04 novembro 2022

SOBRE A PETIÇÃO QUE DEUS NÃO ATENDE


(Comentário do 2º tópico da Lição 06: A Justiça de Deus)

Há um grande equívoco no meio evangélico, que diz que Deus não rejeita a oração feita por um justo. Mas neste tópico, a lição nos mostra os exemplos de pessoas justas que intercederam para que Deus não punisse pessoas rebeldes, mas, não foram ouvidos, pois o castigo era inevitável. A medida da tolerância de Deus estava completa e o juízo era inevitável.


Mesmo com a presença de homens justos como Noé, Daniel e Jó, eles não conseguiriam salvar a nação dos juízos de Deus. Isto nos ensina que há orações que Deus não atende. Deus ouve toda e qualquer oração, mas a resposta de Deus é de acordo com a Soberania divina. Deus responde sim, não, espere ou fica em silêncio. O apóstolo João assim escreveu: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 Jo 5.14).


1- Exemplos de intercessão pelo pecador. Temos na Bíblia vários exemplos de servos de Deus que intercederam pelos pecadores. Uns foram atendidos e outros não. Temos o caso de Abraão que intercedeu pelas cidades de Sodoma e Gomorra, para que o Senhor não as destruísse, principalmente, porque o seu sobrinho Ló vivia na cidade de Sodoma. Deus anunciou a Abraão que iria destruir aquelas cidades por causa do pecado, que havia se agravado muito. (Gn 18.18-21). Abraão passou, então, a argumentar com Deus, perguntando se Ele iria destruir o justo com o ímpio e se o Senhor a destruiria, caso houvesse ali 50 justos (Gn 18.23). Deus respondeu que, longe dEle fazer tal coisa, destruindo o justo com o ímpio, pois Ele é Juiz de toda a terra e, como tal, faz justiça. Abraão continuou, reduzindo o número de justos até chegar a dez justos e Deus disse que não destruiria se houvesse dez justos. Mas não havia e dez justos e a cidade foi destruída. 


O povo de Israel pressionou Aarão e este fez um bezerro de ouro para adoração. Deus se irou contra aquele povo e falou para Moisés que iria destruí-los e faria dele uma grande nação. (Ex 32.9,10). Entretanto, Moisés clamou ao Senhor em favor do povo de Israel (Êx 32.11-13). Deus, ouviu a oração de Moisés e não destruiu o povo. Em Números 14, após ouvir o relatório negativo de dez dos doze espias, o povo levantou a voz contra Moisés e Aarão e decidiu voltar ao Egito. Josué e Calebe tentaram apaziguar e o povo quis apedrejá-los. (Nm 14.11-10). Ouvindo aquela murmuração, o Senhor disse a Moisés que iria ferir o povo com pestilências e destruí-los. (Nm 14.11,12). Moisés mais uma vez intercedeu pelo povo e foi atendido por Deus. (Nm 14.20). 


Outro homem de Deus que foi um intercessor do povo foi Samuel. Os filisteus venceram Israel nos dias de Eli e levaram a Arca da Aliança para a sua terra. Nesta guerra morreram os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, que eram ímpios, e com a notícia destas mortes, morreram também Eli e a sua nora. A Arca ficou na terra dos filisteus por 20 anos e o povo de Israel se lamentava por causa disso. O povo, resolveu pedir a Samuel que intercedesse por eles e ele assim o fez. (1 Sm 7.1-9). O Senhor atendeu à oração de Samuel e deu vitória a Israel contra os filisteus (1 Sm 7.10-13). 


2- Um castigo inevitável. De tanto o povo de Israel murmurar, se rebelar, praticar a idolatria e a imoralidade, mesmo tendo sido muitas vezes repreendido pelos profetas do Senhor, chegou um ponto em que o castigo de Deus era inevitável. Já não adiantava mais ninguém interceder. No livro de Provérbios está escrito: "O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio." (Pv 29.1). 


Desde o tempo do profeta Jeremias, a apostasia era generalizada em Judá e não havia mais a possibilidade de se evitar o juízo de Deus contra a nação. No último capítulo do segundo Livro das Crônicas, lemos que nos dias do rei Zedequias, o rei endureceu o seu coração e não deu ouvidos às palavras do profeta Jeremias, que falava da parte do Senhor. Os chefes dos sacerdotes e o povo também aumentaram demais as suas transgressões e contaminaram a casa do Senhor. Mesmo assim, o Senhor se compadeceu do seu povo e enviou os seus profetas para os alertar. Mas eles zombaram dia mensageiros de Deus e desprezaram as suas profecias que vinham de Deus. Provocaram tanto a ira de Deus, até que chegou a um ponto em que não houve mais remédio. (2 Cr 36.11,16). 


3- Quando Deus não atende a oração intercessória de um justo.  vários textos bíblicos que nos mostram que Deus atende a oração de um justo. Deus falou para Jeremias: "Clama a mim e responder-te-ei e anunciar-te-ei, coisas grandes e firmes que não sabem". (Jr 33.3). Este é um dos textos bíblicos mais citados, quando falamos de oração. Jesus também falou: "Pedi e dar-se-vos-á. Batei e abrir-se-vos-á". (Mt 7.1). Paulo falou para orarmos sem cessar (1 Ts 5.17). Tiago falou que a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16). Entretanto, nas situações em que o pecado ultrapassa os limites, Deus rejeita a intercessão, mesmo que ela seja feita por um justo. 


Muitas pessoas dizem que "não há pecadinho e pecadão", pois qualquer tipo de pecado ofende a Deus. De fato, Deus não se agrada de nenhum tipo de pecado. Mas há graus diferentes de pecados. A Bíblia nos ensina que há pecados que não são para a morte e pecados que são para a morte (1 Jo 5.16,17); e há o pecado imperdoável, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc 3.28-30). Quando a pessoa cai na apostasia, negando a fé que antes praticava e blasfemando contra o Espírito Santo, não há mais perdão, independente da intercessão que se fizer. 


REFERÊNCIAS: 


CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 137-138.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 106.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 679.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pág. 421.

GRIDER, Kenneth. Comentário Bíblico Beacon: Ezequiel. Editora CPAD. Vol. 4. pág. 453.


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