16 dezembro 2025

A OBRA INICIAL DO ESPÍRITO

(Comentário do 1º tópico da Lição 12: O espírito humano e o Espírito de Deus)

No primeiro tópico, são apresentados quatro subtópicos que tratam da obra do Espírito Santo na vida do crente. Inicialmente, veremos que o Espírito Santo desperta em nós a consciência e a fé, faculdades próprias do espírito humano. 

Em seguida, será abordada a pedagogia do Espírito Santo, conforme a promessa de Jesus de que o Consolador nos “ensinaria todas as coisas” (Jo 14.26).

Na sequência, veremos que o Espírito Santo renova a nossa mente, conforme a exortação paulina: “...transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2).

Por fim, trataremos da voz e da luz do Espírito Santo, que fala ao nosso coração e nos ilumina para compreendermos corretamente a Palavra de Deus.

1. Consciência e fé.

O comentarista nos diz aqui que “a ação do Espírito Santo começa em nossa consciência, despertando-a da culpa pelo pecado e apontando a necessidade de perdão”. Na Lição 6 deste trimestre, estudamos a consciência como o tribunal interior do ser humano. Vimos, naquela ocasião, que a nossa consciência foi criada pura, mas foi corrompida pelo pecado. Sendo assim, todos os seres humanos, sem exceção, já nascem com a sua natureza corrompida pelo pecado.

A partir desse entendimento, podemos afirmar que a atuação do Espírito Santo é indispensável para despertar a consciência humana, pois, embora ela ainda funcione como esse “tribunal interior”, já não é plenamente confiável por si mesma. Corrompida pelo pecado, ela pode tornar-se insensível, distorcida ou até justificar o erro. Por isso, o Espírito Santo age despertando a consciência, convencendo “do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8), levando o ser humano a reconhecer sua condição caída e sua total dependência da graça divina.

O Espírito Santo age também em nosso interior para produzir a fé salvífica. Essa fé nasce por meio da ministração da Palavra de Deus no poder do Espírito Santo. A fé salvífica não é resultado apenas da capacidade humana de compreender a mensagem, mas é fruto direto da ação soberana do Espírito Santo. Como ensina o apóstolo Paulo: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Contudo, esse “ouvir” eficaz acontece quando o Espírito Santo ilumina tanto quem anuncia quanto quem escuta.

O Espírito Santo capacita o pregador, concedendo-lhe unção, autoridade espiritual e clareza na exposição da Palavra, para que ela não seja apenas informativa, mas transformadora. Ao mesmo tempo, Ele opera no coração dos ouvintes, convencendo-os do pecado, quebrando resistências e despertando o arrependimento e a fé em Cristo. Por isso, a conversão não depende da eloquência, da retórica ou da sabedoria humana, mas do poder de Deus em ação.

Concluímos, portanto, que a salvação é inteiramente uma obra da graça divina: o Espírito Santo aplica a Palavra ao coração humano, gera a fé, conduz à conversão e inicia o processo de transformação da vida. Sem essa atuação interior do Espírito, a mensagem pode até ser ouvida externamente, mas não produzirá o novo nascimento. Entretanto, é preciso deixar claro que, apesar de o Espírito Santo realizar todo esse trabalho de despertamento da consciência e agir para produzir a fé, a decisão final continua sendo do ser humano: aceitar ou rejeitar a mensagem de Cristo.

2. A pedagogia do Espírito.

Quando o ser humano ouve a Palavra de Deus e crê nela, imediatamente ocorre a justificação, isto é, ele é declarado justo diante de Deus, não por seus próprios méritos, mas pelos méritos de Cristo. A partir desse momento, inicia-se o processo da regeneração, também conhecido como novo nascimento. Trata-se da transformação da velha natureza, corrompida pelo pecado, em uma nova criatura, segundo os padrões estabelecidos por Deus.

Essa obra não acontece de forma instantânea em todos os aspectos da vida, mas é um processo contínuo. O Espírito Santo passa a agir diariamente no crente, transformando seu caráter para que ele se torne cada vez mais semelhante a Cristo. Paralelamente à regeneração, ocorre a santificação, que consiste na separação de tudo aquilo que desagrada a Deus e na dedicação exclusiva ao Senhor.

Após a conversão, o Espírito Santo assume um papel pedagógico na vida do crente, ensinando-lhe as verdades espirituais. O apóstolo Paulo afirmou aos coríntios:

“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2.13).

Isso significa que é o Espírito Santo quem nos capacita a compreender as verdades espirituais, revelando aquilo que, naturalmente, o ser humano não conseguiria entender por si mesmo.

Enquanto esteve fisicamente com os discípulos, Jesus ensinou muitas coisas, mas deixou claro que eles ainda não estavam preparados para receber todo o ensino:

“Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora” (Jo 16.12).

Por isso, Jesus prometeu enviar o Espírito Santo, que continuaria essa obra de ensino e orientação:

“Ele [o Espírito Santo] ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14.26).
“Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13).

Essas palavras mostram que o Espírito Santo é o Mestre divino que conduz o crente à verdade plena, de forma progressiva e segura.

O apóstolo Paulo também ensinou que o Espírito Santo penetra todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus, pois somente o Espírito de Deus conhece plenamente as coisas de Deus (1 Co 2.10-12). Dessa maneira, o Espírito Santo não apenas ensina, mas também revela, orienta e concede discernimento espiritual, capacitando o crente a identificar a procedência das manifestações espirituais.

Assim, aprendemos que a pedagogia do Espírito Santo é essencial para o crescimento cristão, pois Ele nos ensina, nos guia, nos corrige e nos conduz a uma vida que glorifica a Deus.

3. A renovação da mente.

O ser humano, quando vive afastado de Deus, possui a mente corrompida pelo pecado e, por isso, tende a pensar e desejar coisas más. As Escrituras afirmam que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” (Rm 8.7) e que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso” (Jr 17.9). Essa realidade revela a incapacidade do ser humano, por si mesmo, de agradar a Deus ou de viver segundo a Sua vontade.

Para que essa condição seja transformada, faz-se necessária a atuação do Espírito Santo na renovação da mente. O apóstolo Paulo exorta os crentes dizendo: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Essa renovação não é resultado de esforço humano, mas da ação contínua do Espírito Santo na vida do crente.

