25 novembro 2022

SOBRE O CONTEXTO ESCATOLOGICO


(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Gogue e Magogue, um dia de juízo).

Neste terceiro tópico falaremos sobre o contexto escatológico de Gogue e Magogue. É difícil precisar quem serão estes inimigos de Israel, que virão do Norte (Ez 38.15). Sabemos apenas que uma coalizão invadirá Israel, mas será derrotada pelo Senhor, que lançará confusão sobre eles e se autodestruirão (Ez 38.21-23). Muitos associaram Magogue à Rússia, no período da guerra fria. Agora com a guerra da Ucrânia, o assunto retornou. É importante destacar também que Gogue e Magogue de Ezequiel são diferentes de Gogue e Magogue de Apocalipse 20.8. 


1- Gogue e Magogue. No capítulo 38, versículo 2, repetido no capítulo 39, versículo 2, encontramos a seguinte expressão, na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC): “Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque, e Tubal”. (38.2; 39.1). Na Nova Almeida Atualizada (NAA), o mesmo texto está assim: “Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal.” A palavra Magogue é omitida no texto do capítulo 39. A expressão “Rôs”, que aparece na NAA e em outras versões da Bíblia, é uma transliteração do termo hebraico ro’sh, que tem vários significados: cabeça, chefe, pico, monte, parte superior. Seguindo a Septuaginta, algumas versões transliteraram “Rosh” por “Rôs” e o colocaram como um nome próprio. 


Este texto representa um grande desafio para os expositores bíblicos e, como já falamos nos tópicos anteriores, há divergências nas interpretações. Para alguns, Gogue seria o rei Gyges, da Lídia, um reino antigo da Anatólia, que existiu entre os anos de 1200 a.C. até 546 a.C. cuja capital se chamava Sardis. Esta interpretação não faz muito sentido, pois este rei havia sido morto em 644 a.C. pelos assírios, antes do cativeiro babilônico e o seu país devastado. 


Outros entendem que Gogue e Magogue são apenas nomes simbólicos para os inimigos do povo de Deus e não seria uma batalha real. Há ainda os que acham que são dois nomes genéricos para indicar um futuro inimigo de Israel, sem indicar necessariamente a região. John MacArthur, por exemplo, em sua Bíblia de Estudo, defende esta interpretação e associa a profecia de Ezequiel com o Gogue e Magogue do final do Milênio: “Esses títulos são usados ali simbolicamente para a última insurreição do mundo contra Jerusalém e seu povo e contra o Rei Messias.”


A interpretação dispensacionista, que é a linha escatológica adotada pela Assembleia de Deus, entende que Gogue será o líder de uma coalizão que se levantará contra Israel, após o arrebatamento da Igreja para destruir a nação de Israel, durante o período da Grande Tribulação. Não sabemos, contudo, com certeza, quem serão estes povos. As evidências atuais apontam para a Rússia e os países mulçumanos, devido ao ódio que nutrem por Israel e as regiões em que vivem esses povos, que podem ser relacionadas com os lugares citados por Ezequiel. Mas não podemos afirmar com certeza, até porque o texto bíblico não revela e não sabemos o dia do arrebatamento da Igreja. Se Cristo não voltar logo, a geopolítica global pode mudar. 


2- Como a Rússia aparece nesse contexto? No versículo 1 do capítulo 39 de Ezequiel, lemos o seguinte: “...Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal.” (Ez 39.1b). As palavras príncipe e chefe, no texto hebraico são “archonta rhos”. Os tradutores da versão grega traduziram estas palavras por “príncipe de Rôs”, pois entenderam que o termo hebraico “Rosh”, que significa “cabeça, chefe, pico, monte, parte superior”, seria o nome de uma nação. Várias versões da Bíblia como a Tradução Brasileira, Almeida Revista e Atualizada e Nova Almeida Atualizada seguiram esta tradução e o texto ficou assim: “...Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal.”


Partindo desta tradução e considerando a semelhança de sons entre as palavras Rôs e Rússia, muitos intérpretes identificaram este Rôs com a Rússia e Gogue, com o líder da Rússia. Estes intérpretes seguem a mesma linha, identificando Meseque com Moscou capital da Rússia e Togarma com Tobolski, outra cidade da Rússia. 


3- Origem da interpretação. Diferente do que pensam alguns, que acusam os pentecostais de fazer esse tipo de interpretação, ela não veio dos pentecostais. Isso vem desde o período bizantino (395-1453 d.C.). Em seu léxico hebraico, o alemão Genesius  (1787-1842), já identificava o “Rosh” de Ezequiel com os russos. Durante a chamada guerra fria, no período em que a União Soviética teve grande influência na geopolítica mundial, muitos a associavam a Magogue. Com o fim do bloco soviético em 1989, o assunto foi deixado de lado. Entretanto, a Rússia continuou lá, como uma grande potência econômica e nuclear. Com a invasão russa à Ucrânia este ano, o assunto voltou a ser discutido. 


Entendemos que, independente de quem seja Gogue, Magogue, Meseque, Tubal e seus aliados, o importante é sabermos que Deus falou que estes confederados irão se unir contra Israel no final dos tempos, mas serão derrotados na terra de Israel pelo próprio Deus. Ninguém que se levanta contra Deus e o seu povo, sai impune. A história mostra vários reis e impérios poderosos que se levantaram para destruir Israel e foram reduzidos a nada. Vale ressaltar que as vezes em que Israel foi derrotado, foi permissão de Deus por causa do pecado. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 108; 11,112.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 790.

MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pág. 1057.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pág. 1076.

LAHAYE, Tim & HINDSON, Enciclopédia popular de profecia bíblica. Editora CPAD, Ed. 2008, pag. 244.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11 ed. 2013. pag. 924.


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Ev. Weliano Pires.

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