entre fazer ou não aquilo de que antes gostava.

b) Avolição: Dificuldade de iniciar um objetivo e de manter ações que já começaram.

c) Anedonia: Incapacidade de sentir prazer em atividades que anteriormente eram prazerosas.

d) Prostração / cansaço emocional: Diminuição da vontade ou da motivação por causa de estresse, sobrecarga, esgotamento e falta de descanso.

e) Desmotivação situacional: Perda de vontade apenas em algumas áreas da vida, relacionada a frustrações, decepções, falta de propósito ou sofrimentos específicos.

O comentarista também nos ensina que a vontade se manifesta quando fazemos algo que inicialmente não era o nosso querer, mas o realizamos por aderir voluntariamente à vontade de outra pessoa — como a de Deus, por exemplo. É quando não desejamos fazer algo, mas o fazemos porque queremos agradar a Deus, que se agrada daquela atitude.

Davi expressa isso no Salmo 143.10:

“Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus; o teu bom Espírito me guie por terra plana.”

Da mesma forma, Jesus, em profunda agonia no Getsêmani, orou ao Pai, dizendo:

“Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lc 22.42).

No processo da conversão, evidentemente, o primeiro passo é dado por Deus em nossa direção. Pela nossa própria vontade, corrompida pelo pecado, nenhum de nós se converteria por iniciativa própria. Deus, por meio de sua graça preveniente – que é anterior à conversão, influencia a nossa vontade e nos capacita a crer em Jesus. Entretanto, a decisão de crer ou não continua sendo responsabilidade do ser humano.

Após a conversão, o cristão abre mão da própria vontade para viver a vontade de Deus. Sobre isso, o apóstolo Paulo declarou:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2.20).

2. Do pensamento à ação. 

As três faculdades da alma — intelecto, afetividade e volição — estão interligadas. Conforme vimos na lição 7, os pensamentos têm diversas origens e nem sempre evoluem para um desejo. No entanto, as emoções e os sentimentos, conforme estudamos na lição 8, estão intimamente relacionados, de modo que os sentimentos são interpretações que fazemos das nossas emoções. Da mesma forma, a vontade nasce dos pensamentos, que evoluem para sentimentos, depois para desejos e, por fim, para ações.

O comentarista apresenta aqui o caso de Eva no Jardim do Éden. Inicialmente, ela sabia que não deveria comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Sua natureza ainda não havia sido corrompida pelo pecado e, portanto, não havia nela o desejo de pecar. Contudo, ao receber a mensagem enganosa transmitida pelo inimigo, ela refletiu sobre o assunto. Seu pensamento evoluiu para o desejo de ser como Deus (Gn 3.5). Finalmente, esse desejo transformou-se em ação, e ela comeu do fruto (Gn 3.6).

Aqui percebemos o processo completo que leva ao pecado. Primeiro vem a tentação, que é como o “marketing” do inimigo para tornar o pecado atraente. Depois surge o pensamento acerca dos argumentos diabólicos. Em seguida, aparece a atração ou desejo pelo pecado — aquilo que Tiago chama de concupiscência. Então ocorre a consumação do ato pecaminoso. E, por fim, surgem as consequências, cuja culminação é a morte (Tg 1.14,15; Rm 6.23). Falaremos mais detalhadamente sobre esse processo no terceiro tópico.

3. Fraqueza de vontade. 

Diferente de Eva, Adão não teve nenhum diálogo com o inimigo. Ele recebeu de Deus uma ordem clara: não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Não questionou, não argumentou — simplesmente obedeceu, ao menos no início. Adão não passou pelo mesmo processo de tentação que Eva enfrentou. Contudo, isso não diminui sua responsabilidade, nem significa que seu pecado foi menor, ou que a culpa recai apenas sobre Eva.

A verdade é que a responsabilidade maior estava sobre Adão. Deus confiou a ele o mandamento. Ele era o representante da humanidade. E uma pergunta inevitável surge: onde estava Adão enquanto sua esposa conversava com o tentador? Além de obedecer ao comando divino, ele tinha o dever de cuidar do Jardim, dos animais e de sua família. A sabedoria que Deus lhe deu era suficiente para orientar Eva, lembrá-la da Palavra do Senhor e protegê-la — mas ele não o fez.

Aqui eu abro um parêntese necessário para falar da responsabilidade espiritual do cristão dentro de sua casa. Deus nos chamou para ensinar Sua Palavra à família, interceder por ela e fechar as brechas espirituais, a fim de que o inimigo não encontre ocasião. Cada pessoa, é claro, tem seu livre-arbítrio e presta contas individualmente diante de Deus. Mas isso não anula o nosso papel de sentinelas do lar, guardiões espirituais daqueles que amamos.

O comentarista também nos alerta sobre decisões equivocadas que muitas vezes são tomadas com plena consciência. Há quem peque por falta de conhecimento das Escrituras ou por descuido na vigilância. Mas há também aqueles que sabem exatamente o que Deus ordena, conhecem as consequências, e mesmo assim seguem pelo caminho errado. Quando o pecado é praticado deliberadamente, ele nunca vem sozinho. Um abismo chama outro abismo, e quem se entrega ao erro pode chegar a um ponto de ruptura, onde o retorno se torna cada vez mais distante.

Que Deus nos guarde! Que o Espírito Santo nos mantenha vigilantes, sensíveis e obedientes. E que, pela graça, sejamos instrumentos de proteção e edificação em nossos lares.

Ev. WELIANO PIRES 

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