11 janeiro 2024

IMAGENS QUE DESCREVEM UM RELACIONAMENTO

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 02: IMAGENS BÍBLICAS DA IGREJA)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos das imagens, que falam do relacionamento da Igreja com Cristo. Falaremos da Igreja como a Noiva de Cristo, retratando a pureza, castidade e fidelidade da Igreja. Depois, falaremos da Igreja como a esposa de Cristo, destacando o relacionamento fundamentado no amor que se entrega e se sacrifica. Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela. Este relacionamento também foi usado por Paulo como o ideal para os casais cristãos. Por último, falaremos da Igreja como o rebanho de Deus. O relacionamento entre o pastor e a ovelha deve servir de parâmetro para a liderança da Igreja. 


1- A Noiva de Cristo. No Antigo Testamento, o relacionamento de Deus com Israel é comparado ao relacionamento entre um marido e sua esposa. No Novo Testamento, esta imagem do relacionamento conjugal é aplicada ao relacionamento entre Cristo e a Sua Igreja. O apóstolo Paulo comparou a Igreja de Cristo a uma noiva pura, que aguarda o seu noivo para a festa nupcial, com as suas vestes brancas e limpas. 


A Igreja do Senhor também o espera em santidade, com as suas vestes brancas, sem nenhuma mancha de ordem moral ou espiritual. É importante destacar que, naquela cultura, a marcha nupcial era diferente da nossa. Aqui é o esposo que espera a noiva se preparar para encontrá-lo e ele espera ansioso a chegada da sua noiva, linda e exuberante. No antigo Oriente, era a noiva que esperava a chegada do noivo e se preparava para recebê-lo. 


A Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo santifica-a para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2 Ts 2.13). O noivado nos tempos bíblicos era um compromisso sério de casamento e não poderia ser desfeito, exceto se fosse descoberto alguma infidelidade. Portanto, a Igreja de Cristo (o conjunto de todos os salvos), têm um compromisso de ser fiel a Ele e manter-se pura até o casamento que acontecerá em breve após o arrebatamento da Igreja. 


2- A Esposa de Cristo. A segunda imagem que fala do relacionamento da Igreja com Cristo é a da esposa (Ef 5.25,26). Conforme falamos acima, no Antigo Testamento, o relacionamento de Deus com Israel foi comparado ao de um esposo e sua esposa. Entretanto, Deus sempre repreendeu a Israel por sua infidelidade a Deus. No Livro do profeta Oséias, Deus mandou que o profeta se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela, para exemplificar o adultério espiritual de Israel (Os 1.2). 


No Novo Testamento, escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo deu orientações aos casais e comparou a relação conjugal com o relacionamento entre Cristo e a sua Igreja. Para entendermos esta comparação, é importante esclarecer que o casamento, ao qual Paulo se refere, não é o casamento dos dias atuais, baseado no egoísmo, onde muitos se casam por interesses escusos e não se respeitam. 


O apóstolo Paulo se refere a um casamento onde o esposo ama profundamente a sua esposa, a ponto de dar a sua vida por ela. Por outro lado, a esposa submete-se voluntariamente, por amor, à liderança do esposo. É um relacionamento baseado exclusivamente no amor. Cristo, o esposo, ama profundamente a sua Igreja que sacrificou-se por ela. A Igreja também ama profundamente a Cristo e, por isso, submete-se à sua liderança e é fiel a Ele. 


Este modelo de relacionamento é o ideal para os casais cristãos. Este foi o modelo que Deus instituiu no princípio, quando uniu o primeiro casal. Deus criou homem e mulher e os uniu com um tríplice propósito: reproduzir a espécie, proporcionar a felicidade do casal e criar um ambiente seguro para os filhos. Se os casais seguirem o modelo de relacionamento entre Cristo e a sua Igreja em seu casamento, este durará até o fim de suas vidas. Infelizmente, na atualidade muitos casamentos de pessoas que se dizem cristãos acabam em divórcio. Isto acontece porque um ou os dois não seguiram as recomendações da Palavra de Deus. 


3- Rebanho de Deus. No Antigo Testamento, em várias passagens, Israel é descrito como as ovelhas de Deus e os seus líderes como pastores (1 Rs 22.17; Ez 34). Quando se afastava de Deus, os profetas diziam que Israel estava disperso, como ovelhas que não têm pastor. Esta metáfora era bem conhecida em Israel, pois aquele povo vivia em sua grande maioria da agricultura e da pecuária, utilizando-se de métodos primitivos. O rebanho usado para comparação era o de ovelhas, pois estes animais têm características especiais, que ilustram bem este este relacionamento. 


As ovelhas são animais inteligentes, capazes de reconhecer os outros animais de seu rebanho e até os rostos humanos. Os animais, em geral, tem o instinto de autodefesa e reagem quando se sentem ameaçados: mordem, dão coices, chifradas, picadas, etc. Outros, quando são capturados esperneiam e são escandalosos. Entretanto, as ovelhas não são assim. Por isso, são presas fáceis de predadores e necessitam de cuidados especiais de pastores. São extremamente dóceis e obedientes ao seu pastor. Diferente das cabras, que dão muito trabalho para entrarem no curral, as ovelhas conhecem a voz do seu pastor e o seguem. 


No Novo Testamento é a Igreja que é tratada como o rebanho de Deus. Depois de comer a última páscoa com os seus discípulos, o Senhor Jesus foi com eles para o Monte das Oliveiras e disse-lhes: "Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão." (Mt 26.31). O relacionamento de conhecimento e submissão da ovelha ao seu pastor ilustra bem o relacionamento da Igreja com o Seu Senhor. A Igreja de Cristo conhece a Sua voz e o segue. As ovelhas não andam na frente do seu pastor como os bodes. Elas ouvem a sua voz e o seguem para onde ele as guiar. Assim também é a Igreja de Cristo. A Igreja segue a Cristo, rumo ao Céu. 


O relacionamento da Igreja com Cristo serve também de parâmetro para a liderança da Igreja. O apóstolo Paulo, em seu discurso emocionante aos bispos de Éfeso, deu a seguinte recomendação: "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho." O apóstolo Pedro também, admoestou aos presbíteros da Igreja dizendo: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho." (1 Pe 5.2,3). Nestes dois textos temos as seguintes orientações aos pastores do rebanho de Deus: 

a. O rebanho é de Deus. Embora os pastores sejam líderes constituídos por Deus sobre as ovelhas do Senhor, não são donos ou dominadores da Igreja. Portanto, devem cuidar do rebanho sabendo que é do Senhor e irão prestar contas a Deus;

b. Devem cuidar de Si e do rebanho. A responsabilidade do pastor é maior do que a dos demais cristãos. Eles devem cuidar da própria vida, para não fracassar e da Igreja para que os lobos não a ataque;

c. Devem liderar a Igreja não como dominadores ou por força e sim, pelo exemplo. A liderança da Igreja de Deus é diferente de uma liderança secular. Na Igreja, não temos o poder de mandar ninguém embora ou puni-los, exceto em casos de pessoas que recusam-se deixar o pecado e causa escândalos, que a disciplina é necessária. A liderança segundo o modelo de Deus é uma liderança servidora e pautada pelo exemplo. A Igreja precisa ver em seu pastor um exemplo de fidelidade a Deus e não um ditador de ordens. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª.ed.Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.536).

BERGSTÉN, Eurico. A Pessoa e Obra do Espírito Santo. Lições Bíblicas / Adultos, 1º Trimestre de 2004. Editora CPAD.

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