01 dezembro 2022

SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX


(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel).

Neste terceiro tópico falaremos sobre o grande milagre do século XX, que foi o renascimento do Estado de Israel em só um dia. Israel é um testemunho vivo perante as nações, da soberania de Deus e do cumprimento das suas promessas. Várias nações já se levantaram para varrer esse povo do mapa, mas foram reduzidas a nada. Israel ressurgiu como nação, depois de 1878 anos de diáspora. Entretanto, falta ainda o cumprimento da restauração espiritual, que será o assunto da nossa próxima lição.


1- O testemunho de Deus para o mundo. A nação de Israel é um testemunho vivo de Deus para a humanidade. Sob vários aspectos, desde a sua formação, o povo de Israel é uma coletânea de milagres. Israel é um povo singular no mundo, pois foi formado pelo próprio Deus para, através deste povo, trazer o Salvador do Mundo. 


Tudo começou com a chamada de Abrão, em Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia. Deus o chamou e lhe disse para sair da sua terra, do meio dos seus parentes e ir para uma terra, a qual Deus lhe mostraria. Abrão creu e saiu, sem saber para onde ia. Quando chegou à terra de Canaã, Deus fez uma aliança com Abrão e sua esposa Sarai. Primeiro, mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara. Deus prometeu abençoá-los e fazer deles uma grande nação, não tendo eles filhos ainda e tendo já idade avançada para gerá-los. 


Os anos se passaram e Sara, vendo que a promessa de ter filhos não se cumpria, combinou com o seu marido para que ele tivesse um filho com a sua escrava Agar, uma prática comum naquela época. Abraão aceitou a proposta e nasceu Ismael, que foi o pai dos povos árabes. Entretanto, Deus falou novamente com Abraão e Sara e reafirmou a promessa de que ambos seriam pais de um filho, que seria chamado de Isaque e dele, Deus formaria uma grande nação. Quando Abraão tinha 100 anos e Sara 90, Isaque nasceu. 


Isaque cresceu, casou-se com Rebeca e teve dois filhos: Esaú e Jacó. Deus escolheu Jacó para, a partir dele, formar o povo de Israel. Jacó teve 12 filhos e uma filha. Dos doze filhos, Deus formou as doze tribos de Israel. A tribo de Levi foi a tribo sacerdotal e não foi contada e a tribo de José se dividiu em duas: Manassés e Efraim. 


José foi vendido como escravo pelos seus irmãos e foi levado ao Egito. Lá, Deus o fez governador geral do país. Com a grande fome de sete anos, os filhos de Jacó foram ao Egito em busca de alimentos e depois José os trouxe para aquele país. O povo se multiplicou e, após a morte de  José e dos seus irmãos, os egípcios escravizaram os Israelitas. Mas, Deus os libertou da escravidão através de muitos milagres e os conduziu à terra prometida, sob a liderança inicial de Moisés e depois de Josué. 


Após a morte de Josué, sem liderança, a nação caiu na anarquia e cada uma fazia o que achava correto. Neste período, entregaram-se à idolatria, num ciclo vicioso: pecavam e eram subjugados por inimigos levantados por Deus; na servidão, clamavam a Deus e Deus os socorria. Isso aconteceu por aproximadamente 300 anos,  até os dias de Samuel, quando o povo pediu um rei e teve início a monarquia com Saul. 


Saul começou bem, mas depois foi reprovado por Deus. Deus levantou Davi como rei e fez com ele uma aliança. Depois de Davi, veio o seu filho Salomão, que casou-se com muitas mulheres e estas o levaram à idolatria. Por causa disso, Deus permitiu a divisão de Israel em dois reinos: o Reino do Sul, com as tribos de Judá e Benjamin, sob a liderança da família de Davi; e o Reino do Norte com as outras dez tribos, que foi governada por várias dinastias, todas ímpias. 


O pecado das tribos do Norte fez com que eles fossem levados para o cativeiro da Assíria, em 722 a.C. e nunca mais voltassem. O Reino do Sul seguiu o mesmo caminho e foi levado ao cativeiro babilônico, a partir de 605 a.C., até a destruição de Jerusalém em 586 a.C. Entretanto, por causa da aliança de Deus com Davi e a promessa da vinda do Messias, Deus os trouxe de volta, 70 anos depois. 


De volta à sua terra, depois o povo judeu foi dominado pelos gregos e depois pelos romanos. Quando o Salvador veio ao mundo, eles o rejeitaram e o condenaram à morte dizendo: "o seu sangue caia sobre nós e os nossos filhos." Por causa dessa rejeição, Deus permitiu que os romanos destruíssem a nação e os expulsassem da sua terra. Os Israelitas que fugiram, permaneceram espalhados pelo mundo por 1878 anos. Mas Deus cumpriu a promessa de trazê-los de volta e restaurar a nação. 


