29 dezembro 2022

AS CONDIÇÕES PARA O AVIVAMENTO ESPIRITUAL (2 Cr 7.13-17)

(Comentário do 2º tópico da Lição 1: Avivamento espiritual). 

Neste segundo tópico falaremos sobre as condições para que o avivamento aconteça, que são uma crise, humilhação diante de Deus, oração busca pela face do Senhor e  conversão sincera. Se fizermos isso, o caminho estará preparado para que Deus produza o avivamento. O comentarista não cita aqui o conhecimento da Palavra de Deus como condição para o avivamento. Talvez porque não aparece no texto de 2 Crônicas 7.14. A busca pela Palavra de Deus é a primeira condição para um autêntico avivamento, pois é através da Palavra de Deus que conhecemos a adquirimos a fé.  Na lição 2, ele explica isso com mais detalhes. 


1- Uma crise. No tópico anterior vimos a definição de avivamento e que uma pré-condição para que ele aconteça é uma crise. Diante de uma crise, a tendência das pessoas que não temem a Deus é entregar-se ao medo, ao desespero e se revoltar contra Deus. Entretanto, no caso das pessoas que conhecem a Deus, o Senhor pode usar esta crise para levar o povo a buscá-lo. Sendo assim, uma crise torna-se uma condição para que o avivamento aconteça.


Com base no texto de 2 Crônicas 7.14, o comentarista apresenta quatro condições para que aconteça um avivamento: a crise, a humilhação, a oração e busca pela face do Senhor e uma conversão sincera  dos pecados. Quando Salomão inaugurou o templo de Jerusalém, por volta de 1004 a.C., ele fez uma longa oração a Deus. A glória de Deus se manifestou e o Senhor lhe respondeu, dizendo que havia ouvido a sua oração e que escolhera aquele templo para lugar de sacrifício. Em seguida, o Senhor falou da possibilidade dele fechar os céus para que não houvesse chuvas, ordenar os gafanhotos para que consumissem tudo e enviar pestes sobre o povo (2 Cr 7.13). 


Esta seria uma situação caótica, pois destruiria a economia e a saúde do povo. Uma situação assim, seria semelhante ao período de pandemia que nós atravessamos recentemente. O Senhor permite que crises assim aconteçam para que o seu povo desperte para buscá-lo e promete responder. Infelizmente, mesmo em crises desse tipo, muitas pessoas não buscam a Deus. Alguns ainda murmuram e querem culpá-lo pelas crises. Mas a Bíblia diz: "De que se queixa o homem? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados". (Lm 3.39). Em tempos de crise, precisamos identificar o tipo de crise que estamos atravessando. Há crises que são permissão de Deus para nos trazer para perto dele. Outras são consequências de ações impensadas ou decisões erradas, nossas ou de outras pessoas. O apóstolo Paulo disse que tudo aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7). 


Seja qual for a origem da crise, o primeiro passo para sair dela é buscar a Deus, como veremos a seguir. Os avivamentos ao longo da história tiveram início em meio a grandes crises espirituais, econômicas, revoluções, violências e inquietações sociais. Em momentos difíceis, servos do Senhor como Charles Finney, John Wesley, Moody, Jonathan Edwards, William Seymour e muitos outros, se dispuseram a buscar a Deus e vieram avivamentos da parte de Deus. Aliás, é importante lembrar que todo avivamento genuíno é realizado por Deus e não por avivalistas e pregadores. Muitos destes homens de Deus foram, inclusive, duramente criticados e incompreendidos até pelas lideranças da Igreja da sua época, acostumados à frieza espiritual e ao formalismo. 


2- Humilhação diante de Deus. Diante de crises permitidas por Deus, a primeira condição colocada por Deus a Salomão para que venha a resposta divina é a humilhação: “...Se o meu povo, que se chama pelo meu Nome, se humilhar…”. Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas. Ele é soberano, onipotente, onipresente e onisciente. Sendo assim, Ele não depende de nada e de ninguém para agir. Ele cria as próprias leis e não deve satisfação dos seus atos a ninguém. Diante deste Deus, cabe ao ser humano reconhecer a própria pequenez e insignificância e prostrar-se diante do Deus Todo-poderoso, humilhar-se e pedir misericórdia. 


