23 setembro 2025

RESUMO DO 3º TRIMESTRE DE 2023

Imagem do site: Coisa de Irmão

Ev. WELIANO PIRES

Com a graça de Deus, chegamos ao final do 3º trimestre do ano de 2025. O tema estudado foi: A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé, a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. Estudamos os primeiros quinze capítulos do Livro de Atos dos Apóstolos, tratando especificamente sobre a Igreja de Jerusalém, que é a Igreja mãe de toda a Cristandade e o primeiro modelo de Igreja apresentado no Novo Testamento. Não era perfeita e também tinha os seus problemas, pois era formada por crentes imperfeitos como nós. Mas, teve um crescimento extraordinário, em um contexto de ferrenha perseguição, dos judeus e do Império romano. 


Ao longo deste trimestre estudamos algumas características e virtudes da Igreja de Jerusalém e vimos como ela enfrentou os seus problemas. O estudo destas lições são fundamentais para a Igreja atual. O título da Revista aborda três pontos fundamentais como base para o crescimento da Igreja em meio à perseguição: Doutrina, comunhão e fé, que estão descritos no texto de Atos 2.42-47, junto com a oração e o temor a Deus. 


A Igreja de Jerusalém perseverava "na Doutrina dos Apóstolos", que é uma referência ao conjunto de ensinos ministrados por Jesus, que os apóstolos receberam do Mestre e transmitiram à Igreja. O ensino da doutrina dos apóstolos à Igreja continua sendo fundamental para o crescimento saudável da Igreja. Uma Igreja que cresce sem o ensino da Palavra de Deus, adoece e pode até se tornar uma seita.


Perseverava também na comunhão, que é a união dos irmãos em todos os sentidos. Eles tinham uma comunhão tão profunda que, os que tinham mais de uma propriedade decidiram, voluntariamente, vender uma e doar o dinheiro para a liderança da Igreja suprir a necessidade dos mais pobres. Esta atitude generosa fez com que não houvesse nenhum necessitado entre eles.


Embora não apareça no texto de Atos 2.42-47, a fé também fazia parte da base para o crescimento da Igreja de Jerusalém. A fé em Deus é provada nas adversidades e confirmada através da fidelidade a Deus. É preciso passar pelas provações e manter a sua fidelidade a Deus, até mesmo com o sacrifício da própria vida, para comprovar a fé em Deus. Quem realmente tem fé em Deus, precisa está disposto a morrer pela sua fé e abrir mão de tudo por amor à Deus. Era exatamente assim que vivia a Igreja de Jerusalém. 


Por fim, a Igreja de Jerusalém vivia em constante oração. Antes do Pentecostes, eles perseveraram em oração, até serem revestidos do poder do Espírito (At 1.14). Mas continuaram orando todos os dias após a descida do Espírito Santo. Oravam pedindo direção a Deus (At 1.23,24); oravam constantemente no templo (At 3.1); oravam diante das ameaças e perseguições (At 4.24-31); oravam antes de separar obreiros (At 6.6). O Senhor respondia às suas orações, salvando muitas almas e operando maravilhas no meio da Igreja.


COMENTARISTA

O comentarista deste trimestre foi o renomado pastor José Gonçalves, presidente da Assembleia de Deus em Água Branca/PI. Pr. José Gonçalves é articulista, escritor, conferencista e comentarista de Lições Bíblicas de adultos da Escola Dominical da CPAD há vários anos. É Mestre em Teologia pela Faculdade Batista do Paraná (FABAPAR) e especialista em Interpretação bíblica por essa mesma Instituição. É graduado em Teologia pelo Seminário Batista de Teresina (1995) e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (2001). Ensinou grego, hebraico e Teologia Sistemática na Faculdade Evangélica do Piauí. Autor de mais de uma dezena de livros, dentre os quais: Por que Caem os Valentes? (2009); Defendendo o Verdadeiro Evangelho (2009); Davi: Vitórias e Derrotas de Um homem de Deus (co-autor, prêmio Areté, 2009); Maravilhosa Graça (2016), A Supremacia de Cristo (2017) e O Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual (2021), todos publicados pela CPAD.

