12 setembro 2025

O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Uma Igreja hebréia na casa de um gentio)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do derramamento do Espírito Santo sobre os gentios. Veremos que o  Espírito Santo foi prometido também aos gentios, conforme Pedro explicou no primeiro concílio da Igreja de Jerusalém. Na sequência, falaremos do recebimento do Espírito Santo pelos gentios, evidenciado pelo falar em línguas. Por último, veremos que o pentecostes entre os gentios foi visto e ouvido, da mesma forma que foi o de Jerusalém em Atos 2.


1. O Espírito prometido. Assim como o plano divino de salvação incluía os gentios, conforme vimos no tópico anterior, a promessa do derramamento do Espírito também não se restringia aos judeus. O próprio Pedro já havia falado isso no dia de Pentecostes, quando mencionou a profecia de Joel: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne…”. (At 2.16,17). A palavra hebraica “bâsâr” no texto de Joel 2.28 e a sua correspondente grega “sarx”, traduzidas por  carne, é uma referência a toda humanidade. 


Em outras profecias do Antigo Testamento, referentes à promessa do Espírito Santo, seja à entrada do Espírito Santo no interior dos que crerem, ou ao batismo no Espírito Santo, são promessas para toda a humanidade. Em João 7.38, Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” No versículo seguinte, João explica estas palavras de Jesus dizendo: “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. 


Esta profecia do recebimento do Espírito mencionada por Jesus se refere à entrada do Espírito no crente e se aplica a todos os que nele cressem, não apenas aos israelitas. Da mesma forma, a promessa do derramamento do Espírito em Joel 2.28 seria para todos os povos. No dia de Pentecostes, Pedro inspirado pelo Espírito Santo disse: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”. (At 2.39). Esta promessa do revestimento de poder também não se restringiu também ao período apostólico, como ensinam os cessacionistas, mas está disponível a todos os que buscarem atualmente. 


2. O Espírito recebido. Antes que Pedro terminasse a sua pregação, foi interrompido pelo Espírito Santo que desceu sobre os seus ouvintes gentios, na casa de Cornélio: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. (At 10.44). Os cristãos judeus que acompanharam Pedro nesta missão viram os gentios serem revestidos de poder, da mesma forma que havia acontecido com a Igreja de Jerusalém, no Pentecostes (At 10.45). Como eles chegaram à conclusão de que aquelas pessoas foram batizadas no Espírito Santo? O versículo seguinte esclarece: “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus”. (At 10.46). 


No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. Em Samaria, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles foram batizados no Espírito Santo. O texto não diz que eles falaram em línguas, mas houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18). O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi cheio do Espírito Santo. Em Éfeso, Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos e, depois de explicar sobre o Espírito Santo, impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6).


A doutrina pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:


“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4). 


A atual Declaração de fé das Assembléias de Deus segue a mesma posição acima, mas faz um esclarecimento sobre esta evidência inicial do falar em línguas: 


“O falar em línguas é a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons. O batismo no Espírito Santo é uma bênção resultante da obra de Cristo no Calvário”.


3. Um pentecoste “visto” e “ouvido”. Após o derramamento do Espírito Santo entre os gentios na casa de Cornélio, os crentes de Jerusalém ficaram sabendo que os gentios haviam recebido a Palavra de Deus. Entretanto, em vez de se alegrarem com esta notícia, ficaram chateados com Pedro e disseram: “Entraste em casa de homens incircuncisos, e comeste com eles.” (At 11.3). Pedro foi convocado a dar explicações sobre o ocorrido. Ainda bem que ele tinha levado seis irmãos judeus consigo e foram testemunhas de tudo o que acontecera na casa de Cornélio. 


Pedro, então, iniciou a sua exposição dos fatos ocorridos, desde o momento em que ele teve a visão e contou como o Espírito Santo o guiou até à casa de Cornélio. Por fim, explicou aos irmãos que, enquanto ele pregava, o Espírito Santo desceu sobre aquele povo, como aconteceu com eles no dia de  Pentecostes. Para concluir, Pedro perguntou: “Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.4-17). Dito isto, os irmãos se acalmaram e glorificaram a Deus, por ter concedido a salvação também aos gentios. 


Pedro não entrou em detalhes sobre a forma como o Espírito Santo desceu sobre aquele povo. O texto bíblico não diz que houve o som como de um vento forte e impetuoso, nem que foram vistas línguas repartidas como de fogo pousando sobre a cabeça deles, como aconteceu no Pentecostes. Entretanto, os irmãos judeus que foram com Pedro ouviram aquelas pessoas falar em outras línguas e magnificar a Deus, como aconteceu em Jerusalém. Portanto, o revestimento de poder foi comprovado por testemunhas oculares. A evidência inicial de que foram batizados no Espírito Santo, conforme já falamos, foi o falar em línguas e continua sendo. 

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