LIÇÕES BÍBLICAS
ADULTOS / 1º TRIMESTRE DE 2024
TEMA: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo.
Comentarista: Pr. José Gonçalves.
INTRODUÇÃO
Graças a Deus, estamos iniciando mais um trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. Depois de estudarmos um trimestre inteiro sobre a doutrina de missões (Missiologia), neste novo trimestre estudaremos sobre outra importante matéria da teologia sistemática chamada Eclesiologia, que é a doutrina da Igreja.
A Igreja foi instituída pelo Senhor Jesus e Ele garantiu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). A Igreja, portanto, pertence ao Senhor e é considerada invencível. Ao longo da história, vários personagens, instituições e governos tentaram das mais variadas formas, calar e extinguir a Igreja. Mas, a Igreja segue triunfante.
Estudaremos neste trimestre vários temas relacionados à Igreja, como a sua origem, as imagens que representam a Igreja na Bíblia, a natureza, missão, ministério, disciplina e o culto na Igreja. Veremos também as duas dimensões da Igreja: Organismo e Organização. Falaremos também das duas ordenanças da Igreja, que são o batismo em águas e a ceia do Senhor. Como visto, é uma matéria muito extensa e, certamente, não é possível estudar todos os assuntos relacionados à Eclesiologia em um único trimestre.
COMENTARISTA
O comentarista deste trimestre é o pastor José Gonçalves Costa Gomes, pastor da Assembléia de Deus em Água Branca (PI); mestre em Teologia e graduado em Filosofia; escritor dos seguintes livros: Por que Caem os Valentes?, o Carisma Profético e o Pentecostalismo Atual, a Supremacia de Cristo, a Prosperidade à Luz da Bíblia, sábios conselhos para um viver vitorioso, os ataques contra a Igreja de Cristo, a Glossolalia e a formação das Assembleias de Deus, entre outros, publicados pela CPAD; é também comentarista de Lições Bíblicas desde 2009; e membro da Comissão de Apologética da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil.
RESUMO DAS LIÇÕES
LIÇÃO 1 - A ORIGEM DA IGREJA
Nesta primeira lição, como uma introdução ao tema que será estudado durante o trimestre, trataremos do tema da origem da Igreja. A Igreja não é um simples ajuntamento de pessoas que têm as mesmas crenças e costumes. A Igreja é uma instituição divina, pois foi instituída pelo próprio Jesus (Mt 16.18).
1. O povo de Deus na Bíblia e na história. Discorreremos sobre o significado do povo de Deus no Antigo Testamento, que era uma referência ao povo de Israel; no Novo Testamento, que era a Igreja Cristã ou o ajuntamento dos salvos; e ao longo da história da Igreja, estabelecendo as diferenças entre o pensamento católico e protestante neste aspecto.
2. A Igreja como uma criação divina. A Igreja é um ideal de Deus e sempre esteve nos planos do Eterno. Mas ela não ficou apenas no plano teórico. Deus colocou o seu plano em prática e estabeleceu a sua Igreja, na plenitude dos tempos.
3. A Igreja como a comunidade dos salvos. Neste aspecto a Igreja é formada por uma comunidade de pessoas que foram regeneradas pelo sangue de Jesus. Estas pessoas receberam de Deus, que é o selo do Espírito Santo. Não se refere ao batismo no Espírito Santo e sim, à entrada do Espírito Santo no crente após a sua conversão. Há diferença entre o batismo de Cristo e o batismo do Espírito Santo. Cristo batiza os salvos no Espírito Santo, ou seja, é um batismo de capacitação. O Espírito Santo, por sua vez, nos batizou no corpo de Cristo, tornando-nos parte da sua Igreja.
LIÇÃO 2 - IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA
Na Bíblia temos o uso abundante de diversas figuras ou imagens, a fim de nos fazer compreender melhor determinados temas que antes eram mistérios. Há usos de figuras para falar de Cristo, do Espírito Santo, da Palavra de Deus e com a Igreja, não é diferente. Temos na Bíblia várias figuras que são usadas para nos fazer compreender a Igreja, sua natureza e missão. Por exemplo: Corpo de Cristo, Lavoura de Deus, Edifício de Deus, Coluna e firmeza da Verdade, Noiva de Cristo, Esposa de Cristo, etc.
Nesta lição, o comentarista agrupou as imagens bíblicas da Igreja em três grupos:
1. Imagens que descrevem o relacionamento de Cristo com a Sua Igreja: Noiva de Cristo, Esposa de Cristo e Rebanho de Deus. Estas três imagens falam de pureza, amor, fidelidade, cuidado e proteção. Cristo é absolutamente santo, fiel e puro. Ele ama profundamente a sua Igreja e a protege. Da mesma forma, a Igreja como noiva, esposa e rebanho de Cristo, deve amá-lo, ser fiel a Ele e manter-se pura.
2. Imagens que descrevem a função da Igreja: Geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido e Corpo de Cristo. As quatro primeiras revelam que as funções da Igreja no Novo Pacto são semelhantes às de Israel no Antigo Pacto. A imagem do corpo significa que a Igreja é um organismo bem ajustado, cujos membros estão ligados à cabeça, que é Cristo e trabalham em harmonia pelo funcionamento do corpo.