ESBOÇO DAS LIÇÕES

LIÇÃO 01: A IGREJA QUE NASCEU NO PENTECOSTES

I. A NATUREZA DO PENTECOSTES BÍBLICO

II. O PROPÓSITO DO PENTECOSTES BÍBLICO

III. CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTES BÍBLICO


LIÇÃO 02: A IGREJA DE JERUSALÉM: UM MODELO A SER SEGUIDO

I. UMA IGREJA COM SÓLIDOS ALICERCES

II. UMA IGREJA OBSERVADORA DOS SÍMBOLOS CRISTÃOS

III. UMA IGREJA MODELO


LIÇÃO 03: UMA IGREJA FIEL À PREGAÇÃO DO EVANGELHO

I. A IGREJA QUE PREGA AS ESCRITURAS

II. A IGREJA QUE PREGA NO PODER DO ESPÍRITO

III. A IGREJA QUE PREGA A ESPERANÇA VINDOURA


LIÇÃO 04: UMA IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO

I. UMA IGREJA PERSEVERANTE

II. UMA IGREJA QUE ORA COM PODER

III. UMA IGREJA OUSADA NO SEU TESTEMUNHO


LIÇÃO 5: UMA IGREJA CHEIA DE AMOR

I. O AMOR MANIFESTADO NA COMUNHÃO CRISTÃ

II. O AMOR COMO MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA

III. A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ


LIÇÃO 06: UMA IGREJA NÃO CONIVENTE COM A MENTIRA

I. O DIABO, O PAI DA MENTIRA

II. O CRISTÃO E A MENTIRA

III. A IGREJA QUE REPELE A MENTIRA


LIÇÃO 07: UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO

I. A IGREJA PERSEGUIDA

II. A IGREJA PROTEGIDA

III. A IGREJA DESTEMIDA


LIÇÃO 08: UMA IGREJA QUE ENFRENTA OS SEUS PROBLEMAS

I. A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS

III. SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS


LIÇÃO 09: UMA IGREJA QUE SE ARRISCA

I. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

II. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ

III. ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA


LIÇÃO 10: A EXPANSÃO DA IGREJA

I. A IGREJA DIANTE DA PERSEGUIÇÃO

II. A IGREJA QUE EVANGELIZA

III. A IGREJA QUE DÁ SUPORTE À EVANGELIZAÇÃO


LIÇÃO 11: UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM ESTRANGEIRO

I. A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS

II. A SALVAÇÃO DOS GENTIOS

III. O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS


LIÇÃO 12: O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

I. UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

II. UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

III. UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS


LIÇÃO 13: ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

I. A QUESTÃO DOUTRINÁRIA

II. O DEBATE DOUTRINÁRIO

III. A DECISÃO DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

22 setembro 2025

A ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD)

Nesta última lição, veremos detalhes da assembleia geral realizada pela Igreja Primitiva em Jerusalém (At 15.1-35). Este concílio ficou marcado na história cristã porque definiu quais seriam as exigências impostas aos gentios para ingressarem na plena comunhão com a igreja de Cristo. A questão foi levantada por um grupo de judeus convertidos ao Cristianismo que entendia ser necessário dar continuidade à observância de preceitos da Lei, mesmo após aceitarem a fé em Jesus. Dentre as práticas que deveriam ser preservadas estava a da circuncisão. No entanto, o entendimento dos apóstolos era de que os gentios foram chamados por Deus para a liberdade cristã. Impor aos gentios práticas que faziam parte da religião judaica não fazia sentido algum. Por essa razão, o Concílio foi de fundamental importância para que o Evangelho continuasse a ser pregado entre os gentios.

Ao final do Concílio, foram acordadas as exigências impostas ao gentios recém-convertidos. Como frisa o Dicionário Bíblico Beacon (CPAD), “somente quatro restrições foram colocadas para os gentios cristãos (v.20). Eles deveriam se abster das contaminações dos ídolos, isto é, das coisas oferecidas aos ídolos (cf. v.29; 21.25) — e da prostituição, do que é sufocado e do sangue. A primeira destas restrições se referia a uma preocupação real da Igreja Primitiva, da qual Paulo tratou em toda a sua extensão (1Co 8.1-10; 10.19). Os animais eram sacrificados aos deuses pagãos e depois a sua carne era vendida nos mercados. Alguns entenderam que, de acordo com a decisão do concílio, os gentios convertidos eram proibidos de comer esta carne conscientemente, e que Paulo adotou a mesma posição. A prostituição era um pecado extremamente comum entre os pagãos, e praticado muitas vezes como parte do seu culto. Os judeus se orgulhavam dos seus elevados padrões morais e a igreja, naturalmente, tinha toda razão de fazer esta exigência aos seus membros. Comer o que era sufocado era evidentemente proibido principalmente porque o sangue não era retirado da carne. Portanto, esta exigência estava muito ligada à quarta proibição de comer sangue. Este mandamento vem desde o tempo de Noé, quando os homens tiveram a primeira permissão de comer os animais (Gn 9.4), e foi repetido na lei mosaica (Lv 3.17; 7.26; 17.10,14; 19.26)” (2006, p.322).

Uma vez acordada a decisão em relação aos gentios, importava agora que estes vivessem uma vida sossegada e temente a Deus. O Senhor nos chama para viver na mesma liberdade do Espírito, adorando em servindo a Deus por meio dos dons espirituais e ministeriais, a fim de que o Evangelho continue a ser proclamado até os confins da Terra.

19 setembro 2025

UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O caráter missionário da Igreja de Jerusalém).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que formava discípulos. Inicialmente, falaremos do discipulado como a base para um crescimento saudável da Igreja. Não basta ganhar almas, é preciso ensinar-lhes a Palavra de Deus, para que tenham alicerce. Na sequência, veremos que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos em Antioquia e o significado desta denominação. Por último, falaremos da identidade cristã, que não se limita ao rótulo e sim à sua fé e estilo de vida.


1. A base do discipulado. A notícia de que os gentios haviam recebido o Evangelho chegou à Igreja de Jerusalém e Barnabé foi enviado a Antioquia para dar suporte ao novo trabalho. Barnabé era um levita, natural de Chipre, muito amoroso. Foi um dos primeiros a vender uma propriedade e doar o dinheiro para ajudar aos necessitados da Igreja (At 4.36,37).


O seu nome era José, mas os apóstolos o chamavam de Barnabé que significa "Filho da Consolação". Era um obreiro cheio do Espírito Santo, que tinha como característica principal o acolhimento. Quando Saulo se converteu, todos fugiam dele, pois não acreditavam que ele tivesse se convertido de verdade. Mas Barnabé se aproximou dele, ouviu o relato da sua conversão e o aproximou dos apóstolos. 


Ao chegar a Antioquia, Barnabé viu o crescimento do Evangelho naquela cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé. Em seguida, partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano inteiro, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja e ela se tornou uma Igreja rica em líderes, com vários profetas e doutores.


Barnabé e Saulo se dedicaram a ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia (At 11.26). Este discipulado e ensino bíblico fizeram da Igreja de Antioquia uma Igreja fervorosa, bem estruturada, com bons obreiros, dedicada à oração e sensível à voz do Espírito Santo. Isso fez com que esta igreja se transformasse em uma base de missões transculturais, que enviou missionários a várias partes do mundo. 


2. Denominados de “cristãos”. Conforme explicou o comentarista, os cristãos de Jerusalém já haviam sido chamados internamente de “irmãos” (At 1.16); “crentes” (At 2.44); “discípulos” (At 6.1) e “santos” (At 9.13). Externamente eram chamados “os que eram do Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14,22); e “Seita dos nazarenos” (At 25.4). Para os judeus, os cristãos eram seguidores de um falso profeta chamado Jesus de Nazaré, a quem eles haviam crucificado em um passado recente. As autoridades romanas, no entanto, pensavam que o Cristianismo fosse mais um partido religioso dos judeus. 


Em Atos 11.26, lemos: “...e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”. (At 11.26). O termo grego traduzido por cristãos aqui é “christianós”, que significa pessoas de Cristo, ou seguidores de Cristo. Alguns sugerem que a denominação “cristãos” foi usada inicialmente em tom de zombaria, mas, não há nenhuma comprovação disso, até porque os próprios apóstolos a usaram depois. 


A palavra cristãos aparece apenas três vezes no Novo Testamento: Neste texto de Atos 11.26, onde as pessoas de Antioquia chamaram os seguidores de Cristo de “cristãos”; Depois, em Atos 26.28, foi usada pelo rei Agripa, quando se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão; Por último, em I Pedro 4.6, o apóstolo Pedro escreveu aos seus leitores: “Se sofrer como cristão , não se envergonhe disso; antes , glorifique a Deus com esse nome.”


