01 agosto 2024

O CASAMENTO ENTRE BOAZ E RUTE

(Comentário do 2º tópico da Lição 05: O CASAMENTO DE RUTE E BOAZ: A REMIÇÃO DA FAMÍLIA)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico veremos os detalhes do casamento de Boaz e Rute. Boaz estava decidido a se casar com Rute, mas havia um obstáculo, que era a preferência do parente mais próximo. Respeitando o processo de remição, Boaz foi falar com o titular. O casamento de Boaz com Rute ressalta o papel da liderança masculina que pressupõe atitude, amor responsável e honra à mulher.


1- Concluindo o negócio. Rute foi informada por Noemi de que Boaz era o remidor da família e seguiu todas as orientações da sua sogra, como vimos no tópico anterior. É provável que Noemi não soubesse, ou não se lembrava de que havia um parente mais próximo, que era o remidor. Quando Rute comunicou a Boaz que ele era o remidor, ele respondeu que havia outro mais próximo. 


Tudo nos leva a crer que tanto Rute como Boaz estavam interessados em se casarem. Porém tinha um obstáculo para o casamento se concretizar, que era este parente mais próximo, que a Bíblia não cita o nome, nem o grau de parentesco dele com Elimeleque. Diante deste obstáculo, Boaz tomou a iniciativa de enfrentar o obstáculo e concluir  o processo do casamento. Como um homem responsável ele chamou para si a responsabilidade de enfrentar o obstáculo. 


Na sociedade pós-moderna, o papel do homem como líder da família e provedor do lar tem sido questionado e desconstruído. Por conta disso, muitos homens se tornam frágeis emocionalmente e não assumem as suas responsabilidades como esposo e pai de família. Deus criou o homem com características físicas e emocionais para liderar a família e prover-lhe sustento e segurança. Desde a criação, o homem sempre foi instruído desde cedo a se preparar para assumir as responsabilidades para com a família. A masculinidade é sinônimo de virilidade, segurança e defesa da mulher e dos filhos. Boaz é um exemplo de masculinidade, pois ele foi um modelo de generosidade e responsabilidade para com a família. 


2- Resgate e lei do levirato. Na lição passada falamos da Lei do resgatador (heb. Goel) e do casamento por Levirato (do latim Levir, que significa cunhado). A primeira visava o resgate das terras vendidas por causa de dívidas, pelo parente mais próximo para a família do falecido. A Lei do Levirato, por sua vez, previa que se um homem falecesse e não tivesse filho, o seu irmão solteiro deveria se casar com a viúva para suscitar descendência ao irmão falecido. O primeiro filho deste casamento seria considerado filho do falecido (Dt 25.5,6). 


Como vimos na lição passada, no tempo dos juízes, a aplicação da Lei do Levirato tinha sido ampliada e se aplicava não apenas ao irmão, mas também ao parente mais próximo, caso o falecido não tivesse irmão. Este era o caso de Malom, primeiro esposo de Rute. Ele faleceu sem deixar filhos e não tinha mais irmão, pois o seu irmão Quiliom também havia falecido em Moabe. Neste caso, para que a terra voltasse à família de Elimeleque, seria necessário que o resgatador além de comprar as terras, também se casasse com a viúva, que poderia ser Noemi ou Rute. Mas Noemi já era muito velha para ter filhos. 


Boaz, então, procurou o parente mais próximo e explicou-lhe que ele tinha o dever de resgatar as terras de Elimeleque. O homem se dispôs a resgatar a terra, mas quando ficou sabendo que fazia parte do pacote casar-se com a viúva, abriu mão da responsabilidade. Infelizmente, há pessoas que pensam apenas no lado econômico e, quando se trata de assumir responsabilidades, não querem saber. Muitos casamentos atualmente se acabam por este motivo. Outros nem acontecem, porque uma das partes não tem condições financeiras. As pessoas valorizam mais o “ter” do que o “ser”. 


3- O registro público. Com a desistência do seu primo, o caminho estava livre para Boaz se casar com Rute. Segundo a Lei do Levirato, se o cunhado não quisesse se casar com a viúva, ela deveria comunicar o fato aos anciãos da cidade. O homem deveria ser chamado à presença dos anciãos para explicar a recusa. Caso insistisse na recusa, a mulher se chegaria a ele, na presença dos anciãos, descalçaria o sapato dele e cuspiria no rosto dele, como sinal de protesto. O apelido do tal homem passaria a ser “a casa do descalçado”. (Dt 25.7-10).


Boaz era um homem correto e queria fazer tudo dentro da legalidade. Por isso, resolveu falar com o homem na porta da cidade. Ali era um local movimentado, por onde passavam todos os que entravam e saiam da cidade. Haviam ambulantes, várias atividades comerciais e discussões d questões de interesse público. Era uma espécie de câmara municipal. 


A porta da cidade era o lugar ideal para Boaz encontrar testemunhas e fazer o registro público da desistência do seu primo de casar-se com Rute, perante os anciãos da cidade. Ao mesmo tempo, ele anunciaria o seu casamento com Rute e ela seria recebida pelos anciãos do povo, como membro da comunidade de Israel. Tanto os anciãos como o povo em geral, se colocaram como testemunhas e proferiram palavras de bênçãos sobre o casal (Rt 4.9-11). 


Infelizmente, em nossos dias, muitas pessoas querem apenas se amasiar ou manter um relacionamento sem nenhum compromisso oficial, alegando que o casamento é apenas um papel. Ora, mesmo antes de haver o casamento civil, já havia os procedimentos, onde as autoridades e testemunhas confirmavam o casamento. Deus nunca aprovou nenhuma forma de clandestinidade. O interessante é que estas mesmas pessoas quando compram ou vendem imóveis e veículos não dizem que o documento é só um papel. Um homem de verdade quando assume publicamente o seu casamento, até mesmo para dar dignidade e proteger a sua esposa. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.38.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.360.

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.486-82.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O GRANDE LIVRAMENTO

(Comentário do 3° tópico da lição 12: O banquete de Ester – Denúncia e livramento)   Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos do gra...