O Espírito Santo renova a mente segundo os padrões divinos, produzindo uma transformação interior profunda. Essa transformação ocorre de dentro para fora, conforme já estudamos na Lição 10, e se manifesta em uma nova maneira de pensar, sentir e agir. Assim, a verdadeira vitória sobre o pecado não está na força da vontade humana, mas na obra redentora de Cristo e na ação santificadora do Espírito Santo, que capacita o crente a viver em obediência à vontade de Deus.

4. Voz e luz.

A Bíblia revela que o Espírito Santo não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina. Ele possui intelecto, sentimentos e vontade, características próprias da personalidade. Como Pessoa da Trindade, o Espírito Santo comunica-se com o crente, falando ao íntimo do seu ser e iluminando os olhos do coração, a fim de conduzi-lo segundo a vontade de Deus.

As Escrituras apresentam diversos exemplos em que o Espírito Santo fala de maneira coletiva, dirigindo-se à Igreja. No contexto do ministério em Antioquia, enquanto os discípulos serviam ao Senhor com jejum e oração, “disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Esse texto evidencia que o Espírito Santo orienta a Igreja em suas decisões ministeriais e missionárias. Do mesmo modo, nas mensagens às sete igrejas da Ásia, o próprio Senhor exorta: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7), destacando que a voz do Espírito continua ativa na edificação do Corpo de Cristo.

Além de falar à Igreja de forma coletiva, o Espírito Santo também se comunica individualmente com servos de Deus, dirigindo-os de maneira pessoal. Foi assim com Filipe, quando o Espírito lhe ordenou: “Chega-te e ajunta-te a esse carro” (At 8.29), conduzindo-o ao encontro do eunuco etíope. De igual modo, Pedro foi instruído pelo Espírito Santo a não resistir ao chamado que recebera, o que resultou na abertura do Evangelho aos gentios (At 10.19,29). Esses relatos confirmam que o Espírito Santo dirige e envia seus servos conforme o propósito divino.

O Espírito Santo também atua esclarecendo dúvidas e orientando a Igreja nas tomadas de decisões. No primeiro concílio realizado em Jerusalém, os apóstolos e líderes reconheceram a direção do Espírito ao afirmarem: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15.28). Tal declaração revela a harmonia entre a liderança espiritual e a orientação divina.

Além disso, o Espírito Santo ilumina a mente do crente, concedendo entendimento espiritual e paz. O apóstolo Paulo afirma: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14), ressaltando que a direção do Espírito é uma marca da filiação divina.

Por fim, o Espírito Santo também ilumina o crente para que compreenda sua vocação em Cristo. Conforme ensina o apóstolo, Deus concede iluminação aos olhos do entendimento “para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Ef 1.18). Assim, o Espírito Santo não apenas fala, mas também esclarece, guia e fortalece o povo de Deus em sua caminhada cristã.

Ev. WELIANO PIRES

15 dezembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12: O ESPÍRITO HUMANO E O ESPÍRITO DE DEUS

TEXTO ÁUREO: 

“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rm 8.16).

VERDADE PRÁTICA:

Além do seu testemunho em nosso espírito, o Espírito Santo age no íntimo de nosso ser intercedendo, edificando e produzindo o seu fruto.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 8.14-16; 1 Coríntios 14.14; Gálatas 5.22,23

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudamos três lições relacionadas ao espírito humano. Na Lição 10, refletimos sobre o espírito como o âmago, ou a parte mais profunda do ser humano, conforme a Escritura afirma que é no interior do homem que Deus opera (Pv 20.27). 

Na Lição 11, analisamos a relação entre o espírito e as disciplinas da vida cristã, destacando a necessidade do exercício espiritual para uma vida piedosa (1Tm 4.7,8).

Esta é a última lição desta série e nela abordaremos a relação entre o Espírito de Deus e o espírito humano. À luz das Escrituras, veremos a multiforme obra do Espírito Santo na vida do crente, desde a conversão, quando somos regenerados pelo Espírito (Jo 3.5–6), passando pelo processo contínuo de santificação (2Ts 2.13), até a capacitação espiritual para vivermos uma vida cristã autêntica, frutífera e agradável a Deus (Gl 5.16,22).

PALAVRA-CHAVE: COMUNHÃO

A palavra comunhão deriva do termo latino communio, formado por com (junto) e munus (dever, serviço, encargo, dom). O termo expressa a ideia de algo comum, partilhado e vivido em conjunto, indicando compromisso e participação mútua.

No Novo Testamento, a palavra traduzida por comunhão é o termo grego κοινωνία (koinonía), cujo significado envolve fraternidade, comunhão, participação e relacionamento. Biblicamente, koinonía não se limita a um sentimento de amizade, mas descreve uma relação espiritual viva, produzida pela ação do Espírito Santo na vida do crente.

As Escrituras apresentam a comunhão em três aspectos fundamentais:

  1. A comunhão entre os crentes, evidenciada pela perseverança na doutrina, no partir do pão e nas orações, bem como na partilha dos bens com os necessitados (At 2.42–45);

  2. A comunhão do crente com Deus e com Cristo, resultado do chamado divino e da obra redentora realizada em Cristo Jesus (1Co 1.9);

  3. A comunhão na Ceia do Senhor, na qual o crente participa espiritualmente do corpo e do sangue de Cristo, reafirmando sua união com Ele e com o Corpo (1Co 10.16).

No contexto desta lição, a comunhão refere-se especialmente ao relacionamento profundo e contínuo entre o espírito do crente e o Espírito Santo, conforme ensina o apóstolo Paulo: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A OBRA INICIAL DO ESPÍRITO

Neste primeiro tópico, estudaremos a obra inicial do Espírito Santo na vida do crente. Veremos que é o Espírito quem desperta a consciência espiritual e gera a fé salvadora no coração humano (Jo 16.8; Ef 2.8).

Em seguida, abordaremos a pedagogia do Espírito Santo, conforme a promessa de Jesus de que o Consolador nos ensinaria todas as coisas e nos faria lembrar de tudo quanto Ele disse (Jo 14.26).

Na sequência, veremos que o Espírito Santo promove a renovação da mente, conduzindo o crente a uma transformação progressiva, conforme Romanos 12.2.

Por fim, trataremos da voz e da luz do Espírito Santo, que ilumina o entendimento do crente para compreender as Escrituras e dirige o coração na vontade de Deus (1Co 2.10–12; Sl 119.105).

II. TESTEMUNHO, INTERCESSÃO E EDIFICAÇÃO

No segundo tópico, analisaremos a atuação contínua do Espírito Santo no interior do crente. Inicialmente, veremos o testemunho do Espírito ao nosso espírito, confirmando nossa filiação divina, conforme Romanos 8.16.