3. A identidade cristã. Não importa o rótulo ou a denominação que as pessoas nos dão. O importante é a nossa identidade como seguidores de Cristo. Se os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos por zombaria ou não, isso não tem nenhuma importância. O mais importante é que as nossas palavras e atitudes nos identifiquem com Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios disse: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo". (1Co 11.1).  


Em Jerusalém, após o discurso ousado de Pedro, quando foi interrogado pelas autoridades por causa da cura do coxo, os líderes religiosos, vendo a ousadia de Pedro e João, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus (At 4.13). Esta semelhança entre os discípulos de Jesus e o Seu Mestre não pode se limitar às palavras, mas deve se refletir também nas atitudes. Estêvão, por exemplo, ao ser apedrejado de forma covarde e injusta, fez como Jesus e pediu que o Senhor perdoasse os seus algozes. 


O que será que as pessoas que nos cercam falam sobre nós? Tudo bem que discordam da nossa fé e até nos caluniam, pois não temem a Deus. Mas será que vêem alguma semelhança entre nós e Jesus? Se alguém que não nos conhece conversar conosco, saberá que somos seguidores de Cristo, ou ficará surpreso se alguém lhes falar que somos cristãos? Que possamos testemunhar de Cristo não apenas com palavras, mas também com o nosso estilo de vida. 

18 setembro 2025

UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O caráter missionário da Igreja de Jerusalém).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da visão transcultural da Igreja de Jerusalém. Primeiro, falaremos da cultura grega ou helênica, com base na expressão “falaram aos gregos”, que se refere aos cristãos judeus pregando o Evangelho aos gentios. Na sequência, falaremos da contextualização da mensagem. Os cristãos judeus não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento e falar do Messias, pois os gentios não tinham esta compreensão como os judeus. 


1. A cultura grega (helênica). Os cristãos já haviam anunciado o Evangelho a pessoas de fala grega, como em Samaria e em Cesaréia. Inicialmente, como vimos na lição passada, eles pregavam apenas aos judeus. Com a perseguição, eles se espalharam e pregaram também em Samaria. Mas, os samaritanos eram uma mistura de Israelitas com outros povos. Em partes, a cultura deles estava relacionada ao povo de Israel. 


Depois de pregar em Samaria, por ordem do Espírito Santo, Filipe pregou também a um oficial da rainha dos Etíope (At 8.26-39). Mas este homem era um prosélito, ou seja, um gentio convertido ao Judaísmo, que tinha ido a Jerusalém para adoração. Pedro pregou aos gentios na casa de Cornélio, seguindo a orientação de Deus, mas estes gentios eram pessoas que viviam na terra de Israel e conheciam bem a cultura judaica. O próprio Cornélio era um homem piedoso, temente ao Deus de Israel, que dava esmolas ao povo e orava continuamente a Deus (At 10.1).


No caso de Antioquia, porém, o texto diz que eles “falaram aos gregos”. Esta expressão se refere aos gentios que adoravam a outros deuses e não aos gentios convertidos ao Judaísmo. A cultura grega era aberta ao diálogo e à diversidade de ideias. Aliás, a democracia surgiu com os gregos, através do legislador Clístenes.  Antes deles, os reis eram considerados deuses ou representantes deles. Os gregos criaram as cidades-estados, chamadas de "pólis". Esta palavra deu origem  à palavra política. 


No aspecto religioso, havia diversidade religiosa e politeísmo entre os gregos. Eles tinham uma infinidade de divindades, uma para cada área: fertilidade, prosperidade, beleza, sabedoria, guerra, etc. Os gregos acreditavam que no Olimpo, o monte mais alto da Grécia, habitavam vários deuses. Zeus era o líder desses deuses do Olimpo e responsável pelos céus e pela terra. Hera, sua mulher, era a deusa da maternidade. 


2. Contextualizando a mensagem. Diferente do monoteísmo judaico, que não tolerava outros deuses, no politeísmo grego havia a abertura para novas religiões. A enorme diferença cultural e religiosa que havia entre o povo judeu e os gregos representava um grande desafio para os cristãos de Jerusalém. No Evangelho anunciado aos judeus e samaritanos, os cristãos mostravam pelas Escrituras judaicas que Jesus, o Nazareno era o Messias prometido a Israel. Pedro, Estevão, Filipe e Paulo fizeram isso, pregando aos israelitas. 


