No primeiro tópico, falaremos do comportamento da Igreja diante da perseguição. Mesmo perseguida, a Igreja não se fragmentou, ou seja não se desorganizou e continuou firme na missão de proclamar o Evangelho. Na sequência, falaremos do luto da Igreja por causa da violenta morte de Estêvão, um dos seus obreiros mais ilustres. Por fim, veremos que a Igreja, mesmo perseguida e enlutada, não se desesperou, não se deixou dominar pela tristeza e continuou a missão que o Senhor lhe ordenara.
1. Embora perseguida, não fragmentada. Já falamos bastante em lições anteriores, sobre a intensa perseguição que a Igreja de Jerusalém enfrentou. No primeiro tópico da lição 4, vimos que esta igreja era perseverante, pois suportava o sofrimento por amor a Cristo e não negociava os seus valores, mesmo sob ameaças das autoridades. No terceiro tópico da mesma lição, vimos que a Igreja de Jerusalém era ousada em seu testemunho e enfrentava a oposição com destemor.
Conforme vimos na lição passada, Estevão era um homem cheio do Espírito Santo, de fé e de sabedoria, usado por Deus para realizar muitos milagres entre o povo (At 6.8). Era também um sábio pregador, apto para defender corajosamente a sua fé perante os seus opositores. Certamente, Estevão era muito querido pela Igreja de Jerusalém. Perder um obreiro com este perfil, principalmente da forma violenta e covarde que foi a sua morte, naturalmente causou muita tristeza à Igreja.
Posteriormente, na lição 6, vimos que a Igreja de Jerusalém não temia a perseguição. Falamos nessa lição sobre os perseguidores iniciais da Igreja e das esferas dessa perseguição. Na esfera religiosa, os perseguidores eram os sacerdotes, os saduceus e o capitão do templo. Na esfera política, tratamos do caso de Herodes Agripa I, que mandou decapitar o apóstolo Tiago e prender o apóstolo Pedro. Este último, foi libertado da prisão por um anjo do Senhor.
Na lição passada vimos o martírio do diácono Estevão, que foi apedrejado até à morte, mediante falsas acusações de blasfêmia. Após a execução de Estêvão, levantou-se grande perseguição e eles tiveram que fugir de Jerusalém, para não serem presos ou mortos. Ficaram somente os apóstolos em Jerusalém. Isto, porém, não significa que os apóstolos deixaram de ser perseguidos, mas que a Igreja de Jerusalém precisava deles e eles se arriscaram pela causa de Cristo sem temer que fossem mortos. Os cristãos que se dispersaram, pregavam o Evangelho onde chegavam.
Em Atos 1.8, Jesus disse aos seus discípulos que viria sobre eles a virtude do Espírito Santo e eles seriam suas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Entretanto, após a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, eles se acomodaram e pregavam apenas em Jerusalém. Depois da morte de Estevão, o jovem fariseu, Saulo de Tarso, empreendeu uma caçada violenta aos cristãos, entrando nas casas arrastando homens e mulheres pelas ruas, os conduzia à prisão. Neste cenário de horrores, os discípulos se viram obrigados a fugir de Jerusalém e passaram a evangelizar toda a Judeia, Samaria e chegaram a Antioquia da Síria.
2. A igreja em luto. O comentarista mencionou aqui o texto de Atos 8.2, que diz que alguns varões piedosos sepultaram e fizeram grande pranto por Estevão. Ele explicou também que a palavra kophetós, traduzida aqui como “pranto” significa também “choro”, “lamentação” e “luto”. Não sabemos ao certo quem eram estes varões, mas o mais provável é que fossem cristãos de Jerusalém que conviveram com Estevão e se lamentaram por ele, antes de fugirem da cidade.
É natural do ser humano, mesmo os que são crentes fiéis, chorar e se entristecer pela morte de um ente querido. O cristão deve viver o seu momento de luto e manifestar naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Entretanto, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitou e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos e estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.17).
3. Mas não desesperada. É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto, pela perda de alguém que ama, pois, reprimir o choro e a tristeza para parecer forte, pode trazer sérios problemas emocionais e à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista a sua esperança na vida eterna. Precisamos sempre nos lembrar de que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus antes de subir ao Céu prometeu aos seus discípulos que viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também estejam. (Jo 14.1-3).
Se por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro lado, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas, nem dores. (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará algum sentido, se levarmos em consideração a Vida eterna. Do ponto de vista terreno, vivemos uma vida na contramão do mundo, sendo perseguidos e renunciando às próprias vontades e até a própria vida, por amor a Cristo.
A Igreja de Jerusalém sentiu tristeza por causa da morte de Estevão e lamentou profundamente. Entretanto, aqueles cristãos jamais se desesperaram e não permitiram que o luto paralisasse a pregação do Evangelho. Foram impedidos de pregar em Jerusalém e tiveram que fugir, mas não reclamaram contra Deus e continuaram pregando em outras regiões. O Senhor continuou salvando almas e operando milagres. No comentário sobre este texto, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal nos diz: “Às vezes, Deus nos faz sentir incomodados para que mudemos[…] o desconforto pode ser benéfico para nós, porque Deus pode trabalhar através de nossa dor”.
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