(Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD)
A lição desta semana aborda um dos dilemas enfrentados pela igreja primitiva: como a igreja formada por cristãos judeus lidaria com os gentios recém-convertidos? A experiência de Pedro com a revelação em Jope, bem como a sua visita à casa de Cornélio para esclarecê-lo a respeito do Evangelho, corroboram que a salvação pela graça não era uma bênção exclusiva da nação judaica, mas que havia se manifestado a todas as pessoas (Tt 2.11). A compreensão dessa verdade não foi fácil, pois o entendimento que os apóstolos tinham até então era de que a promessa abraâmica estava restrita aos seus descendentes conforme a carne. No entanto, a manifestação do Espírito na casa de Cornélio é um marco na história da igreja primitiva e mostra o interesse de Deus em chamar todos os povos para a comunhão do Espírito.
A forma didática como Pedro recebeu a revelação divina antes de ir à casa de Cornélio mostra que nosso Senhor precisava quebrar o preconceito religioso que ainda predominava na mente de Pedro. Deus não faz acepção de pessoas e a manifestação do Espírito, evidenciada pelas línguas estranhas faladas por Cornélio e sua família, mostravam que não havia barreiras étnicas ou geográficas para o Senhor operar (At 10.46).
De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia, editada pela CPAD, “Pedro tinha sido acompanhado por seis cristãos judeus. Posteriormente, o testemunho que eles deram, de que o Espírito Santo realmente tinha sido dado aos gentios, foi crucial para convencer a igreja de Jerusalém de que Cristo se estende a todos. Novamente, vemos circunstâncias especiais para um evento incomum. Os gentios deram evidência da presença do Espírito, falando em línguas. Posteriormente, Pedro relacionou isso com a experiência do Pentecostes. Como os gentios tinham recebido o mesmo dom que foi dado aos crentes judeus, obviamente eles foram aceitos por Deus. Assim, ‘quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus?’ (At 11.17). Quando houve a necessidade de convencer uma igreja judaica cética de que Deus pretendia receber os convertidos gentios, foi dado um sinal especial. Nós não precisamos ser convencidos — ou não deveríamos. Nós sabemos, pelas Escrituras, que todos os que professam a Cristo como Salvador, quaisquer que sejam seus antecedentes, pertencem a Ele conosco” (2012, p.734). Este evento que impressionou a igreja primitiva revela a graça de Deus para salvar e a operação do Espírito quando há barreiras em nosso entendimento. Atos nos mostra a multiforme graça de Deus alcançando os mais distantes pecadores para salvação (1Tm 2.3,4).
Fonte:
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p.41.
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