Sempre que o povo de Israel estava em apuros por causa do pecado e se humilhava, Deus os socorria e dava vitória. Esta recomendação de se humilhar diante de Deus é dada também à Igreja. O Senhor Jesus falou aos seus discípulos que aprendessem dele , que é “manso e humilde de coração”. (Mt 11.29). O apóstolo Pedro assim recomendou aos crentes:  “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte”. (1Pe 5.6). Tiago também deu orientação semelhante: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.” (Tg 4.10). É importante esclarecer que humildade não é sinônimo de pobreza ou de andar maltrapilho. Nem todos os pobres humildes e nem todo rico é soberbo. Há pessoas que têm uma falsa humildade e chegam até a “se orgulhar da própria humildade”. 


A palavra humildade vem do grego “tapeinos” e está relacionada ao senso de insignificância em relação a si mesmo, total dependência de Deus e preocupação altruísta e ausência de arrogância e petulância. Ser humilde é submeter-se a Deus, sem orgulho religioso. A Bíblia diz que “Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes” (Tg 4.6). Jesus contou a parábola de um fariseu e um publicano, que foram ao templo orar. O fariseu, cheio de orgulho e autojustificação, orava agradecendo a Deus pelas próprias qualidades que ele julgava ter: não era como os demais, dava o dízimo , jejuar duas vezes por semana e orava três vezes ao dia. O publicano, por sua vez, não ousou erguer a cabeça diante de Deus e, de longe, batia no peito dizendo: tem misericórdia de mim, que sou um pecador. Jesus disse que o publicano foi justificado e o fariseu não,  “porque qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado,e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Lc 18.14). 


Em nossa geração tem muitos crentes que, influenciados pela teologia da prosperidade, acham que possuem “direitos” diante de Deus, “que tem créditos no Céu” e, arrogantemente, dão ordens, decretam e exigem que coisas aconteçam. Alguns chegam a fazer ameaças a Deus, dizendo que se Ele não fizer o que eles ordenam, rasgam as suas Bíblias e deixam de pregar. Quanta estupidez e arrogância! Deus é soberano e não se submete a ordens e caprichos de suas criaturas. Há inúmeros exemplos de soberbos que foram abatidos por Deus: Faraó, Senaqueribe, Nabucodonosor, Herodes, etc. 


3- Orar e Buscar a face do Senhor.  Depois da humilhação, o Senhor mostra a próxima condição que é a oração: “Se o meu povo […] se humilhar e orar…”. A oração é uma necessidade na vida do crente, diante das lutas, perseguições e dificuldades que ele enfrenta nesta vida. Por outro lado, a oração é um grande privilégio, pois, é através dela que nos comunicamos com o nosso Deus. O próprio Deus recomendou em vários textos ao seu povo para clamarem a Ele e prometeu responder. Um dos mais conhecidos é Jeremias 33.3, onde o Senhor diz: “Clama a mim, e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes.” No Novo Testamento também há várias recomendações para a Igreja orar. O apóstolo Paulo exortou aos Tessalonicenses: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Aos Efésios, o mesmo apóstolo disse: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). 


Não há possibilidade de haver avivamento sem oração. Infelizmente, em nossos dias, os trabalhos de oração são pouco frequentados. Até mesmo no início dos cultos, no momento da oração, vemos várias pessoas sentadas, conversando ou manuseando celulares, inclusive obreiros. Outros só chegam depois que a oração termina. Se não oram no templo, que é o local destinado exclusivamente ao culto a Deus, imagine em suas casas! Por outro lado, as festividades, onde há a presença de “celebridade gospel", quem não chegar cedo não encontra lugar. Nestas festividades, pessoas que nunca estão presentes na oração fazem muito barulho e simulam estarem “avivadas”. Porém ao acabar o evento, o avivamento vai embora. 


