28 agosto 2024

O PLANO ODIOSO DE HAMÃ

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: A conspiração de Hamã contra os judeus).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do plano odioso de Hamã para exterminar todos os judeus. Veremos que este plano maligno era baseado em intrigas e patologias do poder. A conduta de Mardoqueu incomodou os seus colegas de trabalho e, por isso, eles o denunciaram a Hamã. Falaremos também da abrangência do plano de Hamã, que incluía o extermínio dos judeus de todo o domínio persa. Por último, falaremos da astúcia e oportunismo de Hamã para convencer o rei, de que os judeus eram um povo desleal e rebelde que deveria ser extinto. 


1- Intrigas e patologias do poder. Neste subtópico, o comentarista volta ao tema das intrigas no ambiente de poder. No primeiro tópico da lição passada, ele já havia tratado deste assunto, quando falou dos bastidores do poder, na ocasião da descoberta por Mardoqueu, de um plano para assassinar o rei Assuero. Ali, o comentarista falou que é muito comum em ambientes de poder, haver disputas, discórdias e ressentimentos, que se não forem tratados, acabam em tragédias.


Não sabemos a razão dos companheiros de trabalho de Mardoqueu estarem incomodados com o fato dele não se curvar diante de Hamã. Não parece ser apenas uma preocupação com a ordem do rei, pois isso, mais cedo ou mais tarde, o próprio Hamã iria descobrir, visto que Mardoqueu era o único que não se curvava e o fazia publicamente. Possivelmente, eles tinham inveja ou não gostavam de Mardoqueu e queriam destruí-lo. 


Isso são situações corriqueiras entre aqueles que trabalham com poderosos. Como diz o adágio popular “é cobra engolindo cobra”. Entretanto, Mardoqueu tinha uma postura diferenciada nesse ambiente hostil. O seu senso de justiça o levou a denunciar o plano assassino contra o rei Assuero. Mesmo não tendo sido recompensado, nem mesmo elogiado por isso, continuou fazendo o seu trabalho normalmente. 


Hamã era o oposto de Mardoqueu. Era um sujeito megalomaníaco, que se embriagou com o poder que recebera do rei Assuero. Quando recebeu a denúncia da resistência de Mardoqueu em se prostrar perante ele, Hamã ficou transtornado de ódio. A sua reação foi absurdamente desproporcional ao ato de Mardoqueu. Se o problema era a desobediência de Mardoqueu, a atitude natural de uma autoridade seria enquadrá-lo de acordo com os princípios legais. Mas, o seu ódio foi tão grande que resolveu exterminar não apenas Mardoqueu, mas todo o seu povo, que não tinha nada a ver com a situação. 


Aqui o comentarista, acertadamente, chama a nossa atenção para a questão do abuso de autoridade. Algumas pessoas dizem que o poder corrompe, mas eu penso que o poder apenas revela quem realmente as pessoas são. Há um adágio popular que diz: “Quer conhecer alguém, dê-lhe poder”. Isso é a mais pura verdade. Há pessoas que, enquanto são pobres e não exercem nenhuma posição de liderança, parecem ser humildes. Mas, basta subir um pequeno degrau, que já começam a pisar nos demais. 


É perfeitamente possível, exercer autoridade sem ser autoritário. Para isso, basta seguir apenas aquilo que está na lei, respeitar o direito de cada um e jamais levar as questões para o lado pessoal. O abuso de poder acontece, quando se ultrapassa os limites da lei, para impor a sua própria vontade. O apóstolo Paulo orientou os senhores cristãos a “abandonarem as ameaças contra os seus servos, sabendo que o Senhor de todos está nos céus e não faz acepção de pessoas”. (Ef 6.9).


Isso vale também para as autoridades da Igreja. O apóstolo Pedro, orientou os pastores a “pastorearem o rebanho de Deus, não por força, ganância, ou como tendo domínio sobre ele, mas de boa vontade, de ânimo pronto e servindo de exemplo ao rebanho”. (1 Pe 5.2,3). No caso dos pastores, os limites da sua atuação não são apenas as leis do seu país, mas a Palavra de Deus. Existem coisas que podem até ser permitidas pela lei, mas se a Palavra de Deus condena, não devem ser praticadas pelos líderes da Igreja. 


