28 março 2024

O ESPÍRITO SANTO CAPACITANDO AS TESTEMUNHAS

(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 13: O PODER DE DEUS NA MISSÃO DA IGREJA) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da capacitação do Espírito na vida das testemunhas de Cristo. Vemos no Livro de Atos, o Espírito Santo capacitando líderes da Igreja como Pedro e Paulo, para confrontar com autoridade, os inimigos da Obra de Deus. Mas esta capacitação não se limitou aos apóstolos. Vemos também pessoas simples como o desconhecido Ananias, que orou pelo temido Saulo e ele foi restaurado. Os diáconos Estêvão e Filipe também foram cheios do Espírito Santo e proclamaram ousadamente a Palavra, realizando muitos milagres entre o povo. De modo geral, toda a Igreja Primitiva era cheia do Espírito Santo. 


1. Capacitando as testemunhas. Durante a prisão e morte de Jesus, os discípulos fugiram e o abandonaram, com medo de também serem mortos. Alguns o acompanharam de longe, como Pedro e João, mas não se apresentaram como discípulos. Pedro, quando foi reconhecido e indagado se era um dos discípulos de Jesus, negou por três vezes, chegando a praguejar. Após o sepultamento, eles se trancaram, com medo dos judeus. 


Jesus ressuscitou e apareceu a eles, mais de uma vez. Depois, permaneceu com eles por um período de quarenta dias antes de subir ao Céu, sendo visto por mais de quinhentas pessoas. Antes de subir ao Céu, o Mestre ordenou que eles ficassem em Jerusalém e aguardassem o revestimento do Poder do Espírito Santo. Eles permaneceram em oração e aguardaram a promessa por mais dez dias, até que chegou o Dia de Pentecostes e todos foram cheios do Espírito Santo. Nesta ocasião só restavam cento e vinte pessoas, das quinhentas que o viram ressuscitado. 


O resultado desse derramamento do Espírito foi extraordinário! Os discípulos nunca mais foram os mesmos, depois deste revestimento de poder. O apóstolo Pedro, que há menos de dois meses havia negado a Cristo, pregou um sermão bíblico, ousado e fervoroso, levando quase três mil almas à conversão. 


Poucos dias depois, ele e João ordenaram a cura de um coxo, em Nome do Senhor Jesus, e o milagre aconteceu. Após esta cura, Pedro fez outro discurso e o número de conversões chegou a 5 mil pessoas. Muitas outras maravilhas também foram feitas pelos apóstolos após a descida do Espírito Santo. 


Diante dos sacerdotes e autoridades do templo, Pedro discursou novamente, reafirmando que Jesus é o Messias prometido a Israel e que, em nome dele, o coxo fora curado. Sem saber o que fazer, pois, o milagre era incontestável diante da multidão, resolveram soltar os apóstolos, alertando-os de que não mais falassem, nem ensinassem em nome de Jesus. Com a autoridade do Espírito Santo, Pedro respondeu a eles, que era mais importante obedecer a Deus do que aos homens, pois não poderiam deixar de falar daquilo que viram e ouviram (At 4.20; 5.29).


No capítulo 5 temos o episódio envolvendo Ananias e sua esposa Safira, que mentiram aos apóstolos, escondendo parte do valor da venda de uma propriedade, para parecer que estavam entregando todo o dinheiro, quando na verdade era só uma parte. O Espírito Santo revelou tudo a Pedro e a farsa foi desmontada. Ambos foram mortos, um após o outro. Este acontecimento trouxe grande temor a todos. 


Da mesma forma, o apóstolo Paulo foi cheio do Espírito Santo e investido de autoridade para realizar a Obra de Deus.  Desde o seu encontro com Jesus no caminho de Damasco, Paulo entregou-se totalmente ao Se passou a ser dirigido pelo Espírito Santo. Ele perguntou ao Senhor Jesus o que Ele queria que fizesse. O Senhor mandou que ele fosse à cidade e aguardasse lá. Paulo ficou três dias em jejum, aguardando as orientações do Senhor. 


Depois que foi batizado, Paulo ficou alguns dias em Damasco e ali pregava ousadamente nas sinagogas, mostrando aos judeus, pelas Escrituras, que Jesus era o Messias. Esta ousadia e intrepidez para pregar, em ambientes hostis ao Evangelho, evidentemente, vinha do Espírito Santo. Enquanto ele pregava, o Senhor operava maravilhas. 


2. Pessoas simples capacitadas pelo Espírito. Conforme mostramos acima, o Espírito Santo capacitou os apóstolos Pedro e Paulo para proclamarem ousadamente o Evangelho, mesmo diante de muitas ameaças e perseguições. Mas esta capacitação do Espírito não se restringiu aos apóstolos. Cristãos comuns, que não eram líderes da Igreja, também foram cheios do Espírito Santo. O comentarista citou os casos de Ananias, Estêvão e Filipe, que também foram capacitados pelo Espírito Santo. 