Em seguida, estudaremos a intercessão do Espírito Santo, que intercede por nós com gemidos inexprimíveis, segundo a vontade de Deus, fortalecendo-nos em nossas fraquezas (Rm 8.26,27).

Embora a edificação seja mencionada no título deste tópico, o comentarista a desenvolverá de forma mais específica no tópico seguinte.

III. EDIFICAÇÃO E FRUTO DO ESPÍRITO

No terceiro e último tópico, estudaremos a edificação do espírito e o Fruto do Espírito Santo. Inicialmente, veremos que o falar em línguas contribui para a edificação pessoal, conforme o ensino do apóstolo Paulo: “O que fala em língua estranha edifica-se a si mesmo” (1Co 14.4,14).

Por fim, abordaremos as virtudes do Fruto do Espírito, descritas em Gálatas 5.22, que representam o caráter de Cristo sendo formado no crente e constituem o ponto culminante de uma vida conduzida pelo Espírito Santo.

Ev. WELIANO PIRES

O ESPÍRITO HUMANO E O ESPÍRITO DE DEUS


(Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD).

No estudo desta lição, veremos a ação do Espírito Santo na vida do crente. Quando o pecador aceita a fé, recebe o Espírito Santo que opera em sua consciência, convence-o do pecado e aponta a necessidade de perdão. Em seguida, na trajetória da vida cristã, o Espírito atua como um professor, ensinando e trazendo à memória todas as coisas que o convertido aprende com Cristo por meio das Escrituras Sagradas (Jo 14.26). O resultado desse processo é a maturidade espiritual e uma vida cristã profícua e frutífera na presença de Deus (Gl 5.22). Nesse sentido, a ação do Espírito de Deus no interior humano tem o poder de transformá-lo e moldá-lo conforme a vontade de Deus. Trata-se de um processo de santificação que é impossível de ser alcançado apenas pelo esforço humano. Sem a ação do Espírito não podemos ser santificados e trazidos a uma intimidade profunda com Deus (Rm 8.26,27).

Conforme explica Lawrence O. Richards em seu livro Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD), sobre a santificação na verdade, ensinada por nosso Senhor Jesus (Jo 17.17): “Três conceitos teológicos críticos se encontram neste único versículo. ‘Verdade’, ‘Santificação’ e a ‘Palavra’ de Deus. ‘Santificar’ significa tornar santo, e/ou separar para uso sagrado. A ‘verdade’ é a realidade como Deus a entende e a revela por meio das Escrituras e do Filho. A ‘Palavra’ é o meio, escrito e encarnado, pelo qual Ele rompe o véu da confusão humana e revela a realidade como Ele — como Criador e Redentor — conhece. Quando colocarmos a nossa confiança na revelação de Deus e agirmos de acordo com ela, nós nos moveremos sob o campo da realidade, em que sentiremos a transformação e seremos úteis para o Senhor. [...] No AT, a santificação é uma questão de isolamento. No NT, a santificação é uma questão de transformação — uma obra dinâmica e purificadora do Espírito Santo dentro de nós que nos capacita a viver vidas santas enquanto desempenhamos nossos papéis numa sociedade que é basicamente corrupta e hostil a Deus”. (2007, pp.237,238).

Destarte, assim como os discípulos sentiram a necessidade de alguém que os continuasse a guiar com a partida do Mestre, nós também precisamos do Espírito Santo para nos ensinar, instruir e revelar o que agrada a Deus. A promessa do paracleto não ficou restrita aos discípulos do primeiro século. Ela também se estende até os nossos dias. O Espírito continua a cumprir a incumbência de capacitar a sua igreja, seja por meio da inspiração das Sagradas Escrituras ou por intermédio dos dons espirituais, a cumprir os propósitos de Deus para alcançar esta geração (Mt 28.20).

FONTE: Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO; CPAD, 2025, Ed. 103, p.42. 

Família, projeto de Deus

A  família é projeto de Deus 
Pois Ele mesmo a idealizou
Do pó formou o primeiro homem
O seu sopro a vida nele gerou
Viu que a solidão não era boa 
Da sua costela a mulher criou.  


Minha família é projeto de Deus 
Pois em seu amor nos firmamos
Oramos e pedimos a sua direção
Nos conhecemos e namoramos 
Sob a orientação da Sua Palavra 
Em seus princípios nos casamos.
 
A sua família é projeto de Deus
Não é uma construção social
As suas vidas Deus ajuntou
Através do enlace matrimonial
Orem sempre um pelo outro
Para que o amor seja perenal.
 
WELIANO PIRES 

11 dezembro 2025

AS DISCIPLINAS E A LUTA ESPIRITUAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 11: O espírito humano e as disciplinas cristãs)

No terceiro tópico, abordaremos a relação entre as disciplinas espirituais cristãs e a luta espiritual. Iniciaremos destacando a astúcia do maligno, que constantemente prepara ciladas com o objetivo de enfraquecer a fé do cristão e conduzi-lo ao naufrágio espiritual. 


Em seguida, trataremos da necessidade de administrar bem o nosso tempo, pois a batalha espiritual também passa pelo uso sábio dos nossos dias. As distrações têm se multiplicado, e entre elas se destaca a dependência digital, que tem consumido grande parte do tempo, da atenção e até da energia emocional de muitos cristãos.


1. As astúcias do Maligno. A Bíblia nos ensina que o diabo é o arquiinimigo de Deus e, portanto, ele odeia o povo de Deus. Ele é um inimigo perigosíssimo, pois é mentiroso e pai da mentira. Seu modo de agir é caracterizado pela falsidade, sutileza e toda sorte de engano. Sobre isso, o apóstolo Pedro nos alertou:


"Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar." (1 Pe 5:8).


Nessa advertência, o apóstolo alerta os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca suas presas. O primeiro passo para o leão atacar uma presa é acompanhar seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, impedindo sua reação.


O inimigo possui métodos e artimanhas para enganar os crentes. Somente com discernimento, vigilância e toda a armadura de Deus podemos vencer seus enganos. Escrevendo aos Efésios, o apóstolo Paulo disse:


"Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo." (Ef 6:11).


A expressão “astutas ciladas”, no grego, é methodeias, que significa artifícios, truques, arte e malandragem. Essa palavra deu origem à palavra portuguesa "método". Se o diabo revelasse sua verdadeira identidade e aparecesse para as pessoas com chifres, uma cauda enorme e soltando fogo pelas narinas, como muitos imaginam que ele é, ninguém se deixaria enganar por suas investidas. Mas ele é perigoso justamente porque age de forma sutil, sem revelar quem realmente é.


