11 novembro 2022

SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: A responsabilidade é individual). 

Veremos neste terceiro tópico a reação de Israel a Deus, por causa do cativeiro. O povo que estava no cativeiro se achava injustiçado por Deus. Mas Deus lançou-lhes duas perguntas retóricas, que são afirmações em forma de perguntas. Deus disse: Não é o meu caminho direito? E  não são os vossos caminhos tortuosos? As respostas para ambos os questionamentos eram obviamente sim e eles sabiam disso. Deus é justo em tudo o que faz e é misericordioso para com o pecador arrependido.


1- Uma pergunta retórica (v.25). Pergunta retórica é um recurso literário que consiste em formular uma pergunta, cuja resposta é conhecida do interlocutor. O objetivo não é obter a resposta, mas afirmar ou insinuar um enunciado, levando o interlocutor a refletir sobre o assunto. Aqui Deus faz duas perguntas retóricas ao povo: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?. O povo sabia perfeitamente as respostas para estas duas perguntas. Eles sabiam que Deus é justo e que eles haviam pecado. Como se diz na linguagem popular, estavam se fazendo de bobos. 


A palavra "direito", usada na primeira pergunta retórica, vem de uma raiz hebraica que fala sobre pesagem, ou equilíbrio. Em sentido figurado significa justiça. Então, o que Deus queria que eles entendessem, e apela para a consciência deles, é que Ele é absolutamente justo em seus julgamentos. Deus nunca comete injustiça, pois isso iria contra o seu caráter, que é justo e santo. 


Na segunda pergunta retórica, Deus chama a atenção para os próprios caminhos do povo. Eles transgrediram as leis do Senhor e foram alertados pelos profetas durante muitos anos, principalmente pelo profeta Jeremias. A nossa consciência é o nosso juiz interno e nos acusa daquilo que fazemos. Diante dos homens, que não conhecem o que é feito em oculto, é possível fingir e se esconder. Mas diante do Deus que é Onisciente e conhece todos os mistérios, não adianta fingir-se de inocente, pois Ele traz às claras todas as coisas. Aquele povo seguia uma máxima atribuída a Lenin, que diz: "acuse os seus adversários daquilo que você faz e chame-os daquilo que você é." Eles acusavam Deus de praticar a injustiça que eles mesmos praticavam. 


2- Sobre a justiça. As palavras traduzidas por justiça em nossa Bíblia são, respectivamente, tsedek e tsadakah, no hebraico, e dikaiosune, em grego. O significado é justiça, no sentido de retidão e não apenas no sentido legal como acontece atualmente. São palavras usadas na Bíblia em relação a Deus e aos homens. O conceito de justiça na Bíblia se refere a uma conduta reta, um governo justo, o pagamento de dívidas a quem tem direito, a retribuição, a regra da lei e o respeito à lei. 


A justiça é um dos atributos comunicáveis de Deus, que são aquelas caraterísticas de Deus, inerentes ao seu Ser, que ele compartilha até certo ponto com os seres humanos. Deus é justo em seu caráter e em tudo o que Ele faz. Um dos títulos de Deus que revelam o seu caráter é Yahweh Tsidkenu, que traduzido significa o Senhor é a nossa justiça. 


Deus manifesta a sua justiça quando premia o justo e quando castiga o ímpio. Deus é o Juiz de toda a terra (Gn 18.25). Todos os injustiçados clamam a Deus por justiça (Gn 4.10). Deus não criou o universo e o abandonou à própria sorte, como ensina o deísmo. Deus é o criador do Universo, mas é também o seu mantenedor. Aqui neste mundo, Deus julga as ações dos seres humanos e nações e lhes impõe limites, para que eles não se autodestruam. Mas, Ele estabeleceu um dia em que julgará o mundo. (At 17.31). Neste dia, denominado Juízo Final, serão julgadas as ações, intenções e omissões dos seres humanos, em todas as épocas, com a mais absoluta justiça. Neste julgamento ninguém será absolvido. As provas serão irrefutáveis e o juiz, absolutamente correto, imparcial e incorruptível.


3- O arrependimento (vv. 27,28). Deus é absolutamente justo e santo em sua essência, como falamos acima. Mas Deus é também amoroso e misericordioso. Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos frágeis e falhos. Nenhum ser humano é justo em sua própria essência, pois a nossa natureza foi corrompida pelo pecado. Se Deus fosse aplicar rigorosamente a sua justiça para punir o pecador, ninguém se salvaria. Por isso, na sua infinita bondade e misericórdia, Deus oferece ao pecador o seu perdão, caso ele se arrependa dos seus pecados e volte-se para Deus. 


Além de oferecer, de forma gratuita e imerecida, o seu perdão ao pecador, Deus atribui a este a Justiça de Cristo, declarando-o justo. Nós tínhamos uma dívida impagável com a Justiça de Deus, que exige a punição do pecador. Contra nós pesava uma sentença de morte eterna. Da nossa parte, não havia nada que pudesse ser feito para pagar esta dívida e rasgar esta sentença. Mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, assumiu a forma humana, pagou o preço da nossa libertação e agora oferece o perdão a todos os que crerem em Seu Filho Jesus e o receberem como Senhor e Salvador. Todos os seres humanos, sem exceção, precisam de Salvação e Jesus Cristo é o Único Salvador (Rm 3.23; At 4.12). 

 

REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias; SOARES. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pags. 89,90.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3248.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 1. Editora Cultura Cristã. pag. 535-537.

DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Salmos. pág. 22-23.

Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp. 456,57.


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