No terceiro tópico, falaremos da Igreja que dá suporte à evangelização. Inicialmente, falaremos do suporte da Igreja ao trabalho evangelístico e missionário de Filipe em Samaria, enviando para lá Pedro e João. Na sequência, falaremos do trabalho de discipulado da Igreja de Jerusalém em Samaria. Os apóstolos foram a Samaria para ensinar a doutrina cristã aos novos convertidos. Por fim, veremos que sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. Esta continua sendo a visão pentecostal, pois pregamos que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará.
1. O suporte da igreja. A Igreja é comparada a um corpo e os crentes são os seus membros (1Co 12.12-27). Todos os membros do corpo, independente da sua funcionalidade, trabalham para o bom funcionamento do organismo. Da mesma forma, os membros e obreiros da Igreja, cada um em sua vocação, devem trabalhar para o crescimento e edificação da Igreja. Falando sobre isso, o apóstolo Paulo explicou que os membros do corpo são interdependentes e não podem dizer que não precisam uns dos outros.
Conforme já falamos, os cristãos tiveram que sair de Jerusalém para salvar a própria vida. Filipe evangelizou em Samaria, muitas pessoas receberam a Cristo e foram batizadas nas águas. Entretanto, por razões que não sabemos, não receberam o batismo no Espírito Santo. Os apóstolos, que haviam permanecido em Jerusalém, receberam a notícia de que os samaritanos haviam recebido a mensagem do Evangelho e enviaram Pedro e João para dar apoio ao novo trabalho.
Aprendemos com o exemplo de Samaria que a Igreja local deve fornecer o apoio necessário para os obreiros que saem ao campo para abrir novos trabalhos, seja no âmbito local, ou no campo missionário. Um evangelista ou missionário enviado é um obreiro vinculado à Igreja local e como tal, atua sob a responsabilidade e supervisão desta. Sendo um enviado da igreja, evidentemente, quem envia um representante é responsável por ele e deve dar-lhe todo apoio.
Este suporte da Igreja não deve ser apenas financeiro. A Igreja local tem a responsabilidade de visitar os trabalhos abertos por seus obreiros, para tomar conhecimento das necessidades da obra e dar todo apoio teológico, financeiro, logístico e espiritual. Filipe estava sozinho em Samaria, com uma multidão de novos convertidos e precisava do apoio da liderança da Igreja de Jerusalém. Infelizmente, em muitos pontos de pregação e trabalhos menores, o obreiro que abre o trabalho fica lá abandonado e não recebe o apoio de outros companheiros. Por outro lado, em Igrejas bem estruturadas forma-se filas de obreiros querendo cooperar.
2. A igreja que discipula. A missão da Igreja neste mundo envolve dois aspectos: pregar o Evangelho aos perdidos e, após a conversão, ensinar-lhes a Palavra de Deus. Filipe chegou a Samaria como um desbravador e anunciou Cristo aos samaritanos. Eles creram e foram batizados, mas precisavam receber as primeiras instruções sobre a fé cristã. Após a pregação do Evangelho, se a pessoa se decide por Cristo, o passo seguinte é a integração do novo crente ao corpo de Cristo, mediante as primeiras instruções, acompanhamento, orientação, oração, comunhão e exemplo.
É preciso ensinar as verdades bíblicas aos novos crentes para que eles se tornem, de fato, discípulos de Jesus. A palavra discípulo no grego é "mathetes", que significa um aprendiz ou aquele que segue um mestre para aprender os seus ensinos. Esta palavra é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos apóstolos. Discipular é a arte de fazer discípulos, ou convencer alguém a seguir os nossos ensinos e nos imitar. Entretanto, Jesus nos comissionou a fazer discípulos para Ele e não para nós mesmos.
O novo crente precisa aprender, crescer e amadurecer, para também ensinar a outras pessoas. Por isso, é indispensável frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com um tema específico em cada aula, atividades, dinâmicas em classes, perguntas e respostas e um ambiente propício para o aprendizado.
3. Sem o recebimento do Espírito, o discipulado está incompleto. No caso de Samaria, os apóstolos Pedro e João quando chegaram oraram pelos novos crentes, para que recebessem o Espírito Santo. O texto bíblico nos informa que sobre nenhum deles tinha ainda descido mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Os apóstolos, então, lhes impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo. (At 8.15-17). Conforme explicou o comentarista, o discipulado estava incompleto, pois faltava o ensino sobre o revestimento de poder do Espírito Santo.
Estas pessoas já haviam sido salvas, pois creram em Jesus e foram batizadas. O Espírito Santo já havia entrado nele para morar. A entrada do Espírito Santo no crente, quando ele se converte, é indispensável à salvação, pois é Ele que opera o novo nascimento e Jesus disse que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Paulo também disse que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. (Rm 8.9 c).
Mesmo já sendo salvos, os crentes de Samaria precisavam do revestimento de poder, para também pregarem a Palavra de Deus ousadamente e com sabedoria. O batismo no Espírito Santo não é para a salvação. É um revestimento de poder, para os que já foram salvos, serem testemunhas de Cristo, com ousadia, sabedoria e poder (At 1.8). Serve também para capacitar o crente para uma vida cristã vitoriosa (At 6.8-10) e de adoração mais profunda (1 Co 14.26).
Lamentavelmente, muitas pessoas em nossos dias querem diminuir a importância do batismo no Espírito Santo, como se fosse algo opcional e sem importância. No final do Evangelho segundo Lucas e no início de Atos dos Apóstolos, podemos perceber que o revestimento do poder do Espírito Santo é uma necessidade e não uma opção: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49). “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.” (At 1.4).
Nestes dois textos o Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos, que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém. Os discípulos ficaram em oração, aguardando o cumprimento da promessa da descida do Espírito Santo. No Dia de Pentecostes, estando eles reunidos no cenáculo, em oração, todos foram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas e profetizar. A partir daquele momento, eles nunca mais foram os mesmos. Passaram a pregar ousadamente o Evangelho, sem nenhum temor.
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