Junto com a oração, o Senhor diz que é preciso “...buscar a minha face”. “ Buscar a face do Senhor vai muito além de apenas fazer oração com os lábios. Significa buscar a sua presença de forma intensa. Deus falou para Abraão: “...anda em minha presença e sê perfeito.” (Gn 17.1). Enoque andou com Deus por 300 anos e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou. (Gn 5.24). Moisés rogou a Deus que a sua presença fosse com ele: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.” (Ex 33.15). Precisamos buscar a Deus não apenas pelo que Ele pode nos oferecer. É preciso buscar a sua presença e andar com Ele. Para andar com Deus, no entanto, precisa estar de acordo com os seus princípios, pois não andarão dois juntos, se não estiverem de acordo (Am 3.3). Somente assim o avivamento virá. 


4- Conversão sincera dos pecados. A última condição para o avivamento é a conversão sincera dos pecados: “Se o meu povo […] se converter dos seus maus caminhos”. Quando falamos de conversão e arrependimento nos referimos a mudança de direção. Se houver humilhação, oração e busca pela presença de Deus, mas não houver abandono do pecado, a resposta de Deus não virá. Deus falou através do profeta Isaías: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar e o seu ouvido não está agravado para não poder ouvir. Mas os vossos pecados fazem divisão entre vós e o vosso Deus” (Is 59.1,2). Deus é absolutamente santo e não pode compactuar com a iniquidade. 


Todos os avivamentos, tanto na Bíblia como na história da Igreja, foram precedidos de confissão e abandono do pecado. Não pode haver avivamento onde o pecado é praticado livremente. Infelizmente, vemos em nossos dias, pseudo avivamentos, onde as mesmas pessoas que supostamente estavam “avivadas” em uma festividade na Igreja, praticando abominações ao saírem do local. Há alguns anos, um líder da Igreja em Camboriú-SC, que promovia anualmente congressos de missões com a presença de vários pregadores e cantores famosos, declarou publicamente que, pregadores pregavam lá e ele sentia o cheiro de bebidas alcóolicas no púlpito. Outros, segundo ele, saíam dos congressos e iam para motéis com cantoras também evangélicas. Mas durante as suas pregações e cânticos, sapateavam e faziam barulho. Ora isso é abominação ao Senhor! Santidade convém ao povo de Deus. Se continuarmos na prática do pecado, não haverá avivamento genuíno, haverá apenas teatro e fingimentos. 


5- Um caminho preparado. Um grande equívoco do calvinismo é achar que Deus faz tudo sozinho e o ser humano é uma espécie de marionete nas mãos de Deus. Este texto de 2 Crônicas 7.4 deixa claro que Deus faz a parte dele, mas coloca várias condições para que isso aconteça. Deus prometeu ouvir a oração, perdoar os pecados e sarar a terra, desde que haja humilhação, oração, busca pela sua presença e conversão dos pecados. É evidente que o ser humano por si mesmo não é capaz de fazer tudo isso sozinho. Mas ele precisa querer e dar espaço para o Espírito Santo agir em seu interior, levando-o ao quebrantamento e à conversão. Nesse sentido, o Espírito Santo diz: "Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração". (Hb 3.7).


Se fizermos a nossa parte, conforme a orientação de Deus dada a Salomão, o caminho estará preparado para o avivamento. Aquele que prometeu é fiel. Jesus antes de subir ao Céu, ordenou aos seus discípulos, que ficassem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder. Mais de 500 pessoas viram o Senhor ressuscitado. Mas, no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu, só haviam 120. Isto significa que a grande maioria dos que ouviram a promessa não perseveraram na oração, para receber a promessa do Pai. Se quisermos um avivamento para a nossa Igreja e que Deus salve a nossa nação, o segredo é perseverar na humilhação, oração, busca pela presença de Deus e santidade. A resposta de Deus virá. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

DUEWEL, Wesley L. Fogo do avivamento: O avivamento de Deus através da história e sua aplicação para hoje. Editora Hagnos. Ed. 2015.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 707.

SELMAN, Martin J. Introdução e Comentário 1 e 2 Crônicas. Editora Vida Nova. pág. 269-270.

JÚNIOR, Richard L. Pratt. Comentário do Antigo Testamento. 1 e 2 Crônicas. Editora Cultura Cristã. Ed. 2008.

PFEIFER, Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. 2 Crônicas. Editora Batista Regular. pág. 16.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 707.


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Ev. Weliano Pires

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