(Comentário do 3º tópico da Lição 06 – O Livro de Ester)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, veremos o propósito e a mensagem do Livro de Ester. Falaremos da providência divina, para salvar o seu povo, apesar das suas escolhas fora da vontade de Deus. Falaremos também da falsa estabilidade dos judeus que decidiram permanecer na Pérsia, mesmo após o fim do cativeiro. Por último, veremos a instituição da festa de Purim para comemorar o livramento dado aos judeus.
1- A providência divina. Assim como aconteceu no Livro de Rute, onde vimos Deus agir para preservar a descendência de Elimeleque e Noemi e através desta, trazer o Messias, no Livro de Ester, vemos também a providência de Deus, para preservar o seu povo do extermínio. Ao longo dos séculos, os filhos de Israel já sofreram várias tentativas de extermínio. Não fosse a providência de Deus, este povo já teria sido extinto, como muitos outros da antiguidade.
A primeira tentativa de exterminar o povo hebreu aconteceu no Egito, após a morte de José e seus irmãos. Levantou-se um Faraó que não havia conhecido José e, preocupado com o crescimento da população hebréia, tentou matar os bebês israelitas, mas Deus interveio e os libertou das mãos de Faraó. Mesmo após a saída do Egito, Faraó os perseguiu até o Mar Vermelho, mas ele e o seu exército pereceram no meio do mar.
Durante a jornada pelo deserto, vários inimigos se levantaram e tentaram impedir Israel de chegar à terra prometida, mas apesar das murmurações, Deus deu vitória e cumpriu a promessa feita a Abraão de dar aquela terra aos seus descendentes. Depois que entrou na terra prometida, Israel também enfrentou exércitos poderosos e os venceu, pois Deus estava com eles.
Após a morte de Josué, o povo caiu na idolatria e, por falta de liderança, se tornou uma anarquia. Por causa disso, Deus permitiu que várias nações os oprimissem, mas não deixou que fossem exterminados. Os filisteus, amalequitas, midianitas, amonitas, assírios, babilônios e muitos outros atentaram contra Israel, mas não conseguiram exterminá-los.
Nos dias de Ester, mesmo tendo recebido autorização para voltar à sua terra, muitos judeus preferiram permanecer na Babilônia e na Pérsia. Ao contrário dos assírios e dos babilônios, que foram cruéis com os povos dominados, o Império Persa era mais brando e permitia certas liberdades. Voltar a cidade de Jerusalém, que estava destruída e começar tudo do zero, era um sacrifício e renúncia que muitos não estavam dispostos a fazê-lo. Apesar desta escolha equivocada, Deus teve misericórdia deles e não permitiu a sua destruição.
2- Uma falsa estabilidade. Aqui, o comentarista faz um alerta sobre a confiança nas estruturas deste mundo, que muitas vezes parecem ser vantajosas e oferecer segurança. O povo de Deus sempre foi orientado a confiar no Senhor e não em suas próprias forças, nos seus exércitos ou nas riquezas.
Muitas vezes Deus permite situações adversas, para que o seu povo o buscasse. Nos dias de Josafá, três exércitos poderosos se uniram contra Judá e, do ponto de vista humano, Israel não tinha a menor chance de vencer aqueles inimigos (2 Cr 20.1,2). Josafá temeu e decidiu buscar ao Senhor. Ele apregoou um jejum em todo o Judá e fez uma longa oração, pedindo o socorro de Deus. O Senhor lhe respondeu dizendo que, naquela peleja, eles não precisariam lutar, pois a peleja era de Deus. Josafá, então, ordenou que os cantores louvassem a Deus. O Senhor colocou emboscadas e os inimigos fugiram.
Situação parecida aconteceu nos dias de Ezequias, quando o poderoso rei Senaqueribe da Assíria enviou cartas afrontando a Deus e ao rei de Judá. Ezequias não tinha a menor possibilidade de vencê-los, pois os assírios eram uma potência militar naqueles dias. Ezequias e o profeta Isaías oraram ao Senhor pedindo socorro. Deus enviou um anjo e este feriu 185 mil homens do exército da Assíria.
Nos dias de Ester, muitos judeus se acomodaram à vida no cativeiro, confiando na estabilidade que o Império Persa lhes oferecia. Tudo parecia ir muito bem, até que surgiu o plano maligno de Hamã para destruir todo o povo judeu. Foi necessário a intervenção divina, através de Mardoqueu e Ester, para livrá-los do extermínio.
Infelizmente, em nossos dias, muitos crentes também se acostumaram à vida neste mundo e confiam no dinheiro e na proteção das leis humanas. Esquecem que não somos daqui e que somos completamente dependentes de Deus. A pandemia veio para provar que neste mundo, ninguém está seguro. Se o Senhor não nos proteger estaremos perdidos: “O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra” (Sl 121.2).
3- A Festa de Purim. A festa de Purim é uma festa milenar dos judeus, que é comemorada até hoje, no dia 14 do mês de Adar (Fevereiro/Março). Esta festa não foi instituída no Pentateuco, mas é obrigatória no Judaísmo em todo o mundo. Se não fosse pelo Livro de Ester, não saberíamos a sua origem.
O nome Purim é o plural de Pur, que significa sorte. Na ocasião, Hamã, o agagita, descendente de Agague, rei dos amalequitas e inimigo dos judeus, conseguiu fazer o rei Assuero assinar um decreto para que matassem todos os judeus das províncias do Império Persa. A sorte dos judeus estava lançada e na Pérsia, as leis não poderiam ser revogadas, nem mesmo pelo imperador.
Após a denúncia de Ester ao rei Assuero contra a maldade de Hamã, o mandou enforcá-lo na forca que ele fizera para Mardoqueu. O rei não podia revogar o decreto que ele mesmo havia assinado contra os judeus. Mas ele assinou outro decreto permitindo que os judeus se vingassem dos seus inimigos apenas no dia 13 de Adar. Eles venceram os seus inimigos no dia 13, e Mardoqueu instituiu a festa de Purim para o dia 14. Falaremos deste assunto na última lição deste trimestre.
REFERÊNCIAS:
QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39
Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.
Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98
MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.
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