(Comentário do 1º tópico da lição 06: A Justiça de Deus)
Muitas pessoas têm dificuldade de compreender os juízos de Deus, pois atentam apenas para o seu infinito amor. Esquecem que Deus é amoroso, compassivo e bom, mas também é o Juiz de toda a terra (Gn 18.26). Os discursos proféticos do Antigo Testamento nos mostram as ações de Deus que nos fazem entender os juízos divinos.
1- O discurso profético. Conforme vimos na lição passada, os profetas no Antigo Testamento eram pessoas levantadas por Deus, para entregar as Suas Palavras. O profeta era um porta-voz de Deus, que entregava fielmente as palavras de Deus, onde, quando e a quem Deus mandasse. Os discursos destes profetas continham os avisos de Deus ao seu povo, para que se arrependesse e as advertências sobre os juízos que viriam, caso não abandonassem o pecado.
A primeira coisa que devemos ter em mente sobre o juízo divino é que ele nunca acontece sem aviso prévio. Vejamos o que disse o profeta Amós: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Am 3.7). Em qualquer época, Deus nunca irá executar os seus juízos contra uma nação sem que haja avisos da parte dele, seja através dos profetas, das Escrituras ou da pregação do Evangelho (Lc 21.21-24). Nenhum pecador impenitente terá o direito de dizer que não sabia, pois Deus sempre avisa.
A segunda coisa que precisamos saber sobre os juízos de Deus é que eles não acontecem sem que haja uma causa justa. Deus é o Juiz de toda a terra (Gn 18.26) e é absolutamente justo. Ele jamais puniria os inocentes: “Ele julga o mundo com justiça, governa os povos com retidão.” (Sl 9.8); “Os rios batam palmas; regozijem-se também as montanhas, perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo e o povo, com equidade.” (Sl 98.8,9). Em muitos outros textos da Bíblia é demonstrado que o Senhor julga com justiça e equidade (retidão).
A terceira coisa que precisamos entender sobre os juízos de Deus é que, antes de virem os juízos, Deus sempre oferece oportunidades para que se arrependam e estas oportunidades são muitas, pois Deus é longânimo e tardio em irar-se: “E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu.” (Ap 2.21). “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (2 Pe 3.9). Tanto no cativeiro do Reino do Norte, que foi levado para a Assíria, como no Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia, Deus foi extremamente paciente com o seu povo e usou os seus profetas para os advertir. Mas, os profetas além de não serem ouvidos, ainda foram duramente perseguidos pelos governantes ímpios, que preferiam dar ouvidos aos falsos profetas.
2- A primeira parte do oráculo (v.13). Nesta primeira parte da profecia, a expressão: “Quando uma terra pecar contra mim”, indica que esta advertência não se restringia ao povo de Israel. São princípios que valem para qualquer povo em qualquer época. Por isso, é muito importante exercermos o nosso papel como cidadãos e escolher candidatos que respeitem os nossos princípios, pois se não o fizerem, nós sofreremos as consequências das suas ações malignas.
Deus é o Criador e sustentador do Universo. Todas as coisas pertencem a Ele e, portanto, cabe a Ele julgar as nações. (Êx 19.5; Sl 24.1; Mt 11.25; Ap 4.11). Embora Deus tenha concedido aos seres humanos o livre arbítrio, ou seja, o direito de fazer escolhas, há limites para isso, pois algumas práticas além de afrontarem a santidade de Deus, ameaçam a própria criação. Evidentemente, no Juízo final Deus irá julgar individualmente todos os ímpios e retribuir a cada um segundo as suas obras. Porém, há juízos neste mundo para punir nações ímpias e impedir que destruam os projetos de Deus.
3- Descrição dos agentes do juízo divino (vv. 17,21). Deus usa vários instrumentos para castigar uma nação rebelde, que mesmo sendo alertada, não dá ouvidos à Palavra de Deus e não abandona o pecado. A profecia de Ezequiel nos mostra que Deus torna “instável o sustento do pão”. (v.13; 4.16; 5.16). Os principais agentes de Deus para castigar uma nação eram a seca, a fome, a espada e as pestes (doenças). Estes quatro aspectos dos juízos de Deus estão relacionados entre si. A seca gera fome e escassez. A guerra (espada) também gera fome, escassez, pestes e epidemias.
Naquele tempo, a economia de Israel era baseada na agricultura e pecuária. Estas atividades eram realizadas de forma primitiva. Não havia irrigação e dependiam exclusivamente das chuvas. Portanto, se Deus não mandasse chuvas eles estariam arruinados economicamente e a fome era inevitável. Os israelitas, mesmo conhecendo a Deus e sabendo que é Ele que manda a chuva, praticavam cultos a Baal, pedindo e agradecendo a esta divindade cananéia pelas chuvas.
As guerras e invasões territoriais naqueles tempos também eram frequentes e sem limites. Uma nação invadia a outra, tomava os seus bens e lhes impunha cobranças de pesados tributos. Isso, evidentemente, levava a nação dominada à ruína econômica. As consequências destas guerras eram desoladoras: geravam milhares de órfãos, pessoas mutiladas, fome e doenças. Quando Israel servia a Deus com fidelidade, contava com a sua proteção. Entretanto, quando se entregava ao pecado, como punição Deus os entregava nas mãos dos inimigos.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 77-82.
TAYLOR, John B. Ezequiel: Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 116-118.
LOPES, Hernandes Dias. Amós: Um clamor pela justiça social. Editora Hagnos. pág. 108-111.
REED, Oscar F. Comentário Bíblico Beacon: Amós. Editora CPAD. Vol. 5. pág. 108-109.
DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Amos. pag. 24-25.
BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento: Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 418,420.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 232-233.
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Ev. Weliano Pires
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