16 dezembro 2022

SOBRE O CONTEXTO GEOLÓGICO DO VALE DO MAR MORTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 12: Imersos no Espírito nos últimos dias)

No terceiro tópico desta lição, falaremos do contexto geológico do Mar Morto. Geologia é a ciência natural que estuda a Terra e sua origem, composição, história, vestígios deixados por fósseis, transformações, idade e outras coisas relacionadas ao planeta. A  palavra geologia deriva de dois vocábulos gregos: “geo” (Terra) e “logos” (estudo, doutrina). 


A região do Mar Morto ou Mar Salgado é a parte mais baixa do globo terrestre, pois fica a 396 metros abaixo do nível do mar. Devido à grande quantidade de sal, não nascem plantas na região e os animais não sobrevivem ali. Entretanto, nesta visão, Ezequiel viu uma grande quantidade de árvores e uma multidão de peixes (Ez 47.7-9). Isso mostra a restauração da criação que acontecerá no Milênio. O profeta viu ainda alguns charcos lanceiros com sal, que não foram restaurados. No quarto subtópico falaremos sobre o significado disso.  


1- A abundância de árvores (v.7). No versículo 7, do capítulo 47, Ezequiel diz o seguinte: “E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda”. Esta localização geográfica, descrita na profecia aponta para a região do Mar Morto, chamado na Bíblia de “Mar das Campinas ou Mar Salgado” (Js 3.16). As águas do Rio Jordão desembocam neste mar. Há um vale desértico no final do Rio Jordão, chamado de Vale do Arabá (heb. A’ravah), que vai desde a região da Galiléia até o Mar Morto. Nesta região ficavam as cinco cidades-estado (Pentápolis), dos dias de Ló: Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar, que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre, por causa do pecado. Neste vale há uma concentração de sais minerais muito grande, que não nasce nada, nem mesmo capim (Dt 29.23). Por não haver água doce e o solo ser extremamente salgado, não há nenhuma espécie de vida animal ou vegetal na região, exceto alguns tipos raros de bactérias, que são resistentes ao sal.


A profecia de Ezequiel 47, no entanto, afirma que as águas sanadoras que fluirão do templo banharão este vale e fertilizarão estas terras, a ponto de produzirem uma grande abundância de árvores de um lado e do outro, do vale que hoje é deserto e estéril por causa da grande concentração de sais minerais. Ezequiel ficou perplexo, pois ele conhecia aquela região desértica, símbolo de esterilidade e ausência de vida e agora a via semelhante ao Jardim do Éden, com o verde abundante das árvores nas margens de um rio de águas sanadoras correntes.


2- O Mar Morto (v.8). No versículo 8, do capítulo 47, o guia celestial fala para Ezequiel qual é o destino final destas águas: "Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.” Este mar que aparece aqui é o Mar Morto. Antes da destruição das cinco cidades, era chamado de Vale de Sidim. Depois, passou a se chamar Mar de Sal (Gn 14.3), Mar das Campinas ou Mal Salgado (Js 3.16). Este mar é chamado de Mar de Sal, por causa da enorme concentração de sal que as suas águas possuem, que é em torno de 30%. Para se ter uma ideia dessa proporção de sal, as águas dos oceanos possuem apenas 3%, ou seja, as águas do Mar Morto possuem 10 vezes mais sal do que as águas dos oceanos. 


Este mar, na verdade, é um lago com cerca de 60 km de comprimento e 22 de largura no ponto mais largo. Apesar de receber água doce do Rio Jordão e de outros córregos, elas se tornam extremamente salgadas, a ponto de uma pessoa flutuar nelas e não conseguir mergulhar devido a densidade altíssima da água salgada. Como não há escoamento desta água ela sai através da evaporação. A temperatura é bastante elevada no local. A média no verão fica entre 32 e 39°C. e no inverno, entre 20 e 23°C. O Mar Morto está situado no ponto mais baixo da terra e fica a 396 metros abaixo do nível do mar. 


3- Vida no Mar Morto (vv.9,10). Nos versículos 9 e 10, e guia celestial que todos os seres vivos que passarem pelas águas sanadoras, que desembocarão no Mar Morto, viverão.  Haverá também lugares para os pescadores estenderem as suas redes na região desde En-gedi até En-glaim e haverá uma multidão de peixes, como Mar Mediterrâneo. 


En-gedi (no hebraico, a pronúncia é "En - Guedi") é um pequeno Oásis, que fica na região da Judéia, próximo ao Mar Morto (Já 15.62). Davi se abrigou neste local quando foi perseguido por Saul (1 Sim 23.29; 24.1). A localização de En-glaim é incerta. Alguns comentaristas dizem que seriam a outra margem do Mar, onde está localizada a Jordânia atualmente, mas há controvérsias, por causa da indicação da direção na linguagem da profecia.


O fato é que não há precedentes na história de um cenário de prosperidade e vida naquela região como este visto por Ezequiel. Um lugar tomado pelo sal e pela esterilidade, onde não nascia sequer capim, transformado em um rio de águas puras e cristalinas, com uma multidão de peixes e pescadores trabalhando no local. Este será o ambiente de vida e prosperidade que o Reino de Cristo proporcionará no Milênio. 


4- Sobre os charcos lamaceiros com sal que não será restaurada (v.11). Neste contexto de árvores frutíferas nas margens do rio, cheio de peixes, no versículo 11 é dito que os charcos e os seus pântanos não serão restaurados e que ficarão para sal. Charcos e pântanos são buracos onde a água fica parada e acumula sujeira e resíduos orgânicos, tornando-se imprópria. 


Soa estranho que no meio de uma área onde as águas são completamente restauradas a ponto de produzir árvores frutíferas e peixes em abundância, fiquem algumas poças de águas salinizadas e não restauradas. Essa parte da profecia tem gerado controvérsias entre os intérpretes. Alguns entendem que, devido a dessalinização de todo o Vale do Arabá e do Mar Morto, a manutenção destes charcos com águas salinizadas seria benéfico para a economia no milênio. Outros, no entanto, acreditam que isso é simbólico e indica que, mesmo após a restauração nacional e espiritual de Israel, ainda haverá pecados, envelhecimnto e mortes no milênio, apesar de ser em escala muito inferior ao que ocorre hoje (Is 65.20-23). O pecado e a morte seriam exceções. O envelhecimnto seria muito diferente do que é hoje. Uma pessoa de 100 anos, por exemplo, seria considerada jovem. Há ainda a interpretação absurda do calvinismo extremado, que diz ser plano de Deus que alguns permaneçam no pecado, pois Deus se aproveita disso também. Não dá para afirmar com certeza, o que esta parte significa. Mas dá para rejeitar esta posição calvinista, pois ela atenta contra o caráter santo de Deus. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 140-141.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3354, 3355.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 624-627.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1084


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Ev. Weliano Pires


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