20 março 2024

O MINISTÉRIO DA PALAVRA E SEU PROPÓSITO

(Comentário do 1º tópico da Lição 12: O papel da pregação no culto)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos do ministério da Palavra e seu propósito. Falaremos da pregação como uma proclamação, com o propósito revelar Deus às pessoas, seja aos que ainda não são crentes, através da pregação evangelística. Na sequência falaremos do caso da conversão de Lídia, uma comerciante de Filipos que ouviu a pregação do apóstolo Paulo e, enquanto ela o ouvia, o Senhor abriu-lhe o coração e ela creu. Por último, falaremos da pregação como instrução. Após a conversão, os novos crentes precisam aprender as doutrinas bíblicas e crescerem espiritualmente. Para isso, se faz necessário o ensino sistemático da Palavra de Deus. Tanto Jesus como os apóstolos, dedicaram boa parte do seu ministério ao ensino da Palavra de Deus. 


1. A pregação como proclamação. O primeiro e mais importante propósito do Ministério da Palavra é proclamar o Evangelho aos que não o conhecem. O verbo grego traduzido por “pregar”, neste caso é Kerissô, e tem o propósito de revelar Deus a quem não o conhece. Este foi o verbo usado para se referir à pregação de João Batista (Mt 3.1), de Jesus (Mt 4.23), de Filipe (At 8.5) e também o apóstolo Paulo usou este verbo para se referir à sua pregação evangelística (Rm 10.8). 


A principal tarefa da Igreja neste mundo é proclamar Cristo aos perdidos. Esta missão não é uma opção, mas uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16.15). Esta pregação deve ser feita também fora dos templos, no evangelismo pessoal. Mas, nesta lição, a nossa ênfase é ao ministério da Palavra em nossos cultos. 


Há alguns anos, as mensagens pregadas em nossas Igrejas tinham como principal alvo, alcançar os pecadores e chamá-los ao arrependimento. Claro que havia também as  pregações nos cultos de ensino, de Oração e Ceia do Senhor, que eram restritos aos crentes. Mas nos cultos públicos e congressos, a prioridade era proclamar o Evangelho aos que não conheciam a Cristo.


Evangelistas como George Whitefield, John Wesley, Charles Finney, Jonathan Edwards, Bernard Johnson, Billy Graham, Geziel Gomes, Napoleão Falcão, Hidekazu Takayama e outros, faziam cruzadas evangelísticas e as Igrejas locais faziam o evangelismo convidando as pessoas. Milhões de pessoas em todo o mundo se converteram a Cristo dessa forma. 


Infelizmente, de uns anos para cá, os cultos em muitas Igrejas pentecostais têm negligenciado a missão de proclamar a Cristo. A maioria das mensagens pregadas são direcionadas aos crentes, com temas de autoajuda, motivação, triunfalismo, prosperidade e avivamento. Os temas dos nossos congressos, com raríssimas exceções, não são voltados para revelar Deus aos que não o conhecem. 


2. O caso emblemático de Lídia (At 16.14). Quando proclamamos fielmente a Palavra de Deus, o Espírito Santo age nos corações, fazendo as pessoas entenderem a mensagem e se entregarem a Cristo. O papel do pregador é orar antes de pregar a mensagem e pregar o Evangelho de Cristo. Não podemos modificar a mensagem para atrair as pessoas. Quem convence o pecador da sua condição de pecador e o convence a se entregar a Cristo é o Espírito Santo e não o pregador.  


O comentarista cita aqui o caso de Lídia, uma comerciante de Filipos, que ouvia a pregação do apóstolo Paulo e Deus lhe abriu o coração (At 16.14). Filipos era a primeira cidade da Macedônia e foi a primeira cidade da Europa a ser evangelizada. Em sua segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo teve uma visão, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia rogando-lhe que ele fosse lá ajudá-los. Paulo concluiu que Deus estava lhe enviando para aquela região. 


Chegando a Filipos, Paulo e os seus companheiros buscaram um lugar para orar. Próximo ao rio havia algumas mulheres, provavelmente lavando roupas, e entre elas estava Lídia, uma vendedora de púrpura, que era da cidade de Tiatira. Paulo, então, começou a pregar e Deus abriu o coração de Lídia para que ouvisse o que o apóstolo pregava. Ela creu e foi batizada, com todos da sua casa. Depois disso, Lídia rogou aos missionários que ficassem em sua casa e ali começou a Igreja de Filipos. 