3. Imagens que descrevem a Igreja como habitação de Deus: Santuário e Casa de Deus. Estas duas figuras revelam que Deus habita na Sua Igreja e não em templos feitos por mãos humanas. É um imenso privilégio fazer parte da Igreja do Deus Vivo e ser Sua habitação.
LIÇÃO 3 - A NATUREZA DA IGREJA
Nesta lição estudaremos a natureza da Igreja de Cristo, ou seja, aquilo que ela é em sua essência. Para isso, estudaremos algumas características da Igreja de Cristo, que nos permitem saber identificar uma Igreja genuinamente cristã e estabelecer a diferença entre Igreja e denominação. Infelizmente, muitas pessoas fazem confusão e acham que a sua denominação é a Igreja de Cristo. Por outro lado, há os desigrejados que não aceitam que a Igreja seja uma organização. Falaremos mais detalhadamente sobre isso na lição 6.
1. A Natureza confessional da Igreja. No aspecto confessional, uma Igreja só poderá ser considerada cristã, se as suas doutrinas estiverem fundamentadas na Palavra de Deus. Uma Igreja genuinamente cristã também é habitada, dirigida, guiada e capacitada pelo Espírito Santo, pois é Ele quem convence o pecador do seu pecado, regenera-o e santifica-o. Logo, quem faz parte da Igreja deve andar no Espírito.
2. As dimensões local e universal. A Igreja é um organismo vivo, formado por todos os salvos. Neste aspecto, ela é universal e é dirigida unicamente pelo Espírito Santo. Mas ela também é uma organização que existe como pessoa jurídica, em um determinado local. Neste aspecto, ela é dirigida por homens e tem as suas particularidades, costumes e normas.
3. A dimensão comunitária da Igreja. Em seu aspecto comunitário, a Igreja de Cristo é una e não pode ser dividida. O apóstolo Paulo compara a Igreja de Cristo ao corpo humano, o qual, mesmo tendo vários membros distintos e com funções diversas, trabalham unidos pelo bem do corpo e não sobrevivem fora dele. Assim também devem ser os membros da Igreja. Somos diferentes, mas fazemos parte do corpo de Cristo, que é a Igreja e devemos lutar pela sua unidade.
LIÇÃO 4 - A IGREJA E O REINO DE DEUS
Nesta lição veremos que Deus é o Rei de todo universo e que a Igreja de Cristo é não apenas parte integrante deste reino, mas é também a legítima representante do Reino de Deus neste mundo. Por isso, a Igreja deve viver e propagar os valores do Reino de Deus neste mundo.
1. A natureza do Reino de Deus. Deus não é somente o Criador de todas as coisas. Ele é o sustentador e o dominador de todas as coisas. Sendo assim, Ele é o Rei Soberano de todo o universo. Mesmo a humanidade tendo se afastado de Deus por causa do pecado, Deus não perdeu o controle da sua criação. Em sua soberania, Deus formou a nação de Israel, para através deste povo exercer o seu governo e trazer o Salvador do mundo. Depois, com a vinda do Filho de Deus a este mundo, Deus instituiu a Igreja para ser a representante do Seu Reino neste mundo.
2. A Igreja e as dimensões do Reino de Deus. Com a vinda do Filho de Deus a este mundo, o Reino de Deus se tornou uma realidade no presente. Entretanto, não é um reino político e territorial. O Reino de Deus se Deus se manifestou neste mundo com a presença de Jesus. Depois através da Igreja. Mas, há ainda uma manifestação futura do Reino de Deus, quando Jesus reinará plenamente por mil anos nesta terra.
3. A Igreja no contexto do Reino de Deus. É preciso esclarecer que, mesmo a Igreja sendo parte integrante do Reino de Deus na atualidade, ela não é o Reino de Deus, pois este Reino é muito maior. Antes da existência da Igreja, o Reino de Deus já existia, tendo Israel como representante. A Igreja é um projeto de Deus para através dela, o Reino de Deus se tornar conhecido. Por isso, a Igreja tem a sublime missão de pregar o Evangelho a toda criatura.
LIÇÃO 5 - A MISSÃO DA IGREJA DE CRISTO
Nesta lição estudaremos sobre a missão da Igreja de Cristo, como sal da terra e luz do mundo. A Igreja de Cristo não foi instituída por acaso e sem objetivo algum. Jesus instituiu a Sua Igreja com uma tríplice missão: evangelização dos pecadores, adoração a Deus e edificação dos convertidos. Estes três itens resumem a missão da Igreja em relação ao mundo, a Deus e aos seus membros. Veremos nesta lição os pormenores de cada item desta tríplice missão da Igreja.
1. Pregação e instrução. Depois de ressuscitar, Jesus reuniu os seus discípulos e ordenou-lhes que saíssem pelo mundo e pregasse as boas novas de salvação a toda criatura (Mc 16.15). Ordenou também que fizessem discípulos de todas as nações e os ensinassem a guardar tudo o que Ele havia mandado (Mt 28.19,20). A pregação do Evangelho, portanto, envolve a proclamação das boas novas aos de fora (evangelização) e a instrução aos de dentro (discipulado).