Como vencer as astúcias do inimigo? A Bíblia nos ensina que, para vencer as astúcias do diabo, devemos nos revestir de toda a armadura de Deus. Essa armadura é composta de: cinto da verdade, couraça da justiça, escudo da fé, calçados na preparação do Evangelho, capacete da salvação, espada do Espírito e oração em todo o tempo. 


Cada uma destas armas tem um significado específico na proteção do crente e não vamos discorrer sobre cada uma delas, para não nos alongarmos. Na luta para vencer a astúcia do inimigo, é preciso pelo menos três disciplinas espirituais: oração, para estar em contato com Deus; estudo da Palavra de Deus, para não ser enganado; e vigilância constante, para não ser surpreendido pelo inimigo. 

Cada uma dessas peças tem um significado específico na proteção do crente, mas não entraremos em detalhes sobre cada uma delas neste momento.

Na luta para vencer as astúcias do inimigo, pelo menos três disciplinas espirituais são essenciais:

a) Oração: Para mantermos contato constante com Deus.

b) Estudo da Palavra de Deus: Para que não sejamos enganados.

c) Vigilância constante: Para não sermos surpreendidos pelas investidas do inimigo.

Essas disciplinas são fundamentais para nos mantermos firmes e protegidos em nossa caminhada espiritual, especialmente diante das tentações e enganos que o inimigo tenta lançar sobre nós.

2. Evitando as distrações. No texto de Efésios 5:15-16, o apóstolo Paulo faz a seguinte advertência:

"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus."

O contexto de Efésios 5 começa no capítulo 4, a partir do versículo 17, quando Paulo fala sobre o modo de vida dos gentios, que andavam segundo a sua natureza pecaminosa, separada de Deus:

"E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente." (Ef 4.17)

O apóstolo prossegue falando sobre o estilo de vida pecaminoso dos gentios e diz que os crentes de Éfeso não aprenderam assim de Cristo (Ef 4.20). Na sequência, ele faz várias recomendações aos crentes de Éfeso para se despojarem do velho homem e abandonarem as velhas práticas de mentira, ódio, furto, palavras torpes, blasfêmias, imoralidade sexual, avareza, etc.

A expressão grega dia touto, traduzida por “portanto” em Efésios 5:17, indica uma conclusão do que foi dito anteriormente. Sendo assim, Paulo recomenda que, devido ao comportamento dos gentios e à sociedade em que os crentes de Éfeso estavam inseridos, eles deveriam portar-se com prudência, não como insensatos, mas como sábios, aproveitando bem as oportunidades, pois os dias são maus.

O ponto-chave dessa recomendação paulina é a administração sábia do tempo, evitando distrações e a perda de tempo com futilidades. O comentarista chamou a atenção para o uso excessivo do celular e das redes sociais, que, sem sombra de dúvida, são os grandes vilões na questão das distrações e da dependência digital.

Na sociedade pós-moderna, a vida é uma correria em todos os aspectos. Temos muitas coisas a fazer no trabalho, nos estudos, na igreja, em casa, nas compras, viagens etc. Se não administrarmos o tempo, não conseguiremos dar conta de tantas tarefas. E, aliás, muitas pessoas não conseguem, o que gera estresse e esgotamento emocional.

A internet facilitou muito a nossa vida em vários aspectos, pois hoje podemos realizar muitas coisas sem precisar sair de casa, como operações bancárias, marcações de consultas, retirada de resultados de exames, envio de documentos, pesquisas, leituras de livros digitais, comunicação por chamadas de vídeo e até o trabalho remoto.

Por outro lado, a internet também trouxe a dependência digital e muitas atividades inúteis que consomem nosso tempo, prejudicando as disciplinas espirituais tanto em casa quanto nos templos. Há pessoas que não conseguem se desconectar das redes sociais nem mesmo no momento do culto, quando deveriam estar em conexão direta com Deus.

No momento em que deveriam estar orando ou ouvindo a Palavra de Deus, estão vendo atualizações do Instagram, Facebook, WhatsApp, X (anteriormente Twitter) ou TikTok. Que Deus nos guarde e nos dê sabedoria e discernimento para administrarmos o nosso tempo, evitando todo tipo de distração nos momentos de oração, adoração e louvor a Ele.

Ev. WELIANO PIRES

O DESAFIO DAS DISCIPLINAS ESPIRITUAIS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 11: O espírito humano e as disciplinas cristãs)

No segundo tópico, refletiremos sobre o desafio de praticar as disciplinas espirituais. Começaremos fazendo uma analogia com o funcionamento do corpo humano: assim como muitos encontram dificuldade em manter uma rotina regular de exercícios físicos, também não é simples manter constância nas práticas espirituais. Ambas exigem esforço, perseverança e um propósito claro.

Em seguida, veremos que a negligência dessas disciplinas produz sérias consequências na vida do crente. Entre elas estão a apatia espiritual, que enfraquece a fé; o engano, que torna o cristão vulnerável às falsas doutrinas e tentações; e, por fim, a prática do pecado, como resultado de uma vida desconectada das fontes de graça e fortalecimento espiritual.

Por último, destacaremos que as disciplinas espirituais não podem permanecer apenas na teoria. Elas devem ser cultivadas diariamente, com intencionalidade e zelo, pois somente assim o cristão experimenta crescimento genuíno e maturidade espiritual. 

1. A analogia do corpo. 

O apóstolo Paulo estabeleceu uma analogia entre a atividade física e as disciplinas espirituais. Assim como todos nós sabemos que o corpo humano precisa de exercícios para se manter saudável, também sabemos que o sedentarismo traz inúmeros prejuízos à saúde.

Com o passar do tempo, um corpo sedentário tende a desenvolver problemas de circulação, diabetes, obesidade, desgaste nas articulações, cansaço constante, osteoporose, perda de força, dores crônicas, atrofia muscular, sono irregular, estresse, depressão e tantas outras complicações.

Apesar disso, não é simples iniciar uma rotina de atividade física — muito menos mantê-la. Muitos começam empolgados, mas rapidamente desistem. E, depois de um período parado, retornar se torna ainda mais difícil, mesmo para quem já teve uma prática regular. Tenho uma rotina de exercícios há mais de 15 anos e sei, por experiência própria, que não é fácil, mas é necessário se exercitar fisicamente.

