21 agosto 2024

MARDOQUEU DESCOBRE UMA CONSPIRAÇÃO CONTRA O REI

(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU) 


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, veremos os detalhes da descoberta do plano de dois guardas para assassinar o rei Assuero. Mardoqueu descobriu um plano em curso para matar o rei e revelou-o a Ester, que transmitiu a informação ao rei. Após investigar as informações, o rei mandou executar os conspiradores. O caso foi registrado nas crônicas do rei, mas Mardoqueu acabou sendo esquecido. 


1- Os bastidores do poder. Quem foi Mardoqueu ou Mordecai? O nome Mardoqueu deriva do latim Mardocheus, que foi utilizado na versão latina da Bíblia, chamada Vulgata, traduzida por Jerônimo. Mordecai, por sua vez, deriva do grego Mardocaios, utilizado na versão grega Septuaginta. O nome que aparece no texto hebraico é Mordecai, que significa “pequeno Marduque”. Marduque era o principal deus dos babilônios, considerado o deus protetor da Babilônia. 


Este fato nos leva a pensar o que levaria um judeu a ter um nome como este. Isso aconteceu, porque durante o domínio babilônico, o rei Nabucodonosor mandou que trocassem os nomes dos jovens que faziam parte da elite do povo judeu, para que eles perdessem a identidade, a fim de impedir qualquer possibilidade de resistência. Isso aconteceu também com Daniel, Hananias, Misael e Azarias, que tiveram os seus nomes mudados, respectivamente, para Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede Nego (Dn 1.6,7). 


O texto bíblico nos informa que Mardoqueu era da tribo de Benjamim, filho de Jair e neto de Simei, cujo pai se chamava Quis. Provavelmente era da descendência de Saul, pois o pai de Saul também se chamava Quis e era tribo de Benjamin (Et 2.5).  O pai de Mardoqueu era irmão de Abiail, o pai de Ester. Os pais de Ester faleceram quando ela era criança e Mardoqueu, sendo seu primo mais velho, sentiu-se na obrigação de adotá-la como filha. 


Mardoqueu nasceu no cativeiro da Babilônia, trabalhava como porteiro do palácio de Susã e era muito leal ao rei. Conforme nos disse o comentarista, é muito comum em ambientes de poder, haver disputas, discórdias e ressentimentos, que se não forem tratados, acabam em tragédias. No palácio de Assuero não foi diferente. Dois guardas, chamados Bigtã e Teres se indignaram contra o rei e tramaram um plano para o assassinarem. Como Mardoqueu estava entre eles acabou descobrindo o plano assassino. 


Mardoqueu poderia fazer como muitas pessoas fazem, e dizer que não tinha nada a ver com isso, ou que não iria se meter em confusão. Mas o seu senso de justiça e a sua lealdade ao rei, feizeram com ele procurasse Ester para denunciar o plano. Ele não fazia parte do primeiro escalão e não tinha acesso ao rei. Por isso, comunicou o fato a Ester, que era a sua filha adotiva. Ester, mesmo sendo rainha, continuou obedecendo ao seu pai adotivo e levou o caso ao rei, em nome de Mardoqueu, e não quis o mérito da denúncia para si. 


Infelizmente, muitas pessoas que estão em cargos de destaque, não agem assim. Há os que ficam sabendo de um plano assim e se omitem, com medo de se expor. Assuero era um rei pagão que dominava o povo judeu. Se Mardoqueu fosse alguém egoísta, teria deixado que ele fosse assassinado. Ester, se fosse egoísta, teria omitido o nome de Mardoqueu e buscado a honra para si. Normalmente, os bajuladores fazem isso, omitindo ou denegrindo o trabalho dos outros, para se promoverem.


2- A investigação. De posse da informação trazida por Mardoqueu, a rainha Ester comunicou o fato ao rei. O rei certamente confiava em Ester, pois como vimos na lição passada, ela conquistava a todos por onde passava. Mesmo assim, o rei mandou investigar o caso para saber se era verdade, antes de mandar executar os dois guardas que pretendiam matá-lo. 


Aqui o comentarista chama a nossa atenção para o fato de sermos prudentes em relação às informações que recebemos e confirmar a veracidade, para não cometer injustiças. Lamentavelmente, na atualidade, muitas reputações são destruídas com base em fofocas de redes sociais. O pior é que isso tem atingido também o meio evangélico. Tem até canais de “fuxico gospel”, cujo objetivo é destruir reputações e divulgar escândalos de pastores e cantores. O mais grave é que muitos crentes não procuram saber se os escândalos  realmente aconteceram e compartilham esse tipo de notícia. 


Na Igreja local, os pastores e líderes de departamentos precisam tomar cuidado, para não serem contaminados por fofocas, e não tomarem decisões precipitadas. É prudente sempre averiguar a veracidade dos fatos e dar aos acusados o direito de defesa. Este procedimento evitará que se cometam injustiças, ou que a Igreja seja processada como tem acontecido em alguns lugares. 


A Lei Mosaica exigia duas ou três testemunhas, para que alguém fosse condenado. O apóstolo Paulo também recomendou a Timóteo que não aceitasse denúncia contra presbíteros, a não ser que houvesse duas ou três testemunhas. Na Constituição Federal, também está prescrito que “todos são inocentes, até que seja comprovada a culpa”. Portanto, não se pode acusar ou disciplinar alguém sem provas, com base no que ouviu falar. Quem acusa, tem a obrigação de provar. 


3- O registro dos fatos. Este ato heróico de Mardoqueu, de denunciar o plano de assassinato salvou a vida do rei, ficou registrado no livro das crônicas do palácio. Esta prática era comum na antiguidade. Havia uma espécie de livro de relatório, onde os acontecimentos importantes das cortes eram registrados e ficavam guardados para consultas posteriores. Não era como hoje que é tudo digitalizado e há banco de dados oficiais. 


É importante que façamos o que é correto, independente de sermos vistos, ou que as nossas ações sejam registradas e reconhecidas. Se os registros humanos falharem, os de Deus jamais falharão. Haverá recompensa de Deus para as nossas boas ações, assim como haverá punições para aqueles que fazem o mal. O escritor da Epístola aos Hebreus escreveu que “Deus não é injusto para se esquecer da nossa obra e  trabalho de amor”. (Hb 6.10).


Há muitos crentes, inclusive obreiros, que se chateiam porque não são vistos ou porque o seu trabalho não é reconhecido e  recompensado pela Igreja. Ora, o Senhor Jesus ensinou exatamente o contrário disso, dizendo que devemos fazer as boas obras sem alardes, pois o Pai Celestial vê em secreto e nos recompensará. Ele criticou os escribas e fariseus que faziam questão de orar, jejuar e dar esmolas à vista de todos, para serem elogiados. Jesus disse que aqueles que agem assim já receberam a sua recompensa aqui. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.

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