2. Adoração e edificação. A Igreja é a única que tem a prerrogativa de adorar a Deus neste mundo, assim como os anjos o adoram no Céu. Adoração significa render-se a Deus e dar-lhe a Glória que lhe é devida. Ao contrário do que muitos imaginam, dar glória a Deus não significa gritar “glória a Deus e aleluia” durante o culto. É tirar a atenção de nós mesmos e transferir para Deus, em todos os aspectos da nossa vida, vivendo exclusivamente para Deus.
A Igreja também é uma comunidade edificadora e, como tal, tem a missão de promover o crescimento espiritual dos seus membros através dos dons espirituais e ministeriais. A fundação deste edifício de Deus é Cristo e já foi lançada pelos apóstolos e profetas. Ninguém pode lançar outro fundamento além deste. Mas, como sábios construtores, podemos prosseguir com a edificação sobre este fundamento.
3. Comunhão e socialização. A Igreja de Cristo também deve viver em comunhão e socialização. A Igreja é uma comunidade de irmãos e, portanto, os seus membros não podem viver isolados. Por isso, não se pode ser Igreja sozinho, como querem os desigrejados. Jesus quando orou pelos seus discípulos, rogou ao Pai para que eles fossem um, como Ele é um com o Pai. Isto não significa ser apenas uma pessoa, mas viver em perfeita comunhão e harmonia. No aspecto da socialização, a Igreja de Cristo deve estar pronta a socorrer os necessitados, começando pelos domésticos da fé. Se alguém tiver recursos neste mundo e não socorrer ao próximo em suas necessidades, o amor do Pai não está nele (1 Jo 3.17).
LIÇÃO 6 - IGREJA: ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO
Nesta lição estudaremos as duas dimensões da Igreja: organismo e organização. A Igreja foi fundada por Jesus, como um organismo vivo e, nesse sentido, ela é formada por todos os salvos que nasceram de novo e liderada por Ele e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18).
Entretanto, a Igreja é também uma organização humana, estabelecida em um determinado lugar e precisa de uma estrutura administrativa. No Novo Testamento, podemos perceber claramente, que a Igreja além de ser um organismo, era também uma organização, formada por pessoas diferentes, que formavam uma comunidade local para adorar a Deus e pregar o Evangelho.
1. A estrutura da Igreja Cristã. A Igreja é retratada metaforicamente como o Corpo de Cristo (1 Co 12.27), ou seja, é um organismo vivo, cuja cabeça é o próprio Cristo. Essa simbologia indica que a Igreja é formada por vários membros diferentes que trabalham em harmonia pelo funcionamento do corpo e são interdependentes. Entretanto, no âmbito local, a Igreja é uma organização, que precisa ter lideranças eclesiásticas e funções estabelecidas para cumprir a sua missão. Nenhum organismo sobrevive sem organização e Deus é organizado, pois na criação, Ele colocou ordem no caos.
2. Igreja: um organismo vivo e organizado. A Igreja Primitiva era um organismo vivo, liderado pelo Espírito Santo. Mas ela também tinha o seu aspecto local em Jerusalém, Antioquia, Roma Filipos, Tessalônica, etc. A Igreja de Jerusalém escolheu um apóstolo para o lugar de Judas, cuidou da assistência aos necessitados, elegeu diáconos e se reuniu em concílio. A Igreja de Antioquia tinha profetas e doutores e enviou missionários transculturais. Nas Igrejas fundadas por Paulo também havia lideranças estabelecidas. Em todas estas comunidades havia presbíteros e diáconos. Evidentemente, a organização da Igreja dos tempos bíblicos era diferente do que é hoje, como todas as organizações sociais o são. Em seu aspecto litúrgico e ritual, a Igreja local mantém a decência e ordem nos cultos, estabelece normas e costumes, ensina as doutrinas bíblicas e realiza o batismo em águas e a Ceia do Senhor.
3. O governo da Igreja nas diferentes tradições cristãs. A forma de governo da Igreja varia de acordo com a época e o local. Há três tipos principais de governo eclesiástico:
a. Presbiteral. O governo da Igreja é exercido através do presbitério. Os presbíteros se reúnem e tomam as decisões. Nessa forma de governo, o pastor é apenas um líder espiritual, que cuida da oração, ensino da Palavra de Deus e visitas.
b. Episcopal. O governo da Igreja é exercido através de bispos ou pastores. Nessa forma de governo, os pastores ou bispos são tanto líderes espirituais como administradores da Igreja.
c. Congregacional. O governo da Igreja é exercido pelos membros da Igreja, através de uma equipe ou junta administrativa, escolhida pelos membros. Neste modelo também o pastor é apenas um líder espiritual e não se envolve na administração da Igreja.
O sistema de governo da Assembléia de Deus varia de acordo com a época e a região. Nos Estados Unidos, a Assembleia de Deus é basicamente presbiteral. No Brasil, nos primeiros anos era congregacional. Depois, com a criação da Convenção Geral, mudou para Episcopal, mas com alguns traços do modelo congregacional. Atualmente, é muito plural e varia de um estado para outro.