Da mesma forma acontece em nossa vida espiritual. Todo cristão que conhece minimamente a Palavra de Deus sabe que precisa se dedicar às disciplinas espirituais: oração, jejum, leitura e meditação nas Escrituras, além da participação fiel na comunhão da igreja.

Entretanto, após começar, é preciso perseverar. Certamente surgirão obstáculos e desculpas para abandonar essas práticas: cansaço, falta de tempo, sono, trabalho, estudos, lazer, família e tantas outras demandas. Por isso, é necessário reagir, fortalecer-se no Senhor e continuar. O treinamento espiritual exige esforço, constância e disciplina, mas produz frutos eternos.

2. Apatia, engano e pecado. 

Assim como o corpo enfraquece quando não se exercita, o espírito também sofre quando há abandono das disciplinas espirituais. A interrupção da oração, da leitura bíblica, da meditação, do jejum e da comunhão cristã produz fraqueza, paralisia e, em casos extremos, até morte espiritual.

O comentarista destaca três consequências principais da falta de exercícios espirituais na vida do crente:

a) Apatia. A palavra apatia deriva do grego apatheia — formada pelo prefixo “a” (negação) e pathos (emoção, sentimento, paixão, sofrimento). Assim, apatia significa ausência de sentimento, frieza e insensibilidade. A apatia espiritual é marcada por indiferença em relação às coisas de Deus, falta de discernimento e perda de sensibilidade à atuação do Espírito Santo. O crente já não se alegra, não chora, não se quebranta, não se arrepende — simplesmente não reage às realidades espirituais.

b) Engano. Quando o crente deixa de ler, estudar e meditar na Palavra de Deus, torna-se vulnerável a erros, modismos e “ventos de doutrina”.

Infelizmente, muitos têm sucumbido a heresias por falta de conhecimento bíblico. A negligência com a Escola Dominical, cultos de ensino e estudo sistemático das Escrituras abre brechas para que o engano se instale. Quem conhece a Palavra de Deus, não se deixa levar por doutrinas estranhas, pois a verdade funciona como um filtro que rejeita o erro.

c) Pecado. O pecado se apresenta de forma sutil, muitas vezes disfarçado pela antiga desculpa: “não tem nada a ver”. Para resistir ao pecado, o crente precisa revestir-se do Senhor e da força do Seu poder (Ef 6.10). Mas isso só é possível mediante prática constante das disciplinas espirituais. Sem oração, sem vigilância, sem meditação na Palavra, o crente enfraquece e se torna presa fácil das tentações. A santificação não acontece por acaso; ela é fruto de uma vida espiritual disciplinada.

3. Da teoria à prática.

Até aqui tratamos da necessidade vital que o crente tem de praticar as disciplinas espirituais. Essa é a parte teórica, reconhecida por qualquer cristão que conhece minimamente a Bíblia. Contudo, como bem observou o comentarista, não podemos permanecer apenas no conhecimento teórico — é necessário avançar para a prática diária.

Assim como ocorre na atividade física, não basta saber que os exercícios são importantes; é preciso começar a praticá-los. Porém, ninguém inicia um treino intenso sem orientação, tentando fazer exercícios que exigem alto condicionamento. Surge então a pergunta natural: por onde começar? Que práticas são adequadas para o iniciante? Com que frequência e de que maneira devem ser feitas?

a) Começar corretamente. Na vida espiritual, o princípio é o mesmo: não se inicia a jornada das disciplinas espirituais de modo desordenado e com extrema intensidade. Tomemos a oração como exemplo. Não adianta começar tentando orar duas horas ajoelhado. O corpo não está preparado, a mente se dispersa, as palavras faltam, os joelhos doem — e o desânimo aparece. Por isso, a sabedoria está em começar com passos firmes, porém possíveis.

b) Estabelecer um ritmo espiritual. O ideal é reservar um horário e um local específico para a oração e a meditação na Palavra. Esse lugar deve ser livre de distrações e interrupções.

O horário mais recomendado é no início do dia, antes das demais atividades, pois, começamos o dia falando com Deus e permitimos que Ele fale conosco através das Escrituras.

c) Outras ocasiões de oração. É claro que a oração não deve se limitar ao devocional diário. Devemos orar também antes das refeições, antes de viajar, antes de dormir e diante de qualquer situação adversa. Também é importante participar — na medida do possível — dos momentos de oração da igreja local, pois somos edificados e fortalecidos na comunhão.

d) Participação ativa no culto. Da mesma forma, devemos participar ativamente dos cultos e não como meros espectadores. Ao entrar no templo, devemos dobrar os joelhos e falar com Deus. A partir desse momento, devemos deixar de lado assuntos que não pertencem ao momento do culto e participar de toda a liturgia: cantar, orar, acompanhar leitura das Escrituras e ouvir atentamente a pregação. Assim, aos poucos, o crente desenvolve um ritmo constante de comunhão com Deus, fortalecendo seu espírito e amadurecendo na fé.

09 dezembro 2025

A PIEDADE E AS DISCIPLINAS CRISTÃS

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: O espírito humano e as disciplinas cristãs).

Neste primeiro tópico, estudaremos a relação entre a piedade e as disciplinas cristãs. Iniciaremos destacando o paralelo traçado pelo apóstolo Paulo entre o exercício corporal e a piedade, conforme registrado em 1 Timóteo 4.8. 

Em seguida, analisaremos a diferença entre piedade externa e piedade interna. Embora as disciplinas cristãs incluam atos visíveis, a verdadeira piedade não se limita à aparência religiosa. Ela nasce de uma vida interior de sincera e profunda devoção a Deus.

Por fim, refletiremos sobre a relação entre piedade e discrição, enfatizando que a prática das disciplinas espirituais é incompatível com vaidade, ostentação e exibicionismo


1. Exercício corporal e piedade.

O texto base para a argumentação deste subtópico é 1 Timóteo 4.7–8, que afirma:

“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.”


No contexto desses versículos, Paulo faz uma advertência a respeito da apostasia dos últimos dias, quando muitos se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios. Depois de descrever as práticas características desses falsos ensinos, Paulo recomenda a Timóteo que rejeite os mitos e crendices propagados pelos falsos mestres e se exercite na piedade.


