07 março 2024

O PROPÓSITO DA CEIA DO SENHOR

(Comentário do 2º tópico da Lição 10: A Ceia do Senhor, a segunda ordenança da Igreja). 

Ev. WELIANO PIRES 


No segundo tópico, falaremos do tríplice propósito da Ceia do Senhor: o primeiro deles é celebrar a expiação de Cristo, pois anunciamos a morte de Cristo no ato da Ceia do Senhor; o segundo propósito é proclamar a segunda vinda de Cristo, pois ao celebrar a Ceia do Senhor, lembramos da promessa da sua vinda; o terceiro propósito da Ceia do Senhor é celebrar a comunhão cristã.


1. Celebrar a expiação de Cristo. O primeiro propósito da Ceia do Senhor aponta para o passado e celebra a morte expiatória de Cristo, na Cruz do Calvário. No texto de 1 Coríntios 11.26, Paulo diz: “Porque todas as vezes que comerdes este pão é beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”. O verbo anunciar neste texto está no tempo presente. Não ordenando para anunciar a morte do Senhor durante a Ceia, mas está afirmando, que na celebração da Ceia nós anunciamos a morte de Cristo. 

A Ceia do Senhor é uma representação do sacrifício de Cristo por nós, onde o partir do pão representa o seu Corpo que ferido pelas nossas transgressões (Is 53.4) e o fruto da vide representa o seu Sangue, que foi derramado por nós, para purificar os nossos pecados. Cada vez que participamos da Ceia somos relembrados do que Jesus fez por nós e da Sua vitória sobre a morte e o pecado. 

Por desconhecerem o real significado do Sacrifício de Jesus, muitas pessoas fazem especulações sem fundamento, dizendo que nós não suportaríamos a cruz, destacando os horrores das dores e sofrimentos de Jesus. Realmente, a sua morte foi muito dolorosa e Ele foi humilhado. Mas, o valor do sacrifício de Cristo não está no sofrimento, pois muitos outros foram crucificados, inclusive os dois ladrões. 

A importância do sacrifício de Cristo está em Sua Pessoa, que é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). A justiça de Deus exigia um Cordeiro justo e não poderia ser outra pessoa, pois todos pecaram. Jesus não pagou o preço dos nossos pecados ao inimigo, como muitos pregam por aí. O preço foi pago a Deus, pois Ele era o ofendido com os nossos pecados. 

Outros dizem que houve festa no inferno, comemorando a morte de Cristo e, de repente, foram surpreendidos por Jesus que chegou lá e teria tomado as chaves do diabo e acabado com a festa. Isso também não tem nenhum fundamento bíblico. Primeiro, porque o inimigo não tinha nenhum motivo para comemorar. Ele sabia perfeitamente que a morte de Cristo na Cruz foi a derrota dele e não a vitória. Na verdade, ele tentou até o último momento, evitar que Jesus fosse à Cruz. Segundo, porque Jesus não tomou chave nenhuma do diabo, até porque ele nunca teve. Jesus disse em Apocalipse que tem as chaves da morte e do inferno e não que Ele tomou (Ap 1.18). Ele sempre teve as chaves ou o controle de tudo. 

2. Proclamar a segunda vinda de Cristo. O segundo propósito da Ceia do Senhor aponta para o futuro e proclama a Vinda do Senhor, renovando a nossa bendita esperança. Na sequência do texto de 1 Coríntios 11.26, depois de falar que a Ceia é um anúncio da morte do Senhor, Paulo diz: “... até que [Ele] venha”. O Senhor Jesus também, ao celebrar a Ceia com o seus discípulos, fez menção à Sua Vinda dizendo: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.” (Mt 26. 29).

Durante a celebração da Ceia do Senhor somos relembrados de que Jesus foi para o Pai mas prometeu que voltaria para nos levar para junto dEle e estaremos para sempre com o Senhor. Ali participaremos da Ceia do Senhor com todos os salvos e Ele próprio nos servirá. Que momento glorioso será este, para os salvos que amam ao Senhor! 

A Ceia do Senhor é uma proclamação de que Jesus virá. Isso nos enche de alegria, pois aqui não é o nosso lar. Muitos crentes, influenciados pela teologia da prosperidade, acostumaram-se a este mundo é buscam conquistas e bênçãos relacionadas somente a esta vida. Estão tão envolvidos com as coisas daqui, que não desejam mais a Vinda do Senhor. Os salvos, no entanto, não amam este mundo e desejam partir para estar com o Senhor, pois é incomparavelmente melhor. 

3. Celebrar a comunhão cristã. Na Igreja Primitiva, junto com a Ceia do Senhor era realizada uma refeição noturna chamada Ágape. Nesta refeição, os crentes partiam o pão e comiam juntos com alegria, em total comunhão. Entretanto, na Igreja de Corinto, havia muita desunião, partidarismo e litígio entre os irmãos. Com esta desunião, o egoísmo tomou conta e até o momento da Ceia do Senhor foi contaminado. 

Quando eles se reuniam, os mais ricos não queriam dividir o pão e o vinho que traziam. Comiam antecipadamente até se fartarem e se embriagarem. Os pobres, que não tinham nada para trazer, ficavam com fome. Diante deste quadro de desunião e egoísmo, o apóstolo Paulo escreveu o texto de 1 Coríntios 11.17-30, para repreendê-los e também para explicar como deveria ser a celebração da Ceia. Este modelo, ele recebera do próprio Senhor Jesus. 

A Ceia do Senhor celebra a comunhão dos salvos, onde todos juntos comem do mesmo pão e bebem do mesmo vinho. Qualquer atitude egoísta e de desunião contraria o verdadeiro sentido da Ceia do Senhor. Aliás, contraria o próprio Cristianismo, que prega o amor entre os irmãos. Quem ainda vive em brigas, inveja desunião, fofocas, falsidade e falando mal dos irmãos é porque ainda não nasceu de novo. Estas coisas são obras da carne e contrariam a vida segundo o Espírito.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.573, 574, 577).
SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: A PROMESSA DA PROTEÇÃO DIVINA

Ev. WELIANO PIRES Nesta lição, estudaremos sobre a promessa divina de proteção ao seu povo. Não nos referimos à proteção contra inimigos hum...