(Comentário do 3º tópico da Lição 08: O Bom Pastor e os pastores infiéis).
Neste terceiro tópico falaremos sobre Deus, como o Bom Pastor no Antigo Testamento e a sua reação contra as ações ímpias dos maus pastores. Nos dias de Ezequiel, Deus prometeu apascentar as suas ovelhas pessoalmente. Abordaremos ainda neste tópico, a missão de Jesus como o Bom Pastor, que dá a sua vida pelas ovelhas e é modelo exemplar de pastor. Por último, uma palavra sobre os pastores cristãos como líderes da Igreja.
1- A reação divina contra os maus pastores (vv. 10-12). Nos versículos 10 a 12, temos a reação de Deus contra as atitudes dos pastores, que além de não cuidarem das ovelhas, ainda abusavam delas e apascentavam a si mesmos, como vimos no tópico anterior. Esta mensagem de Deus representa uma ameaça aos falsos pastores e ao mesmo tempo uma mensagem de esperança para o povo.
Deus se coloca contra os maus pastores e promete tirar o rebanho das mãos deles: "Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto." (Ez 34.10).
Deus prometeu também apascentar pessoalmente as suas ovelhas e buscar as que estão desgarradas: "Porque assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. Porque assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei." (Ez 34.11,12). Esta busca de Deus pelas ovelhas perdidas de Israel, não se refere apenas à volta do cativeiro babilônico, que se daria 70 anos depois. É também uma referência escatológica ao retorno dos que fugiram na segunda diáspora, que aconteceu em 70 d.C., quando o general romano Tito invadiu Jerusalém, expulsou o povo judeu da sua terra e destruiu a cidade.
Os judeus que não morreram tiveram que fugir e se espalharam pelo mundo. O retorno desta segunda dispersão judaica aconteceu, milagrosamente, em 1948, com a criação do Estado de Israel. Entretanto, o retorno de todos os israelitas para a sua terra só acontecerá no milênio, quando Jesus estabelecerá o seu reinado de paz e governará o mundo, pessoalmente, de Jerusalém. Neste período, Deus dará a Israel toda a terra prometida aos patriarcas. Todos os israelitas viverão em sua terra e terão o seu Messias como Rei. “Todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades.” (Rm 11.26)
2- Jesus, o bom Pastor. No Antigo Testamento, Deus é apresentado como o Pastor de Israel: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” (Sl 23.1). “Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que te assentas entre os querubins, resplandece”. (Sl 80.1). Mas, Deus deu também pastores para pastorear o seu povo. Como estes pastores foram infiéis e não cuidaram das ovelhas, Deus prometeu apascentar pessoalmente o seu povo: “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.” (Is 40.11). “Ouvi a palavra do Senhor , ó nações, e anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho.” (Jr 31.10).
Estas profecias que dizem que Deus virá pessoalmente como pastor, para buscar as suas ovelhas desgarradas e pastoreá-las, se cumprem em Cristo, como Ele mesmo declara no Evangelho segundo João: ”Eu sou o bom pastor” (Jo 10.11,14). O apóstolo Pedro também apresenta Jesus como “o Sumo [Supremo, Grande] Pastor” (1 Pe 5.4). O adjetivo “bom”, usado por Jesus para qualificar a Si mesmo como pastor, no grego é “kalos” e aparece três vezes no capítulo 10 de João, sendo duas no versículo 11 e uma no versículo 14. Esta palavra significa “bom” no sentido ético e indica a nobreza de Cristo para cumprir apropriadamente o seu ofício de pastor, em contraste com os pastores de Israel, que eram mercenários, não cuidavam das ovelhas e queriam apenas servir-se delas.
Jesus é o Pastor ideal, segundo o padrão de Deus, tanto em seu caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria, pois, não há outro igual a Ele. Jesus como Pastor é bom, por pelo menos três motivos, que são apresentados no capítulo 10 de João:
a. Ele dá a Sua vida pela Salvação das ovelhas (v.11). Jesus não foi um mártir, que foi assassinado por defender uma causa. Ele deu a sua vida para o resgate das suas ovelhas. A sua morte foi voluntária, sacrificial e vicária. Ou seja, Ele se ofereceu, voluntariamente, como sacrifício a Deus em nosso lugar.
b. Ele conhece as suas ovelhas e delas é conhecido (v.14). Conforme falamos no segundo tópico, as ovelhas conhecem a voz do seu pastor e não seguem a estranhos. Jesus, como o bom pastor, é o dono das ovelhas, conhece-as profundamente e elas também o conhecem.
c. Ele ama as ovelhas, protege-as e supre-lhes as necessidades. (vs. 15,16). O mercenário não ama as ovelhas e quer apenas o que elas lhe proporcionam: lã, carne, gordura e laticínios. Mas, Jesus nos amou incondicionalmente, sem que nós o merecêssemos. Nos versículos 15 e 16, Jesus compara o seu relacionamento com as suas ovelhas, com o relacionamento dele com o Pai. Ele também supre as nossas necessidades, nos protege e nos dá vida em abundância (Jo 10.10).
3- O pastor cristão. Jesus é o nosso Mestre por excelência e o nosso modelo em tudo o que fazemos. Ele é o Bom Pastor, como vimos acima e, como tal, dá a sua vida pelas suas ovelhas, ama, conhece, alimenta e protege o seu rebanho. Da mesma forma, os pastores cristãos devem seguir o seu exemplo. Evidentemente, são humanos, falhos e limitados e, portanto, não conseguem se equiparar ao nível do Filho de Deus.
Muitos interpretam, equivocadamente, o texto de João 10 e dizem que Jesus Cristo é o único Pastor. Com esse argumento, rejeitam o ministério pastoral na Igreja. Entretanto, o Novo Testamento deixa muito claro que, foi o próprio Jesus, que deu pastores à Sua Igreja. Na terceira vez em que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado, no episódio da pesca milagrosa, Ele perguntou a Pedro por três vezes, se ele o amava. Nas três vezes, Pedro respondeu que sim e Jesus lhe disse: “...Apascenta as minhas ovelhas.” (Jo 21.15-17). Isso significa, evidentemente, o chamado para o ministério pastoral. O apóstolo Paulo foi mais claro ainda. Em seu discurso aos bispos de Éfeso, em Mileto, Paulo disse: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20.28). Na Epístola aos Efésios também, Paulo falou que “Ele mesmo [Jesus] deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores”. (Ef 4.11).
A palavra pastor no grego é “poimēn” e tem o significado de “apascentador de ovelhas”. Sendo assim, a principal missão do pastor deve ser cuidar das pessoas que vieram a Cristo. O pastor é alguém que cuida de um rebanho que não é dele e deve fazê-lo com amor e dedicação, não como dominador. (1 Pe 5.2). É de responsabilidade do pastor, alimentar, cuidar e proteger o rebanho de Deus.
Oremos por nossos pastores, ajudemos-lhes nas suas tarefas, para que não fiquem sobrecarregados e sejamos-lhes submissos às suas orientações bíblicas, para que o seu trabalho não se torne mais pesado do que já é. (Hb 13.17). Entretanto, vale lembrar que esta submissão não é absoluta e não pode fugir dos parâmetros bíblicos. Quem pratica a submissão incondicional aos seus líderes, inclusive aos falsos ensinos, são os adeptos das seitas, que consideram os seus líderes inquestionáveis.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 97-98.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3306-3307.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pág. 105.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 444.
BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 270-272.
LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 278-281.
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Ev. Weliano Pires
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