17 setembro 2025

UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 12: o caráter missionário da Igreja de Jerusalém)

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos da Igreja com consciência missionária. Inicialmente, falaremos do avanço do Evangelho para além da fronteira de Israel. Na sequência, veremos que apesar de dispersos pela perseguição, os cristãos continuaram conscientes da sua missão de pregar o Evangelho a toda criatura. Por fim, falaremos dos cristãos que levaram o Evangelho a Antioquia, que eram leigos, ou seja, não faziam parte do grupo dos apóstolos e diáconos, mas eram capacitados pelo Espírito Santo. 

1. O Evangelho para além da fronteira de Israel. Este texto de Atos 11.19 tem um paralelo com o texto de Atos 8.1-4. Em ambos os casos, os cristãos se dispersaram por causa da perseguição após a morte de Estevão. No caso de Atos 8.1-4, os cristãos que fugiram de Jerusalém anunciavam a o Evangelho onde chegavam, mas somente aos judeus. Filipe, que era um dos sete diáconos, chegou a Samaria, pregou Cristo naquela cidade e muitos se converteram. Os samaritanos eram inimigos históricos dos judeus, mas eram também descendentes de Abraão, embora tenham se misturado com outros povos e adotado alguns costumes pagãos. Eles criam na Torah ou Pentateuco e aceitavam apenas esta parte do Antigo Testamento como Escrituras Sagradas. 

No caso de Atos 11.19, os cristãos ultrapassaram as fronteiras de Israel e pregaram aos gentios em Antioquia da Síria. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria.

A cidade de Antioquia, mencionada aqui, é a Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era a capital da província romana da Síria e uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Ficava atrás apenas de Roma, que era a capital do Império, e de Alexandria, que era o maior centro cultural do mundo da época. 

Era uma cidade bem estruturada e com belas construções, por isso, ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "Rainha do Oriente”. Antioquia da Síria era uma cidade cosmopolita, ou seja, havia pessoas ali de várias partes do mundo e de várias culturas. Por isso, a cidade foi usada estrategicamente por Deus, para ser a base missionária, de onde saíram os missionários transculturais, que levariam o Evangelho por todo o Império Romano.

2. Cristãos dispersados, mas conscientes de sua missão. Conforme vimos na lição 10, mesmo perseguida e dispersa, a igreja de Jerusalém não se desorganizou nem se fragmentou, mas continuou uma igreja forte e unida. Os cristãos tiveram que fugir de Jerusalém por causa da perseguição, mas não perderam a consciência da sua missão de levar o Evangelho a toda criatura. Os perseguidores da Igreja pensavam que pararem a marcha da Igreja com a perseguição em Jerusalém. Mas o efeito foi inverso, pois cada cristão que saiu de Jerusalém se tornou um missionário. 

Que nós também não nos afastemos jamais desta responsabilidade que o Senhor nos confiou, que é ir por todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Jesus não nos deu uma opção de pregar o Evangelho ou não. Ele nos deu uma ordem e esta ordem deve ser cumprida por toda a Igreja em todos os lugares e épocas, independentemente das pessoas ouvirem ou não. Se vierem lutas, hostilidades e perseguições de qualquer tipo, a Igreja deve continuar a sua missão de proclamar o Evangelho em todo o mundo.  

3. Cristãos leigos, mas capacitados pelo Espírito. Estes cristãos que iniciaram a pregação do Evangelho na grande cidade de Antioquia eram cristãos comuns. Não tiveram sequer os seus nomes escritos nos anais da história da Igreja, mas o seu trabalho está registrado nos céus. Eram leigos, ou seja, não faziam parte do colégio apostólico, dos presbíteros, nem dos diáconos. Mesmo não tendo nenhum cargo de destaque ou fama e sem serem enviados pela Igreja, saíram pelo mundo anunciando o Evangelho e alcançando vidas. O mais importante eles tinham: a capacitação do Espírito Santo. A mão do Senhor era com eles. 

Em muitos lugares do Brasil, a Assembléia de Deus começou desta forma. Homens e mulheres simples, com pouquíssimos recursos e pouca instrução, iniciavam um ponto de pregação em suas próprias casas. Buscavam a Deus em oração e testificavam do que Deus havia feito em suas vidas. Milagres aconteciam e as pessoas iam se convertendo. Em pouco tempo, era preciso alugar um salão e era empossado um diácono ou presbítero para dirigir o trabalho. 

A Igreja pode até começar com leigos, falando de Jesus aos que não o conhecem. Entretanto, é indispensável que, após a conversão, seja iniciado o processo de discipulado e ensino da Palavra de Deus, para que os novos crentes conheçam de fato o Evangelho. Sem este trabalho de educação cristã, as pessoas não permanecem na fé e podem se tornar presas fáceis dos falsos mestres.

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