Entretanto, no caso destes cristãos que chegaram a Antioquia e falaram aos gregos, a mensagem pregada dessa forma não faria sentido, pois eles não conheciam as Escrituras judaicas, eram politeístas e não aguardavam nenhum Messias. Fazia-se necessário, portanto, contextualizar a mensagem do Evangelho para aquela cultura. O que isso significa? Evidentemente, não se trata de modificar a mensagem do Evangelho para adequá-la àquela cultura. A mensagem continuou sendo a mesma. Entretanto, em vez de apresentar Jesus como o Messias prometido a Israel, eles o apresentaram como Senhor. 


Em nossos dias, não é diferente. Se vamos anunciar o Evangelho aos católicos, devemos considerar que já tiveram contato com a Bíblia e tem muitas crenças em comum conosco: eles crêem que Jesus é Filho de Deus e é Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo, é muito diferente de pregar aos budistas, mulçumanos, hindus, etc. Isso é contextualizar a mensagem do Evangelho, mas sem abrir mão da sua essência. 

17 setembro 2025

UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 12: o caráter missionário da Igreja de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da Igreja com consciência missionária. Inicialmente, falaremos do avanço do Evangelho para além da fronteira de Israel. Na sequência, veremos que apesar de dispersos pela perseguição, os cristãos continuaram conscientes da sua missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Por fim, falaremos dos cristãos que levaram o Evangelho a Antioquia, que eram leigos, ou seja, não faziam parte do grupo dos apóstolos e diáconos, mas eram capacitados pelo Espírito Santo. 

1. O Evangelho para além da fronteira de Israel. Este texto de Atos 11.19 tem um paralelo com o texto de Atos 8.1-4. Em ambos os casos, os cristãos se dispersaram por causa da perseguição após a morte de Estevão. No caso de Atos 8.1-4, os cristãos que fugiram de Jerusalém anunciavam a o Evangelho onde chegavam, mas somente aos judeus. Filipe, que era um dos sete diáconos, chegou a Samaria, pregou Cristo naquela cidade e muitos se converteram. Os samaritanos eram inimigos históricos dos judeus, mas eram também descendentes de Abraão, embora tenham se misturado com outros povos e adotado alguns costumes pagãos. Eles criam na Torah ou Pentateuco e aceitavam apenas esta parte do Antigo Testamento como Escrituras Sagradas. 

No caso de Atos 11.19, os cristãos ultrapassaram as fronteiras de Israel e pregaram aos gentios em Antioquia da Síria. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria.

A cidade de Antioquia, mencionada aqui, é a Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era a capital da província romana da Síria e uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Ficava atrás apenas de Roma, que era a capital do Império, e de Alexandria, que era o maior centro cultural do mundo da época. 

Era uma cidade bem estruturada e com belas construções, por isso, ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "Rainha do Oriente”. Antioquia da Síria era uma cidade cosmopolita, ou seja, havia pessoas ali de várias partes do mundo e de várias culturas. Por isso, a cidade foi usada estrategicamente por Deus, para ser a base missionária, de onde saíram os missionários transculturais, que levariam o Evangelho por todo o Império Romano.

2. Cristãos dispersados, mas conscientes de sua missão. Conforme vimos na lição 10, mesmo perseguida e dispersa, a igreja de Jerusalém não se desorganizou nem se fragmentou, mas continuou uma igreja forte e unida. Os cristãos tiveram que fugir de Jerusalém por causa da perseguição, mas não perderam a consciência da sua missão de levar o Evangelho a toda criatura. Os perseguidores da Igreja pensavam que pararem a marcha da Igreja com a perseguição em Jerusalém. Mas o efeito foi inverso, pois cada cristão que saiu de Jerusalém se tornou um missionário. 

Que nós também não nos afastemos jamais desta responsabilidade que o Senhor nos confiou, que é ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Jesus não nos deu uma opção de pregar o Evangelho ou não. Ele nos deu uma ordem e esta ordem deve ser cumprida por toda a Igreja em todos os lugares e épocas, independentemente das pessoas ouvirem ou não. Se vierem lutas, hostilidades e perseguições de qualquer tipo, a Igreja deve continuar a sua missão de proclamar o Evangelho em todo o mundo.  