LIÇÃO 7 - O MINISTÉRIO DA IGREJA
Nesta lição, estudaremos sobre o ministério da Igreja, as suas diferentes funções e ofícios e as qualificações exigidas na Bíblia para o exercício do ministério. Vivemos um tempo em que o princípio da autoridade é desrespeitado e questionado em todas as áreas e isso atinge também a Igreja. Muitas pessoas, principalmente o movimento chamado “desigrejados” questiona a existência de líderes na Igreja. Entretanto, a Bíblia deixa muito claro que Deus concedeu dons ministeriais à Igreja para o aperfeiçoamento dos santos.
1 O ministério sacerdotal de todo crente. O sacerdote é alguém que intercede diante de Deus pelo povo que ele representa. A prática sacerdotal vem desde os primórdios. Inicialmente, era o patriarca da família quem oferecia sacrifícios a Deus por si mesmo e pela família. Depois, na Lei Mosaica, Aarão e os seus descendentes foram escolhidos por Deus, para serem os sacerdotes de todo o Israel. O próprio povo de Israel também foi escolhido por Deus para ser um povo sacerdotal. Tudo isso apontava para Cristo e o seu sacrifício. Na Nova Aliança, Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno que ofereceu-se em sacrifício perfeito, uma única vez. Portanto, não necessitamos mais de sacrifícios, rituais e família sacerdotal. A Igreja assumiu este papel sacerdotal e cada crente é um sacerdote de Deus. A doutrina do sacerdócio universal de cada crente havia sido esquecida pela Igreja Católica e foi resgatada pelos reformadores.
2. A estrutura ministerial do Novo Testamento. A estrutura ministerial no Novo Testamento foi se formando conforme as necessidades da Igreja cristã exigia. Inicialmente, no Livro de Atos, temos apenas os apóstolos como líderes da Igreja. Posteriormente, surgiu a necessidade dos diáconos para suprir a questão da assistência social (At 6.1-6). Depois, na Igreja de Antioquia, lemos que havia profetas e doutores. Somente na primeira viagem de Paulo, vemos que foram eleitos presbíteros /anciãos para liderar as Igrejas que foram plantadas em cada cidade (At 14.23). No capítulo 15 de Atos, temos o primeiro concílio da Igreja de Jerusalém, presidido pelos apóstolos e anciãos (Gr presbyteros). Em Efésios 4.11,12, Paulo diz que o Senhor Jesus deu à Igreja: “apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”. Esta relação é chamada de “ministério quíntuplo” da Igreja e cada um destes ministros têm funções específicas na Igreja.
3. As qualificações para o ministério. Em suas epístolas pastorais a Timóteo e a Tito, o apóstolo Paulo descreveu as qualificações exigidas para se exercer o episcopado, o presbitério e o diaconato. Estas qualificações são de natureza moral e social. Para os bispos e presbíteros as qualificações exigidas são: vida irrepreensível, monogamia, vigilância, moderação, honestidade, hospitalidade, aptidão para o ensino, abstinência de vinho, não violento, não ganancioso, não avarento, bom governante da própria casa, não neófito (que não seja novo na fé) e que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Para os diáconos as qualificações morais e sociais exigidas são semelhantes. Inicialmente, na Instituição dos diáconos, as exigências descritas em Atos 6 eram: ter boa reputação e ser cheios de Espírito Santo e de sabedoria. Depois, escrevendo a primeira epístola a Timóteo, no capítulo 3.8-11, Paulo acrescentou mais algumas exigências para os diáconos: honestos, que honram a palavra, não dados a muito vinho, não cobiçosos, monogâmicos e de conduta irrepreensível.
LIÇÃO 8 - A DISCIPLINA NA IGREJA
Nesta lição, estudaremos sobre a prática da disciplina na Igreja. Esta prática vem sendo deixada de lado em muitas igrejas e até combatida por alguns. Mas, esta prática é Bíblica e se encontra no Novo Testamento. No passado, por não entenderem o propósito da disciplina cristã, muitos pastores talvez influenciados pelas penitências da Igreja Católica, usavam a disciplina como instrumento de ameaça e punição para impor os seus caprichos e opiniões.
1. A necessidade da disciplina bíblica. A vida cristã deve refletir o caráter de Deus que é absolutamente Santo. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento está escrito: “Sede santos, porque Eu Sou Santo.” (1 Pe 1.16). A Igreja do Senhor também é santa, ou seja, foi separada do pecado para andar em santidade neste mundo. Sendo assim, aqueles que não andam em santidade devem ser disciplinados pela Igreja, para manter o padrão de santidade. Quando a igreja não pratica a disciplina, torna-se mundana, carnal e é nivelada por baixo.
2. O propósito da disciplina Bíblica. A disciplina visa, em primeiro lugar, manter e zelar pela honra de Cristo. Quando os membros de uma Igreja que se cristã adoram um estilo de vida pecaminoso, o nome de Cristo é blasfemado entre os ímpios. Em. Segundo lugar, a disciplina tem o propósito de frear o comportamento pecaminoso, pois o pecado é contagioso e se não houver nenhuma sanção, ele se alastra e contamina toda a Igreja. Em terceiro lugar, a disciplina tem o objetivo de não tolerar a prática do pecado. A liderança de uma Igreja não é responsável diante de Deus porque quem vive na prática do pecado, mas será responsabilizada por tolerar no seio da Igreja, como parte dela, alguém que vive na prática do pecado e se recusa a abandoná-la, como aconteceu com o líder da Igreja de Tiatira, que foi repreendido pelo Senhor, por tolerar em sua Igreja a falsa profetisa Jezabel (Ap 2.20).
