12 janeiro 2024

IMAGENS QUE DESCREVEM FUNÇÃO

(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das imagens que descrevem as funções da Igreja. Primeiro, veremos a Igreja como geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Estas três imagens mostram que a Igreja é o povo de Deus no Novo Pacto, assim como Israel foi no Antigo Testamento. Depois, falaremos da Igreja como o Corpo de Cristo. A imagem de um corpo, descreve a harmonia e unidade da Igreja de Cristo. Em um corpo há vários membros que são diferentes, com funções diversas e que trabalham pelo perfeito funcionamento do corpo. Assim também é a Igreja de Cristo. 


1- Geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Neste subtópico, o comentarista nos apresenta três figuras que descrevem a função da Igreja neste mundo, mencionadas pelo apóstolo Pedro, em 1 Pedro 2.9: geração eleita, sacerdócio real e povo adquirido. As figuras de um povo eleito, povo sacerdotal e nação santa estão presentes no Antigo Testamento, em referência à nação de Israel. No Novo Testamento elas se aplicam à Igreja, com algumas diferenças significativas. 


a. Geração eleita. No Antigo Pacto, para fazer parte do povo eleito teria que ser descendente de Abraão, Isaque e Jacó e ser circuncidado. Por isso, as genealogias tinham tanta importância. Neste texto de 1 Pe 2.9, a palavra geração (Gr. genos) também traz o sentido de raça, ou de um único povo, mas não tem nada a ver com etnia, genealogia, ou condição social. Na Igreja, Deus formou um só povo, de todos os povos da terra, mediante a fé em Cristo. 

b. Sacerdócio real. O conceito de sacerdócio também é oriundo do Antigo Testamento. O sacerdote era um ministro de Deus que oferecia sacrifícios e intercedia pelo povo, fazendo a mediação entre Deus e o homem. No tempo dos patriarcas, era o chefe de família que exercia este ofício e intercedia pela própria família (Gn 8.20, 21; Jó 1.5; Gn 12.8; 13.18). Depois, na Lei Mosaica, o Senhor estabeleceu que Aarão e os seus descendentes seriam a família sacerdotal. 

Estes sacerdócios eram transitórios e apontavam para Cristo, que o Sumo Sacerdote Eterno, que ofereceu-se a Si mesmo uma única vez, em sacrifício perfeito a Deus. Cristo, como Sacerdote perfeito, liberou o acesso direto à presença do Pai. Pelo seu sangue, temos ousadia para entrar no santuário. É neste sentido que a Igreja é sacerdócio real. A Reforma Protestante resgatou a doutrina bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes. Antes da Reforma, a Igreja separava os cristãos em duas classes: os clérigos e os leigos. Os clérigos, que eram os sacerdotes, formavam uma espécie de “classe superior” e  tinham vários privilégios. 

Na Nova Aliança não precisamos mais de mediadores ou sacerdotes para oferecer sacrifícios por nós, pois Cristo já cumpriu esta missão e é o Único Mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2.5). Por isso, a ideia de cobertura espiritual e de obreiros como mediadores entre Deus e a Igreja, é totalmente descabida. Entretanto, o sacerdócio universal de todos os crentes não dispensa o ministério da Igreja como ensinam os desigrejados. O próprio Jesus constituiu pastores sobre a Sua Igreja para aperfeiçoar os santos (Ef 4.11,12). 

c. Nação santa e povo adquirido. As figuras da Nação Santa e Povo adquirido retratam a Igreja como povo de Deus, não no sentido de uma nação geográfica ou um povo étnico. Estas figuras, acompanhadas dos respectivos adjetivos indicam que a Igreja de Cristo é santa, ou seja, é separada do pecado e pertence exclusivamente a Deus. É também um povo adquirido pois foi comprado pelo alto preço que é o sangue Jesus. A ideia é de um escravo que foi comprado e pertence exclusivamente ao seu Senhor. 


2- Corpo de Cristo. O apóstolo Paulo comparou a Igreja ao corpo humano, que tem muitos membros e cada um tem a sua importância no funcionamento do corpo (1Co 12.27). O corpo humano é formado de três partes principais: cabeça, tronco e membros. A cabeça processa as informações e comanda o corpo. No tronco estão os principais órgãos vitais e os membros dão mobilidade ao corpo. 


Na ilustração usada por Paulo, Cristo é a cabeça, a Igreja é um corpo e cada crente é membro desse corpo. Sendo assim, não existe Igreja sem Cristo, pois um corpo sem a cabeça morre. Também não pode existir membro desligado do corpo, pois membros amputados não servem para nada sozinhos e também morrem. 


Quando falamos de “corpo”, em anatomia, que é o sentido que Paulo usou, temos a seguinte definição: “Constituição ou estrutura física de uma pessoa ou animal, composta por, além de todas suas estruturas e órgãos internos: cabeça, tronco e membros.” (Dicionário Online de Português). É através do corpo que a alma e o espírito se manifestam. Um corpo, mesmo se estiver com todos os seus órgãos intactos, se a alma e o espírito saírem dele, estará morto e entra em estado de decomposição. Da mesma forma, a Igreja só permanecerá viva se o Espírito Santo estiver nela para dar-lhe vida e orientar os seus movimentos. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.


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