Este Ananias não era o marido de Safira que foi morto após mentir ao Espírito Santo. Ananias era um discípulo de Jesus que morava em Damasco, sobre o qual nada sabemos. O texto bíblico se refere a ele como “um certo discípulo chamado Ananias” (At 9.27). Saulo teve um encontro com o Senhor no caminho de Damasco e o Senhor o enviou a Damasco, para aguardar as instruções sobre o que deveria fazer. Simultaneamente, o Senhor falou em visão a Ananias e o enviou ao local onde Saulo estava. Ananias relutou, mas obedeceu. Chegando lá, impôs as mãos sobre Saulo e ele recuperou a visão e foi cheio do Espírito Santo.


Os diáconos Estêvão e Filipe, conforme falamos no tópico anterior, também foram cheios do Espírito Santo e capacitados por Ele para fazer a Obra de Deus. Nenhum dos dois era líder da Igreja de Jerusalém. Não temos maiores informações sobre a pessoa e a origem de Estêvão e Filipe. Sabemos apenas que faziam parte dos sete diáconos que foram escolhidos para cuidar da assistência aos necessitados e que eram cheios do Espírito Santo. 


O nome Estêvão em grego é "Stéphanos" e significa “coroa”. Ele falava fluentemente o grego e era um judeu dos chamados "helenistas", ou seja judeus que viviam fora da terra de Israel e falavam grego. Nada sabemos também sobre a sua conversão ao Cristianismo. Mas sabemos que foi um homem de Deus, cheio do Espírito Santo e de sabedoria, que proclamou com ousadia o Evangelho perante as autoridades religiosas de Israel e foi assassinado mediante falsos testemunhos. Mas, enquanto ele era apedrejado, viu os Céus abertos e o Senhor Jesus em pé, à direita do Pai. 


Da mesma forma, não temos informações sobre a origem do diácono Filipe. Não deve ser confundido com o apóstolo Filipe, que era de Betsaida e foi um dos doze apóstolos de Jesus (Jo 1.44). Filipe, o diácono, após a morte de Estêvão, fugiu de Jerusalém por causa da perseguição e pregou em Samaria, realizando também muitos milagres ali e uma multidão se converteu. Filipe foi enviado também pelo Espírito Santo ao caminho de Gaza, onde alcançou o mordomo da rainha dos etíopes para Cristo. Posteriormente, ele se estabeleceu em Cesaréia e hospedou em casa o apóstolo Paulo e Lucas (At 8:40; 21:8). Ele ficou conhecido como Filipe, o evangelista, provavelmente para distingui-lo do apóstolo Filipe. 


Os casos de Ananias, Estêvão e Filipe comprovam que Deus não tem uma categoria de cristãos especiais para fazer a sua obra, como ensina a Igreja Católica, fazendo separação entre o clero e os leigos. Com esta divisão, a Igreja Católica colocou os seus ministros como mediadores entre o povo e Deus, e os chama de sacerdotes. No Novo Testamento não existe esse tipo de separação. O Espírito Santo foi enviado a todos e Deus capacita a quem Ele quer, para a obra que Ele quer, independente da função ministerial.


3. Capacitando a igreja. A capacitação do Espírito Santo na Igreja Primitiva, além de não se restringir apenas aos líderes da Igreja, como vimos acima, ela não é apenas individual, mas coletiva. A prova disso é a profecia de Joel, citada por Pedro em seu discurso, que diz: “E nos últimos dias, diz Deus, derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os vossos velhos sonharão sonhos” (At 2.17). Mais à frente, neste discurso, Pedro diz: “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” (At 2.39).


O testemunho era de toda a Igreja e não apenas da liderança. Em toda alma havia temor (At 2.47) e perseveravam unânimes todos os dias no templo (At 2.46). Mais à frente, após a conversão de Saulo, Lucas diz que “as igrejas em toda a Judéia, Galiléia e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.” (At 9.31). Portanto, a ação do Espírito Santo estava sobre toda a Igreja.  Claro que nem todos eram usados da mesma forma, pois o Espírito Santo distribui os dons conforme Ele quer, mas a capacitação do Espírito Santo estava sobre toda a Igreja. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ZIBORDI, Ciro Sanches. Estêvão, o primeiro apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 46, 1º Trimestre de 2024.SIQUEIRA, Gutierres Fernandes. Revestidos de Poder: Uma Introdução à Teologia Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, págs 28,29, 83. 


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