(Comentário do 3º tópico da Lição 12)
Neste terceiro e último tópico, falaremos sobre a mentira dos falsos profetas. Jesus orientou os seus discípulos a terem cautela com os falsos profetas, pois eles vêm disfarçados de ovelhas, mas, por dentro são lobos devoradores. Por isso é muito importante, não se deixar levar pelas aparências, pois os falsos profetas normalmente não revelam a verdadeira identidade. Jesus deu a receita aos seus discípulos, para identificarem os falsos profetas: “Pelos seus frutos conhecereis.” Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. Assim são também as pessoas. Quando Jesus falou de fruto, estava se referindo à conduta e ao ensino dos falsos profetas e não necessariamente aos resultados do trabalho deles. Devemos fazer uma análise criteriosa para identificar e nos precaver dos falsos profetas. A Bíblia nos mostra em vários textos, os critérios que devemos usar para identificar os falsos profetas e falsos mestres em nosso meio.
1- Cuidado com as falsas aparências. Jesus disse aos seus discípulos: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.” (Mt 7.15). Quando Jesus falou para ter cautela em relação aos falsos profetas [Gr. pseudoprophétes], Ele se referia não aos líderes de outras religiões, assumidamente anticristãs. A referência aqui é aos falsos profetas que estão entre nós disfarçados de cristãos. Estes são os mais perigosos, pois, eles se disfarçam de verdadeiros profetas, e estão infiltrados entre as ovelhas, como se fossem uma delas. São ferozes e perigosos, e conseguem atacar as pobres ovelhinhas distraídas.
Sempre houve entre o povo de Deus, falsos mestres e falsos profetas, principalmente em tempos de apostasia, quando as pessoas não têm comunhão com Deus, não oram, não há ensino da Palavra e, consequentemente, não tem discernimento. O profeta Jeremias, por exemplo, enfrentou grandes lutas por causa de falsos profetas. Ele entregava a mensagem de julgamento e exortação ao arrependimento, que Deus mandava e os falsos profetas o desmentiam, dizendo que haveria paz e Deus não os entregaria nas mãos dos babilônicos. Entretanto, as profecias de Jeremias se cumpriram nos mínimos detalhes.
Há muitas frases populares que nos recomendam a não se deixar levar pelas aparências: Nem tudo que reluz é ouro; as aparências enganam; quem vê cara não vê coração; etc. Na Bíblia também temos a recomendação do próprio Deus ao profeta Samuel, para atentar para a aparência de Eliabe, o irmão primogênito de Davi, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração. (1 Sm 16.7). Evidentemente, não somos oniscientes e não temos como ver o interior das pessoas e saber as verdadeiras intenções. O que Jesus recomenda é para não sermos precipitados e não nos impressionarmos com as aparências, pois os falsos profetas se disfarçam muito bem.
2. Como detectar os falsos profetas? Se sabemos que os falsos profetas estão entre nós, “de terno, gravata e Bíblia na mão”, como fazer para identificá-los, se não somos oniscientes e não conhecemos as pessoas por dentro? Jesus nos deu a receita principal: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16). Árvores boas dão bons frutos e árvores más produzem maus frutos. Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. A figura do fruto aqui indica a real essência ou natureza do profeta e aponta para duas características deles: os ensinos e as obras. Várias espécies de árvores tem também uma espécie muito parecida que é brava. As verdadeiras nem sempre são belas, mas são saudáveis e produzem bons frutos. As bravas, no entanto, muitas vezes belas, são venenosas ou produzem frutos venenosos.
Assim também são os falsos profetas. Se disfarçam de cristãos, preocupados com a Igreja e tem discursos cativantes. Entretanto, a sua vida normalmente é libertina e as suas mensagens são enganosas e mentirosas. Basta ver o que eles produzem na vida da Igreja, para saber que são lobos destruidores. O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, alertou contra os falsos mestres que iriam surgir, mostrando algumas características deles, que podem facilitar a identificação (2 Pe 2.1-3):
a. Surgirão “entre vós”. É um perigo interno. Os falsos mestres e falsos profetas não são necessariamente os que estão fora do Cristianismo. Estes nós já sabemos quem são. O perigo maior são os de dentro.
