Imagem: Pr. Luiz Henrique de Almeida |
(Comentário do 2º tópico da Lição 13: O Senhor está ali)
Neste segundo tópico falaremos sobre os nomes das doze tribos de Israel, que estarão nas doze portas da cidade. Falaremos também sobre os critérios para a ordem em que estarão escritos e o propósito deste nomes constarem nas portas da Jerusalém milenial, que é estabelecer um memorial das doze tribos de Israel. Diferente da Jerusalém do milênio, na Jerusalém celestial constará também os nomes dos doze apóstolos de Cristo, representando a Igreja do Senhor.
1- As doze tribos de Israel. A nação de Israel foi criada e organizada pelo próprio Deus, em um sistema patriarcal. Neste sistema, a sociedade é formada por clãs ou tribos, onde o chefe ou fundador de uma família ou tribo, governa o seu grupo. Deus chamou um homem da cidade de Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia, e ordenou que ele saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse para um terra que Deus lhe mostraria. Deus prometeu abençoá-lo, multiplicar os seus descendentes e fazer daquele homem uma grande nação, na qual seriam benditas todas as famílias da terra. Este homem era Abrão e sua esposa, Sarai. Eles não tinham filhos e obedeceram ao chamado de Deus. Depois que saíram, Deus fez uma aliança com eles e mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara.
Os anos foram passando, o casal foi envelhecendo e nada de filhos. Sara, que era estéril, adotou um costume da época de entregar a escrava para o marido tivesse filho dela e este filho seria deles. Mas este não era o plano de Deus. Depois que o menino nasceu, Deus falou com eles novamente e reafirmou a promessa de que o casal teria um filho, a quem deveriam dar o nome de Isaque e da descendência dele, Deus faria uma grande nação.
Isaque cresceu e casou-se com a sua prima Rebeca, com quem teve dois filhos: Esaú e Jacó. Destes, Deus escolheu Jacó, para dar continuidade ao Seu projeto de formar uma grande nação. Até então, Abraão e Isaque adotaram a monogamia. Mas Jacó, talvez influenciado pela cultura dos arameus, o seu sogro vivia, casou-se com duas irmãs: Lia e Raquel. Jacó amava Raquel e trabalhou sete anos para conseguir casar com ela, mas foi enganado pelo sogro, que lhe deu a filha mais velha, Lia, como esposa. Jacó trabalhou mais sete e, finalmente, casou também com Raquel. As duas esposam deram também a Jacó, as suas servas Zilpa e Bila, como concubinas. Destas quatro mulheres, Jacó teve doze filhos e uma filha. Por ordem de nascimento, esta é a lista dos filhos de Jacó: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, Diná, José e Benjamim.
Estes doze filhos, excluindo-se a filha, deveriam formar as doze tribos de Israel, quando entrassem na terra prometida. Alguns fatos aconteceram ao longo da história desde Canaã, passando pela escravidão no Egito e pelas peregrinações no deserto. Rubens, o primogênito, desonrou o pai, deitando-se com uma das suas concubinas. Depois, Jacó adotou os filhos de José, o seu filho preferido, como seus filhos. Sendo assim, a tribo de José tornou-se duas, pois Efraim e Manassés, filhos de José, passaram a ser contados como tribo. Os descendentes de Levi foram escolhidos por Deus para ser a tribo sacerdotal. Foram contados como uma tribo, mas para efeitos de herança e de operações militares não eram contados.
Há, no entanto, cerca de 20 listas dos filhos de Jacó na Bíblia, com algumas diferenças entre elas, nos nomes e na ordem em que eles aparecem. Em algumas não aparece o nome de Levi (Nm 1.5-17); em outras, aparecem os nomes de José, Manassés aparecem juntos (Nm 1.5-17); em outras, José não aparece; e, na única lista que aparece no Novo Testamento, não aparecem os nomes de Efraim e Dã (Ap 7.4-8). As explicações e interpretações para algumas ausências e divergências na ordem do são diversas. Em alguns casos, a lista era uma contagem militar, ou de herança e, portanto, a tribo de Levi não era contada. No caso da lista de Ezequiel é uma referência aos territórios dessas tribos no milênio. A lista do Apocalipse, por sua vez, é uma referência aos 144 mil vindos de todas as tribos de Israel, na Grande Tribulação.
