22 março 2024

O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SUA FUNDAMENTAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 12: O papel da pregação no culto)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da fundamentação do Ministério da Palavra. A primeira fundamentação da nossa pregação é que ela deve ser cristocêntrica, ou seja, deve ter Cristo como centro. O segundo fundamento da pregação cristã é que ela deve ser bíblica. Devemos pregar o que está na Bíblia, devidamente interpretado, pois ela é a inerrante, infalível, inspirada e completa Palavra de Deus, o nosso manual de fé e prática. 


1. Deve ser cristocêntrico. O ministério da Palavra não consiste em fábulas e animações de auditórios, mas deve ser cristocêntrico, ou seja, Cristo deve ser o centro da nossa pregação e não o ser humano. A pregação da Igreja Primitiva era cristocêntrica. Os pregadores discorriam sobre a história de Israel, passavam pelos profetas até chegarem a Cristo. Depois disso, anunciavam que Ele era o Messias prometido a Israel, que fora crucificado, mas que havia ressuscitado. Finalmente, anunciavam a necessidade do arrependimento para a salvação dos pecados. 


No dia de Pentecostes, quando a multidão estava atônita, por causa da descida do Espírito Santo, alguns zombaram e disseram que os discípulos estavam bêbados. Imediatamente, o apóstolo Pedro levantou-se e fez um longo discurso, explicando que aquele acontecimento era o cumprimento da profecia de Joel, sobre o derramamento do Espírito Santo. Na sequência falou de Jesus, citando várias profecias do Antigo Testamento que apontava para Ele e  mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Messias prometido a Israel. Por último, finalizou a sua mensagem, chamando o povo ao arrependimento. O resultado foi extraordinário: quase três mil pessoas se converteram (At 2.14-41).


Temos também o caso do diácono Estevão, homem cheio de fé e de sabedoria, que fazia grandes sinais e prodígios entre o povo. Alguns rabinos das sinagogas dos libertinos, dos cireneus, dos alexandrinos, da Cilícia e Ásia, disputaram com ele, mas não podiam vencer à sabedoria e ao Espírito que falava através dele (At 6.8-10). Diante disso, resolveram conduzi-lo ao Sinédrio e acusá-lo de blasfêmia, mediante o suborno de testemunhas falsas (At 6.11-15).


Em sua defesa, Estêvão fez um longo discurso, discorrendo pelas Escrituras desde a chamada de Abraão em Ur dos Caldeus, falando de José e seus irmãos, passando pela libertação de Israel da escravidão no Egito e a peregrinação no deserto, até chegar à conquista da terra prometida (At 7.1-45). Depois, citou Davi e Salomão na construção do templo e acusou as gerações passadas das perseguições e assassinatos dos profetas (At 7.45-50). Finalmente, chegou a Cristo e acusou os seus ouvintes de serem traidores e assassinos do Filho de Deus (At 7.51-53). Isso instigou ainda mais a fúria dos seus algozes que o apedrejaram até à morte (At 7.54-60).


Após a morte de Estêvão, levantou-se uma grande perseguição aos cristãos em Jerusalém e eles tiveram que fugir para escapar com vida. Mas onde chegavam, anunciavam o Evangelho. O diácono Filipe, que depois foi identificado como o evangelista (At 21.8), chegou a Samaria e pregava “a Cristo” (At 8.5). O tema da sua pregação era Cristo e não ele mesmo. Com esta pregação cristocêntrica, confirmada pelos sinais, uma multidão de pessoas se converteu em Samaria (At 8.6-8). 


O apóstolo Paulo também pregação a Cristo, destacando a sua morte e ressurreição (At 17.18). Escrevendo aos Coríntios, disse que “propôs nada saber, senão a Cristo e este crucificado” (1 Co 2.2). Não obstante o seu vasto conhecimento das culturas hebraica, grega e romana, a sua pregação tinha Cristo como tema principal. Tudo o que ele pregava das Escrituras do Antigo Testamento, convergia para Cristo. 

Apolo era um judeu de Alexandria, um pregador eloquente, poderoso nas Escrituras e, certamente, de vasto conhecimento da cultura grega, pois Alexandria era o maior centro cultural daquela época e possuía a maior biblioteca do mundo. Mas a sua pregação era cristocêntrica: “²⁸ Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo.” (At 18.28)


2. Deve ser bíblico. Além de ser cristocêntrica, a nossa pregação deve ser bíblica. Isto porque todas as informações verdadeiras sobre Cristo são as que estão na Bíblia. O próprio Jesus afirmou que os judeus examinavam as Escrituras, porque acreditavam ter nelas a vida eterna, mas (disse Ele), são as Escrituras que de mim testificam (Jo 5.39). Toda pregação sobre Cristo precisa estar fundamentada nas Escrituras. 


Há seitas que se dizem cristãs e falam de Jesus. Mas, o Jesus deles não é o da Bíblia. Para alguns, Jesus não é Deus, mas é um espírito evoluído. Outros dizem que Jesus é apenas um profeta menor do que Moisés e Maomé. Há ainda os que dizem que Ele é um deus, menor do que o Pai. E há os modalistas que dizem que Jesus é a mesma pessoa do Pai, que se manifestou em um modo diferente do Antigo Testamento e que hoje Ele é o Espírito Santo. Nenhuma destas afirmações sobre Cristo tem fundamento nas Escrituras e, portanto, devem ser rejeitadas. 


Infelizmente, o que se prega atualmente em muitas Igrejas que se evangélicas, é autoajuda, triunfalismo, prosperidade neste mundo, antropocentrismo e outros modismos que não têm nenhum fundamento nas Escrituras. Muitas pessoas se decepcionam com Deus por não conhecerem as Escrituras e crerem nesse tipo de pregação. Depois associam estes ensinos a Deus e, quando percebem a falácia, culpam a Deus. A nossa pregação deve ser, obrigatoriamente, bíblica. Como disse Martinho Lutero: “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias.” 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, natureza e a vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

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