(Comentário do 3º tópico da Lição 13: O Senhor está ali).
Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre o nome da cidade, que será “O SENHOR está ali”. Ao longo da sua história, Jerusalém já foi chamada por vários nomes: Salém, Jebus, Cidade de Davi, Sião e Jerusalém. No milênio, ela não será mais identificada com os pecados e abominações do passado. Mas, será chamada por um título que identifica a presença de Deus: Yahweh Shammah, que significa “o Senhor está ali”. Esta expressão aparece somente neste texto de Ezequiel e indica a onipresença de Deus.
1- Os nomes da cidade. Os nomes das nossas cidades atualmente foram dados por diversos motivos: Uma homenagem a uma pessoa importante, padroeiros ou símbolos religiosos do passado, árvores ou rios de uma fazenda que se tornou cidade, nomes indígenas de antigas aldeias, etc. A minha cidade natal, por exemplo, chama-se Terra Nova. Este nome se deu porque ela era uma fazenda, que tinha o nome de Roça Nova. O proprietário tinha mais de uma fazenda e quando adquiriu esta, chamou de Roça Nova. A fazenda transformou-se em uma vila, já com o nome de Terra Nova e, posteriormente, em cidade.
Nos tempos bíblicos era diferente. Os nomes das cidades eram dados de acordo com o fundador ou conquistador da cidade, alguma circunstância, características do local, ou alguma mensagem religiosa. A primeira cidade que temos notícia na Bíblia foi edificada por Caim, filho de Adão, cujo nome dado foi o nome do seu filho Enoque: “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.” (Gn 4.17). Este Enoque não era o que foi trasladado, pois aquele era filho de Jarede, da descendência de Sete, irmão de Caim.
A segunda cidade mencionada na Bíblia é Nínive, capital da Assíria que foi fundada por Ninrode, bisneto de Noé (Gn 10.11). Não se sabe ao certo a origem do nome Nínive, mas ela foi apelidada também de “cidade dos ladrões”, porque seus moradores invadiam e despojavam outras regiões para enriquecer. Ninrode edificou também a cidade de Babel, onde tentou construir uma torre que chegasse até aos céus. Deus confundiu as línguas ali, para impedir este intento e esta cidade recebeu o nome de “Babel”, que significa “confusão”. Depois, esta cidade se tornou a grande Babilônia.
A primeira menção à cidade de Jerusalém está no episódio da guerra entre os confederados Sinar, Elasar, Elão e Goim, contra as cidades estados de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. Abrão participou dessa guerra, para salvar o seu sobrinho Ló (Gn 14.1,2,14,15). No retorno, Melquisedeque, que era sacerdote do Deus Altíssimo e rei de Salém, foi ao seu encontro, trazendo pão e vinho. Abrão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14.18-20). Esta cidade de Salém, cujo nome significa “paz”, tornou-se posteriormente a cidade de Jerusalém. A cidade passou pelo domínio dos jebuseus e nesse período era chamada de “Jebus” (Jz 19.10,11; 1Cr 11.4,5). Não se sabe a origem deste nome, alguns sugerem que pode ter sido o nome de um clã que habitou no local. Esta cidade foi conquistada por Davi e passou a se chamar Cidade de Davi. Era chamada também de Sião, que significa fortaleza, e é um monte onde Davi construiu a sua fortaleza (1 Rs 8.1). Depois, Jerusalém se tornou a capital de Israel. Com a divisão do Reino, passou a ser a capital apenas do Reino do Sul.
A história de Jerusalém ficou marcada por idolatria, guerras, destruições e reconstruções. O nome Jerusalém, historicamente está ligado a isso. Mas, Deus prometeu através do profeta Ezequiel que a cidade será reconstruída, com novas medidas, novo formato e novo nome. O novo nome desta cidade no milênio será “Yahweh Shammah'', que significa “O Senhor está ali”. (Ez 48.35). Falaremos mais sobre este nome no terceiro subtópico.
2- O nome divino. Conforme falamos no tópico anterior, o nome de uma pessoa na Bíblia é muito diferente do nome em nossos dias. Não significa apenas uma palavra de identificação pessoal. O nome na Bíblia é muitas vezes uma expressão que revela as circunstâncias do nascimento, ou características da pessoa. Com Deus não é diferente. Deus revelou na Bíblia vários nomes que revelam os seus atributos ou alguma circunstância em que Ele se mostrou aos seus servos.