3. Cristãos leigos, mas capacitados pelo Espírito. Estes cristãos que iniciaram a pregação do Evangelho na grande cidade de Antioquia eram cristãos comuns. Não tiveram sequer os seus nomes escritos nos anais da história da Igreja, mas o seu trabalho está registrado nos céus. Eram leigos, ou seja, não faziam parte do colégio apostólico, dos presbíteros, nem dos diáconos. Mesmo não tendo nenhum cargo de destaque ou fama e sem serem enviados pela Igreja, saíram pelo mundo anunciando o Evangelho e alcançando vidas. O mais importante eles tinham: a capacitação do Espírito Santo. A mão do Senhor era com eles. 

Em muitos lugares do Brasil, a Assembléia de Deus começou desta forma. Homens e mulheres simples, com pouquíssimos recursos e pouca instrução, iniciavam um ponto de pregação em suas próprias casas. Buscavam a Deus em oração e testificavam do que Deus havia feito em suas vidas. Milagres aconteciam e as pessoas iam se convertendo. Em pouco tempo, era preciso alugar um salão e era empossado um diácono ou presbítero para dirigir o trabalho. 

A Igreja pode até começar com leigos, falando de Jesus aos que não o conhecem. Entretanto, é indispensável que, após a conversão, seja iniciado o processo de discipulado e ensino da Palavra de Deus, para que os novos crentes conheçam de fato o Evangelho. Sem este trabalho de educação cristã, as pessoas não permanecem na fé e podem se tornar presas fáceis dos falsos mestres.

16 setembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12 - O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

 TEXTO ÁUREO:
“E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20).

VERDADE PRÁTICA:
Faz parte da missão da Igreja a evangelização de povos não alcança
dos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:
Atos 11.19-30.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:
I) Destacar o papel da dispersão cristã na expansão missionária da Igreja Primitiva; 
II) Enfatizar a importância da contextualização da mensagem do Evangelho para diferentes contextos culturais, sem, contudo, perder sua essência; 
III) Valorizar a prática do discipulado como base para o crescimento saudável e a manutenção da identidade da Igreja.

Palavra-Chave: MISSÃO

A palavra missão vem do latim missio, que significa o ato de enviar alguém para uma tarefa específica. Missão, portanto, é a incumbência ou encargo de se executar algo, a pedido ou por ordem de outrem. No nosso caso, a missão é o trabalho de anunciar o Evangelho, por ordem de Cristo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). Os apóstolos, na Igreja Primitiva, com poucos recursos e sob intensa perseguição dos judeus e dos romanos, se espalharam pelo mundo pregando o Evangelho. Existem vários tipos de missões: urbanas, rurais, escolares, em presídios, em hospitais, nacionais e transculturais. Para cada tipo de missão há diferenças no perfil do missionário, preparo, método e recursos utilizados.

INTRODUÇÃO

Na Lição 10, vimos que os cristãos de Jerusalém foram obrigados a fugir de Jerusalém, por causa da grande perseguição que se levantou contra eles após a morte de Estêvão. Entretanto, estes cristãos dispersos anunciavam o Evangelho onde chegavam, mas apenas aos israelitas e não haviam ainda saído para além do território de Israel. Na lição passada, vimos que Pedro foi enviado por Deus à casa de um homem gentio e pregou o Evangelho aos gentios. 
Na lição desta semana, avançaremos um pouco mais sobre a obra missionária da Igreja de Jerusalém, desta feita para além do seu território. Entre os cristãos dispersos, alguns seguiram para as regiões da Fenícia, Chipre e Antioquia e anunciavam o Evangelho, mas somente aos judeus. Entretanto, alguns deles, que eram de Chipre e de Cirene, chegaram a Antioquia da Síria e pregaram também aos gentios. A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. Eram homens leigos na Palavra, mas que tinham consciência da responsabilidade missionária. 
Ao serem informados de que Antioquia recebera a Palavra do Senhor, a liderança da Igreja de Jerusalém enviou Barnabé, que era natural de Chipre, para dar suporte ao trabalho iniciado por aqueles cristãos leigos. Ao chegar a Antioquia, Barnabé se alegrou ao ver que muitas pessoas haviam se convertido e os exortou a que permanecessem firmes no Senhor. Depois disso, partiu para Tarso e trouxe Saulo para ensinar a Palavra de Deus àquela Igreja recém formada. Isso foi determinante para o futuro daquela Igreja que se tornou a primeira Igreja a fazer missões transculturais. 