2- Critério da ordem dos nomes. Sabemos que nada está na Bíblia por acaso e que há propósito para tudo o que foi escrito. Com relação à ordem em que aparecem os nomes dos filhos de Jacó, nas diversas listas, não é diferente. Os escritores bíblicos foram inspirados pelo Espírito Santo e escreveram conforme a inspiração divina que receberam. Não sabemos exatamente o critério estabelecido para uns nomes constarem em uma lista e em outras não, ou aparecerem em ordens diferentes. Há apenas interpretações e especulações diversas sobre isso.
A lista dos filhos de Jacó, mencionada por Ezequiel não segue a ordem de nascimento dos filhos, conforme aparece em Gn 29.32-35; 30.4-13,17-27; 35.16-18. No capítulo 49 de Gênesis, quando Jacó reuniu os seus filhos e profetizou sobre eles, seguiu a ordem de nascimento dos filhos, começando com os seis filhos de Lia e terminando com os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.
Ezequiel, por sua vez, cita os filhos de Jacó de acordo com a ordem das mães, com algumas variantes. No caso dos filhos de Lia, ele inverteu a ordem, colocando Zebulom, que é o décimo filho, na frente de Issacar, que é o nono. Alterou também os filhos das servas, começando com o primeiro filho de Bila, que é Dã, seguindo com os dois filhos de Zilpa, que são Gade e Aser, e volta ao segundo filho de Bila, que é Naftali. Por último, coloca os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.
3- Propósito dos nomes. Qual era o propósito de ter os nomes dos patriarcas dos filhos de Israel, nas portas da cidade do milênio? Primeiro precisamos entender a cultura da época e os critérios para se escolher os nomes das pessoas, que eram totalmente diferentes da nossa cultura ocidental do século XXI. Mesmo em nossa cultura, os critérios variam de acordo com a época e o local.
Na Babilônia, por exemplo, era comum colocar o nome de deuses as portas das cidades e até no nome das pessoas, como no caso de Daniel e seus companheiros que receberam outros nomes com referências aos deuses da Babilônia: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abed-Nego. O povo de Israel também usava referências a Deus nos nomes das pessoas. A palavra hebraica "El" (Deus) está presente em vários nomes: Eli, Samuel, Elias, Eliseu, Ezequiel, Daniel, etc. Há também abreviatura do tetragrama YHWH (Yahweh) em vários nomes, como Isaías, Jeremias, Obadias, Sofonias, Zacarias, Malaquias, etc. Todos estes nomes terminam com "Yah" (abreviação de YHWH) e no início, há alguma petição, louvor, ou afirmação sobre Yahweh.
Os antigos hebreus costumavam colocar um único nome nos filhos. Não havia sobrenomes ou prenomes. Para evitar confusão com outros nomes, às vezes acrescentavam a palavra hebraica "Ben" (filho de), mais o nome do pai. Os nomes não eram escolhidos aleatoriamente como hoje. Alguns eram emprestados de animais, plantas e fenômenos da natureza, como por exemplo Raquel, que significa "ovelha"; Tamar, que significa "palmeira" e Balaque, que significa "relâmpago".
Muitos nomes eram escolhidos também pelas características físicas, como no caso de Esaú, que significa "cabeludo". Outros nomes eram dados pelas circunstâncias em que se deu o nascimento, como caso do neto de Eli, que recebeu o nome de "Icavod" (foi-se a glória), porque na ocasião do seu nascimento os filisteus levaram a Arca da Aliança para a terra deles. Tinha também os nomes que eram atribuídos à pessoa de acordo com alguns traços do seu caráter, como Nabal (tolo) e Noemi (agradável).
Os israelitas, por serem a nação eleita por Deus para, através dela, enviar o Messias, valorizavam muito as genealogias e os nomes dos antepassados. As heranças, e sucessões de reis e sacerdotes, eram estabelecidos com base no critério genealógico. Tinha ainda as profecias relacionadas ao Messias, que indicavam que Ele seria descendente de Davi. Então, os descendentes de Davi conservavam as informações das suas genealogias.
O nome de alguém em em uma porta da cidade ou nas colunas era uma forma de homenagear, como acontece hoje em nomes de ruas ou edifícios públicos. Era também uma forma de indicar a possessão de um território, pois em Israel a terra não poderia ser vendida e tinha que ficar com os herdeiros.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 149-150.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 488.
WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário Bíblico Atos Antigo Testamento. Editora Atos. pág. 750.
PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. págs. 1370; 1472.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pág. 518.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 227.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 216.
LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, o Livro das origens. Editora Hagnos. Ed. 2021.
Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.
Ev. Weliano Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário