(Comentário do 2º tópico da Lição 12: O caráter missionário da Igreja de Jerusalém).
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos da visão transcultural da Igreja de Jerusalém. Primeiro, falaremos da cultura grega ou helênica, com base na expressão “falaram aos gregos”, que se refere aos cristãos judeus pregando o Evangelho aos gentios. Na sequência, falaremos da contextualização da mensagem. Os cristãos judeus não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento e falar do Messias, pois os gentios não tinham esta compreensão como os judeus.
1. A cultura grega (helênica). Os cristãos já haviam anunciado o Evangelho a pessoas de fala grega, como em Samaria e em Cesaréia. Inicialmente, como vimos na lição passada, eles pregavam apenas aos judeus. Com a perseguição, eles se espalharam e pregaram também em Samaria. Mas, os samaritanos eram uma mistura de Israelitas com outros povos. Em partes, a cultura deles estava relacionada ao povo de Israel.
Depois de pregar em Samaria, por ordem do Espírito Santo, Filipe pregou também a um oficial da rainha dos Etíope (At 8.26-39). Mas este homem era um prosélito, ou seja, um gentio convertido ao Judaísmo, que tinha ido a Jerusalém para adoração. Pedro pregou aos gentios na casa de Cornélio, seguindo a orientação de Deus, mas estes gentios eram pessoas que viviam na terra de Israel e conheciam bem a cultura judaica. O próprio Cornélio era um homem piedoso, temente ao Deus de Israel, que dava esmolas ao povo e orava continuamente a Deus (At 10.1).
No caso de Antioquia, porém, o texto diz que eles “falaram aos gregos”. Esta expressão se refere aos gentios que adoravam a outros deuses e não aos gentios convertidos ao Judaísmo. A cultura grega era aberta ao diálogo e à diversidade de ideias. Aliás, a democracia surgiu com os gregos, através do legislador Clístenes. Antes deles, os reis eram considerados deuses ou representantes deles. Os gregos criaram as cidades-estados, chamadas de "pólis". Esta palavra deu origem à palavra política.
No aspecto religioso, havia diversidade religiosa e politeísmo entre os gregos. Eles tinham uma infinidade de divindades, uma para cada área: fertilidade, prosperidade, beleza, sabedoria, guerra, etc. Os gregos acreditavam que no Olimpo, o monte mais alto da Grécia, habitavam vários deuses. Zeus era o líder desses deuses do Olimpo e responsável pelos céus e pela terra. Hera, sua mulher, era a deusa da maternidade.
2. Contextualizando a mensagem. Diferente do monoteísmo judaico, que não tolerava outros deuses, no politeísmo grego havia a abertura para novas religiões. A enorme diferença cultural e religiosa que havia entre o povo judeu e os gregos representava um grande desafio para os cristãos de Jerusalém. No Evangelho anunciado aos judeus e samaritanos, os cristãos mostravam pelas Escrituras judaicas que Jesus, o Nazareno era o Messias prometido a Israel. Pedro, Estevão, Filipe e Paulo fizeram isso, pregando aos israelitas.
Entretanto, no caso destes cristãos que chegaram a Antioquia e falaram aos gregos, a mensagem pregada dessa forma não faria sentido, pois eles não conheciam as Escrituras judaicas, eram politeístas e não aguardavam nenhum Messias. Fazia-se necessário, portanto, contextualizar a mensagem do Evangelho para aquela cultura. O que isso significa? Evidentemente, não se trata de modificar a mensagem do Evangelho para adequá-la àquela cultura. A mensagem continuou sendo a mesma. Entretanto, em vez de apresentar Jesus como o Messias prometido a Israel, eles o apresentaram como Senhor.
Em nossos dias, não é diferente. Se vamos anunciar o Evangelho aos católicos, devemos considerar que já tiveram contato com a Bíblia e tem muitas crenças em comum conosco: eles crêem que Jesus é Filho de Deus e é Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo, é muito diferente de pregar aos budistas, mulçumanos, hindus, etc. Isso é contextualizar a mensagem do Evangelho, mas sem abrir mão da sua essência.
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