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

No primeiro tópico, falaremos da Igreja com consciência missionária. Inicialmente, falaremos do avanço do Evangelho para além da fronteira de Israel. Na sequência, veremos que apesar de dispersos pela perseguição, os cristãos continuaram conscientes da sua missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Por fim, falaremos dos cristãos que levaram o Evangelho a Antioquia, que eram leigos, ou seja, não faziam parte do grupo dos apóstolos e diáconos, mas eram capacitados pelo Espírito Santo. 

II. UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

No segundo tópico, falaremos da visão transcultural da Igreja de Jerusalém. Primeiro, falaremos da cultura grega ou helênica, com base na expressão “falaram aos gregos”, que se refere aos cristãos judeus pregando o Evangelho aos gentios. Na sequência, falaremos da contextualização da mensagem. Os cristãos judeus não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento e falar do Messias, pois os gentios não tinham esta compreensão como os judeus. 

III. UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que formava discípulos. Inicialmente, falaremos do discipulado como a base para um crescimento saudável da Igreja. Não basta ganhar almas, é preciso ensinar-lhes a Palavra de Deus, para que tenham alicerce. Na sequência, veremos que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos em Antioquia e o significado desta denominação. Por último, falaremos da identidade cristã, que não se limita ao rótulo e sim à sua fé e estilo de vida.

Ev. WELIANO PIRES 
AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP

15 setembro 2025

O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD

A lição desta semana destaca a consciência missionária que havia nos cristãos de Antioquia da Síria. A história nos conta que esta igreja funcionou durante muitos anos como a igreja base das missões realizadas em regiões fora da Palestina. Uma das características que se destacava nesta igreja era a intrepidez dos irmãos para testemunhar o Evangelho, apesar do pouco conhecimento que possuíam sobre as verdades fundamentais da graça. Mesmo assim, Deus usou o entusiasmo deles e o seu compromisso com as Escrituras Sagradas para fundar uma das igrejas mais importantes do mundo antigo (At 11.21).


A partir do relato de Atos dos Apóstolos, podemos observar o modo maravilhoso como Deus opera para alcançar vidas. Não foram os cargos do apostolado nem mesmo o profundo conhecimento de Paulo que fizeram da igreja de Antioquia um grande instrumento nas mãos de Deus, mas o amor pelas vidas. Os irmãos daquela igreja pregavam porque desejam cumprir o que foi ordenado por nosso Senhor: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Não havia a intenção, por parte desses irmãos, de distinguir judeus de gentios, mas apenas o desejo de cumprir a missão de anunciar a salvação por meio de Jesus Cristo.


O pastor Olinto de Oliveira, na obra Missões: a Hora Chegou, editada pela CPAD, ressalta que a igreja atual deve ter o mesmo compromisso com a pregação do Evangelho. “No exercício de uma vida cristã comprometida em ser como o Senhor Jesus, não existe dicotomia de propósitos, ou seja, não existe o que é meu e o que é do Senhor. Tudo é dEle e para Ele! ‘Porque dele, e por Ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!’ (Rm 11.36). Quando encarnamos essa realidade na sua totalidade, então viveremos uma vida completamente dedicada à obra de proclamação do Evangelho. Essa foi a lição de vida deixada pelo Senhor Jesus a ser seguida, como também os seus apóstolos e todos aqueles que serviram a Deus por fé antes do Novo Testamento à espera da chegada do Messias. Se queremos ser parecidos com o Senhor Jesus, temos que cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for para nós o que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missão de anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz” (2020, pp.52,53,55). Que nestes últimos dias, tenhamos a mesma consciência missionária que havia em nossos irmãos de Antioquia da Síria, pois nosso Senhor está prestes a voltar!

12 setembro 2025

O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um gentio)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do derramamento do Espírito Santo sobre os gentios. Veremos que o  Espírito Santo foi prometido também aos gentios, conforme Pedro explicou no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém. Na sequência, falaremos do recebimento do Espírito Santo pelos gentios, evidenciado pelo falar em línguas. Por último, veremos que o pentecostes entre os gentios foi visto e ouvido, da mesma forma que foi o de Jerusalém em Atos 2.