Hoje, Israel é uma nação forte militar, tecnológica e economicamente. Na visão de Ezequiel, Israel já recebeu nervos, carne e pele, falta apenas o espírito entrar neles, ou seja, a restauração espiritual. 

 

2- O status de Jerusalém entre as nações. No Sermão profético, proferido por Jesus aos seus discípulos pouco antes da sua morte, o Senhor Jesus prenunciou que a cidade de Jerusalém seria pisada pelos gentios: “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação.” (Lc 21.20); “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”(Lc 21.24). Este cerco aconteceu no ano 70 d.C, quando o exército romano, liderado pelo general Tito, invadiu Jerusalém e a destruiu. Os horrores desta invasão e destruição de Jerusalém foram descritos em detalhes horripilantes, pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro "Guerras dos Judeus", publicado no ano 75 d.C.:


 “É, então, um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento. A fome foi demasiado dura para todas as outras paixões, a tal ponto que, os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos, quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida e, então, eles arrombavam as portas e corriam para dentro. Os velhos, que seguravam bem sua comida, eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso.” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).


Posteriormente, sobre as ruínas de Jerusalém, o imperador Adriano reconstruiu a cidade em 131 d.C. e deu-lhe o nome de Élia Capitolina. Nesta nova cidade foi estabelecida uma colônia romana e no local do templo, foi construído um templo ao deus Júpiter. Isso gerou revolta dos judeus, provocando a Revolta de Barkokebas, em 132 d.C. 


A partir do Século IV, com a conversão do imperador Constantino, o Cristianismo tornou-se a religião oficial do império. Com isso, vários símbolos cristãos foram construídos em Jerusalém. Por volta do ano 300 d.C, o império romano dividiu a administração em duas partes, para melhorar a sua eficiência. A parte Ocidental, cuja capital continuou sendo Roma, e  a parte oriental, com capital em Bizâncio, que se tornou Constantinopla. A parte ocidental entrou em decadência, com vários saques a Roma. O lado oriental, no entanto, permaneceu unificado e se tornou o Império Bizantino. 


O Cristianismo predominou em todo o Império Bizantino, apesar das muitas distorções criadas pelo papado. A partir do Século XII, vários monarcas árabes se converteram ao Islamismo e passaram a atacar o império. Finalmente, em 1453 d.C. aconteceu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e o  fim do Império Biazntino. A partir de então, Constantinopla passou a se chamar Istambul. O império Otomano dominou Jerusalém por cerca de 400 anos. Este domínio só teve fim na primeira guerra mundial, quando os turcos se aliaram aos alemães contra os ingleses e foram derrotados. A partir daí, a Palestina passou ao domínio britânico, até à criação do Estado de Israel, em 1948.


Atualmente, Jerusalém é uma cidade que fica no território de Israel e a sede do governo. Jerusalém foi proclamada como capital de Israel em 1949 e a cidade foi dividida entre Israel e Jordânia, ficando apenas uma parte como capital de Israel. Na guerra dos seis dias, em 1967, Israel assumiu o controle da cidade, porém, a comunidade internacional não reconhece este domínio. Para o mundo, a capital de Israel continua sendo Tel Aviv. É lá que ficam as embaixadas. Há uma disputa histórica pelo domínio da cidade, entre palestinos e israelenses. Recentemente, o governo dos EUA, na gestão Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e o governo brasileiro seguiu na mesma direção. Esta disputa por Jerusalém durará até o fim do tempo dos gentios, que terminará no Milênio.


3- Restauração espiritual. Na última parte da profecia, o Senhor diz: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o Senhor , disse isso e o fiz, diz o Senhor.” (Ez 37.14). É uma referência à restauração espiritual da nação de Israel. O profeta Zacarias também profetizou esta restauração espiritual de Israel: “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.” Zc 12.10).


No final da Grande Tribulação, os exércitos do Anticristo se unirão para destruir Israel. Israel clamará a Deus e Jesus virá em glória com a Igreja, que já estará no Céu, para socorrê-los. (Zc 14.1-3; Ap 19.11-21). Estudaremos este assunto na próxima lição. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 125.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3085; 3316;

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry: Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 429.

MESQUITA, Antônio Neves de. Jeremias. Editora JUERP.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 455-456.

História de Jerusalém - Brasil Escola.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança: Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 355.


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Ev. Weliano Pires





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