Vemos neste exemplo que pregação do Evangelho é o instrumento usado por Deus para convencer os pecadores a se converterem a Cristo. Quando pregamos fielmente a mensagem de Cristo, o Espírito Santo se encarrega de fazer a obra nos corações. Não é nosso papel fazer as pessoas se converterem. A nossa responsabilidade é pregar. 


Certo obreiro foi enviado ao Sertão de Pernambuco, na década de 1960 para pregar o Evangelho em uma das cidades do interior pernambucano. Passando por muitas dificuldades e não vendo ninguém se converter, ele falou para o pastor presidente que queria voltar para a capital, pois ninguém se convertia naquela cidade. O pastor presidente, então, lhe disse: “Eu não coloquei você lá para converter as pessoas e sim para pregar o Evangelho. Quem convence as pessoas é o Espírito Santo. Portanto, continue pregando.”


3. A pregação como instrução. Além de proclamar o Evangelho aos perdidos, a pregação tem o propósito de instruir na Palavra de Deus, os que foram alcançados pela proclamação.  As pessoas que aceitam a Cristo, vem de uma vida de pecado com idéias e costumes mundanos. São pessoas que vieram de outras religiões, ou que não tinham religião e viviam segundo o curso deste mundo. Em Éfeso, Paulo notou que alguns crentes ainda mantinham os velhos costumes e os orientou dizendo: “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.” (Ef 4:17). 


Infelizmente, há alguns pastores que acham que não se deve orientar os novos convertidos, para que eles ‘não saiam da Igreja’. Com isso, eles não crescem espiritualmente e não abandonam o pecado. Através do discipulado, os novos convertidos recebem instruções bíblicas para uma nova vida. O discipulado leva o novo crente a crescer em Graça e Conhecimento, tornando-o espiritualmente maduro e sadio. As pessoas vêm a Cristo do jeito que estão. Mas, não podem continuar assim e só serão transformados mediante o ensino bíblico, confrontando o seu estilo de vida com os padrões da Palavra de Deus.


Os convertidos ao Evangelho precisam aprender, crescer e amadurecer, para também ensinarem a outras pessoas. Por isso há a necessidade do ensino sistemático da Palavra de Deus na Igreja. Os locais mais adequados para se fazer isso é nos cultos de ensino, na Escola Dominical e nas escolas teológicas. É indispensável ao crente, frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com uma excelente metodologia, com um tema, atividades, dinâmicas em classes e perguntas e respostas, em um ambiente propício para o ensino.


Jesus pregou o Evangelho aos perdidos e curou enfermos. Mas, boa parte do Seu ministério foi dedicado ao ensino. Ele ensinou a Sua Doutrina aos seus discípulos, proferindo longos sermões e usando os mais variados métodos de ensino, seja através de parábolas, perguntas, etc. Antes de subir ao Céu, Ele deu várias instruções aos discípulos, entre elas a de ensinar a Sua Palavra. 


Nos primeiros dias da Igreja, os apóstolos, especialmente Pedro, foram os primeiros mestres da Igreja Cristã. Eles não eram doutores, pois, eram pessoas simples e não haviam estudado nas escolas rabínicas. Os discursos inflamados de Pedro e Estevão, foram verdadeiros tratados teológicos, expondo as Escrituras com maestria, de Abraão até Cristo. Depois, com a conversão de Saulo, este passou a ser o principal mestre das Igrejas do Novo Testamento. Entretanto, eles aprenderam por três anos com o Mestre por excelência, Jesus Cristo. 


A Igreja do primeiro século cresceu muito rápido e eles só tinham o Antigo Testamento. Imagine uma Igreja que contava com cento e vinte pessoas, receber três mil novos crentes em um único dia, saltando para quase cinco mil nos dias seguintes! O desafio era enorme e os apóstolos começaram a ensinar diariamente ao povo, aquilo que aprenderam de Jesus.  Com o evangelismo, a Igreja cresce em número. Isso é muito importante, mas, se não houver o ensino da Palavra de Deus, os crentes continuam imaturos. São presas fáceis do adversário e podem até se desviar. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 41, 1º Trimestre de 2024.

CARLSON, Raymond; TRASK, Thomas E. et al. O Pastor Pentecostal: Teologia e Práticas Pastorais. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, págs. 99, 103.

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