03 junho 2022

VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS


(Comentário do 3º tópico da Lição 10).


No texto de Mateus 6.25-33, o Senhor Jesus alertou os seus discípulos a respeito da ansiedade e inquietação em relação ao futuro e a preocupação excessiva sobre o que haveriam de comer e vestir. Jesus iniciou o versículo 25 com a conjunção conclusiva “Por isso”, vinculando o que iria dizer com o assunto anterior que a idolatria a Mamom.


A ansiedade e inquietação quanto ao futuro não atingem apenas os ricos. Os ricos têm duas preocupações excessivas: ganhar muito dinheiro e não perder nada. Os pobres, por sua vez, se preocupam excessivamente de chegarem ao ponto de não terem o que comer e vestir. 


Estas preocupações são incompatíveis com a fé cristã, pois demonstram incredulidade e desconfiança em relação ao cuidado de Deus para conosco. Para exemplificar isso, Jesus citou dois exemplos conhecidos do seu público: As aves e os lírios do campo. As aves não produzem comida e Deus as alimenta. Os lírios não produzem roupas e Deus os veste de forma que nem Salomão em toda sua glória se vestiu. Concluindo, Jesus disse para eles priorizarem o Reino de Deus e a sua Justiça e “todas estas coisas” (não as demais coisas, como alguns dizem) lhes seriam acrescentadas. (Mt 6.33). 


1- Os males advindos das preocupações. Jesus não estava condenando a preocupação e precaução natural com o futuro. Viver sem se preocupar com o futuro é irresponsabilidade. Ter um pouco de preocupação faz bem e nos ajuda a ficar atentos às nossas obrigações. Por exemplo, cuidar da saúde, praticar esportes, ter uma reserva financeira para casos de emergência, lutar para comprar a casa própria, etc., visando uma vida melhor no futuro, são preocupações naturais. Entretanto, preocupações excessivas podem causar sérios problemas físicos e emocionais.


O excesso de preocupação traz problemas à saúde como batidas do coração aceleradas, aperto no peito, sudorese (transpiração excessiva) tensão muscular, dores musculares e baixa imunidade, que deixa a pessoa exposta a várias doenças. Causa também, problemas emocionais como paranóia, fobia, ansiedade, depressão e transtorno bipolar. 


Do ponto de vista espiritual, a preocupação excessiva demonstra falta de confiança em Deus e, consequentemente, afeta o relacionamento com Deus, pois, não pode haver um bom relacionamento onde não há confiança. O escritor da Epístola aos Hebreus diz: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois, é necessário que aqueles que nele esperam, creiam que Ele existe e é galardoador dos que o buscam.” (Hb 11.6). Quem confia plenamente em Deus, descansa em sua fidelidade, pois sabe que Ele é o nosso Criador, nos ama e cuida de nós. O apóstolo Pedro disse que devemos “lançar sobre ele toda a nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós.” (1 Pe 5.7).


Certa vez, Jesus chegou à aldeia das irmãs Marta e Maria. Ambas o amavam e tinham prazer em servi-lo. Maria ficou aos seus pés ouvindo os seus ensinos. Marta, no entanto, estava muito atarefada com os afazeres e reclamou com Jesus, para que mandasse a sua irmã ajudá-la nos serviços de casa. Jesus lhe respondeu: “Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lc 10.41,42). Vemos aqui que até para servir a Deus é preciso ter equilíbrio. O excesso de preocupação, mesmo por boas razões, é prejudicial. Há pessoas que fazem a obra de Deus e, no intuito de fazer o melhor para Deus, prejudicam a família, a saúde e a própria Igreja. 


2- Vivendo sem inquietação. Inquietação é um estado de preocupação excessiva e desassossego, que impede o repouso, a paz e a tranquilidade do ser humano. Segundo os psicólogos, a inquietação pode ser causada por diversos fatores: ansiedade, bipolaridade, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), Alzheimer, depressão, esquizofrenia, mudanças de hábito ou ingestão de algumas substância no organismo, como fumo, álcool, excesso de cafeína, uso de alguns medicamentos, drogas, acúmulo de energia devido à alimentação e muitos outros.


O mundo atual é muito agitado em todos os aspectos. O avanço da tecnologia e do conhecimento e as excessivas cobranças de todos os lados, levam as pessoas a ficarem inquietas o tempo todo. Além disso, vivemos um mundo de incertezas e perigos constantes: ameaça de guerras e ações terroristas; doenças desconhecidas e incuráveis; catástrofes ambientais; violência urbana; problemas nos relacionamentos, etc. 


Isso tirou o sossego e a simplicidade da vida humana. De tanta agitação não temos tempo para conversar, descansar, passear, ou ficar parados observando a natureza, por exemplo. Além do trabalho normal, hoje com a internet e as redes sociais, as pessoas estão conectadas o tempo todo, para não perderem dinheiro, clientes e oportunidades. Quem não vive assim, corre o risco de se tornar ultrapassado. 


3- Vivendo sossegados em Deus. A origem das inquietações e preocupações excessivas com o futuro, está no fato das pessoas não confiarem plenamente que Deus é soberano e está no controle de todas as coisas. Se cremos na onipotência, onisciência, onipresença e soberania de Deus, não há motivos para desespero. 


Diante das incertezas da vida e problemas que surgirem, devemos fazer as seguintes perguntas: Fui eu o responsável por esta situação? Se sim, há algo que eu possa fazer para corrigir o meu erro? Mesmo não sendo eu o responsável, eu posso resolver o problema? Se não fui eu o causador da situação, ou é algo que não depende de mim, não vai adiantar eu me preocupar e ficar inquieto. Jesus disse que por mais ansiosos que estivermos, não conseguiremos acrescentar um côvado à nossa estatura. Isso nos ensina que há situações que fogem da nossa alçada e não temos condições de mudar. Nesses casos, só nos resta orar e esperar em Deus.


Para vivermos sem inquietações devemos seguir o que nos recomenda o Salmo 37.7a: “Descansa no Senhor, e espera nele…”. Entretanto, não podem confundir descansar e esperar em Deus com preguiça e inércia. Aquilo que é nós podemos fazer, Deus não fará. 


REFERÊNCIAS:

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: 1 Timóteo. pág. 146-148.

Bíblia Além do Sofrimento. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.1415. 

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. págs. 228-233.

LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pág. 145-147.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 193-200.

STOTT, John. Contracultura cristã: A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pág. 74.


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Pb. Weliano Pires




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