Paulo conclui afirmando que o exercício físico tem pouco proveito quando comparado ao exercício da piedade. Nesse paralelo entre o exercício corporal e o exercício espiritual, é importante observar o significado original das três palavras-chave: exercício, piedade e pouco, para que compreendamos plenamente a mensagem do apóstolo e evitemos interpretações distorcidas.


a) Exercício (gr. gymnasía)

A palavra gymnasía deu origem ao termo português “ginásio”. Refere-se a um treinamento vigoroso — seja do corpo ou da mente — com o objetivo de aprimorar o desempenho. No contexto específico de 1 Timóteo, porém, Paulo não está falando do exercício físico como o entendemos hoje, mas sim das práticas ascéticas que envolviam o corpo, como a abstinência do matrimônio e a proibição de certos tipos de alimentos, defendidas pelos falsos mestres.


b) Piedade (gr. eusebeia)

A palavra “piedade”, em português, ganhou um sentido diferente do que possuía na época em que João Ferreira de Almeida a utilizou. Por influência do uso católico, costuma estar associada à compaixão ou misericórdia (“Tende piedade de nós”). Entretanto, o termo grego eusebeia é formado por eu (“bom”) e sebomai (“adorar”, “ser devoto”). Assim, seu significado é o de devoção reverente e fidelidade a Deus em todos os aspectos da vida, não apenas misericórdia ou sensibilidade emocional.


c) Pouco (gr. olygos)

A palavra grega olygos, traduzida por “pouco”, significa “pequeno”, “limitado” ou “restrito”. Ela é a raiz de “oligarquia”, que descreve o governo de um pequeno grupo. Quando Paulo declara que “o exercício corporal para pouco aproveita”, não está desprezando o exercício físico nem aconselhando desleixo com o corpo. Seu ponto é que o treinamento ascético do corpo tem benefício limitado para o preparo espiritual, ao passo que o exercício da piedade é proveitoso em todas as áreas da vida, tanto agora quanto na eternidade.


2. Piedade interna e externa.

Aqui o comentarista estabelece um contraste entre a piedade interna e a piedade externa. Conforme mencionamos anteriormente, a piedade diz respeito à fidelidade a Deus em todos os aspectos da vida. Naturalmente, essa fidelidade não se limita a crer em Deus, pois Tiago afirma que “a fé sem obras é morta”. Não basta acreditar que Deus existe e aceitar a veracidade de Sua Palavra se essa crença não se traduz em prática. O próprio Jesus declarou: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13.17).


Os escribas e fariseus davam grande ênfase ao aspecto exterior da piedade — longas orações, jejuns frequentes, esmolas, rigor no dízimo e vestimentas religiosas adornadas com trechos das Escrituras. Contudo, essas expressões externas não correspondiam ao interior deles, que estava repleto de inveja, hipocrisia, mentira e toda sorte de maldade.


Não há nada de errado com a prática externa da piedade; ao contrário, a Escritura recomenda a prática das boas obras. Entretanto, a verdadeira piedade nasce de um coração regenerado pelo Espírito Santo, e as boas obras são fruto do novo nascimento. O crente não pratica boas obras para conquistar a salvação ou para obter favores divinos, mas porque já foi salvo por Jesus e agora reflete o Seu caráter diante do mundo.


3. Piedade e discrição.

Do ponto de vista bíblico, a prática das disciplinas espirituais é incompatível com o exibicionismo e a autopromoção. Jesus condenou duramente os escribas e fariseus por isso, tanto no Sermão da Montanha quanto no capítulo 23 de Mateus. Ele censurou as orações longas realizadas em público, os jejuns acompanhados de aparência triste e as esmolas feitas com alarde (Mt 6.1–18).


Evidentemente, o Mestre não condenou as orações públicas ou em pé, como afirma a Congregação Cristã no Brasil. Não há nada de errado em orar publicamente ou de pé, pois o próprio Jesus fez isso na ressurreição de Lázaro, na multiplicação dos pães e peixes e em outras ocasiões. O que Jesus reprovou foi o exibicionismo — a prática de orar para ser visto.


Da mesma forma, Jesus não condenou o jejum, pois Ele mesmo jejuou. No entanto, ensinou que o jejum deve ser realizado em secreto, sem a expectativa de reconhecimento humano. Lamentavelmente, na atualidade vemos pessoas jejuando e “tocando trombeta” nas redes sociais e na Igreja, como demonstração de espiritualidade. Jesus rejeita esse tipo de jejum, pois ele revela soberba, e não rendição a Deus.


As esmolas e ofertas também devem ser praticadas com discrição e com propósitos nobres. Quando ajudamos alguém necessitado, devemos fazê-lo da forma mais reservada possível, para não constranger quem recebe e para não buscarmos elogios; afinal, nesse caso, Jesus disse que já recebemos a nossa recompensa.


Em relação às contribuições à Igreja, também devemos ofertar de modo que ninguém saiba o valor entregue. As contribuições feitas à Obra do Senhor devem ser dadas com alegria, voluntariamente e sem esperar nada em troca. Uma pessoa piedosa não contribui para ser bem vista na comunidade. Esse foi o comportamento de Ananias e Safira, que, movidos pela avareza, trouxeram sua oferta para obter reconhecimento. Mas o Espírito Santo revelou a farsa, e ambos morreram.


Ev. WELIANO PIRES

08 dezembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: O ESPÍRITO HUMANO E AS DISCIPLINAS CRISTÃS

 TEXTO ÁUREO:

“Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” (1Tm 4.8).

VERDADE PRÁTICA:

As disciplinas espirituais são necessárias para o fortalecimento do espírito, assim como os exercícios físicos para a estrutura óssea e muscular.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Timóteo 4.6-8,13-16.

Objetivos da Lição: 

I) Explicar o conceito bíblico de piedade, distinguindo entre sua dimensão interna e externa; 

II) Despertar nos alunos a consciência da necessidade de uma prática regular e perseverante das disciplinas espirituais; 

III) Conscientizar os alunos que as disciplinas espirituais são ferramentas essenciais na batalha contra as forças do mal.

Palavra-Chave: DISCIPLINAS

A palavra disciplina vem do latim disciplina, termo relacionado a discipulus, que significa “aluno” ou “aprendiz”. No latim clássico, disciplina designava tanto o ato de ensinar e instruir, quanto o conjunto de ensinamentos transmitidos por um mestre ao seu discípulo.

No grego do Novo Testamento, a palavra mais próxima desse conceito é paideía, usada para se referir à educação, instrução e disciplina no sentido de treinamento, formação, correção e até mesmo punição. Paideía deriva de país (“criança”) e descreve a formação integral do ser humano: alfabetização, preparo físico, caráter moral, cultura e responsabilidade cívica — tudo o que visava transformar alguém em um bom cidadão.

