(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 06 – O LIVRO DE ESTER).
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, veremos a categorização do livro de Ester, apresentando a posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã. Apresentaremos também as características literárias do livro, destacando a sua historicidade objetiva e o estilo menos dialógico, que difere do Livro de Rute. Por último, veremos as informações referentes à autoria e data da composição desta obra, que são incertas.
1- A categorização de Ester. Na lição 02, quando falamos do Livro de Rute, vimos que, embora o conteúdo da Bíblia Hebraica e o do Antigo Testamento da nossa Bíblia sejam iguais, a ordem e a quantidade de livros são diferentes. A Bíblia hebraica está organizada por assunto e é formada por três seções: Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Escritos). Este três nomes formam a sigla Tanak, que é a junção das letras iniciais destas três palavras. Dentro do Ketuvim, há um grupo de cinco livros pequenos, chamados de Megillot, que são lidos nas festas judaicas: Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. O Livro de Ester é lido durante a celebração da festa de Purim.
O Antigo Testamento da Bíblia Cristã, também está organizado por assunto e se divide em quatro grupos: Pentateuco (Lei), Livros históricos, Livros poéticos e Livros proféticos. O Livro de Ester aparece no mesmo grupo do Livro de Rute e faz parte do conjunto dos Livros históricos, que são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
Muitos ateus e teólogos liberais tentam desqualificar o Livro de Ester como um livro histórico e dizem que se trata apenas de uma história de ficção ou um romance da antiguidade. Entretanto, o Livro de Ester cita nomes e acontecimentos históricos que podem ser confirmados, como veremos nos próximos tópicos. É um livro que faz parte do Cânon Sagrado, ou seja, foi inspirado pelo Espírito Santo e é parte da inerrante, infalível e perfeita Palavra de Deus.
2- Características literárias. O Livro de Ester é composto por 10 capítulos e 167 versículos. O seu gênero literário é narrativo, porém, diferente do Livro de Rute, não contém tantos diálogos entre os personagens. O narrador ocupa a maior parte do texto, descrevendo os fatos sem fazer parte deles. É bastante comum nos livros históricos da Bíblia, o escritor não falar em primeira pessoa, mesmo quando ele faz parte dos acontecimentos. Por exemplo, a autoria dos Livros de Samuel é atribuída a ele próprio, mas em momento algum a narrativa se refere a Samuel em primeira pessoa, exceto em diálogos que ele participou. O mesmo ocorre nos Livro do Pentateuco, Josué, Esdras, etc. A exceção é o Livro de Neemias, onde há algumas falas de Neemias em primeira pessoa. Até mesmo os Livros proféticos mencionam os profetas em terceira pessoa, como se eles não fossem os escritores.
O Livro de Ester tem como principal característica a objetiva historicidade, ou seja, o texto traz informações específicas sobre o rei Assuero, mencionando que este Assuero reinou sobre cento e vinte e sete províncias, desde a Índia até à Etiópia (Et 1.1). O nome Assuero não era o nome próprio de um rei, e sim um título de um monarca da Pérsia. É a transliteração do termo hebraico Akhashverosh, que corresponde ao termo persa Khsayarsqha, e é chamado no grego de Xerxes. Estes detalhes históricos em relação a Assuero nos permitem identificá-lo como Xerxes I, que governou o Império Persa de 486 a.C, a 465 a.C.
Conforme nos informou o comentarista, o Livro de Ester também é a fonte histórica da festa judaica de Purim (Et 9.20-33), que é comemorada nos dias 14 e 15 do mês de Adar (Fevereiro/Março) até aos dias atuais pelo povo judeu. A instituição dessa festa não consta na Lei Mosaica, como outras festas de Israel. Entretanto, ela se tornou uma celebração nacional de todos os judeus. Até mesmo os saduceus, que só aceitavam a Torah como Livros Sagrados, celebravam esta festa.
3- Autoria e data. Assim como acontece em praticamente todos os livros históricos da Bíblia, o Livro de Ester não menciona em lugar algum quem o escreveu. As evidências internas nos permitem apenas saber que ele foi escrito por um judeu, devido ao amplo conhecimento do calendário e costumes judaicos e também pelo forte nacionalismo judaico. Por outro lado, era um judeu que nasceu ou viveu muitos anos na Pérsia, pois possuía amplo conhecimento dos costumes, história e etiqueta persa, e também do Palácio de Susã. Considerando este perfil, os nomes sugeridos para a autoria do Livro de Ester são Mardoqueu, Esdras e Neemias.
A data da composição da obra também é incerta. As evidências internas indicam que o Livro foi escrito após a morte de Assuero, que ocorreu em 465 a.C. Isto porque, o texto de Ester 10.2 se refere ao governo de Assuero como se ele já estivesse concluído. Por outro lado, o Livro de Ester foi escrito antes da conquista da Pérsia pela Grécia, em 330 A.C., pois não há o uso de expressões ou costumes gregos. Portanto, o Livro foi escrito entre 465 e 330 a.C.
REFERÊNCIAS:
QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39
Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.
Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98
MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário