(Comentário do 1⁰ tópico da lição 13: A Assembleia de Jerusalém)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, trataremos da questão doutrinária envolvida na assembleia realizada pela Igreja de Jerusalém. Inicialmente, veremos falaremos do relatório missionário sobre a primeira viagem missionária, apresentado por Paulo e Barnabé. Em seguida, falaremos do legalismo judaizante, apregoado por um grupo de cristãos judeus, que pertenciam ao partido dos fariseus e insistiam na judaização dos gentios convertidos.
1. O relatório missionário. Após o chamado do Espírito Santo na Igreja de Antioquia da Síria, Barnabé e Saulo partiram em sua primeira viagem missionária, levando consigo João Marcos, como um cooperador da equipe (At 13.5). Esta primeira viagem missionária aconteceu entre os anos 46 e 48 d.C. Muitas coisas aconteceram durante esta viagem: milagres, conversões de muitos judeus e gentios ao Evangelho, mas também intensa perseguição por parte dos judeus.
De volta a Antioquia da Síria, Paulo e Barnabé relataram à Igreja que os enviara, tudo o que o Senhor havia feito por meio deles entre os gentios (At 14.27). Muitas almas foram salvas, sinais e maravilhas aconteceram e muitas Igrejas foram plantadas. Mesmo sofrendo grandes perseguições, os servos do Senhor chegaram à sua base missionária, regozijantes e com a sensação de dever cumprido. Após o retorno dessa primeira viagem, os missionários ficaram um bom tempo com os discípulos em Antioquia.
A mensagem pregada por Paulo e Barnabé entre os gentios era baseada na justificação pela fé em Cristo, sem a exigência das obras da lei. Apesar de todo o seu conhecimento das Escrituras hebraicas e das culturas gregas e romanas, Paulo teve como o ponto central da sua pregação o Cristo crucificado, expondo para judeus e gentios a importância da morte de Cristo no processo de salvação. Paulo pregava que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que veio a este mundo, para padecer pelos pecadores, dos quais, ele se considerava o principal.
2. O legalismo judaizante. Este relatório da obra missionária, apresentado por Paulo e Barnabé à Igreja de Antioquia, no entanto, desagradou ao grupo dos judaizantes. Apesar de todas as maravilhas relatadas pelos missionários, mostrando o que Deus fizera entre os gentios, este grupo não ficou contente, por causa da mensagem pregada por Paulo e Barnabé aos gentios.
Este grupo seguiu de Jerusalém a Antioquia, ao que tudo indica, com o objetivo de confrontar Paulo e Barnabé, por causa da sua mensagem aos gentios. Eles não aceitavam a Salvação pela graça, mediante a fé e insistiam na exigência das ordenanças da Lei como condição para a salvação: “Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos”. (At 15.1).
Não se tratava apenas de guardar os princípios morais da Lei, como não servir a outros deuses, honrar aos pais, não cobiçar as coisas do próximo, não matar, não furtar, etc. Eles ensinavam que os cristãos, inclusive os gentios, deveriam ser circuncidados, guardar o sábado e seguir as regras dietéticas previstas na Lei.
Os judaizantes eram maioria na Igreja de Jerusalém que era majoritariamente formada por judeus. Eles se tornaram ferrenhos opositores do apóstolo Paulo, que os chamava de “falsos irmãos”. Este grupo se apresentava nas Igrejas como “enviados da Igreja de Jerusalém”, mas Tiago, que era o líder da Igreja em Jerusalém, negou esta informação: "Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras…”. (At 15.24).
O ensino judaizante representa um complemento ao sacrifício de Cristo na Cruz. Quando se coloca algo a mais como condição para a Salvação, isso anula o sacrifício de Cristo. Se houvesse a possibilidade de algum ser justificado pelas obras da Lei, não haveria necessidade de Jesus vir a este mundo e padecer em nosso lugar. Bastaria o ser humano se converter ao Judaísmo e praticar os preceitos da Lei Mosaica. Mas tudo aquilo eram apenas sombras e figuras do que estava por vir na Nova Aliança.
Na atualidade ainda vemos grupos de que se dizem cristãos, propagando o ensino judaizante como condição para a salvação. O principal deles é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que exige a guarda do sábado e a abstinência de certos tipos de alimentos, como condição para a salvação. Estas exigências configuram-se em “outro evangelho”, como disse Paulo aos Gálatas (Gl 1.9). Nem Jesus, nem os apóstolos nunca ensinaram estas coisas (Cl 2.16,17).
Há também outros grupos que adotam práticas típicas do Judaísmo, como a liturgia da sinagoga e o uso do kippar, do shofar e do manto para oração, mesmo não as colocando como condição para a salvação. Ora, não faz sentido algum um cristão brasileiro querer se vestir como judeu, seguir a liturgia das sinagogas ou orar em hebraico. Nós vivemos na dependência do Espírito e não estamos sob o jugo da lei.
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