29 novembro 2022

SOBRE O SIGNIFICADO DO VALE DE OSSOS SECOS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel)


Este primeiro tópico traz o significado da visão do vale de ossos secos, que Ezequiel teve. O Senhor explicou ao profeta que aquela visão representava a casa de Israel. O povo de Israel estava no cativeiro, mas voltariam à sua terra, depois seriam dispersos novamente. Entretanto, Deus prometeu restaurá-los novamente, nacional e espiritualmente.


1- Os Ossos Secos (vv. 1,2). Ezequiel descreve a visão do capítulo 37, nos versículos 1 e 2, dizendo que a mão do Senhor veio sobre ele e o levou "em espírito" a um vale. Ele não diz que vale era este, ou se era um lugar geográfico real. Na visão que ele tivera anteriormente, quando viu as abominações no templo, ele também foi levado em espírito e não corporalmente, porém, tratava-se de um lugar real, conhecido do profeta. 


No capítulo 3, quando Deus o constituiu como "O Atalaia de Israel", Deus ordenou que ele descesse ao vale e lá, o Senhor falaria com ele: "E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e ele me disse: Levanta-te e sai ao vale, e ali falarei contigo. E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto". (Ez 3.22,23). O artigo definido "o", que aparece junto à preposição "a", antes da palavra "vale" indica que era um lugar conhecido do profeta. Não é o caso do vale da visão dos ossos secos, onde ele fala que era "um vale" e que ele foi "levado em espírito". 


Também não é possível saber se a multidão de ossos secos vista por Ezequiel eram reais, ou apenas uma visão. Entretanto, na invasão babilônica à terra de Judá, a carnificina foi gigantesca e morreram milhares de judeus. O profeta Jeremias profetizou isso, bem antes de acontecer: "E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará". (Jr 7.33). Moisés também havia alertado o povo antes de adentrarem à terra prometida de que o castigo para a idolatria seria o cativeiro e cadáveres insepultos, sendo comidos por aves de rapina: "E o teu cadáver será por comida a todas as aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará." (Dt 28.26). Então, embora fosse possível encontrar um vale cheio de ossos humanos naquela época, não sabemos se esta visão era uma cena real, com uma multidão de esqueletos secos, ou apenas uma ilustração. O fato é que Israel estava no cativeiro, a sua terra estava desolada e eles não tinham nenhuma esperança de retornarem, apesar das profecias que indicavam que o cativeiro duraria setenta anos e que Deus os traria de volta à sua terra. 


2- O Significado. Quando falamos em visão, estamos nos referindo a uma revelação visível de Deus a alguém, estando esta pessoa acordada. Existem visões que são sobre fatos reais e se referem ao tempo presente. Nos dias do rei Acabe, por exemplo, o profeta Micaías viu Israel disperso como ovelhas que não têm pastor. Nesta visão, Deus mostrou que Acabe seria morto na guerra contra a Síria no presente e, de fato, isso aconteceu. 


Existem também visões que são simbólicas, cujos significados não são revelados, como algumas visões de Daniel, as de Zacarias e as do Apocalipse. Nestes casos, é preciso estudar os símbolos, comparar com outros textos bíblicos e fazer a devida interpretação. Nesse tipo de visão, é possível haver mais de uma interpretação.


Há também visões que, apesar de serem simbólicas e serem para o futuro, no próprio texto bíblico tem a explicação do significado. É o caso desta visão do vale de ossos secos. Ezequiel teve a visão, recebeu ordens para profetizar aos ossos secos, dizendo que o Senhor iria ordenar ao espírito que entrasse neles e lhes nasceria carnes, nervos e peles, e assim aconteceu. 


Depois disso, Deus explicou o que significava aquela visão: "...Estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados." (Ez 36.11). O povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Portanto, não havia mais nenhuma esperança de retorno à sua pátria e eles se sentiram como esqueletos humanos, sem nenhuma chance de voltar a viver. Alguém que está no exílio, mas o seu país ainda existe, tem esperança de que mude o governo e ele possa voltar. Mas, em Israel não havia mais estado e a nação havia sido devastada pela Babilônia.


3- As promessas de Deus. Deus prometeu que se Israel se afastasse da Sua Lei e entregasse ao pecado, Ele os puniria com o cativeiro (Lv 26.33-37; Dt 28.25,36,37). Israel não deu ouvidos e as promessas divinas foram cumpridas, tanto no Reino do Norte, que foi levado para a Assíria, quanto no Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia. Agora, com esta visão, Deus mostrou a situação de desesperança de Israel, como um vale de ossos secos, que não tem nenhuma chance de voltar a viver por meios naturais.


Entretanto, em meio a esta situação desoladora do cativeiro, Deus prometeu trazê-los de volta, como aliás, já havia prometido antes mesmo deles irem: “E há esperanças, no derradeiro fim, para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para o seu país. (Jr 31.17). No cativeiro, o Senhor reafirmou a sua promessa de restauração: “Portanto, dize: Assim diz o Senhor Jeová: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel. (Ez 11.17). Nos versículos 11 a 14, do capítulo 37 de Ezequiel, depois de explicar a Ezequiel que aqueles ossos secos simbolizam a casa de Israel, de novo, Deus promete a restauração deles.


No 4º Trimestre de 2007, estudamos o trimestre inteiro, sobre as promessas de Deus, com comentários do renomado pastor, Geremias do Couto. Na primeira lição estudamos sobre “o caráter das promessas de Deus”. O comentarista nos ensinou que as promessas de Deus são um “ato amoroso, por meio do qual, o Senhor estabelece um compromisso fiel e santo com os seus servos”.


É importante lembrar que existem vários tipos de promessas de Deus: as promessas gerais, as promessas individuais, as promessas para Israel e as promessas para a Igreja. Há também, promessas que são incondicionais, ou seja, elas irão se cumprir, independente das ações humanas. Eis alguns exemplos de promessas incondicionais: a vinda de Jesus, o triunfo da Igreja, a condenação dos pecadores impenitentes, etc. Entretanto, há promessas de Deus que são condicionais à obediência, ao arrependimento, às contribuições, à oração, à perseverança, etc. Portanto, precisamos ter muito cuidado para não aplicar promessas que foram feitas a Israel, em um determinado momento, à Igreja ou ao crente em particular.


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Ev. Weliano Pires

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