No contexto desta lição, porém, disciplina refere-se principalmente ao treinamento espiritual que molda o crente segundo o caráter de Cristo. São práticas que fortalecem o espírito, aperfeiçoam a vida cristã e capacitam o discípulo a permanecer firme e a vencer o inimigo.

INTRODUÇÃO 

Nesta segunda lição sobre o espírito humano, estudaremos a relação entre o espírito e as disciplinas cristãs — práticas espirituais que nos aproximam de Deus e contribuem para o fortalecimento do nosso homem interior.

Assim como o corpo necessita de alimentação adequada e exercícios físicos para se manter saudável, o nosso espírito também precisa ser nutrido e exercitado para permanecer firme diante das adversidades. Entre as principais disciplinas espirituais destacam-se: a oração, o jejum, o estudo sistemático das Escrituras, a leitura devocional da Bíblia e a adoração a Deus, tanto no âmbito particular quanto nos cultos congregacionais.

A negligência dessas práticas enfraquece o crente, tornando-o mais vulnerável às tentações e às hostes espirituais da maldade. Em contraste, vemos no exemplo de Jesus no deserto que, embora seu corpo estivesse debilitado após longo período de jejum, seu espírito permanecia fortalecido pela comunhão constante com o Pai. Ele venceu o inimigo como verdadeiro homem, mostrando que a força espiritual é fruto de disciplina, entrega e dependência de Deus.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. A PIEDADE E AS DISCIPLINAS CRISTÃS

Neste primeiro tópico, estudaremos a relação entre a piedade e as disciplinas cristãs. Iniciaremos destacando o paralelo traçado pelo apóstolo Paulo entre o exercício corporal e a piedade, conforme registrado em 1 Timóteo 4.8. 

Em seguida, analisaremos a diferença entre piedade externa e piedade interna. Embora as disciplinas cristãs incluam atos visíveis, a verdadeira piedade não se limita à aparência religiosa. Ela nasce de uma vida interior de sincera e profunda devoção a Deus.

Por fim, refletiremos sobre a relação entre piedade e discrição, enfatizando que a prática das disciplinas espirituais é incompatível com vaidade, ostentação e exibicionismo. 

II. O DESAFIO DAS DISCIPLINAS ESPIRITUAIS

No segundo tópico, refletiremos sobre o desafio de praticar as disciplinas espirituais. Começaremos fazendo uma analogia com o funcionamento do corpo humano: assim como muitos encontram dificuldade em manter uma rotina regular de exercícios físicos, também não é simples manter constância nas práticas espirituais. Ambas exigem esforço, perseverança e um propósito claro.

Em seguida, veremos que a negligência dessas disciplinas produz sérias consequências na vida do crente. Entre elas estão a apatia espiritual, que enfraquece a fé; o engano, que torna o cristão vulnerável às falsas doutrinas e tentações; e, por fim, a prática do pecado, como resultado de uma vida desconectada das fontes de graça e fortalecimento espiritual.

Por último, destacaremos que as disciplinas espirituais não podem permanecer apenas na teoria. Elas devem ser cultivadas diariamente, com intencionalidade e zelo, pois somente assim o cristão experimenta crescimento genuíno e maturidade espiritual. 

III. AS DISCIPLINAS E A LUTA ESPIRITUAL

No terceiro tópico, abordaremos a relação entre as disciplinas espirituais cristãs e a luta espiritual. Iniciaremos destacando a astúcia do maligno, que constantemente prepara ciladas com o objetivo de enfraquecer a fé do cristão e conduzi-lo ao naufrágio espiritual. 

Em seguida, trataremos da necessidade de administrar bem o nosso tempo, pois a batalha espiritual também passa pelo uso sábio dos nossos dias. As distrações têm se multiplicado, e entre elas se destaca a dependência digital, que tem consumido grande parte do tempo, da atenção e até da energia emocional de muitos cristãos.

Ev. WELIANO PIRES 

07 dezembro 2025

O ESPÍRITO HUMANO E AS DISCIPLINAS CRISTÃS

 (SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD, Ed. 103, p.41)

A Palavra de Deus nos ensina que espírito, alma e corpo devem ser preservados irrepreensíveis para a Vinda do Senhor Jesus. Para tanto, o crente precisa se ater a algumas disciplinas espirituais necessárias para o fortalecimento espiritual e bem-estar do templo do Espírito Santo. Em nosso cotidiano, há uma intensa e constante solicitude pelos cuidados desta vida (Lc 21.34). Preocupações com trabalho, escola, faculdade e contas a pagar ocupam espaço em nossas mentes de tal maneira que nos sobra pouco tempo para fazer como Maria, isto é, escolher a melhor parte (Lc 10.41,42). As disciplinas espirituais surgem como um compromisso do cristão com sua vida espiritual. Como o nome já diz, são “disciplinas”; e o que é a disciplina? De acordo com o Dicionário Houaiss, dentre suas acepções, trata-se de um “comportamento metódico, determinado; constância”. Significa que a disciplina assegura a organização do tempo e da conduta. Nem sempre queremos cumprir com as regulamentações, mas a disciplina nos conduz a fazer o que é certo, mesmo quando não estamos prontamente motivados. Em nosso contexto, praticar as disciplinas da vida cristã é indispensável para nossa saúde espiritual. Não há como alcançar uma vida espiritual próspera, profícua e atuante na obra de Deus sem o exercício da oração, do jejum, da leitura bíblica e da devoção espiritual a Deus.


Como discorre o Comentário Bíblico Pentecostal — Novo Testamento (CPAD), Paulo exorta os filipenses a ocuparem seu pensamento com virtudes alcançadas pelo Evangelho (Fp 4.8,9): 

1. A lista de Paulo começa com a verdade. Para o pensamento hebreu, a verdade é aquilo que se opõe à falsidade. No pensamento grego (Platônico) a verdade é vista como aquilo que se opõe ao que é aparente ou passageiro; 

2. As coisas ‘nobres’, ou ‘honestas’ são merecedoras de respeito; são transcendentes ou moralmente honestas (usada em relação aos diáconos com 1Tm 3.8); 

3. As coisas que são ‘justas’ obedecem aos padrões de justiça de Deus, e também representam o cumprimento das obrigações morais para com Deus e os nossos concidadãos; 

4. A ‘pureza’ denota aquilo que é ética ou religiosamente puro. Na adoração, no Antigo Testamento, os sacrifícios eram puros por serem limpos ou imaculados. [...];

5. A próxima virtude é a amabilidade, não ocorre em nenhuma outra parte do Novo Testamento. Em seu uso secular, refere-se a tudo aquilo que é admirável ou merecedor de amor; 

6. A virtude final na lista de Paulo é a ‘boa fama’, ou seja, tudo aquilo que é de boa reputação ou livre de ofensas”. (Volume 2, 2003, p.508). Tais virtudes devem ser cultivadas diariamente para fortalecer o espírito, e o Deus de Paz será conosco (Fp 4.9).

