16 março 2024

A LITURGIA DO CULTO

(Comentário do 3º tópico da LIÇÃO 11: O CULTO DA IGREJA CRISTÃ) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da liturgia do culto. Quando falamos de liturgia de um culto é uma referência à sequência de atos realizados durante o culto. Veremos neste tópico que a leitura e exposição bíblica devem ter a primazia em nossa liturgia. Todo ensino, manifestações espirituais e conduta devem estar, obrigatoriamente, de acordo com a Palavra de Deus. 


Na sequência, falaremos da adoração entusiástica no culto, ou seja, a manifestação dos dons espirituais, com revelação, línguas e interpretação. Na orientação do apóstolo Paulo aos Coríntios, a adoração aparece em primeiro lugar. Portanto, todo culto deve começar com oração e adoração ao Senhor. 


Por último, falaremos da adoração no culto pentecostal. Os cultos pentecostais sempre chamaram a atenção pela alegria espontânea e barulho dos crentes, glorificando a Deus em voz alta, falando em línguas e profetizando. Entretanto, neste aspecto, devemos observar o ensino de Paulo aos Coríntios, no capítulo 14, sobre a necessidade de ordem e decência nos cultos, pois, Deus é Deus de paz e não de confusão. 


1. A exposição da Bíblia. A exposição da Palavra de Deus era prioridade para os apóstolos. Isso fica evidente na ocasião da escolha dos diáconos. Houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega, reclamando que as suas viúvas eram preteridas na distribuição da ajuda aos necessitados. Diante dessa reclamação, os apóstolos disseram que não era razoável que eles deixassem a exposição da Palavra de Deus, para cuidar desse assunto (At 6.1-3). 


O Movimento Pentecostal, muitas vezes foi acusado pelos seus críticos, de valorizar mais a experiência do que as Escrituras. Mas essa acusação não tem fundamento. Os verdadeiros pentecostais têm a Palavra de Deus como o seu manual de fé e prática e submetem ao crivo das Escrituras qualquer manifestação espiritual. 


A Assembléia de Deus, desde a sua fundação pelos missionários suecos em 1911, sempre foi conhecida por ser uma Igreja que tem ensino bíblico, oração e manifestação dos dons espirituais. É tradição na Assembleia de Deus, a Escola Bíblica Dominical, nas manhãs de domingo, e os cultos de ensino da Palavra de Deus, uma vez por semana. 


Nos demais cultos, sempre tivemos um espaço de pelo menos meia hora para a exposição da Palavra de Deus. Em cultos públicos, a exposição bíblica é voltada para a evangelização dos descrentes, caso haja algum presente no culto. Nos cultos onde há apenas crentes, expomos uma palavra de exortação e edificação à Igreja. 


Lamentavelmente, em muitas Igrejas que se dizem pentecostais, esta realidade mudou. Dão muita ênfase aos cânticos e a movimentos estranhos, que nada tem a ver com as manifestações genuínas dos dons espirituais, e deixam de lado a exposição bíblica. 


Os pregadores trocaram a esposição da Palavra de Deus por animação de auditorio e frases de efeito. Em muitas Igrejas, não há mais cultos de ensinos ou Escolas Bíblicas. São movidas a campanhas e práticas estranhas ao Cristianismo. Muitos obreiros do nosso meio frequentam esses locais e acabam copiando estas práticas, para atrair público. 


2. A adoração entusiástica. Nos tempos apostólicos, os cultos eram praticamente informais e não havia um padrão a ser seguido, principalmente, porque eles não tinham templos e se reuniam nas casas, na maioria das vezes às escondidas, por causa das intensas perseguições. Entretanto, nas Epístolas encontramos  menções à leitura das Escrituras, cânticos, orações, pregação da Palavra de Deus, celebração da Ceia e invocação da bênção apostólica. 


Conforme colocou o comentarista, na liturgia mencionada pelo apóstolo Paulo aos Coríntios, a adoração aparece em primeiro lugar. O apóstolo usou a palavra grega psalmon, que é uma referência aos Salmos hebraicos, que era o hinário oficial do povo de Israel, e também era usado pelos primeiros cristãos. 


A adoração nos tempos apostólicos, pelo que podemos perceber através das palavras do apóstolo Paulo, era uma adoração com estusiasmo e alegria, nos moldes dos cultos pentecostais. O apóstolo menciona Salmos, hinos e cânticos espirituais, nas Epístolas aos Efésios e aos Colossenses (Ef 5.19; Cl 3.16). Aos Coríntios, ele faz menção aos dons espirituais: Revelação, língua e interpretação (1 Co 14.26).


Neste aspecto, porém, havia diferenças de uma Igreja para outra. A Igreja de Corinto, por exemplo, era mais voltada para os dons espirituais e cheia de problemas de ordem moral. A Igreja de Éfeso era apegada à ortodoxia doutrinária e à apologética, a ponto de desmascarar os falsos apóstolos. A Igreja de Tessalônica, parece que havia perdido o fervor espiritual, a ponto de Paulo pedir para eles não apagar o Espírito e não desprezar as profecias (1 Ts 5.19, 20). 


3. O lugar da adoração no culto pentecostal. Um das principais características dos pentecostais é o culto alegre e barulhento. Temos até um hino antigo que faz menção ao desaparecimento de um povo barulhento, em alusão ao período após o arrebatamento da Igreja, quando as pessoas irão se perguntar: onde está aquele povo barulhento?


Diferente do que acontece nas Igrejas tradicionais, nos cultos das Igrejas pentecostais os crentes glorificam a Deus em voz alta, falam em línguas estranhas e profetizam. Evidentemente, há muitos excessos e desordem em alguns lugares, que contrariam as orientações do apóstolo Paulo aos Coríntios. 


No culto pentecostal deve haver equilíbrio entre a liberdade de cultuar a Deus, sem deixar de lado a ordem e decência recomendados na Bíblia. Muitos pentecostais pensam que não pode haver regras ou limites para a adoração e uso dos dons espirituais. 


Os Coríntios agiam dessa maneira e o apóstolo Paulo os corrigiu em sua primeira Epístola, no capítulo 14. Claro que deve haver liberdade para a profecia, revelações do Espírito, variedade de línguas e operações de maravilhas. Entretanto, deve haver ordem e decência no uso dos dons espirituais. 


O apóstolo Paulo nos dá algumas recomendações importantes sobre isso:

a) As profecias devem ser uma por vez e devem ser julgadas pela Igreja;

b) As mensagens em línguas estranhas devem ser acompanhadas de interpretação. Se não houver quem interprete, a mensagem não deve ser falada;

c) Os portadores de dons espirituais não estão inconscientes e devem se controlar em cultos públicos. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

OLIVEIRA, Timóteo Ramos. Manual de cerimônias. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.1650.

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1ª Ed. 1995, p.818.

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