3. As formas de disciplina Bíblica. A disciplina deve ser usada como forma de correção. Todos nós erramos e temos a necessidade de ser confrontados e corrigidos, para não persistirmos no erro. Entretanto, a disciplina não deve ser usada para humilhar ou matar espiritualmente o crente. A disciplina deve ser usada como forma de restaurar aquele que pecou. Há, no entanto, pessoas que peçam e mesmo sendo confrontadas, recusam-se a deixar o pecado. Nesse caso, não há outra saída e a disciplina deve ser aplicada como forma de exclusão da Igreja que fazia parte (Mt 17.18; 1 Co 5.13).
LIÇÃO 9 - O BATISMO - A PRIMEIRA ORDENANÇA DA IGREJA
Nesta lição estudaremos sobre o batismo que é a primeira das duas ordenanças de Cristo à sua Igreja. O batismo foi praticado por João Batista, por Jesus e por seus discípulos. Junto com a ordem de pregar o Evangelho a toda criatura, Jesus ordenou também o batismo. Através do batismo, o crente testemunha, publicamente, a sua identificação com Cristo e mostra, simbolicamente, que morreu para o mundo e nasceu para Deus. Assim como outras doutrinas e práticas do Cristianismo, o batismo também sofreu desvios quanto à sua finalidade, forma e fórmula. Portanto, nesta lição, mostraremos o que a Bíblia, que é o nosso manual de fé e prática, ensina sobre o batismo.
1. Pressupostos bíblico-doutrinários do batismo. Um dos primeiros erros em relação ao batismo é considerá-lo como sacramento, ou seja, um ritual sagrado, que transmite graça aos participantes. Este ensino teve início com o bispo Agostinho de Hipona e é seguido pela Igreja Católica e até por alguns protestantes. Entretanto, isso não tem nenhum fundamento bíblico. Na Bíblia encontramos o batismo como uma ordenança bíblica a ser ministrada aos que creram, mas não há nenhuma menção a ele como ritual místico, capaz de transmitir algo a quem dele participa. Agostinho também ensinou o pedobatismo ou batismo infantil. A Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Anglicana e alguns segmentos do protestantismo seguem esta prática, mas o fazem por razões diferentes. Na Bíblia, no entanto, vemos o batismo sendo administrado apenas aos adultos. Cristãos como Atanásio, Basílio, Clemente de Alexandria, Hipólito, Gregório de Nissa, Crisóstomo, Jerônimo e o próprio Agostinho, mesmo sendo filhos de cristãos, não foram batizados na infância.
2. O símbolo e o propósito do batismo. O que é o batismo? Qual é o propósito do batismo? Por que há cristãos que dizem crer em Cristo, mas não querem se batizar ou querem adiar o batismo? O batismo, feito por imersão (mergulho) é um símbolo da união do crente com Cristo, por meio de sua morte, sepultamento e ressurreição. Assim como Cristo foi morto, sepultado e ressuscitou, o crente morreu para o pecado e, simbolicamente, confessa publicamente através do batismo que nasceu de novo (Rm 6.3-5). Por isso, só pode ser batizado quem entendeu o Evangelho e creu em Jesus. O crente que não quer ser batizado é porque está indeciso, ou pretende continuar no pecado. Nesse caso, a salvação destas pessoas também é duvidosa. Quem creu em Jesus de verdade, pede para ser batizado como fez o oficial da rainha dos etíopes, que pediu a Filipe para ser batizado: “...Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?” (At 8.36).
3. A fórmula e o método do batismo. Há também muitos desvios e discussões com relação à fórmula e o método de realizar o batismo. Em Mateus 28.19, quando o Senhor Jesus ordenou a Grande Comissão aos seus discípulos, Ele forneceu também a fórmula batismal: “Portanto, ide e ensinai todas as nações, batizando-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…”. Há grupos hereges que negam a doutrina da Trindade e batizam somente em Nome do Senhor Jesus, usando como base o texto de Atos 2.38; 19.15. Mas estes textos mostram que o batismo deve ser realizado na autoridade de Jesus e não é uma fórmula de batismo.
Quanto ao método do batismo também há controvérsias. Há Igrejas que batizam por aspersão, ou seja, passando um pouco de água na cabeça do batizando. Entretanto, não há fundamento bíblico para isso, nem registros de que tenha ocorrido batismos dessa forma. Há pelo menos três evidências bíblicas de que o batismo deve ser feito por imersão :
a. O significado da palavra batismo. A palavra grega “baptizo” significa literalmente mergulhar;
b. O sentido simbólico do batismo. Paulo diz que nós fomos “sepultados com Cristo no batismo”. Sepultamento pressupõe, evidentemente, cobrir todo o corpo.
c. Os exemplos bíblicos de batismos. Todos os casos relatados na Bíblia mostram que o batismo foi realizado por imersão. Jesus, por exemplo, foi batizado por João Batista dentro do Rio Jordão, e saiu da água (Mc 1.10).
