22 agosto 2024

HAMÃ É EXALTADO PELO REI

(COMENTÁRIO DO 2º TÓPICO DA LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da exaltação de Hamã, um descendente dos amalequitas, que odiava os judeus. Hamã foi exaltado pelo rei e era reverenciado por todos. Com isso, Mardoqueu ficou aparentemente esquecido. O seu ato heróico de lealdade ao rei caiu no esquecimento. Entretanto, ele continuou as suas funções e não se abalou emocionalmente. 


1- Um novo personagem. Depois do ato heróico de Mardoqueu que salvou a vida do rei Assuero, como vimos no tópico anterior, eis que surge no capítulo 3 do Livro de Ester um novo personagem, chamado Hamã, que foi elevado ao principal posto do Império Persa, ficando subordinado apenas ao rei. O texto não fornece maiores informações sobre ele, nem as razões pelas quais ele foi tão elevado. 


No primeiro versículo do capítulo 3 de Ester, lemos o seguinte: “Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.” O texto nos fornece o nome do pai de Hamã, Hamedata, mas não sabemos nada a respeito dele. Diz também que ele era agagita. Esta palavra é conhecida e está associada a Agague, rei dos amalequitas. Com base neste termo, o historiador judeu, Flávio Josefo afirma que Hamã era amalequita. 


A Nova Versão Internacional (NVI) diz que Hamã era descendente de Agague, em vez de agagita. Agague era o título do rei dos amalequitas e nos dias de Saul, este rei foi despedaçado por Samuel, depois que Saul desobedeceu a ordem de Deus para executar tanto o rei Agague como os amalequitas, por causa do que eles fizeram a Israel no deserto (1 Sm 15.1-3). Saul foi à guerra e venceu os amalequitas, mas poupou o rei e trouxe os despojos, contrariando a ordem de Deus. Quando Samuel chegou, repreendeu-o e lhe disse que, por causa desta desobediência, Deus o havia rejeitado para que não continuasse como rei (1 Sm 15.23). Em seguida, Samuel mandou trazer Agague e o executou (1 Sm 15.32,33). Isso explica o ódio que Hamã tinha pelos judeus, como veremos no próximo tópico. 


Outra informação importante que o texto nos traz, é que Hamã era um dos príncipes, que foi elevado “acima de todos os príncipes que estavam com ele”. Isto significa que ele era um dos príncipes, não no sentido de ser filho do rei, mas que provavelmente era um dos governadores de províncias do Império Persa. A Nova Almeida Atualizada (NAA) diz que ele foi elevado acima dos demais oficiais. Seja como for, o fato é que ele era um homem importante do governo que foi elevado ao cargo de primeiro-ministro ou grão-vizir, como era chamado naqueles tempos. 


O comentarista diz que Hamã era muito rico e coloca a referência de Ester 3.9, que diz que Hamã prometeu ao rei, colocar dez mil talentos de prata (375 toneladas) nas mãos daqueles que executassem os judeus, que iriam para os tesouros do rei. Entretanto, o texto não se refere à riqueza de Hamã e sim, aos bens dos judeus que seriam assassinados. Sem dúvida, Hamã era rico, pois era um dos principais nobres do Império Persa e se tornou o homem mais importante depois do rei. Mas esta riqueza mencionada não era a dele. 


2- Um herói (aparentemente) esquecido. Com a exaltação de Hamã, todas as atenções do palácio se voltavam para ele, é claro. Com isso, toda a lealdade e heroísmo de Mardoqueu, embora tenham sido registrados no livro das crônicas do palácio, caíram no esquecimento. Mardoqueu tornou-se um herói sem medalha e um ilustre desconhecido no palácio. Ninguém mais se lembrava do que ele havia feito. 


Em uma situação assim, é normal a pessoa se sentir injustiçada e desmotivada de continuar fazendo o que é certo, pois sente que ninguém lhe dá valor. O comentarista chama a nossa atenção para o perigo da pessoa entrar em um crise emocional e até espiritual por causa disso. De fato, temos casos assim na Bíblia. 


O profeta Elias, por exemplo, era extremamente zeloso para com Deus e enfrentou o casal de ímpios cruéis, Acabe e Jezabel, arriscando a própria vida. Quando ele pensou que estava tudo resolvido e que, finalmente, ele seria aplaudido pelo povo de Israel, após a morte dos profetas de Baal e Aserá, recebeu uma ameaça de morte, vinda de Jezabel. Diante desta ameaça, ele fugiu para o deserto e, desolado, pediu a Deus a morte (1 Rs 19.4). Mas Deus ouviu as suas queixas, fortaleceu-o e deu-lhe novas tarefas. Pouco tempo depois, o arrebatou aos céus. 


Temos também o caso do salmista Asafe, citado pelo comentarista, que quase se desviou, ao ver que os ímpios prosperavam e ele não (Sl 73.2-17). Nos dias do profeta Malaquias também, as pessoas diziam que era inútil servir a Deus, pois percebiam que os soberbos eram felizes e os ímpios prosperavam. Entretanto, receberam a resposta de Deus dizendo: “Eles tentam a Deus e escapam… Mas, há um memorial diante de Deus para com aqueles que o temem… Eles serão meus… serão para mim como joias. Eu os pouparei, como um homem poupa o seu filho”. (Ml 3.11-18). Deus está vendo tudo, meus irmãos! Nada passa despercebido diante dele.  


3- Evitando frustrações. Segundo a Psicanálise, a frustração “é a condição emocional alterada de quem vê contrariada, a satisfação de um desejo pulsional ou atividade satisfatória”. Em outras palavras, frustração é o aborrecimento por não ter ou não realizar algo que se acha merecedor. Uma pessoa frustrada é sempre alguém que não está contente com aquilo que é e tem.


Mardoqueu, mesmo após o seu ato heróico, continuou as suas atividades no palácio, sem receber nenhuma recompensa, nem mesmo um elogio pelo excelente trabalho realizado. Entretanto, não vemos no relato bíblico, em momento algum, ele reclamando por não ter sido reconhecido. 


A frustração muitas vezes está relacionada à vaidade e ao egoísmo. Uma pessoa vaidosa sente constante necessidade de ser elogiada e admirada. Quando isso não acontece fica aborrecida. O egoísta, por sua vez, acha que tudo deve girar em torno dele e sempre acha que merece mais do que tem. Por conta disso, vive sempre frustrado. 


Outra coisa que leva muitas pessoas à frustração é o excesso de expectativas e utopias. Estas pessoas vivem uma realidade paralela e criam expectativas irreais. Por exemplo, uma pessoa que ganha um salário mínimo, não estuda, não investe em nada e sonha em ser um milionário. Evidentemente irá se frustrar. A Bíblia nos ensina a contentar-nos com aquilo que temos e dar graças a Deus por tudo (Rm 12.16; 1 Ts 5.18).


É importante também não confundir contentamento com conformismo e inércia. Não é porque estamos contentes com o que temos e não nutrimos altas expectativas, que vamos viver a vida sem perspectivas e sem nenhum projeto para o futuro. Existem crentes que pensam que pelo fato da vinda de Jesus estar próxima e não sermos daqui, não devemos construir nada aqui. Eu conheço um irmão que dizia que não iria estudar, pois Jesus vai voltar em breve e não queria perder tempo com isso. Ora, ninguém sabe quando Jesus voltará. Ele pode voltar agora, mas pode demorar cem anos. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.0

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