2- A extensão do plano. Hamã deixou extravasar todo o seu ódio, não apenas por Mardoqueu, mas por todos os judeus. Isso não incluía apenas os judeus que viviam em Susã, mas de todas as províncias do Império Persa. Aqui o comentarista descreve toda a abrangência geográfica deste plano genocida, fazendo menção da extensão do império persa, nos dias de Assuero. 


A extensão territorial do Império Persa, conforme as descrições das nações descritas na Bíblia, percorre a uma distância em linha reta de aproximadamente 4 mil quilômetros. Isso equivale, por exemplo, à distância do Rio de Janeiro a Portugal. A região de Jerusalém e Samaria também faziam parte do Império Persa. 


Os judeus tiveram permissão do rei Ciro para voltar a Jerusalém e reconstruir o templo, mas não tinham conquistado a liberdade total. Eles continuavam sob o domínio persa. Sendo assim, até mesmo os judeus que retornaram a Jerusalém estavam incluídos na sentença de morte decretada por Hamã, com o aval do rei Assuero. 


3- Astúcia e oportunismo. Além de ser megalomaníaco e cruel, Hamã era também astuto e oportunista. O seu modo de agir segue o padrão de Satanás, cujas ações são caracterizadas pelo engano e por esconder as suas reais intenções. Lendo o Livro de Ester, nós entendemos que Hamã decidiu eliminar todos os judeus, movido pelo ódio, não apenas por causa da atitude de Mardoqueu, mas também um ódio intergeracional, entre amalequitas e israelitas, como vimos na lição passada. 


Hamã foi astuto e oportunista, pois escondeu as suas reais motivações perante o rei, para convencê-lo a autorizar o extermínio dos judeus. Em momento algum ele falou que pretendia matar os judeus por causa da desobediência de Mardoqueu. Se ele tivesse falado isso, evidentemente, o rei não iria autorizar este genocídio. No máximo ele iria determinar uma punição a Mardoqueu. 


Para conseguir convencer o rei, Hamã fez todo um rodeio, desconstruindo a imagem do povo judeu e colocando-os na condição de um povo rebelde e inimigo do Império, que não cumpria as leis persas. Ora, Assuero estava em guerra contra os gregos e havia sido derrotado na batalha de Salamina. Tudo o que ele não precisava naquele momento era de um povo rebelde espalhado pelas províncias da Pérsia, que poderia se juntar aos seus inimigos. 


Para completar o seu oportunismo, Hamã ofereceu uma fortuna para os cofres do rei, caso ele autorizasse o genocídio do povo judeu. Ele ofereceu dez mil talentos de prata, que equivale a 350 toneladas de prata, segundo a explicação do comentarista, isso representava dois terços da renda anual do Império Persa. Considerando que o grama da prata nos dias atuais está em torno de R$ 5,00, uma tonelada seria 5 milhões de reais. 350 toneladas de prata, seria algo em torno de  1 bilhão e setecentos e cinquenta milhões de reais. Não é possível saber se Hamã possuía esta fortuna, ou se ele estava contando com os bens que seriam confiscados dos judeus. 


O comentarista aponta também que Assuero se mostrou um governante facilmente manipulável. De fato, ele foi manipulado por Hamã, tanto pela astúcia em colocar os judeus como inimigos do Império, como pela fortuna oferecida. Se ele fosse um rei que não se deixa manipular, teria mandado investigar, se realmente esse povo era aquilo mesmo, como fez com a denúncia de Mardoqueu. Como pode uma autoridade dar carta branca para um genocídio desse, com base na opinião de uma única pessoa?! Um verdadeiro líder, jamais pode agir dessa forma. Um líder que preza pela justiça, oferece sempre o direito de defesa e checa todas as informações que lhe chegam, antes de tomar decisões sérias.


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-40.

HAGEE, John. Em Defesa de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.109-10

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