17 agosto 2024

ESTER: A JUDIA SE TORNA RAINHA EM TERRA ESTRANHA

(Comentário do 3° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos os detalhes da ascensão da jovem judia Ester, ao posto de rainha do império persa. O processo de sucessão da rainha Vasti durou cerca de quatro anos. Não havia restrições legais quanto à origem étnica e racial das candidatas ao posto de rainha da Pérsia. A única exigência era que fossem virgens e belas. Mesmo assim, Mardoqueu orientou Ester a que não revelasse as suas origens judaicas e ela obedeceu.


1- Quatro anos depois. Conforme vimos no tópico anterior, o rei Assuero ficou muito irritado, com a recusa da rainha Vasti em atender a sua convocação e a depôs do posto de rainha. Entretanto, a escolha da nova rainha não aconteceu de imediato. Segundo o comentarista, demorou ainda quatro anos para o rei escolher a nova rainha, após a deposição de Vasti. Entretanto, a decisão de escolher a nova rainha aconteceu três anos depois. A coroação de Ester aconteceu quatro anos após o banquete (Et 1.3; 2.16). Mas ela passou por um tratamento de beleza por um período de um ano (Et 2.12).

Conforme colocou o comentarista, segundo a opinião dos estudiosos do assunto, esta escolha se deu após a derrota do Império Persa para os gregos, em 480 a.C. na Batalha de Salamina. Esta batalha naval aconteceu na Ilha grega de Salamina e, por isso, leva este nome. Nesta batalha os persas sofreram grande derrota e as suas forças navais quase foram destruídas. 

Os persas haviam lutado contra os gregos, dez anos antes, em 490 a.C., na batalha de Maratona, na tentativa de anexar a Grécia ao Império Persa, ainda no reinado de Dario I, pai de Assuero. Na batalha de Salamina, Assuero tentou se vingar, mas apesar do exército persa ser superior ao grego, os persas foram derrotados nesta batalha. Um mensageiro correu 42,195 km até Atenas, para levar a notícia da vitória grega. Chegando lá, devido ao longo percurso, sofreu um ataque cardíaco e acabou morrendo. Por conta disso, uma corrida de 42 km é chamada de Maratona. 


2- O universo da escolha. O processo de escolha da nova rainha é semelhante ao conto de fadas da Cinderela, onde uma moça órfã, que era humilhada pela madrasta e suas filhas, acabou sendo escolhida pelo rei para ser a nova rainha. No caso de Ester, foi um pouco diferente, pois apesar dela ser órfã, ela foi muito amada pelo seu primo Mardoqueu, o seu pai adotivo. O seu nome hebraico era Hadassa, que significa murta, uma planta de folhas perfumadas e belas flores, que eram usadas para confeccionar grinaldas e perfumar os ambientes dos nobres. Ester era o seu nome persa, que deriva de Stara, “estrela”, ou de Ishtar, uma deusa babilônia. 

A jovem Hadassa (Ester) fazia parte de um grupo de judeus nascidos no cativeiro babilônico. Este cativeiro durou setenta anos e teve o seu fim decretado pelo imperador Ciro, mas muitos judeus não retornaram à sua terra. Temos poucas informações sobre as origens de Ester. Sabemos apenas que ela era filha de um homem chamado Abiail, que era tio de Mardoqueu (Et 2.14), que ela perdera os pais na infância, e que fora criada por seu primo Mardoqueu (Et 2.7). O texto bíblico nos informa também que Mardoqueu era da tribo de Benjamim e neto de Simei, irmão de Saul (Et 2.5).

O rei Assuero governava cento e vinte e sete províncias. Certamente havia muitas mulheres belas e filhas de pessoas nobres nestas províncias, que ele poderia escolher para ser a nova rainha. Ele poderia também escolher alguma princesa de outras nações, que era uma prática comum na época. Entretanto, ele resolveu realizar um concurso, no qual todas as virgens e belas do seu reino poderiam participar, sem nenhuma restrição de etnia ou raça. 

Evidentemente, isso era plano Deus, pois de outra forma, uma simples plebeia, de origem judaica, como Ester, jamais seria escolhida para ser a rainha da Pérsia. O nosso Deus é presciente e conhece o futuro por antecipação. Ele já sabia que anos mais tarde viria um decreto para exterminar o povo judeu e que a presença de uma rainha judia seria determinante para salvar o seu povo. 


3- A obediência de Ester. Ao saber desta convocação, Mardoqueu preparou Ester, que era muito bela, para também participar do concurso e orientou-a a não revelar a sua origem judaica. Não sabemos a razão de Mardoqueu preferir omitir a origem de Ester, pois, não era uma exigência do rei. Ao chegar ao palácio, Ester conquistou a simpatia de Hegai, o responsável pelas moças. Ela era uma moça bela, é claro, mas não foi só isso que ela conquistou a todos, inclusive o rei. Ester tinha uma graça especial que vinha de Deus. 

Ester fez como Mardoqueu lhe orientou e não revelou a sua origem. Por providência divina, ela foi a escolhida para ser a nova rainha. Esta escolha não foi por acaso, ou simplesmente por sua beleza, pois certamente haviam muitas moças belas, filhas dos nobres. Quando o rei a viu, amou-a mais do que às demais e colocou a coroa em sua cabeça. A escolha de Ester foi uma providência de Deus, para salvar o seu povo do extermínio. 

O segredo da escolha de Ester está em sua obediência, submissão e humildade. Ela não exigia explicações para obedecer. Cumpriu à risca tudo o que seu pai adotivo lhe orientou. No palácio, ela seguiu à risca todas as orientações de Hegai. Quando foi se apresentar ao rei, ela não pediu nada além daquilo que Hegai, o oficial responsável pelo harém, sugeriu (Et 2.15). 

Em nossa vida cristã, devemos nos empenhar para obedecer a Deus e às pessoas que Ele colocou para nos liderar. Infelizmente, em nossos dias, as pessoas têm dificuldades com obediência e submissão. Querem fazer tudo do seu jeito. Mas Deus não tem tanto prazer em sacrifícios e sim em obediência. O obedecer é melhor do que sacrificar (1 Sm 15;22). Por isso, jamais devemos pensar que seremos abençoados por Deus, se estivermos em desobediência e rebelião. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

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