LIÇÃO 10 - A CEIA DO SENHOR - A SEGUNDA ORDENANÇA DA IGREJA
Nesta lição estudaremos a segunda ordenança de Cristo à sua Igreja que é a Ceia do Senhor. Esta celebração foi instituída pelo Senhor Jesus, na última Páscoa do Mestre com os seus discípulos, na mesma noite em que Ele foi traído por Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos. Assim como aconteceu com o batismo, a Ceia do Senhor também teve alguns desvios e controvérsias quanto à sua natureza, propósito e forma de celebração. Por isso, nesta lição estudaremos o ensino bíblico a respeito deste assunto.
1. A natureza da Ceia do Senhor na tradição cristã. Quanto à natureza da Ceia do Senhor, há três compressões diferentes na história da Igreja. A primeira delas é o ponto de vista da Igreja Católica, que ensina que a Ceia do Senhor, que eles chamam de Eucaristia, é um sacramento, onde os elementos da Ceia se transformam literalmente no corpo e no sangue de Jesus. Esta doutrina é chamada de transubstanciação.
A segunda posição é a tradição luterana que afirma que, embora os elementos da Ceia não se transformem de fato no corpo e sangue de Cristo, o corpo de Cristo está presente neles. Esta doutrina é conhecida como consubstanciação.
Por último temos o entendimento pentecostal, que afirma que os elementos da Ceia do Senhor não se transformam no corpo e no sangue de Cristo, nem tampouco o corpo de Cristo está presente neles. A Ceia do Senhor para os pentecostais, é um memorial, no qual o pão simboliza o corpo de Cristo e o vinho simboliza o sangue de Cristo. Não é um sacramento para trazer comunhão e fortalecimento ao crente. É uma simbologia para quem está em comunhão com Cristo e com a Igreja, que celebra o sacrifício de Cristo por nós.
2. O propósito da Ceia do Senhor. A Igreja de Corinto era uma Igreja extremamente problemática e havia desvirtuado o propósito da Ceia do Senhor. Por isso, no capítulo 11 de 1 Coríntios, Paulo os repreendeu e explicou o propósito da Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor segundo Paulo tem três propósitos: o primeiro deles é celebrar a expiação de Cristo. Paulo disse aos Coríntios que, todas as vezes que eles comiam o pão e bebiam o cálice, estavam anunciando a morte do Senhor; o segundo propósito é proclamar a segunda vinda de Cristo (até que venha). Quando celebramos a Ceia do Senhor, lembramos da promessa da sua vinda; por último, o propósito da Ceia do Senhor é celebrar a comunhão cristã. Paulo repreendeu os coríntios, por participarem da Ceia do Senhor com divisões entre eles.
3. O modo de celebração da Ceia do Senhor. O apóstolo Paulo ensinando aos crentes de Corinto, advertiu-os de que , aquele que participa indignamente da Ceia do Senhor, come e bebe para a sua própria condenação. Participar indignamente não significa, como ensinam alguns, que a pessoa é indigna de participar da Ceia. Se fosse este o caso, nenhum de poderia participar, pois todos somos falhos e não possuímos méritos diante de Deus. Participar da Ceia indignamente é participar de modo indigno, como faziam os coríntios, um comendo demais e os ficando sem comer.
Não participamos da Ceia por sermos dignos, e sim pela Graça de Deus, que nos trouxe salvação. Mas não é por isso que vamos participar da mesa do Senhor de qualquer maneira, vivendo na prática do pecado. A Ceia do Senhor deve ser uma celebração reverente e ao mesmo tempo festiva. Nós celebramos a Ceia do Senhor, não apenas a sua morte, mas também a sua ressurreição. Não celebramos a Ceia do Senhor com tristeza pelo seu sofrimento e morte, mas com alegria, porque Ele venceu a morte e ressuscitou.
LIÇÃO 11 - O CULTO DA IGREJA CRISTÃ
Nesta lição estudaremos sobre o culto cristão, o qual é santo e visa agradar e glorificar a Deus. O culto cristão é diferente dos cultos de algumas religiões, que possuem elementos que ofendem a santidade de Deus e até a dignidade humana. Há pessoas que pensam que cada um pode cultuar a Deus da maneira que quiser, mas não é isso que a Bíblia ensina. O culto cristão deve ser oferecido a Deus, com santidade, reverência e ordem, visando a adoração ao Senhor e a edificação da Igreja.
1. A natureza do culto a Deus. Desde o princípio, não culto é um serviço a Deus. No Antigo Testamento, as pessoas se apresentavam a Deus, mas o culto era feito pelos sacerdotes, que ofereciam sacrifícios a Deus por eles e pelo povo. Na Nova Aliança, temos acesso direto ao Pai, mediante o sacrifício de Cristo. Mas o culto continua sendo um sacrifício que oferecemos a Deus.