b. Introduzirão encobertamente heresias de perdição. Ensinam doutrinas contrárias à Escrituras. O nosso padrão, parâmetro, régua (cânon) é a Palavra de Deus. Quem ensina doutrinas antibíblicas é lobo.
c. Negarão o Senhor que os resgatou. Os falsos mestres e falsos profetas costumam negar a Cristo, seja com palavras ou com atitudes. A intenção deles é buscar glórias e benefícios para si mesmos e não glorificar a Deus.
d. Terão vida dissoluta. Normalmente, falsos mestres têm conduta pervertida, imoral e contrária aos padrões bíblicos. Se alguém adota práticas que a Bíblia condena, é lobo disfarçado de ovelha.
e. Serão avarentos. Tudo o que fazem é visando obter vantagens financeiras. Devemos ter muito cuidado com pessoas cujos objetivos são o enriquecimento e o poder.
f. Farão de vós na Igreja um negócio. Todo obreiro que faz da Igreja uma negócio, ou forma de enriquecer é lobo. Já existem até obreiros vendendo a Igreja para outros ministérios (de porteira fechada).
g. Usarão palavras fingidas. Os falsos mestres sempre fingem ser o que não são, com palavras bonitas e persuasivas.
Não podemos entregar o púlpito das nossas Igrejas para qualquer pessoa falar, sem saber a procedência. Também não devemos receber obreiros de outras denominações sem carta e sem antes verificar a conduta deles. Quem poupa o lobo, sacrifica a ovelha.
3. Uma análise criteriosa. Precisamos adotar critérios em nossas Igrejas, para detectarmos a presença de lobos. Conforme vimos acima, não podemos nos deixar levar pelas aparências, pois, nem tudo é o que parece ser. Um operador de caixa não precisa se especializar em cédulas falsas para identificá-las. Ele só precisa conhecer profundamente as cédulas verdadeiras e, se aparecer alguma falsa, ele logo perceberá. Podemos adotar também este critério em relação aos falsos profetas. Se conhecermos as características de um verdadeiro profeta do Senhor apresentadas na Bíblia, facilmente conseguiremos identificar os falsos profetas que aparecerem em nosso meio. Vejamos algumas características de uma profeta do Senhor:
a. Vida santa e irrepreensível. A palavra de Deus recomenda no Antigo e no Novo Testamento que devemos ser santos, porque o Senhor é Santo: “E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus.” (Lv 20.26); “Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1.16). Se alguém está em nosso meio e não vive uma vida santa, é falso cristão.
b. Fala a verdade e as suas profecias se cumprem. O nosso Deus é o Deus da Verdade e não pode mentir (Hb 6.18). Os seus profetas também não mentem. Aquilo que profetizam tem que se cumprir, senão não é profeta de Deus (1 Sm 3.19, 20).
c. Prega a verdade bíblica. Deus vela por Sua Palavra para cumprir. Jesus disse que passarão os céus e a terra, mas, a Sua Palavra não passará. A Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus. Deus tem compromisso com a sua Palavra (Jr 1.12). Portanto, se um profeta chegar com uma mensagem contrária à Bíblia, não é profeta de Deus.
d. Não aceita subornos e não prega ou profetiza por dinheiro. Um verdadeiro profeta do Senhor entrega a mensagem de Deus com fidelidade e não busca ganhos financeiros ou privilégios. Eliseu foi usado por Deus para curar a lepra de Naamã (2 Rs 5.1,16). Após a cura, o general Siro lhe ofereceu vários presentes, mas, ele recusou. O homem de Deus recebe ofertas ou salário da Igreja se viver exclusivamente para a obra de Deus. Mas, isso jamais irá interferir naquilo que ele prega.
d. Não busca popularidade ou aplausos. A maioria dos profetas de Deus na Bíblia não eram populares: Elias, Micaías, Jeremias, Amós, etc. principalmente, em tempos de apostasia. O verdadeiro profeta do Senhor é homem de Deus e não homem do povo. Por isso, ele procura ser fiel a Deus e não ser aplaudido.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 234-236.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.61).
LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 241-242.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 310-311.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 141.
SPROUL, R.C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pág. 174-175.
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Pb. Weliano Pires
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