07 agosto 2024

O CONTEXTO HISTÓRICO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06 – O Livro de Ester) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos do contexto histórico do Livro de Ester. Faremos neste tópico um resumo dos cativeiros da Assíria e da Babilônia, até chegar ao Império Persa, que foi o contexto dos fatos narrados no Livro de Ester. Traremos também alguns detalhes do final do cativeiro babilônico. Por último, falaremos do período pós-exílio, que foi o período em Ester se tornou a rainha da Pérsia. 


1- O povo hebreu no exílio. O contexto histórico do Livro de Ester está no governo de Xerxes I, ou Assuero, como está no texto bíblico. Neste período, o cativeiro já havia chegado ao fim, pois o decreto de Ciro, em 539, havia autorizado os judeus a retornarem para a sua terra. Porém, muitos judeus que nasceram no cativeiro e outros que estavam estabilizados ali, não quiseram retornar para a terra de Israel, que estava em ruínas desde a invasão babilônica. 


Para compreender este contexto, é preciso voltar ao período anterior ao cativeiro do povo de Israel. Primeiro é preciso esclarecer que houve dois cativeiros. Houve o cativeiro das dez tribos do Norte, que foram levadas para a Assíria em 722 a. C. Estes não retornaram mais para a sua terra, pois o rei da Assíria trouxe outros povos para habitar na região (2 Rs 17.23,24). 


Cerca de 100 anos depois, aconteceu também o cativeiro do Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia em três etapas: Em 605, foram levados o rei de Judá e membros da família real, entre eles Daniel e seus companheiros; em 597 foram levados outros, entre eles, o profeta Ezequiel; por último, em 586, foi levado o restante do povo e Jerusalém foi completamente destruída). No caso do Reino do Sul, Deus prometeu através do profeta Jeremias, que o cativeiro duraria setenta anos (Jr 25.11). Isto por causa da promessa do advento do Messias, através da descendência de Davi. 


Os motivos para o povo de Israel ser levado cativo, tanto no Reino do Norte quanto no Reino do Sul, foram os mesmos: idolatria, violência, injustiça e opressão ao pobre. O Reino do Norte, desde a divisão das tribos de Israel após a morte de Salomão, se entregou completamente à idolatria. Não houve nenhum rei que temesse a Deus. Todos foram ímpios. 


O Reino do Sul, embora tenha contado com alguns Reis piedosos como Asa, Josafá, Jotão, Ezequias e Josias, teve também muitos reis idólatras que afrontaram a Deus, como Roboão, Jeorão, Acaz, Manassés, Amom, Jeoaquim e Zedequias. Por isso, Deus permitiu que eles também fossem levados cativos. Mesmo vendo o exemplo dos seus irmãos do Norte e sendo advertidos muitas vezes pelos profetas, não deram ouvidos. 


2- O fim do exílio. Deus usou a Assíria e a Babilônia como instrumentos de punição, respectivamente, contra Israel e Judá. Estes dois impérios eram cruéis e foram extremamente violentos contra o povo de Israel. O profeta Jeremias descreveu os horrores praticados pelos babilônios, no Livro de Lamentações. 


O profeta Habacuque, teve uma visão de que Judá seria dominado pela Babilônia e reclamou com Deus, dizendo: “Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.11). O profeta não entendia como Deus poderia permitir que uma nação ímpia oprimisse o povo de Israel. Mas Deus lhe respondeu que também iria punir aquela nação. 


Tanto a Assíria quanto a Babilônia foram julgadas por Deus e foram vencidas seus inimigos. O Império Assírio foi dominado pelos medos, com o apoio da Babilônia. Em 612 a.C., o rei da Assíria foi morto e Nínive, a capital da Assíria foi destruída. 


A Babilônia se fortaleceu e dominou várias nações, inclusive Judá. Após a morte de Nabucodonosor, a hegemonia babilônica entrou em decadência e foi vencida pela coalizão dos medos e dos persas, liderada por Ciro, o Grande, em 539 a.C. 


3- O pós-exílio. Depois que dominou a Babilônia, Ciro decretou o fim do cativeiro dos judeus em 539 a.C. e autorizou o retorno deles para a sua terra. Cerca de 200 anos antes de Ciro nascer, o profeta Isaías profetizou a respeito dele, dizendo “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante da sua face…” (Is 45.1). Ciro teve contato com esta profecia, provavelmente através do profeta Daniel e decretou o fim do cativeiro dos judeus.


Sob a liderança de Zorobabel um grupo de 42.360 judeus, sem contar os seus servos (Ed 2:64-65), voltaram para iniciarem os trabalhos de reconstrução do templo em Jerusalém. Depois, outro grupo liderado por Esdras retornou, com a missão de ensinar a Lei ao povo e restabelecer o culto judaico. Por último, retornou um grupo de pessoas com Neemias para a reconstrução dos muros de Jerusalém. 


Mesmo com o fim do cativeiro decretado, muitos judeus nascidos na Babilônia e outros que estavam acostumados com a vida lá, não quiseram retornar para Jerusalém, que se encontrava totalmente destruída e os pobres que lá ficaram viviam na mais profunda miséria. Mardoqueu e Ester fazem parte dos que permaneceram no cativeiro e viviam em Susã, capital do Império Persa. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543.

Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98

MACARTHUR, John. Manual bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse. Tradução Erica Campos. RIO DE JANEIRO: Thomas Nelson, 2ª Ed. 2019.


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