O culto a Deus também deve ser solene, ou seja, com respeito e majestoso. O apóstolo Paulo expôs para os coríntios, princípios que devem regulamentar o culto, para que haja decência, ordem e edificação. Em muitos lugares atualmente, os cultos se tornaram shows, teatros e entretenimento. Aliás, muitos nem chamam mais de culto, chamam de reunião, show e campanha.
O culto deve ser santo, pois é oferecido a Deus, que é absolutamente santo. Sendo assim, não pode haver nada imundo ou profano no culto. Em tudo o que fazemos durante o culto, devemos ter a consciência de que aquele é um momento dedicado exclusivamente a Deus e não podemos fazer coisas que fujam deste propósito.
2. O propósito do culto. O culto cristão deve sempre glorificar a Deus e não agradar a quem quer que seja. É comum ouvirmos pessoas falarem que não gostaram do culto. Ora o culto não é feito para agradar as pessoas ou exaltar o ego humano. O culto cristão deve ser cristocêntrico, ou seja, Cristo deve ser o centro, e não antropocêntrico, tendo o homem como o centro. Infelizmente, em muitos lugares não se cultua a Deus, mas fazem reuniões profanas e irreverentes, tanto na forma quanto na essência.
Além de glorificar a Deus, o culto cristão deve também edificar a Igreja. Escrevendo aos Coríntios, falando sobre a necessidade de ordem no culto, o apóstolo Paulo disse: “... Faça-se tudo para a edificação”. Portanto, antes de fazer qualquer coisa em um culto, devemos nos perguntar se aquilo glorifica a Deus e edifica a Igreja. Se a resposta for não, não devemos fazer.
3. A liturgia do culto. A palavra liturgia é a tradução do termo grego “leitourgia”, que é formado de dois termos gregos: “laos” (povo) e “ergon” (trabalho). Inicialmente significava alguém que prestava um serviço ao público de forma autônoma. Depois passou a significar o serviço militar e os serviços à comunidade. No Novo Testamento, o termo é aplicado ao ministério sacerdotal e Paulo aplicou-o ao ministério cristão.
Quando falamos de liturgia de um culto é uma referência à sequência de atos realizados durante o culto. Há dois extremos que se deve evitar: um culto mecânico, onde tudo é escrito e o dirigente do culto apenas segue o roteiro, como acontece nas missas católicas; um culto sem ordem nenhuma, onde onde cada um faz o que bem entender. O apóstolo Paulo deu algumas recomendações aos Coríntios, sobre os elementos que deveriam fazer parte do culto cristão: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). O que o apóstolo nos ensina é que no culto cristão deve haver a exposição da Palavra de Deus (doutrina), louvores a Deus (Salmos) a adoração entusiástica (manifestação dos dons espirituais, com revelação, línguas e interpretação). Entretanto, ele deixa claro que tudo deve ser feito para a edificação da Igreja.
A adoração no culto pentecostal sempre chamou a atenção pela alegria espontânea e barulho dos crentes, glorificando a Deus em voz alta, falando em línguas e profetizando, Entretanto, neste aspecto também devemos observar o ensino de Paulo aos Coríntios, no capítulo 14. O apóstolo orientou que, as mensagens em línguas desconhecidas devem ser feitas por dois ou no máximo três, um após o outro e deve haver quem as interprete. Se não houver intérprete, o que fala em línguas deve falar consigo mesmo e com Deus. As profecias devem ser uma de cada vez e devem ser julgadas pela Igreja. Deus é Deus de paz e não de confusão.
LIÇÃO 12 - O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO
Nesta lição veremos a importância da pregação da Palavra de Deus no culto cristão. Nos primórdios da Igreja Cristã, a pregação da Palavra de Deus e a oração eram as principais ocupações dos apóstolos (At 6.2, 4). Os apóstolos pregavam a Palavra de Deus aos que não eram crentes e ensinavam constantemente o que receberam do Senhor Jesus. Infelizmente, na atualidade, a pregação da Palavra de Deus tem sido negligenciada e substituída por cânticos, entretenimento e autoajuda. Em uma Igreja onde não se prega a Palavra de Deus, a tendência é os membros caírem no pecado e morrerem espiritualmente.
1. O Ministério da Palavra e seu propósito. O principal objetivo da pregação é revelar Deus às pessoas, seja aos que ainda não são crentes, através da pregação evangelística, ou aos crentes através do ensino da Palavra de Deus. Em Filipos, por exemplo, o apóstolo Paulo pregou a Palavra de Deus, e o Senhor abriu o coração da comerciante Lídia e ela se converteu ao Evangelho. Posteriormente, Paulo escreveu aos Romanos que a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus. Portanto, a proclamação da Palavra de Deus é a única forma de alcançar os pecadores para Cristo. Após a conversão, os novos crentes precisam aprender as doutrinas bíblicas e crescerem espiritualmente. Para isso, se faz necessário o ensino sistemático da Palavra de Deus. Tanto Jesus como os apóstolos, dedicaram boa parte do seu ministério ao ensino da Palavra de Deus.