1. O Espírito prometido. Assim como o plano divino de salvação incluía os gentios, conforme vimos no tópico anterior, a promessa do derramamento do Espírito também não se restringia aos judeus. O próprio Pedro já havia falado isso no dia de Pentecostes, quando mencionou a profecia de Joel: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne…”. (At 2.16,17). A palavra hebraica “bâsâr” no texto de Joel 2.28 e a sua correspondente grega “sarx”, traduzidas por  carne, é uma referência a toda humanidade. 


Em outras profecias do Antigo Testamento, referentes à promessa do Espírito Santo, seja à entrada do Espírito Santo no interior dos que crerem, ou ao batismo no Espírito Santo, são promessas para toda a humanidade. Em João 7.38, Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” No versículo seguinte, João explica estas palavras de Jesus dizendo: “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. 


Esta profecia do recebimento do Espírito mencionada por Jesus se refere à entrada do Espírito no crente e se aplica a todos os que nele cressem, não apenas aos israelitas. Da mesma forma, a promessa do derramamento do Espírito em Joel 2.28 seria para todos os povos. No dia de Pentecostes, Pedro inspirado pelo Espírito Santo disse: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”. (At 2.39). Esta promessa do revestimento de poder também não se restringiu também ao período apostólico, como ensinam os cessacionistas, mas está disponível a todos os que buscarem atualmente. 


2. O Espírito recebido. Antes que Pedro terminasse a sua pregação, foi interrompido pelo Espírito Santo que desceu sobre os seus ouvintes gentios, na casa de Cornélio: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. (At 10.44). Os cristãos judeus que acompanharam Pedro nesta missão viram os gentios serem revestidos de poder, da mesma forma que havia acontecido com a Igreja de Jerusalém, no Pentecostes (At 10.45). Como eles chegaram à conclusão de que aquelas pessoas foram batizadas no Espírito Santo? O versículo seguinte esclarece: “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus”. (At 10.46). 


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Em Samaria, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles foram batizados no Espírito Santo. O texto não diz que eles falaram em línguas, mas houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi cheio do Espírito Santo. Em Éfeso, Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos e, depois de explicar sobre o Espírito Santo, impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).


A doutrina pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:


“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4). 


A atual Declaração de fé das Assembléias de Deus segue a mesma posição acima, mas faz um esclarecimento sobre esta evidência inicial do falar em línguas: 


“O falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons. O batismo no Espírito Santo é uma bênção resultante da obra de Cristo no Calvário”.


3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”. Após o derramamento do Espírito Santo entre os gentios na casa de Cornélio, os crentes de Jerusalém ficaram sabendo que os gentios haviam recebido a Palavra de Deus. Entretanto, em vez de se alegrarem com esta notícia, ficaram chateados com Pedro e disseram: “Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles.” (At 11.3). Pedro foi convocado a dar explicações sobre o ocorrido. Ainda bem que ele tinha levado seis irmãos judeus consigo e foram testemunhas de tudo o que acontecera na casa de Cornélio. 


Pedro, então, iniciou a sua exposição dos fatos ocorridos, desde o momento em que ele teve a visão e contou como o Espírito Santo o guiou até à casa de Cornélio. Por fim, explicou aos irmãos que, enquanto ele pregava, o Espírito Santo desceu sobre aquele povo, como aconteceu com eles no dia de  Pentecostes. Para concluir, Pedro perguntou: “Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.4-17). Dito isto, os irmãos se acalmaram e glorificaram a Deus, por ter concedido a salvação também aos gentios. 


Pedro não entrou em detalhes sobre a forma como o Espírito Santo desceu sobre aquele povo. O texto bíblico não diz que houve o som como de um vento forte e impetuoso, nem que foram vistas línguas repartidas como de fogo pousando sobre a cabeça deles, como aconteceu no Pentecostes. Entretanto, os irmãos judeus que foram com Pedro ouviram aquelas pessoas falar em outras línguas e magnificar a Deus, como aconteceu em Jerusalém. Portanto, o revestimento de poder foi comprovado por testemunhas oculares. A evidência inicial de que foram batizados no Espírito Santo, conforme já falamos, foi o falar em línguas e continua sendo. 

A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL

(Comentário do 3º tópico da Lição 6: A consciência - O tribunal interior) No terceiro tópico, veremos que a consciência humana é falível ....