(Comentário do 2° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, temos os detalhes da recusa da rainha Vasti a comparecer ao banquete, descumprindo a ordem do rei, que culminou na sua deposição do posto de rainha. O rei estava embriagado quando fez o convite à rainha, mas quando tomou a decisão de destituí-la do cargo, consultou antes os sábios e juristas do seu reino, que o aconselharam a fazer isso.
1- A recusa da rainha. O texto bíblico não apresenta os motivos da recusa de Vasti à ordem do rei para que ela comparecesse à sua presença, para ter a sua beleza exibida aos convidados. Há muitas especulações neste sentido. Alguns sugerem que ela não compareceu porque não concordou com o fato do rei está embriagado. Esta desculpa, porém, não faria sentido, pois ela também estava em um banquete regada a muito vinho. Outros dizem que ela estaria grávida de Artaxerxes, que foi o sucessor de Assuero no trono, e não queria ser vista assim. É uma possibilidade, mas naqueles tempos, a gravidez era motivo de orgulho e não de vergonha. Há ainda os que dizem que seria por pudor ou decência da Vasti, que teria ficado constrangida por ser tratada como objeto. Entretanto, não há nada no texto bíblico que dê margem para isso e, se ela for mesmo a Améstris, citada na literatura grega, isso seria mais improvável ainda. Esta rainha é mencionada como uma mulher astuta e cruel. Uma pessoa assim não estaria preocupada com reputação.
2- A aplicação da lei. Assuero ficou furioso com a recusa da rainha. Mas ele controlou a sua fúria e suportou a vergonha pública a que foi submetido. Depois, com calma, decidiu consultar os juristas da corte para saber o que poderia ser feito, do ponto de vista legal. Se por um lado, ele errou quando se embriagou diante dos seus nobres, expôs o seu poder e queria expor também a esposa como um objeto, por outro lado, ele foi prudente ao aplicar a punição. Todas as autoridades, sejam elas civis, militares, ou eclesiásticas, deveriam agir assim diante dos conflitos que surgirem. Ninguém é obrigado a saber tudo e não deve aplicar punições ou tomar decisões com base nas emoções e sim, com base na lei. No caso de autoridades da Igreja tudo deve ser feito com base na Palavra de Deus.
3- A sentença de Vasti. No império medo persa as leis eram muito valorizadas, a ponto de nem mesmo o rei poder revogá-las. Diante da consulta do rei Assuero, sete príncipes chegados do rei, que cuidavam dos assuntos jurídicos da corte, se reuniram para analisar esta questão. Memucã, o principal deles, orientou o rei para que depusesse a rainha do posto. Segundo ele, a atitude de Vasti era um mau exemplo para as mulheres e traria sérios problemas à autoridade do rei. Se ele não tinha autoridade nem sobre a própria esposa, como poderia governar o Império Persa! O rei seguiu o conselho e depôs a rainha do seu cargo.
Não quero aqui, de forma alguma, defender a atitude soberba e inconsequente do rei Assuero, ao exibir o seu poder, as suas riquezas e principalmente a sua esposa. Mas, a atitude da rainha Vasti de desobedecer e afrontar o rei, também não foi correta. Ela poderia fazer como Abigail que, de forma sábia, humilhou-se diante de Davi e impediu uma tragédia (1 Sm 25.22-32). Mesmo tendo um marido tolo, Abigail fez a coisa certa e impediu que todos da sua família fossem mortos, por causa da arrogância dele.
Deus concedeu ao homem a liderança da família e a mulher deve submeter-se a esta liderança. A mulher sábia edifica a sua casa e a tola a destrói com as próprias mãos (Pv 14.1). O homem, por sua vez, deve amar a sua esposa com amor sacrificial, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. No caso dos obreiros, Paulo coloca como requisito que governem bem a sua casa, pois quem não consegue governar a sua família não está apto para liderar a Igreja (1Tm 3.4,5).
REFERÊNCIAS:
QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696
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