05 dezembro 2025

REGENERAÇÃO E ADORAÇÃO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 10: Espírito – o âmago da vida humana)

No terceiro tópico, temos três tópicos a respeito da regeneração e adoração. Iniciaremos com a experiência espiritual do Novo Nascimento. Veremos também que é indispensável a compreensão da obra do novo nascimento para uma correta adoração. Por fim, veremos que a verdadeira e pura adoração nasce de um espírito quebrantado, ou seja, da simplicidade, que não busca a exaltação humana.

1. O Novo Nascimento. 

A vitória sobre o pecado encontra seu ponto de partida na experiência espiritual do Novo Nascimento, compreendido como um ato divino operado no interior do ser humano que resulta na concessão de um espírito regenerado (Jo 3.5–8; Ef 2.1–6). Na teologia cristã, os termos Novo Nascimento e Regeneração são tratados como sinônimos.

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil define a regeneração como “a transformação do pecador numa nova criatura pelo poder de Deus, como resultado do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário”. Tal definição enfatiza a dimensão soteriológica da regeneração, articulando sua origem na obra expiatória de Cristo e sua realização na ação do Espírito Santo.

No âmbito do Novo Testamento, a expressão grega gennethenai anóthen, traduzida por “nascer de novo” em João 3.3, pode igualmente ser interpretada como “nascer do alto” ou “nascer de cima”, sugerindo uma origem celestial e não humana para essa transformação espiritual. Além disso, outros termos correlatos aparecem Novo Testamento, como anagennaō, presente em 1 Pedro 1.3 e 1.23, que designa a ação regeneradora do Espírito Santo ao transformar o ser humano em uma nova criatura conforme a vontade divina.

Outro vocábulo empregado nas Escrituras para descrever esse processo é palingenesia, traduzido por “regeneração”, cujo sentido literal é “ser gerado novamente”. Essa palavra ocorre duas vezes no Novo Testamento: em Mateus 19.28, onde é utilizada por Jesus em referência à restauração cósmica no período do Milênio; e em Tito 3.5, onde o apóstolo Paulo a utiliza para descrever a renovação espiritual realizada pelo Espírito Santo no interior do indivíduo.

A necessidade universal do Novo Nascimento fundamenta-se na condição humana marcada pelo pecado. O apóstolo Paulo afirma, em Romanos 3.23, que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Dessa forma, se todo ser humano se encontra sob a realidade do pecado, torna-se igualmente imprescindível que todos experimentem o Novo Nascimento como meio de restauração espiritual.

2. Em espírito e em verdade. 

O comentarista destaca que compreender corretamente a imprescindível obra do Novo Nascimento, operada no nosso interior, é fundamental para uma vida de adoração genuína. Nicodemos, um respeitado doutor da Lei, possuía um conhecimento limitado, que se restringia ao que podia ser observado externamente. Por esse motivo, ele não compreendeu a explicação de Jesus sobre a necessidade do Novo Nascimento.

Por outro lado, a mulher samaritana, que era completamente leiga nas Escrituras Judaicas, conhecia ainda menos. Ela apenas sabia o que a tradição de seus antepassados lhe transmitira sobre a adoração no Monte Gerizim e a expectativa de que um Ungido [hebr. Mashiach] de Deus viria para libertar Israel.

Durante o diálogo, a mulher questionou Jesus a respeito do verdadeiro local de adoração, pois seus antepassados samaritanos afirmavam que este deveria ser o Monte Gerizim, o qual, segundo a tradição, era o lugar adequado para adorar a Deus. Este monte era considerado o lugar da bênção, uma vez que foi de lá que Moisés pronunciou as bênçãos para os israelitas que obedecessem a Deus (cf. Dt 28.1-14). O Monte Ebal, por sua vez, era associado à maldição.

Após o retorno dos judeus do cativeiro babilônico e a reconstrução do Templo de Jerusalém, os samaritanos construíram um santuário no topo do Monte Gerizim para competir com o templo judaico. Mesmo após a destruição desse santuário, os samaritanos continuaram a subir ao monte para realizar seus cultos.

Jesus, no entanto, veio estabelecer uma Nova Aliança, na qual a adoração não depende de peregrinações a lugares sagrados, sacrifícios ou tradições externas, mas consiste na entrega total do nosso ser “em espírito e em verdade”. No Cristianismo, não há espaço para misticismos nem para peregrinações a lugares considerados supostamente sagrados. A verdadeira comunhão com Deus deve ser fundamentada nas Escrituras, que são o nosso manual de fé e prática.

3. Um espírito quebrantado. 

O conhecidíssimo Salmo 51 é uma oração de Davi, na qual ele confessa seu pecado e implora pelo perdão e pela restauração de Deus. O salmo foi escrito após Davi ter sido repreendido pelo profeta Natã, por causa dos gravíssimos pecados de adultério com Bate-Seba e por ordenar a morte de Urias, seu marido.

No versículo 17 deste salmo, Davi declara:

“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.”

Observe que as palavras “espírito” (ruach) e “coração” (lev) aparecem aqui como sinônimas, no chamado paralelismo sinonímico, característico da poesia hebraica. Esse recurso consiste em afirmar a mesma ideia em duas frases diferentes, usando termos equivalentes: “espírito quebrantado” e “coração contrito”. Assim, o salmista não está se referindo ao espírito humano no sentido técnico, mas a uma postura interior.

As palavras hebraicas shâbar e dâkâh, traduzidas respectivamente como “quebrantado” e “contrito”, transmitem a ideia de algo esmagado ou reduzido a pó. Em sentido figurado, descrevem uma atitude interior de profunda humildade, arrependimento e total rendição diante de Deus.

Ev. WELIANO PIRES 

Referências:

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, p. 64.

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: PREPARANDO O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO PARA A ETERNIDADE

Data: 28 de dezembro de 2025 TEXTO ÁUREO : “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp...