(Comentário do segundo tópico da Lição 1)
Os ataques do inimigo à Igreja de Cristo podem ser classificados em dois tipos: os de natureza espiritual e os de natureza moral. Os ataques de natureza espiritual são ações diretas de espíritos enganadores. Por outro lado, do ponto de vista moral, o inimigo faz com que pareçam normais, comportamentos que a Palavra de Deus condena.
1- O ataque é de natureza espiritual. O apóstolo Paulo, foi usado pelo Espírito Santo, para alertar a Igreja, que nos últimos dias, muitos iriam se apostatar da fé e dariam ouvidos a “espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1Tm 4.1). Na Epístola aos efésios, também ele diz que "a nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra os principados e potestades". (Ef 6.12). Estes dois textos nos mostram um tipo de ataque à Igreja que é de natureza espiritual e, nesse sentido, as armas para combatê-lo também são espirituais.
A palavra grega traduzida por "enganadores" no texto de 1 Timóteo 4.1 é "planos", que significa "desviador", "enganador". Neste contexto, tem o sentido de um "impostor", ou seja, alguém que se apresenta como se fosse outra pessoa. Uma das especialidades do inimigo é imitar as coisas de Deus para enganar. O apóstolo Paulo falou que Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Co 11.14). Por isso precisamos tomar muito cuidado com manifestações sobrenaturais. Conforme vimos na lição 13, do 2º Trimestre, milagres não transformam o caráter de ninguém e confissões doutrinárias ortodoxas, desprovidas da prática da Palavra de Deus, também não servem para comprovar que alguém é de Deus.
Nem todos os hereges são pessoas inescrupulosas que querem ganhar dinheiro às custas dos fiéis. Muitos deles são pessoas sinceras que foram enganadas pelos demônios e, realmente acreditam naquilo que ensinam. Pensam que estão servindo a Deus e não imaginam que estão a serviço do inimigo. Assim como o Espírito Santo convence as pessoas e as leva a Cristo, por meio da Verdade, os demônios, através da astúcia e do engano, conduzem pessoas ao erro.
2- O ataque é de natureza moral. Na sequência do texto, de 1 Timóteo 4, no versículo 2, Paulo fala dos ataques de natureza moral, que o inimigo desfere contra a Igreja. O apóstolo fala de três características destas pessoas que dão ouvidos aos espíritos enganadores: são hipócritas, mentirosas e têm a mente cauterizada.
A palavra "hipocrisia" no grego é "upokrisis". Em seu sentido original, significava "desempenhar um ato em um palco". Um "upokrites" era, na verdade, um ator, que representava um personagem em uma peça de teatro. Posteriormente, passou a designar uma pessoa fingida, que diz uma coisa e faz outra, fingindo ser quem não é.
A mentira, por sua vez, é o oposto da verdade. A hipocrisia e a mentira andam juntas, pois estão intimamente relacionadas. Todo hipócrita é por natureza um mentiroso, pois mostra com palavras e atitudes, coisas que não são verdadeiras sobre a sua pessoa ou sobre os seus ensinos. Normalmente, o hipócrita usa meias verdades, para não parecer que está mentindo. Mas, existe um provérbio que diz: “Meia verdade é sempre uma mentira completa”. Jesus afirmou que o diabo, quando mente, fala daquilo que é a característica principal dele, pois é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Jesus, ao contrário disso, é a própria Verdade (Jo 14.6).
As pessoas que têm “cauterizada a sua própria consciência” são pessoas que perderam a capacidade humana de julgar, de entender o certo e o errado. A consciência (Gr. suneidesis) é uma das faculdades do espírito humano. Deus criou o ser humano e o dotou com esta capacidade de discernir entre o que é certo e o que é errado. A consciência cauterizada (gr. kausteriazo) é uma metáfora, que fazia menção às marcas feitas a fogo nos animais, escravos e criminosos. No local destas marcas, a carne fica dura e insensível. Da mesma forma, a pessoa que tem a mente cauterizada torna-se insensível à verdade e incapaz de saber o que é certo e errado. A pessoa não se sente mais culpada ou acusada quando erra.
Paulo citou duas ações dos apóstatas que dão ouvidos aos espíritos enganadores: proíbem casamento e ordenam a abstinência de manjares. São escravizadores de homens e difamadores de Deus, que proíbem o que Deus ordena e fazem restrições que Deus nunca fez. Ainda hoje existem seitas que proíbem o casamento dos seus líderes e impõem regras duríssimas aos seus adeptos, como forma de autojustificação. Há também Igrejas que criam doutrinas e proíbem coisas que Deus nunca proibiu. É sempre um erro proibir aquilo que a Bíblia não proíbe ou aprovar aquilo que a Bíblia condena.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pág. 318-319.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo: O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pág. 98-100.
SOARES, Esequias. Heresias e Modismos: Uma Análise Crítica das Sutilezas de Satanás. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.36).
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Pb. Weliano Pires
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