30 agosto 2024

A TRISTEZA DE MARDOQUEU, DOS JUDEUS E DE ESTER

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: A conspiração de Hamã contra os judeus).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da tristeza de Mardoqueu, de Ester e dos judeus, após o rei determinar o extermínio completo do povo judeu. Este decreto violento, causou pânico nas comunidades judaicas de todo o Império Persa. Veremos também que, Assuero e Hamã se puseram a beber, após terem enviado cartas às províncias, determinando o extermínio dos judeus. Por outro lado, Mardoqueu, Ester e todo o povo judeu se encheram de tristeza. Por último, falaremos da crise que se instalou nas comunidades judaicas, as quais se uniram em lamentação, oração e jejum, por livramento. 


1- O pavor da violência. Depois de convencer o rei Assuero, usando toda a sua astúcia e oportunismo, a eliminar todo o povo judeu, Hamã recebeu carta branca para agir. O rei lhe entregou o seu anel, que era o carimbo oficial do rei, para que ele levasse a cabo o seu plano genocida contra os judeus. 


Hamã mandou redigir cartas a serem enviadas a todas as províncias do Império Persa, contendo a sentença de morte a todos os judeus. Segundo a ordem de Hamã deveriam ser mortos todos os judeus de todas as idades: crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. Foi determinado um dia para que o genocídio fosse realizado em um único dia, que seria o dia 13 do mês de Adar, o décimo segundo mês do calendário judaico, que corresponde a fevereiro/março no nosso calendário. 


O ódio havia tomado o coração de Hamã. Não se tratava apenas de ira contra Mardoqueu, conforme já falamos. Ao saber das origens israelitas de Mardoqueu, Hamã, que era amalequita, certamente resolveu se vingar daquilo que foi feito nos dias de Saul. Mardoqueu era da mesma tribo de Saul, a tribo de Benjamim. O seu bisavô também se chamava Quis, igual ao pai de Saul. 


A ordem de Hamã é semelhante à ordem dada a Saul, para eliminar todo o povo amalequita. A diferença é que Saul recebeu ordem de Deus para eliminar os amalequitas, mas não deveria pegar os seus bens. Além disso, os amalequitas eram inimigos históricos dos Israelitas. Hamã, além de mandar matar todo o povo judeu, ordenou que se tomassem os seus bens. 


Era uma violência gratuita, pois o povo judeu não havia cometido nenhum crime contra o rei. Não havia nenhum histórico de rebelião deles contra os persas. Ao contrário, os judeus receberam autorização para retornar à sua terra e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Mas, boa parte deles estavam bem estabelecidos na Babilônia e resolveram permanecer lá sob o domínio persa. 


Entre a expedição do decreto de Hamã para eliminar os judeus e a data escolhida para a execução, havia um período de onze meses. A sentença estava dada e eles sabiam que as leis persas não poderiam ser revogadas, nem mesmo pelo rei. Diante desta situação trágica, o pânico tomou conta de todo o povo judeu em todas as províncias. Não poderia ser diferente, pois eles sabiam que todos seriam mortos no dia determinado e não tinham a quem recorrer. 


2- Bebida, confusão e tristeza. Além de ser extremamente mau, por determinar o extermínio de um povo, sem que tivessem praticado nenhum ato de rebelião e sem haver uma situação de guerra, Hamã era também muito frio e insensível. A vida para ele não valia nada. Depois de enviar as cartas para todas as províncias da Pérsia, marcando um dia para o extermínio geral dos judeus, ele se assentou com o rei para beber vinho. 


Desde a queda, a maldade humana tem sido alarmante. Caim, por exemplo, matou o próprio irmão, sem que ele tivesse feito nada, unicamente por inveja. Depois de assassinar o irmão, ele seguiu a sua vida normalmente, como se não tivesse acontecido nada. Quando Deus lhe perguntou sobre o seu irmão, ele fingiu-se de desentendido e respondeu a Deus: 

– Não sei! Porventura sou eu o guarda do meu irmão?


Da mesma forma, Lameque, bisneto de Caim, o primeiro polígamo registrado na Bíblia, era um assassino frio. Ele matou dois homens por motivos fúteis e vangloriou-se disso, recitando uma poesia para as suas duas mulheres, dizendo: 

– Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar. (Gn 4.23). 


Enquanto Hamã e o rei Assuero bebiam vinho, como se nada estivesse acontecendo, nas províncias da Pérsia havia muita confusão e tristeza. Os próprios moradores de Susã e de todo o império, que conviviam pacificamente com os judeus, não entenderam esta ordem absurda, pois não havia nenhuma justificativa para tamanha atrocidade. Entre os judeus o clima era de angústia, lamento e desespero. Mardoqueu rasgou as suas vestes, cobriu-se de cinzas, vestiu-se de saco e saiu clamando em voz alta pelas ruas. A rainha Ester quando o viu nesta situação, mandou roupas para que ele as vestisse, mas ele se recusou. Em situações assim, somente Deus pode nos socorrer e foi exatamente isso que aconteceu. 


3- Crise e clamor. Os judeus receberam a autorização de Ciro, o grande, para voltarem à sua terra e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Entretanto, o número de judeus que retornaram não chegou a 50 mil. Muitos estavam em uma situação confortável no cativeiro e decidiram ficar. Mesmo os que retornaram, estavam mais preocupados em cuidar da própria vida, deixando de lado a responsabilidade de reconstruir o templo. 


Agora, todos estavam condenados à morte e resolveram clamar a Deus com oração, jejuns e lamentos. Se todos os judeus tivessem obedecido a voz de Deus e retornado a Jerusalém com Zorobabel, Esdras e Neemias, nada disso teria acontecido. Quando não obedecemos a voz de Deus e fazemos as coisas do nosso jeito, os prejuízos são inevitáveis. Deus sabe o que faz e quando Ele nos dá uma ordem, é melhor obedecer. 


O comentarista chama a nossa atenção aqui para o fato de orarmos somente quando estamos em situação de risco. A Bíblia nos ensina a buscar ao Senhor em todo tempo e nos revestir de toda a armadura de Deus, para estarmos prontos para resistir nos dias maus e ficar firmes depois da luta (1 Ts 5.17; Ef 6.10-18). Enquanto estivermos neste mundo, estaremos em guerra constante contra as hostes espirituais da maldade. Um soldado vive em treinamento constante, para estar preparado, caso aconteça algum conflito. Um exército não pode se preparar apenas quando a guerra começar. Da mesma forma é o crente neste mundo. Precisa orar e vigiar em todo tempo, mantendo a sua comunhão com Deus, não apenas em tempos de crise. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-40.

HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.109-10

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