No episódio do retorno da Arca para Jerusalém, vemos a identificação de Deus como “O Nome” (heb. Ha-Shém): “E levantou-se Davi e partiu com todo o povo que tinha consigo de Baalá de Judá, para levarem dali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta entre os querubins.” (2 Sm 6.2). Em Levítico 24.11, aparece a mesma palavra na Nova Versão Transformadora: “Durante a briga, o filho da israelita blasfemou o Nome com uma maldição…” (Lv 24.11). Nestes casos, “o Nome” não se refere ao vocábulo que identifica Deus, como querem as Testemunhas de Jeová. É uma referência ao próprio Deus.
Deus se identificou por vários nomes compostos, que revelam a sua natureza, atributos e circunstâncias em que Ele se revelou. Estes nomes são formados a partir da nome genérico “El” que significa “Deus”, ou do tetragrama hebraico יהוה (YHWH), transliterado para o português como Yahweh, Javé ou Jeová. Para evitar o uso deste nome em vão, os rabinos judeus o substituíram por ’ădhonāy que significa “Senhor”. Na maioria das versões em português, aparece a palavra SENHOR em letras maiúsculas, nas ocorrências deste tetragrama hebraico.
Deus se revelou a Abraão como El Shadday (Deus Todo-Poderoso) (Gn 17.1). Depois, no Monte Moriá, quando Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho Isaque, revelou-se como “Yahweh Yireh” (O SENHOR proverá) (Gn 22.13,14). Aos filhos de Israel, quando mandou as pragas sobre os egípcios, Deus se revelou como Yahweh Rafá (O SENHOR que te sara) (Êx 15:26). No deserto, após a vitória contra os amalequitas, Moisés edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome de Yahweh Nissi” (O SENHOR é minha Bandeira” (Êx 17:8-15). Quando o Anjo do SENHOR apareceu a Gideão, ele ficou temeroso de morrer, pois havia visto o próprio Deus em uma teofania. O Senhor o acalmou dizendo: Paz seja contigo; não temas, não morrerás. Gideão edificou um altar ao Senhor e chamou o seu nome Yahweh Shalom (O Senhor é Paz) (Jz 6.23,24). O profeta Jeremias, quando falou contra os falsos pastores, disse que Deus levantaria a Davi um Renovo justo, que sendo rei, reinará, prosperará, praticará o juízo e a justiça na terra. Este Rei será chamado de Yahweh Tsidkenu (O SENHOR Justiça Nossa) (Jr 23.5,6). No conhecidíssimo Salmo 23, Davi descreve o SENHOR Yahweh Ra’ah (O Senhor é o Meu Pastor” (Sl 23.1).
3- Yahweh Shammah (v.35). Ezequiel denominou a Jerusalém do milênio por um dos nomes compostos de Deus que é Yahweh Shammah (O SENHOR está Ali) (Ez 48:35), que é um dos sete nomes compostos de Jeová encontrados no Antigo Testamento. Este título não é necessariamente um título de Deus, mas um nome para a cidade que Ezequiel viu. Este nome fala da presença de Deus no meio do seu povo. O profeta Isaías usou a palavra "Emanuel", referindo-se ao Messias, que era o próprio Deus habitando no meio do seu povo. Hoje, nós temos a presença do Espírito Santo, que é Deus, morando em nós. No milênio, Israel irá experimentar a presença real de Deus entre eles em toda a cidade. É isso que Yahweh Shammah revela.
A presença de Deus voltará definitivamente para o meio do seu povo e, onde Deus está, não entra nada imundo, pois Ele é santo. Por isso, na Jerusalém milenial haverá santidade em toda parte e não apenas no lugar santíssimo, como era no tabernáculo e no templo. É uma figura da Nova Jerusalém, onde o Senhor habitará com os santos e não haverá necessidade de templo, nem de sol, pois o próprio Deus estará conosco e nos iluminará.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 151-153.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 821, 822.
BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. Editora Vida. pág. 1172-1173.
SPANGLER, Ann. Orando com os Nomes De Deus: Guia diário para uma maior intimidade com Deus. Editora CPAD. 1 Ed. 2014.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Antigo Testamento. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 305.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3359.
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Ev. Weliano Pires
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