2. A importância do Ministério da Palavra. O ministério da Palavra é o instrumento usado pelo Espírito Santo para a edificação da Igreja. Nas Epístolas pastorais, o apóstolo Paulo recomendou várias vezes a Timóteo e a Tito, para fossem diligentes na pregação da Palavra de Deus. Outro aspecto importante do Ministério da Palavra é a formação de valores. Vivemos em uma sociedade hostil aos valores do Reino de Deus e se não formarmos uma cosmovisão (visão de mundo) cristã, a nossa Igreja se amoldará aos padrões do mundo, e consequentemente se afastar de Deus, como aconteceu com a Europa e Estados. A teologia liberal e o secularismo os afastou de Deus.
3. A fundamentação do Ministério da Palavra. O ministério da Palavra não consiste em fábulas e animações de auditórios. Como não poderia ser diferente, a nossa pregação deve ser cristocêntrica, ou seja, deve ter Cristo como o centro e não o homem. Filipe chegou a Samaria e pregava “a Cristo” (At 8.5). Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse que propôs nada saber, senão a Cristo e este crucificado (1 Co 2.2). O segundo fundamento da pregação cristã é que ela deve ser bíblica. Devemos pregar o que está na Bíblia, devidamente interpretado. Infelizmente, o que se prega atualmente em muitas Igrejas é autoajuda, triunfalismo, prosperidade neste mundo, antropocentrismo e outros modismos que não têm nenhum fundamento nas Escrituras.
LIÇÃO 13 - O PODER DE DEUS NA MISSÃO DA IGREJA
Nesta última lição, falaremos sobre o poder do Espírito Santo na missão da Igreja de Cristo. Com base nas últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, antes de subir aos céus, podemos concluir que o revestimento do poder do Espírito é indispensável para que a Igreja realize a missão que o Senhor lhe confiou.
1. A Doutrina do Espírito Santo segundo o evangelista Lucas. A principal característica do Evangelho de Lucas que o diferencia dos outros dois sinóticos, Mateus e Marcos, é a ênfase dada à ação do Espírito Santo, que prossegue no Livro de Atos dos Apóstolos. Só nos primeiros dois capítulos, Lucas faz sete referências ao Espírito Santo: Lc 1.15, 16, 35, 41, 67; Lc 2.25, 26, 27).
A relação intrínseca entre a missão da Igreja e o poder do Espírito Santo está claramente estabelecida no final do Evangelho segundo Lucas e no início de Atos dos Apóstolos: (Lc 24.49; At 1.4). Nestes dois textos o Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém.
Lucas relata em várias ocasiões, que as pessoas foram cheias do Espírito Santo e “falaram em línguas” (At 2.4; At 10.46; At 19.1-6). Em Samaria, após a pregação de Filipe, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, a ponto de o mágico Simão oferecer dinheiro para adquirir este dom.
Com base nestes relatos bíblicos, a doutrina pentecostal clássica afirma que a evidência inicial de que alguém recebeu o batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este é o posicionamento da Assembléia de Deus, desde a sua fundação.
2. O Espírito Santo capacitando as testemunhas. Nos relatos de Lucas em Atos dos Apóstolos, podemos perceber o Espírito capacitando os crentes para serem testemunhas ousadas do Senhor Jesus, a ponto de estarem dispostas a morrer pela causa de Cristo. Pedro e João, por exemplo, testificaram com ousadia perante o Sinédrio dizendo: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”.
Da mesma forma, Estevão foi capacitado pelo Espírito Santo para pregar ousadamente o Evangelho. Os seus opositores não conseguiram vencer a sabedoria com ele falava e resolveram matá-lo, por apedrejamento, mediante falsas acusações de blasfêmia.
O apóstolo Paulo também, cheio do Espírito Santo, teve ousadia para proclamar uma sentença de cegueira a Elimas, o mágico que tentou atrapalhar a evangelização do procônsul Sérgio Paulo. Mas não foram somente os apóstolos que foram capacitados pelo Espírito Santo. Pessoas simples também receberam a ousadia do Espírito, como por exemplo, Ananias, um desconhecido discípulo de Damasco, que foi usado por Deus para orar por Saulo, um terrível perseguidor da Igreja. No contexto de Atos dos apóstolos vemos que a capacitação do Espírito Santo recai sobre toda a igreja e não apenas sobre alguns crentes individualmente.
3. O Espírito Santo como fonte geradora de missões. No capítulo 13 do livro de Atos vemos a ação do Espírito Santo na obra missionária. A Igreja de Antioquia da Síria foi a primeira Igreja onde o Evangelho foi pregado aos os gentios e também a primeira Igreja a fazer missões transculturais. Nesta Igreja havia um grupo de profetas e doutores, entre eles Barnabé e Saulo.
Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo mandou que a Igreja separasse Barnabé e Saulo para a obra missionária e a Igreja obedeceu. Vemos portanto, a proeminência do Espírito Santo no envio de missionários para o campo.
Além de chamar e enviar missionários, o Espírito Santo atuou também na estratégia missionária da Igreja Primitiva. Em dado momento, Paulo e Barnabé tentaram ir à Bitínia e à Ásia pregar o Evangelho, mas o Espírito Santo os impediu. Em outra ocasião, o Espírito Santo direcionou Paulo e Silas para que fossem à Macedônia pregar o Evangelho.
Ev. Weliano Pires
Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos, SP
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