15 agosto 2024

O BANQUETE DE ASSUERO E A RECUSA DE VASTI

(comentário do 1° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Veremos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Na sequência, falaremos de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Era um banquete público com muito luxo, que deveria durar sete dias; o outro banquete era exclusivo para as mulheres, oferecido pela rainha Vasti. Por último, falaremos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


1- O rei Assuero. Nos primeiros versículos do Livro de Ester, temos alguns dados sobre o rei Assuero, que nos permitem identificá-lo. O texto bíblico nos informa que “nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias”. (Et 1.1,2). Estes detalhes históricos em relação a Assuero nos permitem identificá-lo como Xerxes I, que governou o Império Persa de 486 a 465 a.C. O nome Assuero não era o nome próprio de um rei, e sim um título de um monarca da Pérsia. É a transliteração do  termo hebraico Akhashverosh, que corresponde ao termo persa Khsayarsqha, e é chamado no grego de Xerxes. 


O poderoso Império Persa, um dos maiores da antiguidade, que foi superado apenas pelo Império Romano, teve início com Ciro II, conhecido como Ciro, o Grande. Este Ciro era filho de Cambises I, rei da Pérsia, e de Mandane, filha de Astíages, rei da Média. Era neto de Ciro I. Os persas, neste contexto, eram dominados pelos medos. Em 550 a.C., o então príncipe persa Ciro, liderou uma revolta contra o domínio dos medos e saiu vitorioso, derrotando o seu avô materno. 


Ao assumir o trono persa em 559 a.C. Ciro derrotou vários reis do Oriente Próximo, Sudeste da Ásia e Ásia Central e expandiu os territórios do Império Persa. Em 539 a.C., Ciro derrotou os babilônios e colocou Dario, o medo, como rei da Babilônia. 


Ciro faleceu em 530 a.C. e foi sucedido pelo seu filho Cambises II. Em 522 a.C. Cambises foi assassinado e o poder passou ao seu filho Dario I, que não é o mesmo de Daniel 6. Aquele não era persa, era medo e viveu muitos anos antes de Dario I. Em 486 a.C. Dario I foi sucedido por seu filho Xerxes I, que é chamado na Bíblia de Assuero e foi o marido de Vasti e depois de Ester, e reinou até 465 a.C.


2- Um banquete público, outro exclusivo. Assuero era extravagante e estava acostumado a ter tudo o que queria. Enquanto se preparava para invadir a Grécia, Assuero fez um grande banquete e convidou muitos importantes oficiais de todas as províncias do império, para mostrar-lhes o seu poder, riqueza e autoridade. Este banquete durou seis meses ou 180 dias, pois os meses eram todos de 30 dias (Et 1.4). Depois dos 180 dias, o rei estendeu o banquete a todo o povo de Susã por mais sete dias, com muito luxo, ostentação e vinho à vontade (Et 1.5). Entretanto, a bebida não era obrigatória. Só beberiam, aqueles que quisessem (E 1.8). 


Paralelo a estes banquetes, a rainha Vasti, esposa de Assuero, fez outro banquete na casa real, restrito às mulheres (Et 1.9). O texto bíblico não nos dá mais informações sobre a rainha Vasti. A literatura grega a identifica como Améstris, que foi a mãe de Artaxerxes, que foi o sucessor de Assuero no trono. Segundo Heródoto, esta rainha Améstris era uma mulher astuta e sanguinária. Por outro lado, fontes judaicas dizem que Vasti era filha do rei Belsazar da Babilônia. Trata-se apenas de especulações e não podemos afirmar se é verdade, pois o texto bíblico não traz estas informações e não há confirmação destes fatos na história.


3- O convite à rainha. No final do banquete que fora oferecido a todos os súditos do seu reino, o rei Assuero já havia bebido bastante vinho e “o seu coração estava alegre do vinho” (Et 1.10). Em outras palavras, o rei estava embriagado e perdeu completamente a sensatez. O rei Assuero, conforme falei acima, era extravagante e gostava de exibir o seu poder, para impressionar os nobres do império. 


Eufórico pela quantidade de vinho ingerida, Assuero resolveu convocar a rainha para que se vestisse com as vestes reais e comparecesse ao palácio para que os seus nobres e o povo em geral, vissem a sua beleza (Et 1.10-11). Evidentemente, Assuero não pretendia fazer uma exibição sensual da sua esposa, como muitos sugerem. Ele pretendia exibir a beleza da rainha como um troféu perante os participantes do banquete. 


Em todo caso, era uma atitude insana e descabida vinda de um imperador. Naqueles tempos sombrios, não se podia esperar bom senso dos reis, pois eles eram considerados deuses ou enviados destes. Nabucodonosor, por exemplo, construiu uma estátua de quase 30 metros de altura e exigiu que todos se prostraram e adorassem esta estátua. Quem não o fizesse, seria lançado em uma fornalha acesa. Os imperadores persas, no entanto, eram mais comedidos. Eles davam uma certa liberdade aos povos dominados e as leis dos medos e dos persas, não podiam ser revogadas nem mesmo pelos reis. 


A questão aqui é que o rei Assuero, tomado pelo vinho, fez uma uma convocação absurda à rainha e mandou sete eunucos para buscá-la. É por isso que em Provérbios 31.4,5, o rei Lemuel escreveu o conselho que recebeu da sua mãe: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte; Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.” 


Infelizmente, muitas pessoas praticam muitas barbaridades sob o efeito de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes: xingamentos, agressões, acidentes automotivos e até assassinatos. Se uma pessoa comum não deve embriagar-se para não fazer besteiras, imagine autoridades! Lamentavelmente, há crentes e até obreiros que defendem o consumo de bebidas. Mas, há muitas recomendações na Bíblia contra esta prática. Na Bíblia, até mesmo pessoas justas como Noé e Ló, praticaram coisas horríveis sob o efeito do vinho (Gn Gn 9.20,21; 19.31-36). O apóstolo Paulo colocou como requisitos para o episcopado e diaconado, que os candidatos “não sejam dados ao vinho”. (1 Tm 3.3,8).


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

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