TEXTO ÁUREO:
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5.16).
Contexto:
Nesta última seção da Epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo apresenta um contraste entre dois estilos de vida que se opõem entre si: viver segundo a carne e viver segundo o Espírito Santo (Gl 5.16–26).
Palavras-chave:
Andar (gr. peripateíte): Significa caminhar, em sentido literal; também pode significar fazer bom uso das oportunidades, regular a própria vida, conduzir-se ou comportar-se. Neste texto, “andar” tem o sentido de conduzir-se em conformidade com a vontade de Deus.
Espírito (gr. pneuma): aparece 385 vezes no Novo Testamento e possui diversos significados — espírito humano, sopro, vento, espírito maligno ou o Espírito Santo, que é o sentido aplicado em Gálatas 5.16.
Concupiscência (gr. epithumía): Refere-se a um forte desejo, anseio ou desejo ardente. No Novo Testamento, essa palavra aparece apenas três vezes com sentido positivo:
Lc 22.15 — o “desejo” de Jesus de comer a Páscoa com os discípulos;
Fp 1.23 — o “desejo” de Paulo de partir e estar com Cristo;
1Ts 2.17 — o “grande desejo” de Paulo de rever os irmãos.
Nas demais ocorrências, epithumía possui sentido negativo, indicando desejos ilícitos, impulsos pecaminosos, cobiça ou anseio por aquilo que se opõe à vontade de Deus.
Carne (gr. sarx): É um termo polissêmico na Bíblia. Pode significar:
O corpo humano ou animal;
A humanidade em geral;
A fragilidade humana;
A natureza carnal, isto é, a disposição pecaminosa do ser humano, inclinada ao mal e contrária a Deus.
Este último significado é o que Paulo utiliza em Gálatas 5.16.
A Nova Versão transformadora traduz este texto assim: “Por isso digo: deixem que o Espírito guie sua vida. Assim, não satisfarão os anseios de sua natureza humana”. (Gl 5:16).
VERDADE PRÁTICA:
“Guiada por Deus, a vontade é uma bênção extraordinária, vital para a existência humana”.
Assim como os pensamentos e as emoções, a vontade humana foi concedida por Deus ao ser humano e não é, em si mesma, pecado. Contudo, ela foi corrompida pelo pecado e precisa ser restaurada e guiada por Deus, para nos conduzir a escolhas acertadas. Na oração do Pai-Nosso, Jesus ensinou seus discípulos a pedirem: “Faça-se a tua vontade”. O apóstolo Paulo, por sua vez, escrevendo aos Romanos, afirmou que “a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita”. (Rm 12.2).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gálatas 5.16-21; Tiago 1.14,15; 4.13-17.
Objetivos da Lição:
I) Explicar o conceito bíblico de vontade como capacidade dada por Deus para escolher e agir;
II) Mostrar como os desejos podem escravizar o ser humano, mas também como a redenção em Cristo capacita o crente a vencer a carne e viver guiado pelo Espírito;
III) Ensinar a identificar o processo de tentação, compreendendo como o desejo se desenvolve até o pecado.
Palavras-chave: VONTADE
A palavra portuguesa vontade deriva do latim voluntas, que, por sua vez, vem do verbo volere, que significa “querer” ou “desejar”. De voluntas deriva também a palavra voluntário, que se refere a alguém que se dispõe a fazer algo espontaneamente, sem qualquer constrangimento ou coação.
No Antigo Testamento, a palavra hebraica râtsôn, traduzida por “vontade”, aparece 56 vezes e significa prazer, favor, boa vontade ou aceitação (Sl 40.8). Râtsôn pode se referir tanto à vontade de Deus — isto é, ao seu prazer ou plano — quanto à vontade humana, aquilo que uma pessoa deseja ou decide. Há também o termo chafets, que significa desejo ou prazer em realizar algo (Sl 35.27).
No Novo Testamento, o termo grego traduzido por “vontade” é thélēma, forma prolongada do verbo thelō, que significa querer, gostar, ter em mente, pretender ou ter satisfação em algo (Mt 6.10; Rm 12.2; 1 Ts 4.3 etc.). Temos ainda o termo epithumía, traduzido por “deleites” ou “concupiscência”, que significa desejo, anelo, anseio, ou desejo por aquilo que é proibido, como a luxúria. Há também o termo boúlomai, que significa querer deliberadamente, ter um propósito, desejar ou estar disposto a fazer algo.
INTRODUÇÃO
Nas lições 7 e 8, estudamos sobre duas faculdades da alma: o intelecto (pensamentos) e a sensibilidade (sentimentos e emoções). Nesta lição, estudaremos a última faculdade da alma que é a vontade ou volição.
Deus criou o ser humano à sua imagem, conforme a sua semelhança, conforme já falamos em lições anteriores. O ser humano foi dotado por Deus de capacidade de escolha, ou seja, pode decidir, planejar, obedecer ou desobedecer. Entretanto, será responsabilizado por suas escolhas.
Atualmente, é comum ouvirmos frases como: “Eu faço o que quero”, “Sigo meu coração” e “Minha vontade é lei”. Mas, será que a nossa própria vontade sempre nos conduzirá a escolhas corretas?
Após a Queda, assim como aconteceu com o nosso intelecto e sensibilidade, a nossa vontade também foi corrompida. Mas, se for guiada por Deus, a nossa vontade se torna uma poderosa ferramenta para escolhas sábias e uma vida frutífera.
TÓPICOS DA LIÇÃO
I. VONTADE: MOTIVAÇÃO E AÇÃO
No primeiro tópico, trataremos da motivação e da ação da vontade. Iniciaremos pelo conceito de vontade nas Escrituras. Em seguida, abordaremos o processo de evolução do pensamento humano até a ação, o qual passa pelos sentimentos e pela vontade. Por fim, analisaremos o caso de Adão, que apresentou fraqueza de vontade e pecou, mesmo sem ter sido enganado.
II. DESEJOS: DA ESCRAVIDÃO À REDENÇÃO
No segundo tópico, trataremos dos desejos, desde a escravidão até a redenção. Iniciaremos abordando a experiência de Israel no deserto, que, mesmo tendo sido liberto da escravidão no Egito, continuou cativo de seus próprios desejos. Em seguida, falaremos sobre os desejos no contexto cristão. Mesmo tendo sido salvos por Cristo, enquanto estivermos neste corpo mortal continuaremos convivendo com a natureza pecaminosa. Por fim, analisaremos a decisão do homem redimido de subjugar seus desejos carnais e ser guiado pelo Espírito.
III. O ENSINO SOBRE OS DESEJOS, EM TIAGO
No terceiro e último tópico, trataremos do ensino de Tiago a respeito dos desejos. Abordaremos a relação entre atração e engano. Tiago utiliza a palavra concupiscência para se referir aos desejos carnais que afetam a razão humana e levam o ser humano a pensar que o pecado não traz consequências. Em seguida, falaremos da necessidade de abortar os maus desejos e interromper o processo da tentação, que induz o ser humano ao pecado.
Ev. WELIANO PIRES
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